Permitam-me começar pelo momento da noite de ontem. A homenagem justa que o FC Porto guardou para o Sr. Costa Soares. Foi delicioso ver o clube e os seus adeptos saberem ser gratos a quem tanto lhes deu, tanto contribuiu e tanto ajudou para que o FC Porto seja aquilo que é. Para mim, a gratidão é uma das melhores qualidades humanas, é um sinal de inteligência e de maturidade. Foi um momento alto do Portismo.
Foi o último jogo de preparação e a introdução da equipa às exigências do Dragão. Jogos de preparação são tubos de ensaio para testar a equipa. Ainda assim, o Dragão responde com exigência desmedida. É sinal que somos ganhadores, sedentos de vitória e fiéis ao sucesso.
O FC Porto entra em campo com uma alteração no 11 inicial que apresentou em Valência. Sereno cede o seu lugar de defesa esquerdo adaptado a Mangala. Parece ser aqui a única dúvida de Vítor Pereira para a Supertaça frente a Académica. Para já, Mangala parece levar vantagem na preferência. Outra posição em aberto é a 8. Moutinho ainda não foi titular na pré-época, mas será difícil não equacionar a sua titularidade no primeiro jogo oficial da época.
O jogo de ontem, frente a uma equipa equilibrada e competitiva, foi mais um teste à consistência do FC Porto. Genericamente, pode-se afirmar que defensivamente a equipa passou no teste, mas que ofensivamente chumbou. Uma conclusão que vem na linha do que já tinha ocorrido em Valência.
Mesmo com as dificuldades com as laterais, o FC Porto revela consistência defensiva: sabe fechar os espaços atrás e os jogadores são solidários. Fernando está em subida de forma e o seu futebol está a ganhar a dimensão física que o caracteriza.
No plano ofensivo, cabe a Vítor Pereira definir a equipa e tomar decisões. Enquanto não o fizer, a equipa terá dificuldades na criação de jogo para o seu ponta-de-lança. É verdade que a ausência de Moutinho é notada a nível ofensivo. Defour substitui melhor Moutinho no plano defensivo que no plano ofensivo. Defour não tem o jogo vertical de Moutinho, nem o seu à vontade de progredir com bola. Sem um jogador verdadeiramente criativo pelo centro, a ausência de Moutinho tem peso no processo ofensivo da equipa. Ainda assim, esta é quase uma questão menor nas nossas actuais dificuldades de construção ofensiva. Atsu é o melhor em campo, não só reflexo do seu inegável talento, mas sobretudo por ter dado vida ao único corredor consistentemente funcionante do ponto da criação de jogo. E é este o problema ofensivo do FC Porto.
O flanco direito, por regra, é uma ausência e a zona central vive dos momentos em que James lá chega e não fica pelo caminho. Foi assim que se construiu a grande oportunidade do FC Porto na primeira parte. Lucho a fazer o trabalho de 8, James de 10 e Jackson a obrigar Lloris à defesa da noite. Na segunda parte, foi Atsu que pelo seu flanco constrói a grande oportunidade do jogo (com Lucho a rematar ao lado), num lance que já tinha sido tentado por si mais vezes, na primeira parte, no flanco esquerdo. Em todo o jogo, nunca se viu nada de semelhante no flanco direito. Enquanto este desequilíbrio criativo existir, por se forçar o encaixe dos jogadores no 11 inicial, os nossos adversários terão tarefa facilitada. Para consumo interno, até serve, sem dúvida. Mas frente equipas maduras, competitivas e de outro nível como o Valência e o O. Lyon, já outro galo canta.
Após as várias substituições, o jogo decaiu de qualidade e interesse, mas há uma conclusão que deve ser tirada. Mais uma vez, foi tentado o duplo pivot na estruturação do meio campo. Uma vez mais, o FC Porto perdeu o domínio do jogo com essa solução. Mesmo perante um O. Lyon já com alterações ao seu 11 inicial. O meio campo defensivo recua em demasia e são alocados dois jogadores que revelam dificuldades em sair no momento ofensivo.
Restava o fim da festa. Confirmou-se que Bracalli e Addy já não fazem parte do grupo. Expectável.
Agora, é a doer! Força FC Porto!
Venceremos!
Breve análises individuais:
Helton – Jogo tranquilo. Defendeu o que Gomis ainda lhe fez chegar e revelou segurança no jogo aéreo.
Miguel Lopes – Está em crescendo. Segurou bem a sua posição defensiva e ainda tentou esticar jogo pelo seu flanco. Bem nas compensações interiores.
Mangala – Não é defesa esquerdo, como Maicon não é defesa direito. Agora, tal como Macion, é visível o seu esforço, empenho e evolução na posição à qual foi forçado a adaptar-se.