sábado, 8 de setembro de 2012

O mercado e a sua bizarra duração




Esta semana, no Fórum de Treinadores de Elite da UEFA, Vítor Pereira criticou a data de fecho do mercado, e disse querer abordar esse mesmo tema no encontro. Mais tarde percebeu que tal discussão não era possível, talvez por não ser do interesse da mesma UEFA.

O treinador do FC Porto questiona, além da data de fecho do mercado, o facto de alguns campeonatos (russo, francês, turco,…) continuarem com o mercado aberto, mesmo depois do fecho do mesmo no resto da Europa.

Mas quem serão, no fundo, os principais beneficiados desta data tardia para o fecho do mercado? 
E porque razão fecha o mercado mais tarde em alguns países do mesmo continente?




Começando pelos intervenientes do jogo, não serão certamente os jogadores nem os treinadores os mais beneficiados com isto. Os primeiros porque vivem até muito tarde dias de incerteza e angústia, que os impedem de estar totalmente focados no clube que representam, e porque muitos acabam por se transferir com os campeonatos já em andamento, atrasando a integração nos novos clubes. Os treinadores sofrem por tabela, não tendo os jogadores 100% focados no início da época e recebendo reforços já com a mesma em andamento.




Serão então os agentes os mais beneficiados? Será isto do interesse da UEFA?

Será certamente uma opinião partilhada por muitos (por grande parte certamente), a de que este largo período de transferências corresponde a um maior número de transferências e, consequentemente, a um aumento de circulação de dinheiro no mercado futebolístico.

Mas será isto verdade? Não será esta uma visão demasiado simplista? É impossível dizer ao certo, mas olhando para o que tem sido o mercado de transferências, percebe-se que não é pelo facto do mesmo fechar um mês mais cedo que haverá uma diferença significativa no número de transferências. Basta atentar aos últimos dias (principalmente o último) deste mercado para se perceber que foi aí que o mercado mais mexeu, que movimentou mais dinheiro. Nesses últimos dias, a título de exemplo, Tottenham e Manchester City reforçaram-se com 8 jogadores. 

Também no último dia de inscrição na Champions, o Zenit desembolsou 100 milhões de euros em Portugal.

Ora, isto mostra que os clubes estão cada vez mais a deixar os grandes negócios para perto do fecho do mercado, para com isso ganharem poder negocial. Ou seja, se o mercado fechasse a 31 de Julho, a lógica seria a mesma. Haveria menos um mês para se transferir jogadores, mas os meses mais parados (que, hoje em dia, vão praticamente de Maio a Agosto) passariam a ser meses de destaque para o mercado. E com isto evitava-se que o mercado coincidisse com o início de grande parte dos campeonatos europeus (não todos).
Esta lógica, todavia, teria de se aplicar a todos os mercados europeus. Já actualmente não faz qualquer sentido que clubes que disputam a mesma competição (Liga dos Campeões ou Liga Europa) e que competem no mesmo continente, tenham deadlines diferentes. Isto torna-se extramente injusto para quem se vê obrigado a vender para lá do limite de transferências do seu país, como foi o caso do nosso clube com Hulk. 

Este é um assunto que me causa grande estranheza, porque é difícil ver alguém que beneficie desta situação. Se realmente a UEFA tem como objectivo pôr mais dinheiro a mexer, convém que rectifique esta situação, pois a possibilidade de contratar substitutos para todas as vendas vai fazer aumentar o número de transacções.


Por: Eddie the Head

1 comentário:

Mokiev disse...

não podemos esquecer que as transferências têm que ser mediadas obrigatoriamente por um empresário FIFA, que para ter a licença tem que se submeter aos critérios FIFA e para para isso bem pago.

Obviamente que a FIFA não quer perder essa fonte de receita, e aqui entra em jogo a celebre pescadinha de rabo na boa.

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