Se há coisa que se respeita nas corridas de cavalos é a linhagem dos “puro sangue”. Não há genealogia mais bem paga que a de um “thoroughbred”. Uma herança genética de músculo, velocidade, agilidade e instinto paga a peso de ouro.
Mas chega?
Para Vicent O’Brien, tido como o melhor treinador de cavalos de sempre, um bom cavalo deve mover-se com uma bailarina. Para essa maximização de movimentos ao longo do hipódromo ter sido um potro de boa linhagem ajuda, de facto ajuda, mas não chega! Não chega porque matéria-prima, por si só, não ganha corridas.
O que ganha corridas é o trinómio cavalo-jóquei-treinador. São horas de treino e de preparação intensiva. Uma preparação quase científica. Que pesa o cavalo antes e depois de cada treino. Que decide quanto come e o que come. Que horas de treino vai ter e em que condições. Qual a parte da corrida onde tem que melhorar e como gerir os esforço e descanso entre turfes e corridas.
É uma máquina equestre de rendimento. Uma máquina equestre de “prize money” para o seu proprietário e de boas poules para quem nele aposta.
Nesta semana, o Vitória de Guimarães anuncia a criação de um departamento de apoio ao rendimento (DAR).
Objectivo?
Identificar os jovens de maior talento na formação vitoriana e potenciá-los, de forma padronizada e multidisciplinar, em atletas de elevado rendimento para a primeira equipa e de rentabilidade para os cofres depauperados do clube. Foi preciso bater no fundo para que se acordasse para uma realidade básica para qualquer clube que se quer identificar como competitivo.
Objectivo?
Identificar os jovens de maior talento na formação vitoriana e potenciá-los, de forma padronizada e multidisciplinar, em atletas de elevado rendimento para a primeira equipa e de rentabilidade para os cofres depauperados do clube. Foi preciso bater no fundo para que se acordasse para uma realidade básica para qualquer clube que se quer identificar como competitivo.
E nós?
Nós não estamos melhor. Aqui mesmo, na Tribuna Portista, já ficamos a saber, numa recente entrevista a um atleta do clube (ver aqui), que nunca cumpriu um plano de desenvolvimento muscular específico enquanto integrante dos escalões de formação do FC Porto. É uma realidade penosa!
Por melhor prospecção que exista (o que está longe de ser uma realidade!), se não há quem transforme potros puro-sangue em stallions vencedores do Triple Crown, então estamos a perder tempo, recursos e dinheiro.
A formação do FC Porto deve emagrecer em número e melhorar em qualidade. Para este salto qualitativo, imperioso para o futuro do nosso clube, é preciso criar um mercado alvo prioritário de prospecção e especializarmos-nos nele, mas sobretudo, criar uma “máquina de potenciação” de jogadores. Não podemos continuar a desperdiçar talento. Não podemos continuar a perder oportunidades de negócio.
Essa máquina, a meu ver, deve ser criada num sistema híbrido entre o departamento médico e o departamento de futebol. O acervo de disciplinas a integrar é tão vasto que excede a competência de um só departamento. Só assim, em cooperação, se consegue a conciliação entre realidades tão diferentes como o treino, a fisiologia, a biomecânica, a suplementação nutricional e farmacológica, a psicomotricidade, etc…
Até lá, ou subjugados a interesses ou por desleixo, não teremos produção de jogadores, mas milagres isolados. Algo curto e limitado para um bicampeão Europeu e Mundial.
Por: Breogán
1 comentário:
Tema deveras interessante.
É um facto que antigamente víamos nos nossos jovens a nível europeu grande domínio no futebol jovem (agora nem isso)e quando passavam a seniores não tinham "cabedal" para singrar no imediato, enquanto os adversários que na altura eram vergados atingiam patamares competitivos mais elevados mais cedo, dando um salto em maturidade competitiva tremendo.
Cá como parece acontecer conforme já têm escrito, não se procura o treino de desenvolvimento físico, e comparando com outros países de vanguarda nessas áreas as diferenças são abismais.
Ao longo doa anos vimos jogadores a sair dos juniores com aspecto franzino, jogadores como Domingos, Hélder Barbosa ou Fábio Martins, para dar um mero exemplo de gerações diferentes, são um exemplo de talentos que chegam a seniores carregados de talento, mas com aspecto atlético débil e franzino,dando a impressão que não aguentam o primeiro choque.
Ora o Guimarães parece que acordou nesse capitulo (bendita crise...)e outros mais deveriam acordar, em ano olímpico ainda recentemente vimos atletas trabalhados fisicamente desde muito jovens que hoje são autênticos "monstros" competitivos. Cada vez mais nos tempos modernos um atleta tb se faz em laboratórios, com um misto de ciência e talento, ingredientes que juntos podem dar um prato fabuloso.
E já vai sendo tempo de o desporto português e aqui generalizo para o desporto em geral, começar a usar a ciência em prole da evolução desportiva de competição, de modo a darmos um salto competitivo para patamares superiores no desporto europeu nas mais diversas modalidades, o culto do físico pode não se do agrado do atleta, nem todos nascem com a vontade de Ronaldo, mas tem que ser um caminho para a evolução e maturação competitiva.
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