Soube daquele naufrágio, na chegada a Vera Cruz
A nau ficara deposta, no fundo do mar de marasmo
Por inércia ou por contágio, no caminho para Ormuz
Num rombo ficara exposta, afundara sem pleonasmo...
Era uma nau dimensionada, com forte artilharia
Algo imperfeita nas alas, num desiquilíbrio notório
Mas, uma caravela testada,em rondas de geografia
Vencedora de batalhas, que rasgara o promontório
Daquele rochedo Adamastror, qu'ousara defrontar
Ultrapassando, com dor, a besta daquele lugar
Que, ufano se dizia, um monstro sempre invencível
Por cinco pontos que trazia, de registo imperecível...
Mas a nau lá o torneou, deixando o rochedo derribado
Nesse instante, s'apagou, aquele "farol" ensombrado
E desfraldada se vingou, no pavilhão, a invicta bandeira
Uma luz que adornou, um campeão, sem outra esteira...
Pois já antes tinha baqueado, à frente da pequena ilha
Aquele Chipre agigantado, na pequenez da sua silha
E como prova de garantia, D. Nuno, de novo a lançou
Nas águas dum novo dia, que sem rumo, naufragou
Não por falta de tripulação, que fora audaz e guerreira
Deficiência de construção, e um comandante charneira
Imediato de D. Villa-Boa, que pelo corso, se vendeu
Deixando a nau sem proa, em seu maior apogeu...
E o Rei que vislumbrava, a sua esquadra à deriva
Desarmado de seu líder, sem outra escolha polida
Arriscou cursar o mar, sem garantias de maior força
Pra um triste naufragar, neste sargaço de troça
E no rescaldo da derrota, num naufrágio previsível
O líder da sua tropa, deve manter-se cognoscível
Salvando o remanescente, sacrificando o perdido
Encabeçando a sua gente, grit'o - Porto Sentido!
Por: Joker
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