Passamos em Zagreb. Cumpriu-se esse objectivo, que nos dá 3 pontos e um bom dinheiro. Seria uma boa vitória para capitalizar confiança para jogos mais duros, infelizmente, a exibição do FC Porto não pode ser sacudida para debaixo do tapete. Mesmo perante um adversário macio no ataque e incapaz de sair a jogar, o FC Porto só matou o jogo no último segundo do jogo e após dois enormes sustos.
O FC Porto arrasta o problema James, sobrecarrega o meio campo e exige em demasia dos laterais em termos ofensivos. Jackson joga demasiado isolado e não há ponta-de-lança que consiga sorrir com esta fórmula.
O jogo começa morno, mas o Dínamo Zagreb consegue o controlo do mesmo. Nos primeiros 20 minutos de jogo, Cop consegue fugir, por duas vezes, de Miguel Lopes e Sammir de Defour para criar o lance de maior perigo para o Dínamo. Contaram-se 20 minutos até que o FC Porto assumisse o controlo de jogo.
Em três minutos, o FC Porto consegue três lances de perigo. Primeiro, é James a tentar servir Jackson na pequena área, mas a defesa do Dínamo afasta em sufoco. Depois, é Varela que coloca numa boa entrada de Lucho, mas o remate sai ao lado. Finalmente, Lucho inventa uma jogada, mas o experiente Simunic afasta o perigo. Duas jogadas resultaram da capacidade dos “extremos” em conseguirem flanquear o jogo. Residiu aqui a maior dificuldade no jogo do FC Porto. James, já se sabe, foge para o jogo interior sempre que pode. A novidade foi Varela que, raramente, apostou no jogo exterior e juntou-se ao já sobrecarregado jogo interior do FC Porto. Para o Dínamo, eram óptimas notícias. Para quem defende, é sempre mais fácil tapar o eixo central e ainda permite explorar as saídas para o contra-ataque pelos flancos.
O jogo volta a cair num impasse táctico, mas desta vez, com o FC Porto no controlo do jogo. Mais pelas limitações do Dínamo que por méritos próprios. Tal é um impasse, que só é sacudido com um erro individual monumental aos 40 minutos (quase 20 minutos após o último lance de perigo portista). O guarda-redes do Dínamo oferece uma bola a Jackson e isola o Colombiano. Jackson finta o guarda-redes, mas deslumbra-se perante a baliza aberta. Tal é o deslumbramento que dá tempo a Tonel para corrigir a oferta do seu companheiro. Só dois erros clamorosos para darem algum nervo a uma partida tão pobre em futebol.
O Dínamo, ainda assim, fica assustado e o FC Porto envolto num breve ânimo, mesmo perante tão espectacular perdida! Um minuto depois, Alex Sandro arranca pelo seu flanco, tabela com James e ganha a linha de fundo. Criado o desequilíbrio, serviu na perfeição a entrada de Lucho e o golo estava feito. Bastou flanquear para ganhar vantagem. Tão simples, ainda assim, tão difícil de conseguir com extremos inexistentes. O FC Porto sai com vantagem para o intervalo, uma vantagem merecida por ter construído uma jogada com pés e cabeça. Uma jogada flanqueada!
A segunda parte inicia-se com a mesma toada morna que caracterizou grande parte da primeira. Lucho ainda tenta criar perigo logo no recomeço, mas a defesa do Dínamo superioriza-se. A partir daqui, o FC Porto limitar-se-á a responder aos lances de perigo do Dínamo. Isto até que Atsu entre em campo e o FC Porto volte a mandar no jogo.
O Dínamo reentra apreensivo e desconfiado. Percebe que o FC Porto não assume o jogo e olha para o marcador. A vantagem é magra e recuperável e os croatas começam a ganhar alento. Primeiro, é Cop a aproveitar uma asneira de Otamendi, mas, felizmente, está em fora de jogo. O Dínamo acredita. Cacic tira um médio defensivo para colocar em jogo um médio ofensivo. O Dínamo cresce no jogo e quase obtém o seu prémio. Após um canto, Tonel quase marca de pontapé de bicicleta não fosse a defesa a dois tempos de Helton.
O FC Porto responde de imediato. Futebol directo de Helton para a desmarcação de James na zona frontal (não é coincidência a forma de construção deste lance) e grande remate para a defesa vistosa de Kelava. O Dínamo volta a acreditar e mete talento chileno (Carrasco) no lugar do esforço croata (Rukavina). Vítor Pereira decide meter talento em campo e chama Atsu para o lugar de Varela. Carrasco deixa o primeiro aviso aos 75 minutos, para, cinco minutos depois, falhar na finalização da melhor jogada do Dínamo. Foi o que valeu para Helton, tal como na primeira grande oportunidade do Dínamo, poder recuperar e afastar o perigo. A resposta do FC Porto é uma fotocópia da anterior. Futebol directo de guarda-redes para avançado. Era a isso que o FC Porto estava limitado. Desta vez, Helton descobre Kléber que, após ganhar no corpo a corpo, remata desviado só com Kelava pela frente.
O Dínamo continuou a sua aposta ofensiva e o jogo partiu. Atsu aproveitou o espaço para meter talento em campo e voltar a dar perigo ao FC Porto. Primeiro, servido por Kléber, mete a bola por entre as pernas do defesa contrário, mas Kelava nega-lhe o golo. Finalmente, no último minuto do jogo, arranca no flanco esquerdo e com mestria serve Defour que, entrando pelo flanco contrário, finaliza com classe perante Kelava. Vantagem gorda para o futebol produzido.
O jogo não terminaria sem uma nota final. A última substituição de Vítor Pereira é a assinatura perfeita para este jogo. A dois minutos do fim, Mangala volta a ser reciclado a defesa esquerdo, Alex Sandro passa para o meio campo e assim, é fechada a porta a Carrasco, um chileno com dois jogos pelo Dínamo e Iturbe no banco.
Friamente, é uma vitória e mais nada. Nada mais, de facto. Resta esperar que os resultados continuem a aparecer. Porque quando isso faltar…
Análises Individuais:
Helton – Acaba o jogo em despique com Kelava. Na segunda grande oportunidade do Dínamo sai mal, mas a Carrasco não faz melhor e ainda foi a tempo de salvar o golo.
Miguel Lopes – Mau jogo. Muito macio a defender perante um banal Cop e pouco astuto a atacar. A falta de um verdadeiro extremo também não ajuda. Esta longe da produção que apresentou em Braga. Mas aí, em abono da verdade, tinha Alan no seu flanco e um meio campo estruturado a ajudar.
Alex Sandro – Seguro qb a defender e muito assertivo no ataque. Só passou por algumas dificuldades perante Carrasco. O lance do primeiro golo mostra o que há de melhor em Alex Sandro.
Otamendi – Um jogo sólido, embora com um lapso tremendo só salvo pelo fora de jogo assinalado a Cop. Tem que melhorar a sua saída de bola.
Maicon – Imperial na defesa. Foi uma ajuda preciosa a Miguel Lopes. De resto, pouco trabalho teve perante o ponta-de-lança croata.
Defour – Uma das poucas boas notícias do jogo. Não fez esquecer Fernando, não é jogador com intensidade ou a fibra competitiva do Brasileiro. Mas hoje, Defour mostrou o seu futebol. Não foi só o seu golo de classe, mas muitas subidas verticais e passes a rasgar. Este sim! É um Defour bem mais próximo daquilo que sabe.
Moutinho – Mais um jogo cinzento. Não tinha Fernando e muitas vezes jogou em duplo pivot com Defour. Falta-lhe também um jogador que tenha mais criatividade na frente e que prenda aí o jogo para que possa subir. Teve algumas perdas de bola atípicas.
Lucho – Um jogo de grande carácter. Voltou a demonstrar o grande capitão que é num dia de grande perda pessoal. Os sentimentos da Tribuna Portista para el Comandante. Quanto ao jogo, foi o elemento mais clarividente do FC Porto na primeira parte e o único que conseguiu criar perigo. Na segunda parte, passou pior, mas nunca se escondeu do jogo. O golo é um justo prémio para o el Comandante.
Varela – Mais um jogo cheio de promessas vãs. Nada de substancial foi dado ao jogo por Varela. Ainda ajudou a defender, pois a atacar foi pouco mais que nulo.
James – Até Valderrama com aquele cabelo todo à frente dos olhos já percebeu. No FC Porto continua a teimosia. O resultado é mais que evidente e repetitivo de jogo para jogo, mas não há volta a dar. Ainda por cima, agora é o suposto “herdeiro” oficial de Hulk. Puro engano. Naquela posição, puro engano!
Jackson – Nada melhor para um novo processo de “Kléberização” que aquela substituição. Sobretudo, num jogo com uma perdida medonha na ementa. O falhanço de Jackson foi terrível? Claro que foi! Mas não é mais que um sintoma de um jogador em adaptação a uma realidade competitiva diferente. No México tinha tempo para aquilo e muito mais. Aqui, mesmo contra um Dínamo, não tem esse tempo. Foi grave? Foi, mas não é motivo para ser-lhe tirado o tapete.
Atsu – O jogo já há muito pedia a sua entrada. Talento e verticalidade. Foi assim conseguido o segundo golo. Se não basta para ser titular face a Varela, o que mais é preciso?
Kléber – Um remate muito torto numa oportunidade de ouro. Para quem tem que provar de novo o seu valor, não pode perder oportunidades destas.
Mangala – Entrou para defender…o que vale é que Atsu tinha outras prioridades.
FICHA DE JOGO:
UEFA Champions League, grupo A
Estádio Maksimir, em Zagreb
Árbitro: Daniele Orsato (itália)
Assistentes: Elenito di Liberatore e Massimiliano Grilli
DÍNAMO DE ZAGREB: Kelava (cap.); Vida, Tonel, Šimunic e Pivaric; Calello, Ademi e Brozovic; Rukavina, Sammir e Cop
Substituições: Ademi por Beqiraj (58m), Rukavina por Carrasco (67m) e Calello por Kovacic (80m)
Não utilizados: Mitrovic, Ibáñez, Vrsaljko e Alispahic
Treinador: Ante Cacic
FC PORTO: Helton; Miguel Lopes, Maicon, Otamendi e Alex Sandro; Defour, João Moutinho e Lucho (cap.); James, Jackson Martínez e Varela
Substituições: Varela por Atsu (72m), Jackson por Kleber (78m) e James por Mangala (88m)
Não utilizados: Fabiano, Danilo, Castro e Iturbe
Treinador: Vítor Pereira
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Lucho (41m) e Defour (92m)
O que disseram os intervenientes:
Vítor Pereira:
«Quero dedicar a vitória ao nosso capitão»
«Hoje fomos uma equipa de qualidade, personalizada e com um espírito muito grande de entreajuda. Por isso, conseguimos um resultado destes, num campo difícil».
«O Hulk é um jogador de grande qualidade que também se compromete com o coletivo. Hoje vimos um Porto sem Hulk. O Porto vai continuar a jogar bom futebol, vai continuar a ser competitivo e a ganhar títulos. Já saíram vários jogadores e o Porto continuou sempre».
«Podíamos ter feito o 2-0 mais cedo, seria mais do que justo. Este 2-0 no final veio conferir mais verdade ao resultado. O Porto foi de facto superior, dominámos o jogo do principio ao fim e merecíamos mais alguns golos, portanto estou satisfeito com a equipa».
«O jogo é coletivo, estão todos disponíveis, tenho de fazer a gestão da equipa que acho que é melhor para o jogo e tendo em conta o adversário».
No final, Vítor Pereira quis fazer uma dedicatória especial
«Queria dedicar esta vitória ao nosso presidente e dizer-lhe que ele é que é de facto o grande reforço desta equipa. E também quero dedicar a vitória ao nosso capitão, o Lucho, que é de facto um jogador de dez estrelas».
Maicon:
«Parabéns ao Lucho que fez um grande jogo»
«Sabíamos que íamos apanhar um adversário forte, mas a equipa está de
parabéns, fizemos
uma grande partida, saiu tudo perfeito. Todos os
jogos são importantes, mas vencer fora de casa é ainda mais importante,
demos
um passo importante. Todas as equipas da Liga
dos Campeões têm condições. Temos de dar os parabéns ao Lucho que fez um
grande
jogo».
Lucho Gonzalez:
Lucho Gonzalez:
«Tinha dito ao meu pai que ia marcar»
«Tinha-lhe dito que ia marcar um golo... Quando soube da notícia falei com os dirigentes e com o treinador, que me deram todo o apoio», disse, não evitando as lágrimas.
«Tinha-lhe dito que ia marcar um golo... Quando soube da notícia falei com os dirigentes e com o treinador, que me deram todo o apoio», disse, não evitando as lágrimas.
Por: Breogán
6 comentários:
bencontrei este blog no site relvado e devo de dizer que a analise aqui feita foi do melhor que encontrei.
Faz me pena continuar a ver o James numa ala, não só pela falta de profundidade e jogo de linha que esta não esta habituado assim como pelo que se perde da sua criatividade no Miolo.
Sou da opinião que neste sistema de jogo ou joga ele ou o lucho... Acho que a solução seria em jogos em casa jogar sem um dito trinco e com duplo pivo Moutinho lucho e o James a frente. Em termos de compensações será mais difícil mas Moutinho é um jogador muito versátil, por vezes lucho e Moutinho ocupação os mesmos espaços em termos de entre linhas (defensiva e ofensiva) James jogaria mais próximo do avançado criando outros espaços entre linhas.
Por fim acho que Vitor Pereira não só esta a bloquear o James como o Iturbe.
Saudações portistas
Quem viu a repetição do lance do Jackson na Tvi24 não ficou com duvidas:
Jackson foi completamente varrido pelo Tonel e portanto era penalty e expulsão .
Por uma questão de justiça vamos lá reconhecer isso ao rapaz já chega aqueles comentadores da tvi...
Tendo em conta que muitos jogadores estiveram muito tempo ausentes na selecção e alguns nem jogaram a exibição da equipa foi bem positiva.
Gosto de ver James a 10.
Mas nestes jogos, com aquele campo e dadas as caracteristicas do jogador e o facto de jogarmos em 4/3/3 tenho duvidas se James pode ser sempre 10.
È que ele vai defendendo mas pouco...
Ò Duarte o Breogan é do melhor que há nesta matéria.
Bom dia,
Ontem entramos com o pé direito na edição deste ano da Champions, cumprindo o objectivo que era a vitória.
Sem termos sido brilhantes, tivemos o domínio e controlo do jogo.
O adversário tentou valer-se das bolas paradas, pois só assim conseguia criar problemas na nossa defensiva.
O nosso trio de meio campo esteve muito bem, foi inteligente, e importante na conquista dos 3 pts. Lucho fez uma exibição à "El Comandante", Moutinho perfeito tácticamente e Defour muito bem a aproveitar a qualidade táctica e de leitura de jogo dos outros parceiros do miolo, e a saber assim quando podia com segurança participar nas manobras ofensivas. O golo apontado foi um prémio.
Helton fez uma exibição fantástica na altura que o Dínamo de bola parada criava mais perigo.
Alex Sandro, um dos melhores em campo, esteve muito bem, apesar da oposição ser fraca, nas subidas no corredor, pena que alguns cruzamentos acabem em nada.
Mais uma vez faltou um goleador à altura para que tivéssemos vencido tranquilamente.
Aquele falhanço de Jackson não é falta de adaptação, aquilo é azelhice.
Kleber como nos habituou, parece um coelho, corre corre sem sentido. Falha um golo e num excelente cruzamento de Atsu ao invés de acorrer à zona de finalização ... recua!
Trocava o Kleber pelo João Tomás!
Atsu na segunda metade, com Varela desgastado do jogo da selecção foi um desequilibrador. É um diamante em franca evolução.
Importante vitória, e agora na próxima jornada há que vencer o PSG e carimbar a passagem!
Abraço e boa semana
Paulo
pronunciadodragao.blogspot.pt
Os que tiveram aoportunidade de ver a imagem aproximada na Tvi24 do lance do Jackson sabem bem que se tratou de grande penalidade enorme não marcada.
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