Há uns tempos escrevi neste espaço uma crónica na qual
elogiei Vítor Pereira e o modelo que este estava a implantar no nosso futebol.
É um estilo de jogo que me atrai desde sempre, um estilo que privilegia a o
controlo da bola e a sua constante procura no momento defensivo; um estilo que
permite à equipa defender e atacar com bola, tentando em todos os momentos ter
o controlo do jogo.
É também, sem dúvida, um estilo arrojado e difícil de
praticar. Contudo, apesar da equipa ter tido momentos nos quais deslumbrou,
este estilo nunca evoluiu no sentido correcto. A equipa quase sempre apresentou
demasiada lentidão no processo ofensivo, baseando-se num jogo muito pouco
vertical e lateralizado, optando apenas pelo passe pela certa e usando a posse
mais num sentido defensivo do que verdadeiramente ofensivo. Isto acabou por
tornar o jogo portista demasiado previsível em certos jogos.
E é aqui que entra Lucho Gonzalez, capitão portista e um
jogador sempre muito apreciado pelos adeptos.
El Comandante sempre foi um jogador vertical, que procura
constantemente os passes de ruptura de forma a criar desequilíbrios nos
adversários. No entanto, a tal falta de largura que a equipa apresenta
prejudica, e muito, o argentino. Não raras vezes vemos Lucho tentar passes a
rasgar que se perdem na defesa adversária, passes esses que aparentam não ter
nexo dado ninguém os acompanhar. E isto deve-se muito à falta de jogadores nas
alas que procurem o espaço, jogadores esses que simplesmente não existem no
plantel. O único jogador que respeita os movimentos de Lucho é Jackson
Martinez, o que torna este processo demasiado curto.
É óbvio que esta falta de largura se deve muito à formação do
plantel por parte do treinador e da SAD, mas também a um modelo que estagnou
ofensivamente, onde falta acutilância.
Se Moutinho não se ressente demasiado destes problemas, isso
também se explica com o facto de ser um médio mais de posse, que sempre
combinou melhor verticalidade com o futebol de toque. A isso deve-se juntar o
excelente momento que a carreira do português atravessa, obviamente.
Contudo, e apesar de muito já o ter ouvido, não acredito que
o Lucho tenha actualmente problemas físicos que advêm da sua idade. El
Comandante nunca foi um jogador muito rápido ou com agilidade e mantém essas
deficiências, algo acentuadas pela sua idade. Mas a sua resistência mantém-se
intacta, além de que a técnica não se perde com o passar dos anos.
A sua capacidade defensiva tem sido evidente e, mesmo com os
problemas apontados em cima, é o nosso 2º médio com mais assistências e o que
mais golos marca.
Precisamos do melhor Lucho para o que falta do campeonato,
mesmo sabendo que os problemas actuais da equipa não serão resolvidos no que
falta da época. E esperamos todos que o nosso capitão festeja connosco o seu 6º
campeonato em 6 possíveis!
Por: Eddie the Head
1 comentário:
Também aprecio o estilo de jogo do FCP que, quando é bem executado, consegue aliar espectáculo a golos. No entanto, nestes últimos jogos, o FCP tem apresentado um futebol de menor qualidade e conseguido resultado menos bons.
Admito que ter mais uma ou outra solução (ou opção) no plantel pudesse dar mais alternativas ao jogo do FCP e ajudasse a gerir o desgaste físico de alguns jogadores. Mas acho que esta baixa de forma da equipa se deve sobretudo à lentidão na circulação de bola. Alguns jogadores agarram-se muito à bola e dão 2, 3, 4 e às vezes 5 ou 6 toques na bola em vez de a libertarem logo ao 1º toque. A demora daí resultante dá tempo para que a equipa adversária se posicione defensivamente e isso prejudica o ataque do FCP. Se, como feito anteriormente, à posse de bola se aliar a circulação rápida da bola (jogar preferencialmente ao 1º toque), então em Portugal ninguém parava o FCP porque o FCP tem os melhores jogadores e o melhor modelo de jogo!
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