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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

4-3-3. 4 GOLOS, 3 TRINCOS, 3 PONTOS




Desta vez não foi preciso ganhar injustamente por poucos – na versão entediante do FCP de Lopetegui – nem vencer justamente com estrelinha de campeão – na versão entusiasmante do Sporting de Jesus.

Foi mais uma entrada estilo Benfica em Braga só que sem a parte das 3 bolas nos postes e do autocarro defensivo da 2ª parte.

Escaldado pelo drama de Aveiro contra o Tondela, Lopetegui optou por escolher uma equipa mais tradicionalista num 4-3-3 bem definido, com um médio defensivo e 2 extremos naturais.
Olhando para as equipas iniciais seria de temer que o habitual rame-rame ofensivo do Porto tivesse problemas com o meio-campo de 3 trincos do União. 

O Porto ultrapassou bem esse problema. Laterais a subir “forçam” extremos a jogar mais por dentro e a escolha dos 2 médios com melhor chegada à área permitiram que os primeiros 30 minutos tivessem mais dinâmica ofensiva do que o habitual.

À maior dinâmica podemos somar a melhor das sortes. Herrera cumpriu bem o seu papel de médio que consegue ser 2.º avançado e cheirou o golo numa 1ª cabeçada para ter a sorte de o golo o cheirar a ele na 2ª com aquele ressalto em Joãozinho.

Ainda não refeito do golpe, o União nem teve tempo para reagrupar depois de uma brilhante combinação na direita que levou Maxi a cruzar atrasado e Brahimi a fuzilar André Moreira à futebol alemão.

Era capaz de jurar que o Brahimi não ia receber uma bola e mandar charuto lá para dentro. Tudo sem fazer uma tentativa de drible nem sequer uma simulação de pirueta. Foi mesmo toma lá, dá cá.
E assim se resolve uma partida. Com dinâmica no ataque, simplicidade na finalização e alguma sorte.
Falando em sorte: Corona deve ter levado aquele tufo de relva da Choupana para casa. Um golaço a meias. Assistência do tufo e remate à futebol alemão para a gaveta.

A história da partida acaba aqui.

Com o 3-0 o União manteve os 3 trincos com 3 golos encaixados e o Porto voltou ao rame-rame que tem tanto de inutilidade ofensiva como de segurança defensiva.

A bola passou a andar longe das balizas, a dinâmica baixou e só os minutos é que foram crescendo.
Na 2ª parte o União desmonta a rede defensiva dos 3 trincos e tenta atacar um pouco mas o Porto já estava confortavelmente sentado no resultado e na vitória.

Lopetegui começa por desligar-se mentalmente do jogo poupando o craque Brahimi mas a dupla Osvaldo & Paixão resolve ligar a ficha.

Bruno Paixão é o pior árbitro que já vi. Nem é uma questão de desonestidade. É incompetência extrema.

O Porto tem um canto a favor. Há uma perda de bola perigosa no ataque e André André tenta derrubar o adversário. Seria falta clara e amarelo justo.

O adversário não cai à primeira e André André é obrigado a agarra-lo pela cintura acabando de vez com o contra-ataque. Do amarelo já não escapa, pensei eu.

O árbitro dá a lei da vantagem porque apesar de ter sido assassinado o contra-ataque a bola segue.
Segue,segue,segue e Paixão esquece-se de André André. Segue, segue e há a entrada ríspida de Osvaldo sobre Paulo Monteiro. Em vez de 2 amarelos temos o vermelho. Artista português.

Lopetegui liga-se ao jogo e, temeroso, tranca uma porta que já estava fechada. Maicon lá para dentro e 3 centrais.

Não se nota a inferioridade numérica e é o Porto que ronda o 4-0 por Maicon até ao indispensável Danilo resolver ter palco.

Boa vitória, óptimo intervalo na contestação e avizinha-se uma semana crucial.

O regresso ao Dragão numa equipa a quem comunicacionalmente não é dado o direito à estrelinha, a imagem que o Porto deixará em Londres (nem falo de exigências de qualificação) e o regresso à Choupana para um jogo mais a sério.
 


Análises Individuais.

Casillas – Um jogo tranquilo intercalado por uma saída a um cruzamento logo na 2ª parte que nos fez lembrar más memórias.

Maxi – Depois daquele hiato energético pós-selecção voltou a ser o Maxi de sempre com disponibilidade para atacar e voluntarismo a defender.
Corona à frente ajuda na mecânica ofensiva. É mais fácil tabelar com quem sabe jogar em movimento.

Layun – O defesa esquerdo adaptado é o jogador do plantel do Porto que melhor cruza. Convém que Lopetegui aproveite esta qualidade organizando a equipa de modo a que o mexicano tenha liberdade para subir e para.....cruzar.

Marcano – Seguro e focado. Não tem sido por aqui que o Porto tem tremido.

Martins Indi – Fiável no passe e acutilante nos duelos individuais combina bem com Marcano. É bom que Lopetegui pare com as invenções Danilescas e dê 90 minutos à melhor dupla de centrais que tem no plantel.

Danilo – Sem invenções Danilescas e estabilizando o eixo central da defesa de vez, fica mais fácil dar a segurança que a equipa precisa para atacar.
O União joga com um meio-campo similar ao Boavista. 3 mamarrachos a distribuir fruta e a ir a todas como se não houvesse amanhã. Danilo with a little help from his friends André e Hector aguentou-se à bronca com eles todos e ainda teve tempo de ir lá a frente dar a sua carimbadela no resultado.

André André – Ter o André mais sóbrio pode não ser um mau sinal. Jogou mais próximo do seu lugar natural (se é que existe algum que seja contranatura para ele) e o que ficou a faltar em espectacularidade individual foi compensado pela estabilidade do meio-campo portista.

Herrera – Tem uma diferença positiva para Imbula. Entrega-se ao jogo. Pede bola, preocupa-se em dar linhas de passe, preocupa-se em pressionar linhas de passe e adversários e preocupa-se a preencher a área quando é preciso.
Chama-se a isso ligar a equipa.
Tem uma diferença negativa para Imbula e para qualquer médio do Porto. Perde linhas de passe quando tem bola e perde passes fáceis em quantidades razoáveis.
Aí desliga-se do jogo e da equipa.
Contra o União vimos os 2 lados. Felizmente o positivo ganhou por KO ao negativo.

Corona – Parece que não brilha mas o que é certo, é que para o tempo que tem jogado marca golos aos magotes. Com sorte, com oportunismo, com mais ou menos talento o que este mexicano tem provado é que merece ser aposta e merece continuidade.
Vale a pena ver no que isto vai dar.

Osvaldo – Muita acção, muita correria mas nada de futebolisticamente relevante. Não conseguiu mostrar mais do que o pior Aboubakar deste ano e ainda foi fingindo que molhava a sopa aqui e ali. Com Bruno Paixão o caldo está sempre entornado e fingir dá vermelho na mesma. 

Brahimi – O talento da equipa. A construir para abrir para Layun cruzar para Herrera. A finalizar à ponta de lança sem a ginga habitual. E a ser rápido a soltar para Corona acertar um piparote na baliza.
Descansou com o trabalho feito e bem feito.


Varela – Entrou na fase em que os minutos passavam e as equipas passeavam. Nada de relevante.

Maicon – Com a expulsão de Osvaldo a solução de Lopetegui foi tornar coreácea a defesa com 3 centrais. Não foi preciso grande esforço de Maicon que ainda se travestiu de Celso&Geraldão para marcar um livre à anos 80 que André Moreira defendeu em grande estilo.

Evandro – Uns escassos minutos em campo. Nada de relevante. 




Ficha de jogo: 

U. Madeira -FC Porto, 0-4
Primeira Liga, 9ª jornada
qua, 2 Dezembro 2015 • 20:00
Estádio: Madeira, Funchal

Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal).
Assistentes: António Godinho e Rodrigo Pereira.
Quarto Árbitro: Hélder Malheiro.

UNIÃO DA MADEIRA: André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro, Diego Galo, Joãozinho, Soares, Shehu, Gian, Amilton, Élio Martins, Danilo Dias.
Suplentes: Vega, Tiago Ferreira, Miguel Fidalgo, Breitner (66' Amilton), Firmino (79' Soares), Cádiz (57' Danilo Dias), Chaby.
Treinador: Norton de Matos.

FC PORTO: Casillas, Maxi, Martins Indi, Marcano, Layún, Danilo, Herrera (c), André André, Corona, Dani Osvaldo, Brahimi .
Suplentes: Helton, Maicon (78' Corona), Rúben Neves, Varela (70' Brahimi), Aboubakar, Tello, Evandro (88' André André).
Treinador: Julen Lopetegui.

Ao intervalo: 3-0.
Marcadores: Herrera (12'), Brahimi (14'), Corona (22'), Danilo (90+1').
Disciplina: cartão amarelo a Gian (10'), Corona (77'), Cádiz (83'), Paulo Monteiro (87'); cartão vermelho a Dani Osvaldo (74'). 

Por: Walter Casagrande

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Fardo Francês!


O futebol é um jogo estranho.
Defrontamos o Braga com as piores individualidades dos últimos 5 anos.
Defrontamos um Braga dirigido pelo que foi o nosso pior treinador dos últimos 12 anos.
Corrigimos o buraco suiço que foi o nosso meio-campo defensivo na 1ª parte do jogo contra o Maccabi.
Vinhamos de 20 vitórias consecutivas em casa, derrubando Chelsea, Benfica, Sporting e Bayern.
A onda era boa.

Nada disto chegou. Porquê?
Porque este Braga não é so Rafa e tem melhores individualidades do que se pensa. Cuidado com aqueles centrais e justiça àqueles dois médios.
Porque este Paulo Fonseca tão mau no Porto tem conseguido construir equipas coesas e competentes em todo o lado que passa, mesmo com aparente excesso de jogadores ofensivos no 11.
Porque este Porto foi uma equipa segura, mandona mas incapaz de meter uma velocidade extra que transformasse boas oportunidades em ocasiões claras de golo. Nunca pedalou uniformemente.

Os primeiros 20 minutos foram Maccabi style. Incapacidade de tomar conta do jogo e dificuldade em o controlar sequer.
Vimos um Braga afoito apesar de não criar perigo e um Porto a apalpar terreno com os 2 jogadores franceses num nivel de meter dó..
Quem agarrou a equipa e a fez puxar para outro nivel foram os jogadores do costume. Os que assumem, procuram o jogo e pelo talento e/ou personalidade não se resignam com o que acontece.
Brahimi e André André.
Puxado, Tello consegue responder e foi atrás. Como peças de dominó o Porto foi-se levantando e começando a empurrar o Braga em direcção a Kritchiuk. Acabou o Braga afoito, começou o Porto controlador e dominador e a criar oportunidades jogando como equipa.

Em quase todas elas esteve o omnipresente André André. Em tabelas, em recargas, em movimentos profundos. Também Layun, Tello, Brahimi e Aboubakar quase que molhavam a sopa perante um Braga que rezava pelo toque do gongue para curar as feridas e não ir ao tapete.

Com este andamento não via forma possível da vitória nos escapar na 2ª parte.

Casillas dormia, tudo morria no eixo central defensivo e mesmo com 2 pesos mortos a tendência era clara.
Lopetegui podia ter mexido logo para tirar o fardo francês de cima mas preferiu dar mais uma oportunidade à equipa



O regresso dos balneários reforçou essa ideia. Danilo, Layun e o próprio Imbula sobem o nivel e parecia que a equipa toda ia remar até ao golo.
O problema do Porto foi o carrossel. Quandos uns subiam de nivel outros desciam.
A equipa estava melhor, com circulação mais rápida e com mais gente a invadir o último reduto bracarense mas os 3 homens do ataque baixaram de nivel.
Aboubakar virou trôpego ansioso, o fundamental Brahimi deixou o talento nas cabinas e Tello – como de costume – esperou que a equipa se lembrasse dele.
Com este figurino viu-se o Porto a empurrar, a jogar melhor mas a ter menos talento no último terço.
Tudo o que foi criado teve mais a ver com qualidade colectiva do que com talento individual. Com passes, recepção e dinâmica de movimentos do que com a capacidade de finalizar bem, fazer aquela finta que desmancha a defesa.
O Porto desta partida teve muitas coisas boas, excelentes movimentos colectivos e individuais, mas nunca conseguiu fazer um cozinhado homógeneo.
Quando os avançados estavam com veia, a equipa não empurrava nem revelava boa dinãmica de movimentação ofensiva.
Quando todo o pack atrasado se revoltou para invadir Braga e procurar o golo faltou-lhes avançados que dissessem presente.
Um Aboubakar dos primeiros 20 minutos ou um Tello/Brahimi dos últimos 25 minutos da 2ª parte chegariam para materializar o amasso quantitativo da 2ª parte.
Lopetegui foi mexendo bem, retirando o fardo francês e dando técnica de passe e chegada à àrea mas nada se alterou. Bueno e Aboubakar foram colocados em boa posição para finalizar mas nunca acertaram de forma decente com a baliza.
Danilo, Layun, André, Indi e Marcano ergueram um muro e deram tudo em velocidade, em aberturas e na garra para que o tempo que faltava chegasse.

Não deu. Este não foi dos jogos onde se pudesse apontar alguma coisa à equipa tirando o espirito amorfo dos primeiros 20 minutos.
Este não é um dos jogos em que se diga que podíamos estar 2 horas que o golo não surgiria.
Este é daqueles jogos que se empata merecendo ganhar e que se ganharia voltando a jogar da mesma forma.
Jogamos pior e merecemos menos ganhar nas partidas contra o Estoril e o Maccabi, por exemplo. Defendendo muito pior e revelando muito mais dificuldades em atacar como equipa e sem excessiva dependência do talento individual do jogador A ou B.

É necessário apenas tirar o fardo francês da engrenagem e ir experimentando se a equipa consegue manter a segurança que hoje revelou com um jogador como Bueno nas costas de Aboubakar.
A equipa está a ser construída e há cada vez menos dúvidas de como bem funcionar.
Falta descobrir um categórico 3.º médio (Rúben ou Bueno?) e definir se se confia na velocidade de Tello ou no superior talento de Corona.


ANÁLISES INDIVIDUAIS

Casillas – Comigo na baliza tinha ficado 0-0 na mesma. Gostei de o ver a sair a um cruzamento e felizmente não o vi fazer mais nada porque não teve trabalho.

Layun – Uma primeira parte murcha à excepção daquela incursão à grande área adversária que terminou com um remate a rasar o poste.
Na segunda parte soltou-se, esqueceu-se que era um rookie e sentiu que tinha que fazer alguma coisa pela equipa como se fosse um capitão com 5 anos de casa. Atirou-se para a frente pelo centro-direita, correu, fez assistências e deixou a pele em campo.
Não foi por ver Layun jogar que Maxi veio a lembrança.

Indi – Foi o mais médio dos centrais. O que mais subiu com bola, o que mais saltou sobre quem recebia a bola de costas no nosso meio-campo. Nunca ficou para trás quando se aventurava nessa pressão alta colando-se ao adversário de modo a evitar surpresas.
Um jogo seguro quer a central, quer a defesa-esquerdo.

Marcano – É raro o Porto disputar uma partida contra 2 avançados em cunha. Marcano e Indi responderam bem com agressividade, dureza QB e foram insuperáveis em qualquer bola dividida.
Na 2ª parte o Espanhol deu ares de Maicon e tentou acelerar a construção de jogo com maior rapidez e mais aberturas de 30 metros.
Boa partida.

Cissokho – Nunca voltes ao lugar onde parece que foste feliz. Cissokho é limitadissimo e mesmo o seu único pé fica áquem do nivel exigivel para o Porto.
Mete o corpo, corre e passa para quem está perto e é isto. Se tivesse a inteligência e o sentido de equipa e das suas limitações como Layun poderia disfarçar.
Assim é mediano demais para ser simpático.
Arrisco dizer que o francês não seria titular indiscutivel em mais do que 5/6 equipas da 1ª liga.


Danilo – Começou mal a partida falhando alguns passes e não complementando a capacidade de recuperação com a imperiosidade de sair a jogar limpo e rápido.
Demorou pouco tempo a recompor-se e fez um jogo em crescendo, varrendo tudo à sua volta no eixo defensivo, libertando André André ao mesmo tempo que o auxiliava na construção com rapidez e qualidade de passe.

André André – AMVP. Always Most Valuable Player. A extremo, a 10 e hoje a 8. Lopetegui ficou escaldado pela 1ª parte do jogo com o Maccabi e achou que aquele meio-campo tinha que ter o melhor 6 defensivo e o melhor 8 defensivo.
André André provou ser o melhor 8 defensivo, mas não atacou menos do que quando joga a 10 e não apareceu menos na área do que quando joga a falso extremo.
Consegue dar rigor defensivo, sem que se sinta falta da carequinha no ataque.
Somado a isto tudo é o piloto mais rápido em pista com bola. Nos pés de Brahimi, Imbula, Aboubakar a bola demora mais 2 segundos por volta do que nas botas de Ivan de La Peña. Acelera e verticaliza o jogo como ninguém.

Imbula – Um dos elos mais fracos da equipa na 1ª parte. Lopetegui tirou-o da zona onde a sua lentidão aquando do inicio de construção é mais preocupante. Deu-lhe área e trabalho de pressão ofensiva mas nada mudou. Se André André é o piloto mais rápido em pista, Imbula é o mais lento. Demora muito tempo a pensar e quando começa a executar a defesa do Braga já recuou uns 10 metros. Não dá tempo para fazer passes profundos nem tão pouco para embalar.
Começa a ser um estorvo para a dinâmica do meio-campo como foi Herrera no inicio da temporada. Na 2ª parte melhorou um pouco mas não o suficiente para que se cogitasse qualquer outra substituição quando Bueno despiu o fato de treino.

Brahimi – Não vale a pena estarmos com irritações. Precisamos tanto dele que se pode dar ao luxo de errar, decidir mal e forçar uma finta para a vaia.
Viu-se isso na 1ª parte. A equipa vivia das pinceladas de Aboubakar até aos 20 minutos mas a partir dai foi Brahimi que pegou na equipa e a fez levantar para uma parte final agradável que merecia a vantagem.
Brahimi é o extremo que se dá ao jogo, que não se esconde mesmo quando tem um defesa-esquerdo frágil. Nessas circunstâncias é necessário dar logo linha de passe para não haver problemas. Isso, para além da capacidade de desiquilibrio individual dá um lugar diferenciador a Brahimi.
Na 1ª parte estava com veia mas na 2ª uma má recepção estraga a assistência de Layun e logo a seguir Boly fecha-lhe a porta e fá-lo sentar no relvado.
Foi pena. Precisávamos do Brahimi da 1ª parte para o assalto final. Arrisco dizer que teríamos ganho.

Tello – Até esteve a um bom nivel na 1ª parte mas sente-se sempre que perante blocos baixos não nos pode ser muito útil.
Já se sente mais confiante para meter a velocidade sem medo de rasgar mas é a equipa que tem que puxar por ele e não o contrário. É essa realidade que lhe dá um mar de distância face a um jogador como Brahimi e nos deixa ficar com um amargo de boca quando pagamos a peso de ouro um bom elemento de plantel como podem ser Varela e Hernâni.

Aboubakar – Espectaculares primeiros 20 minutos, com dribles, passes de letra e instinto de baliza próprios de quem concorre à Bola de Ouro.
Essa foi a pior fase da equipa e a melhor de Aboubakar. A partir daí os  percursos foram opostos.
Enquanto o Porto ia melhorando paulatinamente, Aboubakar deixou o nivel World Class Player e foi rematando frouxo quando podia passar e tornou-se um pouco trengo na recepção.
Se o bom Porto e o nivel WCP de Aboubakar se tivessem encontrado o resultado teria sido outro.

Corona – O Porto precisava de Brahimi. O mexicano demorou a entrar na partida e apesar de mexido e de capaz de se envolver em tabelas com André André não foi o abre-latas necessário para desmontar o castelo erguido pelo Braga.

Bueno – Fez sentido a sua entrada e mostrou o que pode dar como 2.º avançado. Tem tecnica, tem visão, tem baliza mas ainda parece que não atingiu o ponto de intensidade necessário para poder discutir um lugar em vez de esperar por uma oportunidade.

Rúben Neves – Faltou tempo para que o efeito de colocar um jogador de eleição no passe se fizesse sentir. A substituição é bem feita mas quando a equipa se acomodou ao novo e melhor posicionamento já estava em profundo stress com a eminência de 2 pontos a fugir pelos dedos da mão.
A clarividência de Rúben não conseguiu temperar a sofreguidão dos últimos minutos.
Julgo que Lopetegui tinha pensado nesta alteração para o meio da 2ª parte mas a lesão de Brahimi e a vontade de ter alguém mais próximo de Aboubakar atirou-a para 3ª plano.


Ficha de jogo:

FC Porto 0-0 SC Braga
Primeira Liga, 8ª jornada
Domingo, 25 Outubro 2015 - 19:15
Estádio: Dragão, Porto

Árbitro: Artur Soares Dias (Porto).
Assistentes: Bertino Miranda e Rui Licínio.
Quarto Árbitro: Daniel Cardoso.

FC Porto: Casillas, Miguel Layún, Marcano, Martins Indi, Cissokho, Danilo, André André, Imbula, Tello, Aboubakar, Brahimi.
Suplentes: Helton, Rúben Neves (76' Cissokho), Dani Osvaldo, Evandro, Herrera, Corona (58' Brahimi), Alberto Bueno (62' Imbula.
Treinador: Julen Lopetegui.

SC Braga: Kritciuk, Baiano, Ricardo Ferreira, Boly, Djavan, Alan, Vukcevic, Mauro, Rafa, Rui Fonte, Stojiljkovic.
Suplentes: Matheus, Wilson (84' Alan), Luiz Carlos (67' Vukcevic), Crislan, Aaron, Arghus, Marcelo Goiano (17' Djavan).
Treinador: Paulo Fonseca.

Ao intervalo: 0-0.
Disciplina: cartão amarelo a Vukcevic (13'), Marcano (44'), Cissokho (68'), Ricardo Ferreira (73').

 Por: Walter Casagrande





domingo, 27 de setembro de 2015

MENOS FORREST GUMP. MENOS SUPER COLA 3. MENOS 2 PONTOS.




Esta era uma partida crucial para que o que foi arrancado a ferros no Domingo não fosse desperdiçado logo a seguir.

O sinal dado para o exterior/interior foi distinto. Se o Barcelona deixar Lionel Messi no  banco num jogo de campeonato todos concluirão que está a haver poupanças

O mesmo se Benitez encosta CR7 ou Mourinho Hazard.

Neste momento, mesmo não sendo TOP mundial , Aboubakar é o nosso melhor jogador. Um dos 2 que estão em grande forma.

A história deste empate não passa por essa poupança fisica/técnica porque Osvaldo até foi dos melhores e o Porto acabou por dar 2 golos de borla, mas quando algo é mesmo importante é preciso ter cuidado com os sinais.

A equipa do Porto apresenta-se nervosa nos primeiros 3/4 minutos e Marcano quase entra para a história do futebol mundial como protagonista do golo patético do ano.

Passada essa tremideira toma conta de jogo conforme é habitual no reinado de Lopetegui.

Controle absoluto da bola, protecção suprema à sua defesa e inconsequência gritante nas movimentações ofensivas.

Por sorte, a última parte da normal bitola exibicional do Porto de Lopetegui é camuflada por um livre de Maicon que põe o Porto à frente do marcador.

Esse 1-0 acentua a caracteristica do futebol “tem tempo” que o Porto gosta de jogar. Danilo tomava conta de tudo e esse 1-0 era firme como uma rocha.

Escrevo mais: aos 30 minutos de jogo o resultado mais provável da partida era o 1-0. O Moreirense não conseguia fazer cócegas e o Porto não queria fazer o rir o adversário.

Numa recepção brilhante e remate pronto Osvaldo quase que mata a partida do seu próprio bolso mas até final da 1ª parte só a lesão de Brahimi merece ser noticia.

Se a 1ª parte demorou a passar tamanha a pasmaceira e o lodaçal de passes habituais a 2ª foi um carrossel de emoções e historias para contar.

Tudo começa por um grande disparate de Maicon. Qual boneco de PES/FIFA nas mãos de um jogador inexperiente, resolve abandonar a sua linha defensiva para correr atrás do amanhã e abre um buracão que Iuri Medeiros faz questão de agradecer.



Run FORREST run. Maicon à FORREST GUMP.

O empate surge do nada e fica a sensação que um jogo ganho por ausência de adversário poderia estar empatado por incapacidade própria de sair do lodaçal de passes inconsequente.

A reacção do Porto é boa. Se pensarmos nas jornadas que passaram, o período entre o 1-1 e o 1-2 é do melhor que já vimos em termos de construção de futebol ofensivo e de oportunidades de golo.

A 2ª substituição de Lopetegui mexe com o jogo e de que maneira. Tello mantém o nivel exibicional de Herrera mas o Corona médio ofensivo vira Leo Messi face ao Corona extremo que vinha jogando à Diego Capel.

Sucedem-se as jogadas de perigo, sempre com o maestro Corona nelas envolvido e a versatilidade posicional do mexicano contagia Maxi, Osvaldo e André André no assalto à baliza do Moreirense encostando os seus defesas cada vez mais atrás.

Stefanovic faz um par de defesas excepcionais e não permite que Corona e Osvaldo fizessem justiça no marcador.

Lopetegui, empolgado pelo que estava a ver e ciente que do outro lado estava uma equipa que não beliscava Casillas, resolve voltar a mexer com o jogo de forma kamikaze.

Por um lado não se percebe porque o Porto estava, com aquele sistema mais organizado, capaz de chegar com perigo à baliza do Moreirense e o preço de tudo desmontar poderia ser caro demais.

Veio a lembrança do Maritimo-Porto da época passada e de como Lopetegui teve pressa a mais e anarquizou a equipa cedo demais.

Por outro lado, é verdade que este Moreirense estava mesmo estacionado cá atrás não oferecendo, á priori, o mesmo risco que o Estoril do Dragão, o Maritimo dos Barreiros ou o Arouca.

Se há jogo em que podíamos confiar mais na meiguice ofensiva do adversário era este.

Indepentemente da avaliação sobre a sapiência da substituição há 2 conclusões que se podem tirar:

1-      Lopetegui mostrou a coragem ou a alucinação que os adeptos pedem quando arrancam os cabelos sempre que Aboubakar sai por Osvaldo;
2-      Lopetegui errou ao escolher Marcano para sair, ficando como único central o jogador mais irracional, pior decisor e com pior noção de posicionamento. FORREST GUMP.

Logo a seguir surge o golo que parecia premiar a coragem e dar razão às bancadas que pedem Big Balls a cada momento.
Foi cedo demais. Com quase 15 minutos de futebol para jogar e com uma equipa vacinada para a rotina do passe e para a paranoia da organização defensiva ter Osvaldo, Aboubakar, Varela, Tello e Corona lá dentro era como colocar um amante de música clássica dentro dum concerto de heavy metal.

Barulho a mais, confusão a mais, loucura a mais.

Sentiu Lopetegui e sentiu a equipa que era dificil encaixar naquele novo registo. Ainda por cima, os escassos jogadores da linha defensiva eram pouco cerebrais, um dos médios com melhor posicionamento deixou de ser tampão da grande área e André André viu Aboubakar a jogar a 8.

O pânico da desorganização foi mais forte do que tudo. Não foi intencional mas uma consequência do chip que esta equipa tem. Em cima disto, Osvaldo primeiro e Maicon depois assustam as hostes abrindo a possibilidade de o Porto acabar em inferioridade numérica.
O Moreirense sente o caos do nosso lado e avança com tudo. Maxi é comido de cebolada por Luis Carlos e Maicon mostra que as paragens cerebrais são modo de vida abrindo espaço para Casillas mostrar o que vale dentro dos postes.

Infelizmente, a postura de caracol dentro da carapaça custou caro. Mais caro ainda para quem tem um GR que fez carreira com Super Cola 3 nos pés no jogo áereo e que, tal como a equipa que não sabe viver desorganizado, é incapaz de mudar o chip do fica na baliza a ver no que isto dá que os pés estão colados ao chão.

Se o 1-2 aparece demasiado cedo, o 2-2 já surge demasiado tarde.

O Porto perde 2 pontos num jogo em que fez uma 1ª parte ao nivel do inicio do campeonato, fez 2/3 da 2ª parte ao melhor nivel e 1/3 da 2ª parte mostrando que quando sai da sua zona de conforto fica exposto às deficiências individuais de defesas/guarda-redes e à incapacidade colectiva de viver sem Plano A.




ANÁLISES INDIVIDUAIS:

Casillas – Um problema a crescer.
Ontem, quando Lopetegui desequilibra a equipa e o Porto fica com apenas 1 central + Danilo era importante ter um redes que desse confiança e não obrigasse o FCP a encostar à grande área.
Em toda e qualquer bola área Casillas jamais prevenirá problemas porque simplesmente não sai. Tem Super Cola 3 nos pés.
Quando sai o cruzamento do 2-2 em vez de dar 2 passos em frente o que se vê é Casillas a recuar até a um ponto em que a defesa do Porto tenha que disputar uma bola área com os atacantes do Moreirense na pequena área.
A partir desse momento a cabeçada é indefensável. Se nos pode ter feito ganhar 3 pontos no Domingo ontem fez-nos perder 2.
A grande defesa a remate de Luis Carlos vale pouco perante a desconfiança que a linha defensiva lhe está a ganhar no jogo aéreo e a certeza, para os adversários, que o Porto é vulnerável em todas as bolas áereas enviadas para perto da baliza.
Casillas esconde-se e espera. Culpado.

Maxi – Bom jogo manchado pela dupla revienga de Luis Carlos que obriga Casillas a intervir. Fez o habitual com a atitude habitual e ainda se incorporou no ataque ajudando ao salto do FCP posterior ao 1-1.

Layun – Discreto. Competente a defender e praticamente irrelevante a atacar. Precisa de sentir mais responsabilidade para sair do cinzentismo competente.

Maicon – Há 2 lances que são uma vergonha para qualquer central. Se fosse Verdasca a falhar um alivio de cabeça para logo a seguir abandonar a linha defensiva e arrancar como se tivesse a começar a final dos 100 metros diríamos que esse era o custo de termos um central demasiado jovem a disputar jogos demasiado importantes.
Maicon tem para lá de 6 anos de Porto. É o capitão. Não é um estafeta. Não pode ser o Forrest Gump da defesa que corre, corre, corre mas pensa pouco, pouco, pouco.
O Porto tinha o jogo completamente controlado e Casillas estava a passar umas belas férias. De repente Maicon age irracionalmente como um garoto de 6 anos a jogar com os irmãos de 16 e arrebenta com tudo.
Para completar o ramalhete de asneiras fica a marcar telepaticamente um Luis Carlos a 3 cm de distância obrigando Casiilas à defesa da noite.
Mais inacreditável que a exibição de Maicon só a nota 7 do jornal O JOGO. 

Marcano – Começa a partida com uma monumental asneira. Ainda assim, prefiro erros que resultam de más execuções técnicas do que de más decisões.
O pensar bem e executar mal é melhor do que o pensar mal. Quem não sabe penar não tem a inteligência obrigatoria para poder ser um jogador TOP.
Marcano esteve bem no resto do jogo. Autoritário e com pouco trabalho. No 1.º golo é abandonado pelo desvario do parceiro do sector.
No 2.º golo já lá não está para evitar. Infelizmente. 

Danilo Pereira – Uma excelente primeira parte a comandar o meio-campo e a impôr a sua presença fisica.
Na segunda parte o jogo leva uma volta depois da asneira da Maicon. A partir daí Danilo desce uns furos mas envolve-se na cavalgada da equipa em busca da vitória.
Quanto Lopetegui vira kamikaze e Danilo tem que fazer meio-trinco e meio-central a sua exibição cai a pique tendo responsabilidades na não resolução do problema causado por Casiilas. Aquela bola de cabeça deveria ter sido dele.

André André – Sem o brilhantismo das exibições recentes mas com a regularidade de qualidade que chega e sobra para ser indiscutivel no meio-campo portista.

Herrera – Entrou bem no jogo, sendo o médio que a equipa precisou e não teve na 1ª parte do jogo com o Benfica. Boa movimentação vertical sem bola, capacidade de ocupação de espaços livres na frente de ataque dando opções adicionais aos portadores da bola.
O reverso da medalha foi a execução com bola. Aí, embora se tenha apresentado uns furos acima da bitola medíocre do inicio da época, voltou a estar sofrivel.

Brahimi – Embora menos guloso do que na 1ª parte do jogo com o Benfica, o argelino continuou a não se exibir em bom plano nos 40 minutos que esteve em campo.

Jesus Corona – Estava a ser o pior elemento em campo até à substituição de Herrera por Tello. Fora do jogo, incapaz nos duelos individuais e complicativo nas tabelas com Maxi e André André.
A partir desse momento foi, com distância, o MVP da partida. Dinâmico, a ocupar bem o espaço entre a linha do meio-campo e o ataque sem deixar de cair nas alas e dar apoio ao ponta de lança. Foi um André André com menos força, mais tecnica e mais golo que invadiu Moreira de Cónegos naquela última meia-hora.
Dadas as dificuldades do FCP na construção, ficou água na boca para voltar a ver Corona a médio ofensivo.

Osvaldo – Inventou para si mesmo uma oportunidade de golo numa fase em que o Porto estava mais preocupado em entreter do que em atacar. Soube ligar-se com a equipa e marcar presença na área.
A qualidade que tem voltou a estar presente na 2ª parte com cabeceamentos, desmarcações e tabelas dignas de um ponta de lança do FCP.
O único problema é que estas qualidades ficam áquem do nivel estratosférico de Jackson que Aboubakar vinha sendo capaz de repetir.


 Varela – Vimos o lado negro de Silvestre Varela. Andou para ali em campo, passando, gingando e correndo mas sem assumir o desequilibrio que um extremo tem que ter.

Tello – Houston, we have a problem.
Tem medo de jogar como sabe. Pode ter 50 metros livres à sua frente que Tello não vai forçar a corrida com medo de romper.
Alguém tem que o avisar que mais vale jogar 3 meses como Tello bom, romper e ficar 6 meses no estaleiro do que termos 9 meses dum Tello a querer jogar à David Beckham com os pés de um Hector Herrera.

Aboubakar – 2 passes de médio de equipa grande. Um, inventando um golo para Osvaldo que não faz o 1-3 por centímetros e outro a contrariar o rame rame de passes lamacento obrigando Varela a sprintar para o espaço.
No resto do tempo foi um jogador perdido na defesa do 2-1 tentando ser médio defensivo.
Faltou mais Aboubakar no jogo. É um pecado roubar o MVP da equipa numa altura em que o colectivo ainda gatinha.


 Ficha de Jogo:

Moreirense 2-2 FC Porto
Primeira Liga, 6ª jornada
Sexta-feira, 25 Setembro 2015 - 20:30
Estádio: Com. J. Almeida Freitas, Moreira de Cónegos

Árbitro: Vasco Santos (Porto).
Assistentes: Sérgio Jesus e Bruno Trindade.
Quarto Árbitro: Ricardo Moreira.

Moreirense: Stefanovic, Sagna, Marcelo Oliveira, André Micael, Evaldo, Palhinha, Vítor Gomes, Battaglia, Iuri Medeiros, Rámon Cardozo, Ernest Ohemeng.
Suplentes: Nilson, André Fontes (62' Iuri Medeiros), João Sousa, Luis Carlos (83' Ernest Ohemeng), Boateng (52' Rámon Cardozo), Rafa Sousa, Filipe Gonçalves.
Treinador: Miguel Leal.

FC Porto: Casillas, Maxi Pereira, Maicon, Marcano, Layún, Danilo Pereira, Herrera, André André, Corona, Dani Osvaldo, Brahimi.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Rúben Neves, Varela (45+1' Brahimi), Aboubakar (77' Marcano), Tello (59' Herrera), Imbula.
Treinador: Julen Lopetegui.

Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Maicon (18'), Iuri Medeiros (50´), Corona (79´), André Fontes (88').
Disciplina: cartão amarelo a Vítor Gomes (64').



Por: Walter Casagrande

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