sábado, 22 de setembro de 2012

Outras Tribunas: O Amor à camisola



Petit, uma atitude que merece ser noticiada, e não só.






Porventura, será um pouco estranho para um portista assumido como eu trazer a este fórum um caso que nada terá a ver com o mundo azul e branco, porém, no preciso momento em que o nosso jogador Hulk nos deixou, e ainda sem estar minimamente familiarizado com o novo clube, às alterações climatéricas que irá encontrar e à cultura e modo de viver de um novo país, já se pronuncia no sentido de um dia querer voltar ao FCP.






Entendi que seria de bom-tom expressar algumas palavras sobre este tema, e ao mesmo tempo fazer a colagem entre dois casos distintos e antagónicos, do que são disso exemplo, Petit, pela via positiva da sua atitude altruísta, e ao contrário desta, Wistel, pela via negativa, que após algumas horas de ter saído do Benfica já manifestava total desligação ao clube que o fez crescer, afirmando que o Zénit era um clube muito maior que o Benfica.

Não será certamente só por um simples nome que se personaliza ou caracteriza qualquer ser humano, ou que se examina as suas qualidades superiores e intrínsecas enquanto Homem, mas por vezes há casos em que o próprio nome está na razão inversa da sua génesis, pois na vida há sempre a tendência para protagonizarmos só os mais fortes e os mais mediáticos, deixando um vazio imenso no sentido inverso que deve ser também objeto de notícia e de lembrança no tempo.

Petit, nome pelo qual sempre foi conhecido como profissional de futebol, foi, e ao que parece ainda é, um jogador de enorme qualidade que passou pelos nossos relvados, tendo começado a sua carreira ao serviço do Boavista, clube onde despertou para o mundo do nosso futebol indígena, chegando mesmo a ser campeão nacional pelo clube do Bessa. 

Após este feito de inegável valia e prestígio para uma equipa de parcos recursos como era e ainda é o Boavista, Petit, como todos os profissionais de futebol, pois a vida desportiva é bem curta, procurou outros voos e outros níveis de qualidade futebolística, não fazendo mais nem menos do que a maioria dos jogadores talentosos que marcaram uma carreira, tirando assim partido da sua evolução como jogador, e ao mesmo tempo melhorando a sua condição financeira e nível de jogo ao serviço do Benfica, e por fim, já em final de carreira ao serviço do Colónia na Liga Alemã.

Mas, ao contrário de outros que rapidamente se esquecem do seu passado e de quem os formou desportivamente e socialmente, de que também é um bom exemplo pela negativa Luís Figo, pois nunca o vimos a dar qualquer ajuda ao seu clube de formação, o Sporting, e muito menos terminar a carreira onde começou a dar os primeiros passos como um dos maiores talentos da nossa geração, quando o poderia ter feito naturalmente e a bem do clube de Alvalade, que por diversas vezes mostrou vontade em o ter de volta, Petit, numa hora de enorme crise financeira do seu Boavista, antes de arrumar de vez as botas, não vacilou um milímetro em dizer presente na ajuda do relançamento do clube do Bessa ao lugar a que tem direito, dando o seu contributo incondicional como profissional na equipa principal, e ao que se sabe, sem auferir qualquer valor remuneratório que possa colocar em causa as finanças dum clube que continua a lutar para sobreviver.

Por tudo isto é que eu acabo como comecei esta minha crónica, e como diria o outro, há de facto uma linha que separa a grandeza das atitudes que se tomam na vida, e uma outra, muito distante desta, que caracteriza a pobreza de sentimentos e de personalidades adquiridas pela vida fora. 

Petit não ficará para a história só com a imagem de um grande jogador de futebol, ficará também marcado como um exemplo de amor e reconhecimento ao clube que o criou e formou, e também ficará conotado como um “grand” ser humano que nunca esqueceu as suas verdadeiras raízes.  


Por: Natachas.    

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