Falta d'assunto
Na esfera do poder estatal
Supõe-se o serviço público,
E a RTP é um canal único,
Qu'é pago por serviço igual...
Essa igualdade de referência
No tratamento,
Exige niss'o cumprimento,
Face à concorrência!
Qu'os outros, por privados,
Se vendam a interesses vários,
Estão na gestão dos seus erários,
E nos seus conteúdos controlados...
Mas agora na RTP
Existir tal desigualdade,
Só prova qu'a arbitrariedade
É o que se vê!
Qu'o lampião de Paredes
Ali sej'a parda eminência,
Só prov'a coincidência
Do que lá se vê em tais redes..
É pura propaganda
O nosso serviço público de televisão,
E só import'a alienação
Por quem a manda!
Os lampiões do norte
São os mais refinados,
Porque nisso estão trocados
Na sua sorte!
Queriam ter nascido alfacinhas,
E não se perdoam!
E agora para que não destoam
São nisso picuínhas!
São mais lampiões qu'os de Lisboa,
Os lampiões do norte,
E quando se têm na corte
Ambicionam a coroa!
São mais papistas qu'o Papa
Os lampiões enxertados!
E s'um dia coroados,
Nasceram já na Lapa!
Esquecem as raízes
Das suas origens,
E fingem-se mais virgens
Qu'as próprias meretrizes!?
Estes lampiões
No alto do seu poder,
Querem fazer-nos crer
Das suas boas intenções...
Um serviço público
Qu'esquece o resto do país,
Só pode ter raiz
De poder único!
O mundo é lampião
Ali na "Tv pública",
E não há nisto rúbrica
Que não entre o "campeão"!?
Que gritem esses golos do "glorioso"
Em directo,
E qu'o povo ache correcto
O travo indecoroso...
O resto dos portugueses
Não existem,
E a isto ainda assistem
Como fregueses!?
Eu tenho que pagar
Ainda qu'os não veja,
E a minha liberdade causa inveja
A quem pode emigrar!?
Fugir deste Estado de sítio,
Desta pseudo-democracia!
E esquecer esta trilogia
Do nosso mito:
Fátima, Futebol e Fado!
E a "nossa" RTP a dar cobertura;
O qu'o regime perdura
Por televisionado!!
As aberturas da festa do título,
O sincronismo da visita papal...
Um país bendito por Portugal...
Ridículo!
Esta massa desmiolada
De gente crente,
E que tivemos por clarividente
A anunciada!?
A festa do título,
Não a Nossa Senhora!
Porque se fosse outrora
Eu ía pr'o patíbulo!!
Ia ser julgado
Por franca heresia,
Porque nunca lá me cria
De ser abençoado!
E qu'é tudo arte
O ganhar bem ganho!
E qu'o país não tem tamanho,
Mas tem um baluarte!
Não esse nosso
Na muralha fernandina,
Mas este na medina,
Com fosso!
Esse que divide
O país em taifas,
E tem cá por califas
O remanescente da PIDE!
Por isso opinar
Pode ser um jogo perigoso,
Não vá "glorioso"
Denunciar...
E ver-me acossado
Já p'lo Meirim,
E seja deportado para Cochim
Por desalinhado...
E tenha que me reciclar
Num curso de Francês,
Porqu'o meu Português
Lá me fez expulsar...
Ao menos uma "união"
Mesmo que "ibérica",
E ter uma carta esférica
Pr'a outra navegação...
E mesmo que louco
Sej'o aliado,
Antes que tudo seja tomado
Se dê o troco!
Contr'o regime
Muitos seremos poucos,
Porque eles estão sôfregos
De crime!
E já vale tudo,
Tod'a desfaçatez!
E ganhando desta vez
Ganham o "mundo"!
Estão tão confiantes
Que não têm perdas,
Qu'até metem a Relvas
No coro dos navegantes!
Vai tudo par'o galinheiro
Cantar na festa...
E aquilo que nos resta
É o estrangeiro...
Ao menos
Por estes dias...
E ainda crer que Bartolomeu Dias
Perdeu os remos...
E já não navegou
Mais adiante,
E qu'isto é o bastante
Do que se legou!
Ainda falta muito
Pr'a sermos uma nação a sério;
Falta-nos critério
E falta-nos assunto!
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