Jogo da mala
No jogo da mala
Ganha "tod'a gente",
"É só acertar no montante" -
Dizia-nos o António Sala!...
Ah, que tempos,
Os do jogo da mala;
E hoje tudo embala
Nos mesmos passatempos!
É só acertar no resultado
Ganhand'o benfica,
Qu'a malta fica rica
C'um passe transviado...
Que tempos estes
Em qu'a mala é farta,
E s'um jogador acerta
Recebe já por meses!!
É um belo antídoto
Contr'os ordenados em atraso,
Combinar-se um resultado
Num jogo do título!!
Sempr'a somar
No jogo da mala!!
"Alô, quem fala? -
O jogo da mala está no ar!"
Nem sequer um indício
Da valência dum tetra,
Quand'a mala é aberta
Por vício?
"Alô?
Quanto está na mala?"
- Oh, Sr. António Sala,
Quanto lá colocou?"
A Renascença
Desses anos idos,
Tem passos revividos
Neste quase-penta!?
Quem se queria crer
Qu'o jogo da mala,
Er'a maior alcavala
Pr'a nisto se vencer?!
Depois do correio electrónico
Entretanto "devassado",
O jogo mudou de lado
No tónico...
Até o Correio da Manhã
E a RTP!?
Quem nisto se crê
Numa competição sã?!
Oh, Rio Ave,
Seres nisto conspurcado,
Porque se te foi comprado
O que já se sabe...
É tant'o vendilhão
No futebol do burgo,
Que não serás o verdugo
Desta competição!
É só ir a Tondela,
A Belém ou às Aves,
Que aparecem as chaves
Duma tal "bagatela"!?
C'o níveis de competição
Tão desiguais,
Ond'as faltas se fazem por demais,
Mas nunca contr'o campeão!!?
É o jogo da mala
À vista de tod'a gente,
E quem se crê inocente
Por quem nist'o cala?
Ali os pasquins
Das queimadas,
De tantas, tantas jogadas
Afins!?
Calam a corrupção
Ou o tráfico d'influências,
Porque eles são as maiores referências
Dessa "informação"!
Um país livre e democrático
Não tem uma imprensa formatada,
E um pasquim da queimada
Por cúmplice idiossincrático!
Um país que se quer moderno
Não pode esconder o crime,
E quem isto não o exprime,
Não é imprensa é um subalterno!
Tanta, tanta desconfiança
Sobre esta livre sociedade.
Quem é que se crê que há verdade
Onde existe tal aliança?
O polvo controla tudo,
Da alta finança à imprensa,
Do polícia ao ordenança,
E a este governo mudo...
Vingam claques ilegais,
Vingam jogos viciados,
Vingam mails cruzados
Entr'os Adões e os Cabrais!
Quem acredita num Estado
Subjugado a uma organização?
Nem em Itália tal contaminação
Perfaz este resultado!?
Quem ao estádio vai
Ver um jogo decidido?
Sabendo qu'o menino querido
Tão bem lhes cai?
Quem acredita nos párocos
Da nossa arbitragem?
Quem não vê nisto colagem
A esses jogos sôfregos?
Decidos no limite
Da derrota ou vitória,
Outorgando-se-lhe a glória
Num apito d'elite!?
Este tetra vencido
Com tanta discussão,
Num colinho de mão
De tanto menino querido!
Está, pois, à vista,
O jogo da mala,
E qu'a malta cala
Esta vitória prevista...
O povo está contente
E sereno,
E até o Governo
Se sente bem com tal gente!?
Por isso foi à ETAR
Festejar este treta,
E tirar da gaveta
A conta do VAR!?
O país é isto!
Um jogo da mala...
E o povo o que se rala
S'o campeão está visto?!
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