João gigante nos jornais
A imprensa desportiva portuguesa desta quarta-feira reparte
as suas atenções nas primeiras páginas com dois grandes temas: a vitória do FC
Porto sobre o Málaga, com um golo solitário de João Moutinho, e a confirmação
da candidatura de José Couceiro à presidência do Sporting.
O médio portista domina as manchetes dos jornais O Jogo e A
Bola, enquanto o Record prefere dar maior destaque aos desenvolvimentos nas
eleições do Sporting, agendadas para 23 de março.
O Jogo:
- FC Porto «Goleada de um golo só, vantagem garantida por Moutinho é curta para traduzir a forma como os Dragões asfixiaram os espanhóis»
- “Sporting: Couceiro e Carvalho com duelo marcado”
- “benfica: Passar o Bayer vale sete jogos em 22 dias”
Record:
- FC Porto «Grande Moutinho, Dragões à frente na eliminatória, com golo do inesgotável João»
- “’Vou Avançar!’ José Couceiro confirma que é candidato”
- “Godinho Lopes fora da corrida”
A Bola:
- FC Porto «Gigante do costume: Moutinho juntou gola a outra grande exibição»
Notícias sobre o FC Porto:
- “José Couceiro: ‘Sou candidato’”
- “Jorge Jesus: Jogo 50 na Europa pelas águias”
- “Taça da Liga: Recursos confirmados”
Notícias sobre o FC Porto:
LC: F.C.Porto-Málaga, 1-0
A fábula do gigante. Mágica, enternecedora, conciliadora de
desejos e aspirações ao altar europeu. O gigante esmaga, o gigante arrasta e
marca. Impressiona pela inteligência, diligencia com urgência, rodeia-se de uma
plêiade sabedora e de confiança: João Moutinho, o gigante, faz deste F.C. Porto
cada vez mais maior.
O golo, prémio justo ao autor, sabe a pouco. A diferença
entre dragões e andaluzes foi bem superior a esse detalhe. No Dragão, os dois
mundos raramente se tocaram. O Porto é maior, é melhor, tem a obrigação de se
fazer ouvir no La Rosaleda e seguir em frente.
Sem ser oficial, o documento é reconhecido por todos. Neste
relvado, os resultados indicam que o predador é o que lá vive e as presas são o
que o visitam. É a lei dura de uma selva azul e branca e raramente a lógica
deixa de prevalecer.
Neste jogo de Champions, o quarto classificado da liga
espanhola não foi exceção. Entregou-se ao papel de expetativa assustada, de
ambição triturada pela posse de bola, de dúvida perturbada perante uma
gentileza que enleia e engana.
Os Destaques: Moutinho e Alex Sandro acima de todos
Helton teve noite descansada, tão poucas foram as bolas que
lhe chegaram. O Porto foi ditador em terreno minado, fez uma pressão alta
asfixiante e justificava, insistimos, muito mais do que um mero golo.
Esse chegou, já com atraso, aos 56 minutos. Nasceu no génio
de um Alex Sandro impressionante (aguentou duas cargas antes de cruzar) e
morreu na baliza do Málaga, empurrado com altivez e cavalheirismo pelo gigante
de nome Moutinho.
Os espanhóis pediram fora-de-jogo. Com razão. No estádio foi
impossível atestar a veracidade dos protestos, mas a televisão anulou a dúvida.
Justiça poética?
Voltemos a Moutinho. O que jogou, o que fez jogar, o que
debruou na noite do Dragão é world class. João Moutinho já é um dos melhores
médios do mundo, um honoris causa na arte do passe, da visão, do futebol
cerebral.
Toda a consciência mágica do F.C. Porto esteve armazenada no
cérebro deste gigante, mas outros houve em grande plano. Alex Sandro, já o
referimos, Fernando, Jackson, Otamendi.
Este Porto cresceu bem. Descobriu a segurança do futebol
horizontal, a coragem da verticalidade e observa como poucos a relevância da
circulação de bola. É como se o sangue do seu organismo circulasse também nesse
ciclo que atrai e encanta.
Pena é, lá está, que tamanha superioridade não permita ir
totalmente tranquilo a Málaga. Apesar de rebaixado ao estatuto de figurante
sorridente, o emblema espanhol sai vivo da refrega e a acreditar que é possível
fugir à eliminação.
Izmaylov esteve a centímetros de marcar, Fernando escorregou
quando podia ter feito golo. Duas ocasiões mais numa noite controlada durante
90 minutos pelos bicampeões de Portugal.
O futebol dispensa certezas e foge de título feitos à
pressa. Os sintomas, porém, apontam num sentido claro: há Porto, há Champions,
há um gigante mandão a querer aparecer na Europa.
Esta fábula merece mais capítulos na Liga dos Campeões.
As reações portistas à vitória sobre o Málaga
Leia as reações do lado portista à vitória por 1x0 sobre o
Málaga, esta terça-feira no Estádio do Dragão, na primeira mão dos oitavos de
final da Liga dos Campeões. João Moutinho fez o único golo da noite.
Vítor Pereira: «O nosso primeiro objetivo era a vitória, o
segundo não sofrer golos, mas depois do jogo que fizemos, com grande qualidade
do primeiro ao último minuto, penso que justificámos o segundo golo. Por isso,
só não estou inteiramente satisfeito por não termos conseguido o 2x0, que
traduziria melhor o que se passou em campo. A diferença entre a Champions e as
outras competições é que um erro, um desequilíbrio, um momento em que não
estamos bem posicionados pode permitir um golo ao adversário. Por isso, era
importantíssimo não sofrer golos. Mas fomos uma equipa dentro da nossa
identidade, é este o FC Porto que eu quero, um FC Porto pressionante, que quer
jogar, que quer marcar golos. Só lamento não termos chegado ao segundo golo.»
João Moutinho: «Conseguimos um bom jogo e um bom resultado.
Controlámos do princípio ao fim, podíamos ter dilatado a vantagem, mas foi uma
boa vitória. O importante era ganhar sem sofrer golos e agora vamos trabalhar
em Málaga para passar a eliminatória.»
Jackson Martínez: «Importante foi termos cumprido o
objetivo, que era ganhar sem sofrer golos. Agora temos de pensar no próximo
jogo, que será muito mais difícil, pois será aí que tudo se definirá. Queremos
fazer o mesmo jogo que fizemos cá. O objetivo era ganhar, independentemente de
quantos golos íamos marcar. Agora queremos ir a Espanha fazer um bom jogo, com
o objetivo de seguir em frente.»
Lucho González: «O importante era ganhar, o segundo objetivo
era não sofrer golos. Sabemos que a segunda mão será difícil, mas estamos
contentes porque fizemos um grande jogo. Mas conseguimos estar em cima dos
homens chave deles, foi uma lástima não fazermos outro golo.»
James Rodríguez: «Penso que jogámos bem, fomos muito bons e
esperamos agora ir a Málaga fazer o mesmo jogo. Vai ser um jogo diferente, onde
o Málaga vai sair para ganhar. Nós temos de continuar assim, pois assim vamos
passar à próxima fase. E por que não sonhar com a conquista da Champions?»
Otamendi: «O resultado é bom, mas sabe a pouco. Está tudo em
aberto. Era importante termos feito mais golos. Temos de fazer um bom jogo em
Espanha, mantendo a nossa identidade. Vamos ter de respeitar o adversário,
apesar de hoje termos sido melhores».
Fernando: «Pensei que o jogo ia exigir outra preocupação defensiva de
minha parte. A equipa permitiu que eu atacasse mais, fizemos uma pressão muito
alta e um excelente jogo. Podíamos ter obtido ainda um resultado melhor, mas
sabemos que temos equipa para vencer em Málaga. Eles vão tentar inverter o
resultado e estaremos preparados para isso».
O que se diz lá fora da vitória do F.C. Porto?
Imprensa espanhola traz para título golo em fora de jogo de
João Moutinho.
A imprensa espanhola é praticamente unânime em destacar em
título o facto do F.C. Porto ter vencido com um golo em fora de jogo. No
entanto, em nenhum dos grandes sites do país vizinho é referido que o triunfo
azul e branco foi injusto: pelo contrário, os jornais destacam um F.C. Porto
muito forte.
«Falharam o Málaga e o árbitro», titula por exemplo o As, de
Madrid, acrescentando que «o Málaga não foi o Málaga, encolhido, superado,
passou em bicos de pés pelo jogo mais importante da sua história». «O Porto tem
ingredientes de equipa grande. Competitivo até ao fim», pode ler-se.
Já a Marca titula que «um golo em fora de jogo tomba o
Málaga», mas acrescenta que o F.C. Porto deu «uma lição de realidade» e «tirou
da experiência para se impor com clareza». O jornal considera Antunes o melhor
em campo e critica a ausência das estrelas Isco, Joaquin e Santa Cruz.
O Sport titula também que «um golo em fora de jogo tomba o
Málaga» e adiantou que «o Porto foi melhor e pôde sentenciar a eliminatória».
Já o Mundo Deportivo é mais duro e escreve que «o Málaga, roubado, sai vivo do
Porto», para adiantar que a equipa «soube parar o futebol ofensivo» do F.C.
Porto.
Fora de Espanha, no Brasil, por exemplo, o golo em fora de
jogo não ganha honras de manchete. O Globoesportes titula «ficou barato»,
acrescentando que o F.C. Porto criou muitas oportunidades de golo mas só fez um
golo. «O Porto rematou 17 vezes, contra uma do Málaga, e podia ter goleado.»
Por: Cubillas
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