Após a decepcionante derrota na jornada anterior, a nossa equipa secundária recebeu e perdeu de uma forma vergonhosa com a frágil equipa do Freamunde.
O técnico Rui Gomes procedeu a uma mini-revolução nos jogadores titulares. Infelizmente não o fez ao estilo de jogo apresentado. O objectivo principal na classificação está praticamente assegurado é certo e temos igualmente de verificar que temos jogadores a evoluir com sucesso. Contudo a forma como abordamos este jogo em nada dignificou o nosso emblema. Se a isso juntarmos os habituais erros de lentidão e substituições dificeis de compreender é fácil perceber que hoje nada de positivo saíria do Estádio Dr. Jorge Sampaio.
Mas vamos à supracitada revolução nos titulares. A defesa mudou completamente com a excepção do capitão Zé António. Diogo Mateus na direita, Victor Luis na esquerda e Anderson a central renderam David Bruno, Tiago Ferreira e Quinonez respectivamente. O castigado Seri foi rendido por Sérgio Oliveira, Caballero por Dellatorre e Vion passou de titular para a bancada, entrando Sebá.
Numa primeira parte demasiado má para ser verdade, o primeiro facto de relevo aconteceu aos 4 minutos. O árbitro lesionou-se e deu o lugar ao 4º árbitro. A nossa equipa exibiu-se sempre a um ritmo lento, com elevada posse de bola (nisso somos campeões) mas sempre de forma amorfa, de pé para pé e quase sempre em zonas muito recuadas e com muito pouca movimentação. Um pouco à imagem da equipa principal portanto. E tal como no Dragão, em Pedroso os extremos não são extremos, não abrem espaços e se querem bola são obrigados a recuar. E se na equipa principal Jackson é uma ilha isolada, na B a situação é parecida. Dellatorre tem movimentações interessantes, sabe aproveitar o espaço entre o central e o lateral, sabe cair na linha, sabe receber e rodar. O problema é que geralmente está sozinho.
Encontrar alguma situação de perigo, mesmo que relativo, na área do Freamunde é uma tarefa complicada. Talvez um remate de Dellatorre aos 19 minutos,na passada, após passe de Edu. Mesmo este lance foi resolvido sem problemas pelo guardião adversário. Tirando isso, fomos uma autêntica nulidade. Remates só de longe e sem perigo, muitos passes falhados a meio campo (Sérgio Oliveira, Edu e Mikel desastrosos neste aspecto), os cruzamentos eram de longe, em balão para o 2º poste, que permitia muito tempo para a defesa adversária se recompor. Das laterais, além de pouco procuradas, quando o foram não corresponderam. Tozé e Sebá sempre à procura do espaço interior, Diogo Mateus quase não subiu. salva-se Victor luís que, embora nem sempre com acerto, tentava imprimir alguma velocidade ao jogo.
Se no ataque era deprimente, defensivamente mostramos ingenuidade. Do trio do meio campo, Mikel era o único que pressionava. Sérgio e principalmente Edu foram demasiado "macios". A facilidade com que os nossos defesas eram manietados por Diogo e Bock era assustadora. Dois lances em tudo semelhantes que exemplificam na perfeição. Bock, com a experiência dos seus 38 anos, apenas com um movimento de corpo conseguiu rodar e ganhar a frente a Diogo Mateus. Um par de minutos depois, com um gesto parecido Victor Luis foi ultrapassado (lance que originou amarelo para o lateral portista).
Esta falta de capacidade de pressão aliada à inexperiência dos nossos jogadores defensivos não augurava nada de bom. Foi o que aconteceu aos 24 minutos. Aproveitando o adiantamento de Victor Luis, bola enviada para a esquerda, Zé António a tentar dobrar o lateral, centro para a área e com toda a facilidade Diogo (um produto da nossa formação) a antecipar-se a Anderson e a bater Stefanovic.
Esperava-se que esta desvantagem puxasse pelo orgulho dos nossos atletas. Em nossa casa, contra o último classificado e após uma derrota era o minímo exigivel. Infelizmente nada mudou. Atenção que isto não é uma critica aos jogadores, nem coloco em causa a sua vontade de dar a volta. O que falhou foi o que referimos antes.
E, como nada mudou no nosso estilo, o Freamunde estava como queria. Bloco baixo, a não ser obrigado a desposicionar-se e a tentar aproveitar uma bola bombeada para a frente ou um lance de bola parada para criar perigo.
Foi precisamente de bola parada que sofreríamos o 2º golo. 41 minutos de jogo, canto da esquerda, falta de intensidade dos nossos defesas a permitir uma tentativa de remate atabalhoado, não pressionámos o ressalto e sozinho (!!!) à entrada da pequena área Orlando a bater facilmente o nosso guardião.
Ao intervalo esta desvantagem não merece contestação. O nosso aparente dominio mais não foi que fogo de vista sem consequências e os forasteiros, mesmo sem criar muito perigo, quando o criaram marcaram.
A 2ª parte não trouxe mexidas nos jogadores, mas trouxe uma mudança táctica. Tozé, finalmente como 10, onde mais rende e Sebá a encostar-se a Dellatorre. Um 4-4-2 em losango. Na teoria foi bem pensado. Tozé podia finalmente construir e deixava o flanco aberto a Victor Luis e Sebá aproximava-se do nosso avançado. Na prática nada mudou. O ritmo continuou lento, o desacerto no passe foi constante e a 1ª fase de construção demorava eternidades.
Tal como na 1ª parte, encontar um lance de perigo é complicado. Se dissermos que o lance mais perigoso surgiu após uma recuperação de Mikel que a endossou a Sebá, que após perder espaço de remate frente ao guarda redes tentou centrar e não encontrou ninguém é a verdade. Foi isto que conseguimos. De resto apenas uns remates de longe que por norma, eram bloqueados pela defensiva contrária ou iam muito longe. O Freamenude obviamente mantinha a sua forma de jogar e tentava perder tempo sempre que possível.
Melhorámos um pouco é certo, mas não o suficiente e certamente longe do exigido a uma equipa nossa. É dificil de perceber a lentidão com que tentávamos iniciar um ataque. Tentei cronometrar uma saída para o ataque, Desisti. Mais de 30 segundos passados, a bola passou por Stefanovic, Anderson, Diogo Mateus, Mikel e Sérgio Oliveira. Por alguns mais que uma vez. Onde estávamos posicionados? Ainda no nosso meio campo...
Aos 70 minutos, nova machadada nas nossas aspirações. As substituições operadas por Rui Gomes. saiem Tozé e Dellatorres e entra Fábio Martins e Caballero. Tenho dificuldade em perceber.
Tozé, um verdadeiro 10 e que estava a tentar pegar no jogo finalmente, esteve 45 minutos na ala e 25 no meio. Para o substituir entra Fábio Martins, habitualmente extremo para fazer de 10. Para avançado troca por troca. Sai o que mais acertado estava. Porque a 20 minutos do fim, em desvantagem por 2 golos, numa altura em que o adversário já não tentava atacar, mantivemos 4 defesas e 4 médios também me custa a perceber a ideia. Rui Gomes, que trabalha diariamente com a equipa, sabe-lo-á seguramente e ele é que decide.
As substuições não resultaram. Fábio Martins, um "10" macio, ainda tentou uma ou outra arrancada individual mas nunca conseguiu criar perigo. Caballero não teve uma única oportunidade.
Num jogo fácil, a arbitragem esteve bem. Os possiveis erros que possam ter existido, são em situações menores.
Esperemos que no próximo Domigo, no Estádio do Mar frente ao Leixões consigamos inverter estas duas derrotas dificeis de digerir, quando até estávamos numa fase mais regular. Acredito que sim.
Análises individuais:
Stefanovic: Com pouco trabalho, pouco poderia fazer nos golos, talvez no 1º tenha saído mal mas não teve culpa. bem entre os postes, seguro nos cruzamentos, teve um lance em que mostrou dificuldades com os pés.
Diogo Mateus - Pouco afoito no ataque e algo ingénuo na defesa. Subiu pouco, não criou perigo e mesmo não tendo muito trabalho no seu corredor, revelou fragilidades no 1 para 1.
Anderson - teve um bom corte uns minutos antes pelo chão e foi batido por Diogo pelo ar no tento inaugural.
Zé António - não teve sorte o nosso capitão hoje. Não comprometeu, tentou compensar as subidas do lateral.
Victor Luis - talvez o melhor hoje. Procurou criar desiquilibrios pela sua ala, subiu muito e tentou colocar alguma rapidez. Defensivamente alternou momentos de ingenuidade em que foi ultrapassado com alguns momentos de acerto. Nota para o sprint no final do jogo que evitou que um adversário se isolasse.
Mikel - Tentou emprestar agressividade na luta pekla bola. Nem sempre o conseguiu, mas teve intercepções importantes. Falhou no passe, mas foi dele o passe para o lance mais perigoso da 2ª parte.
Edu - Pouco influente. Algumas vezes tentou surgir na área mas nunca conseguiu chegar à bola. No meio campo este lento a pressionar e a distribuir. Falhou muitos passes.
Sérgio Oliveira - desastrado no passe. Mais aguerrido que Edu, tentou recuar para iniciar ataques mas falhou muito no passe e de longe nunca criou perigo.
Seba - Ausente durante largos períodos, raramente conseguiu passar pelo adversário. Um ou outro lance individual, mas não esteve feliz. Deixa a sensação que consegue mais do que fez.
Tozé - novamente na ala, não conseguiu assumir o jogo. Na esquerda ainda tentou levar a bola com acerto mas foi pouco. No meio sofreu com a passividade geral e raramente conseguiu pensar o jogo.
Dellatorre - tentou movimentar-se, recuou inúmeras vezes mas foi perdendo fulgor. Apenas conseguiu uma boa oprtunidade para rematar.
Fábio Martins - através de arrancadas individuais procurou criar desiquilibrios para depois passar ou rematar. teve uma boa abertura para o flanco direito que não foi aproveitada. Perdeu uma vez a bola num lance que resultou num contra-ataque adversário.
Caballero - nenhuma acção digna de registo. Poucas vezes solicitado, Pediu muito a bola mas nunca arranjou espaço.
Por: Paulinho Santos
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