À deriva no Atlântico.
À deriva no meio do Atlântico e sem salva vidas.
Uma atitude competitiva repugnante e muita incompetência na hora de liderar. E como a descer, todos os santos ajudam, juntam-se lesões e falhanços em lances capitais. Tudo ajuda ao continuar da espiral depressiva do FC Porto.
Cabia a Vítor Pereira liderar o assalto ao campeonato. Já se sabe que um jogo de “ressaca” como este, ainda por cima, fora e perante um adversário que até lambe os beiços com a oportunidade de nos roubar pontos, nunca é fácil. Ainda assim, Vítor Pereira volta a falhar a abordagem ao jogo. No meio campo e perante a ausência de Moutinho, em vez de estruturar o meio campo e injectar criatividade no último terço do terreno, prefere colocar Defour no lugar de Moutinho. Se com Moutinho as dificuldades de construção do nosso meio campo já são mais que evidentes, sem ele seriam medonhas. Assim foi, para gozo e satisfação do meio campo maritimista. James de novo entre cá e lá, ninguém para assumir a tempo inteiro a zona de criação. Resultado: meio campo longe de Jackson e jogo mais que sofrível pelos flancos. Enfim, o mesmo de sempre e sempre o mesmo.
Que fez o Marítimo? Primeiro, foi matreiro. Recolheu-se e deu terreno e bola ao FC Porto, depois cresce e percebe que pode ferir. Sofre um golo, mas já tinha descoberto que podia marcar a qualquer momento. Sempre em transições e sempre aproveitando a inócua posse de bola portista e a sua linha defensiva subida.
É sempre a mesma coisa, já nem vale a pena insistir. É só ler para trás. É um problema crónico!!! Só um cego é que não vê.
Vítor Pereira dá a titularidade a Atsu e James nos lugares de Varela e Moutinho. Ou seja, não há nenhuma alteração de substancial no plano de jogo. James está sem ritmo e na sua eterna posição híbrida mais se nota. Defour a tentar chegar aos calcanhares de Moutinho e Atsu a ver se conseguia fazer melhor que Varela. Eram estas as “novidades”.
O jogo começa com o FC Porto a comandar e o Marítimo à espreita. Logo aos 10 minutos, o primeiro momento de azar no jogo. Lesão de Atsu e Varela substitui o ganês. Vítor Pereira não é capaz de ousar, de inovar, de surpreender. Prefere o óbvio, o já gasto e o que já se sabe que não vai funcionar. E o FC Porto arrasta-se. Até que, aos 20 minutos, Lucho remata rente à trave num pontapé fora da área e de ressaca. É esta a grande oportunidade do FC Porto na primeira meia hora! Um remate de ressaca, logo, nem é um lance construído, e fora da área! Bravo!
O Marítimo começa a sacudir a pressão e cheirar o ataque. As movimentações de Heldon e Suk começam a causar problemas e a aposta nas transições começa a ser evidente. O meio campo do FC Porto não pressiona, não há jogo flanqueado e a linha defensiva está muito subida. É só aproveitar!
O primeiro aviso é dado aos 30 minutos. Arrancada de Heldon nas costas de Danilo, deixa para trás Otamendi (foi só a primeira vez) e remata com fúria, de fora da área. Helton lá defende, meio sabe lá como, e Alex Sandro evita a recarga. O Marítimo domina a partida e vai causando mossa.
Ainda assim, seria o FC Porto a adiantar-se no marcador. Na única jogada flanqueada da primeira parte. Coincidência, claro! Aos 34 minutos, combinação entre Alex Sandro, Defour e Varela, com este a abrir para o belga, no flanco esquerdo. Defour avança pelo flanco, entra na área e centra atrasado. Jackson deixa passar e James, na marca de penalti, a facturar. James na posição natural a abrir o marcador. Nova coincidência!
O Marítimo reage logo e vem para cima do FC Porto. Já haviam perdido o respeito há muito. Quatro minutos depois de sofrerem o golo, chegam ao empate. Jogada de combinação no flanco direito e centro para a área. Mangala escorrega (segundo momento de azar!), aproveita Suk para bater Helton com um chapéu.
O jogo cai numa fase morna e até final, dois remates fora da área com perigo. Primeiro, é David Simão a obrigar Helton a aplicar-se. Depois, é Defour a dar trabalho a Salin.
E foi isto a primeira parte do FC Porto. Dois remates de longe e uma boa jogada que dá golo. Demasiado mau.
A segunda parte trouxe alguma mudança na atitude competitiva dos jogadores, mas quando parecia que a equipa ia reagir, Vítor Pereira mata essa reacção.
Mas comecemos pelo princípio. O intervalo não traz novidade alguma nos onzes e a segunda parte inicia-se da mesma forma que a primeira. O FC Porto mais mandão, mas inoperante e o Marítimo na expectativa.
Até que, aos poucos, o Marítimo volta a virar o jogo. Aos 60 minutos, dispõe de uma oportunidade soberana. Lançamento logo e directo para Heldon, que foge a Otamendi. Só com Helton pela frente, o avançado do Marítimo permite a defesa. Ufa!
Aos 64 minutos, o FC Porto tem a sua grande oportunidade e de novo na sua pior fase, tal como na primeira parte. Danilo é rasteirado na área e é assinalado penalti. Jackson avança para a marcação e falha. Terceiro momento de azar neste jogo.
É aqui que começa o jogo táctico das substituições. Dois minutos antes do penalti, Defour havia cedido o seu lugar a Castro. Longe de ser uma substituição ousada, pelo menos introduziu maior dinâmica no meio campo portista. Pedro Martins percebe o perigo e aos 67 minutos, procura “trancar” o empate. Retira David Simão e coloca em campo um trinco – Semedo.
Ainda assim, o FC Porto, mais com coração que com razão, entra no seu melhor período no encontro. Era a equipa a puxar pelo seu treinador, procurando profundidade e amplitude. Aos 69 minutos, Jackson é servido na área, mas a sua recepção não é famosa. Perde ângulo de remate e desperdiça. Três minutos depois, Jackson de novo. Desta vez, ganha de cabeça a um defesa do Marítimo e na insistência vê Salin a desviar a bola no último momento. O FC Porto estava por cima e pedia “mão de treinador”!
Um minuto depois, Vítor Pereira retira Varela e coloca Izmaylov. E acabou. Vítor Pereira acabara de matar a reacção da sua equipa.
O que vinha trazer Izmaylov? Profunidade? Não. Amplitude? Não. Então o quê? Mais posse para juntar a mais posse e longe da baliza do Marítimo, de preferência. Merecia Varela ser substituído? Sim, mas não era essa a substituição que a equipa precisava. Foi o mesmo que chorar sobre leite derramado. Varela estava miserável, mas não era Izmaylov que podia dar a amplitude a profundidade que a equipa reclamava. Não percebo a dificuldade que Vítor Pereira tem em repetir a substituição que nos ganhou o jogo em Setúbal.
Não percebo!
A partir daqui, Pedro Martins geriu a frescura dos seus “ciclistas” da frente. Tacticamente, já tinha ganho o braço de ferro. O FC Porto só voltaria a causar perigo por duas vezes e ambas em remates de longe. Primeiro, é Castro a obrigar Salin a defesa apertada, aos 77 minutos. Depois, e já no minuto 90, Izmaylov remata ao lado após assistência de Jackson. Pelo meio destas duas oportunidades portistas, o Marítimo cria duas oportunidades soberanas. Primeiro, Rafael Miranda cabeceia por cima, após canto, aos 77 minutos. Depois, aos 81 minutos, lançado em profundidade, Heldon aproveita nova paragem cerebral de Otamendi e serve Suk. O coreano, já com a baliza deserta à sua mercê, é antecipado por Mangala no último momento.
Foi mau demais. Podem-se arranjar mil e uma justificações, mas foi pobre o futebol do FC Porto. O azar perseguiu, mas foi Vítor Pereira quem não puxou pela equipa quando ela precisou. Vítor Pereira ou passa a ajudar à solução, ou deixe de ser um problema.
Basta desta abordagem táctica aos jogos se é que ainda há esperança para lutar por este campeonato! É preciso rever a atitude competitiva da equipa. Há jogadores que repetem exibições individuais miseráveis, sem que isso lhes cause qualquer incómodo.
Já não dependemos de nós na luta pelo título, ainda assim, se houver mão nesta recta final e nenhuma tolerância para desvios, eu ainda acredito.
Análises Individuais:
Helton – No melhor e no pior. A saída no golo do Marítimo não está ao seu nível. Foi lento e permitiu a Suk corrigir a sua má recepção. Mas também é verdade que tirou dois golos a Heldon.
Danilo – Boa arrancada que deu origem ao penalti. Voltou a fazer um jogo sofrível a nível técnico, com muitos passes, remates e recepções disparatadas. Nunca conseguiu dar grande profundidade ao flanco, embora fosse sólido a defender. Mais um jogo a saber a muito pouco.
Alex Sandro – Começou relativamente bem e voltou a rebentar a meio da segunda parte. Está irreconhecível e, fisicamente, uma lástima.
Otamendi – Um verdadeiro desastre este jogo. Miseravelmente, comido por Heldon por três vezes. É dose!
Mangala – Mesmo com o escorregar no lance do golo do Marítimo e do seu mau posicionamento no mesmo, foi o menos mau da linha defensiva. Sintomático. Decisivo noutros momentos, safou Otamendi duas vezes!
Fernando – Voltou a afundar. O meio campo não se impõe ao adversário e Fernando entra em colapso. Não consegue empurrar os seus médios para a frente e recua ele. É o jogo de posse de Vítor Pereira.
Defour – Até estava a fazer um jogo agradável, mas não era solução. Nem se distinguia pela dinâmica que dava às jogadas, nem por verticalizar muito o jogo. O problema de Defour é mesmo este. Não joga mal, mas também não joga muito bem, ou aquilo que a equipa precisa.
Lucho – Ainda foi o médio mais clarividente na primeira parte. Algumas boas aberturas e tentativas em chegar à área. Afunda-se, violentamente, na segunda parte.
James – Marca um golo e pouco mais. Está numa forma física deplorável e jogar em terrenos de ninguém não o ajuda. É obrigado a correr mais, quando é isso que não faz com muita frequência nesta fase. Podia ser solução noutro lugar, como mostrou no golo.
Atsu – Ainda nada tinha mostrado e já saía por lesão.
Jackson – Tanta falta de inspiração à sua volta infectou-o. Falha mais um penalti decisivo e voltou a ser uma ilha no ataque portista. Bem se esforça, mas a equipa não chega até ele. Ainda por cima, quando estava a começar a chegar jogo, logo Vítor Pereira tratou de travar a ousadia. Uma noite para esquecer.
Varela – Miséria. Uma vergonha. Mais uma para história.
Castro – A única coisa boa que saiu do banco. Trouxe outra dinâmica e frescura. Não tem futebol para muito mais, mas ao menos, não se rende!
Izmaylov – Mais uma vez, nada trouxe à equipa. Não é extremo, mal consegue ser médio. Enfim…
Cabia a Vítor Pereira liderar o assalto ao campeonato. Já se sabe que um jogo de “ressaca” como este, ainda por cima, fora e perante um adversário que até lambe os beiços com a oportunidade de nos roubar pontos, nunca é fácil. Ainda assim, Vítor Pereira volta a falhar a abordagem ao jogo. No meio campo e perante a ausência de Moutinho, em vez de estruturar o meio campo e injectar criatividade no último terço do terreno, prefere colocar Defour no lugar de Moutinho. Se com Moutinho as dificuldades de construção do nosso meio campo já são mais que evidentes, sem ele seriam medonhas. Assim foi, para gozo e satisfação do meio campo maritimista. James de novo entre cá e lá, ninguém para assumir a tempo inteiro a zona de criação. Resultado: meio campo longe de Jackson e jogo mais que sofrível pelos flancos. Enfim, o mesmo de sempre e sempre o mesmo.
Que fez o Marítimo? Primeiro, foi matreiro. Recolheu-se e deu terreno e bola ao FC Porto, depois cresce e percebe que pode ferir. Sofre um golo, mas já tinha descoberto que podia marcar a qualquer momento. Sempre em transições e sempre aproveitando a inócua posse de bola portista e a sua linha defensiva subida.
É sempre a mesma coisa, já nem vale a pena insistir. É só ler para trás. É um problema crónico!!! Só um cego é que não vê.
Vítor Pereira dá a titularidade a Atsu e James nos lugares de Varela e Moutinho. Ou seja, não há nenhuma alteração de substancial no plano de jogo. James está sem ritmo e na sua eterna posição híbrida mais se nota. Defour a tentar chegar aos calcanhares de Moutinho e Atsu a ver se conseguia fazer melhor que Varela. Eram estas as “novidades”.
O jogo começa com o FC Porto a comandar e o Marítimo à espreita. Logo aos 10 minutos, o primeiro momento de azar no jogo. Lesão de Atsu e Varela substitui o ganês. Vítor Pereira não é capaz de ousar, de inovar, de surpreender. Prefere o óbvio, o já gasto e o que já se sabe que não vai funcionar. E o FC Porto arrasta-se. Até que, aos 20 minutos, Lucho remata rente à trave num pontapé fora da área e de ressaca. É esta a grande oportunidade do FC Porto na primeira meia hora! Um remate de ressaca, logo, nem é um lance construído, e fora da área! Bravo!
O Marítimo começa a sacudir a pressão e cheirar o ataque. As movimentações de Heldon e Suk começam a causar problemas e a aposta nas transições começa a ser evidente. O meio campo do FC Porto não pressiona, não há jogo flanqueado e a linha defensiva está muito subida. É só aproveitar!
O primeiro aviso é dado aos 30 minutos. Arrancada de Heldon nas costas de Danilo, deixa para trás Otamendi (foi só a primeira vez) e remata com fúria, de fora da área. Helton lá defende, meio sabe lá como, e Alex Sandro evita a recarga. O Marítimo domina a partida e vai causando mossa.
Ainda assim, seria o FC Porto a adiantar-se no marcador. Na única jogada flanqueada da primeira parte. Coincidência, claro! Aos 34 minutos, combinação entre Alex Sandro, Defour e Varela, com este a abrir para o belga, no flanco esquerdo. Defour avança pelo flanco, entra na área e centra atrasado. Jackson deixa passar e James, na marca de penalti, a facturar. James na posição natural a abrir o marcador. Nova coincidência!
O Marítimo reage logo e vem para cima do FC Porto. Já haviam perdido o respeito há muito. Quatro minutos depois de sofrerem o golo, chegam ao empate. Jogada de combinação no flanco direito e centro para a área. Mangala escorrega (segundo momento de azar!), aproveita Suk para bater Helton com um chapéu.
O jogo cai numa fase morna e até final, dois remates fora da área com perigo. Primeiro, é David Simão a obrigar Helton a aplicar-se. Depois, é Defour a dar trabalho a Salin.
E foi isto a primeira parte do FC Porto. Dois remates de longe e uma boa jogada que dá golo. Demasiado mau.
A segunda parte trouxe alguma mudança na atitude competitiva dos jogadores, mas quando parecia que a equipa ia reagir, Vítor Pereira mata essa reacção.
Mas comecemos pelo princípio. O intervalo não traz novidade alguma nos onzes e a segunda parte inicia-se da mesma forma que a primeira. O FC Porto mais mandão, mas inoperante e o Marítimo na expectativa.
Até que, aos poucos, o Marítimo volta a virar o jogo. Aos 60 minutos, dispõe de uma oportunidade soberana. Lançamento logo e directo para Heldon, que foge a Otamendi. Só com Helton pela frente, o avançado do Marítimo permite a defesa. Ufa!
Aos 64 minutos, o FC Porto tem a sua grande oportunidade e de novo na sua pior fase, tal como na primeira parte. Danilo é rasteirado na área e é assinalado penalti. Jackson avança para a marcação e falha. Terceiro momento de azar neste jogo.
É aqui que começa o jogo táctico das substituições. Dois minutos antes do penalti, Defour havia cedido o seu lugar a Castro. Longe de ser uma substituição ousada, pelo menos introduziu maior dinâmica no meio campo portista. Pedro Martins percebe o perigo e aos 67 minutos, procura “trancar” o empate. Retira David Simão e coloca em campo um trinco – Semedo.
Ainda assim, o FC Porto, mais com coração que com razão, entra no seu melhor período no encontro. Era a equipa a puxar pelo seu treinador, procurando profundidade e amplitude. Aos 69 minutos, Jackson é servido na área, mas a sua recepção não é famosa. Perde ângulo de remate e desperdiça. Três minutos depois, Jackson de novo. Desta vez, ganha de cabeça a um defesa do Marítimo e na insistência vê Salin a desviar a bola no último momento. O FC Porto estava por cima e pedia “mão de treinador”!
Um minuto depois, Vítor Pereira retira Varela e coloca Izmaylov. E acabou. Vítor Pereira acabara de matar a reacção da sua equipa.
O que vinha trazer Izmaylov? Profunidade? Não. Amplitude? Não. Então o quê? Mais posse para juntar a mais posse e longe da baliza do Marítimo, de preferência. Merecia Varela ser substituído? Sim, mas não era essa a substituição que a equipa precisava. Foi o mesmo que chorar sobre leite derramado. Varela estava miserável, mas não era Izmaylov que podia dar a amplitude a profundidade que a equipa reclamava. Não percebo a dificuldade que Vítor Pereira tem em repetir a substituição que nos ganhou o jogo em Setúbal.
Não percebo!
A partir daqui, Pedro Martins geriu a frescura dos seus “ciclistas” da frente. Tacticamente, já tinha ganho o braço de ferro. O FC Porto só voltaria a causar perigo por duas vezes e ambas em remates de longe. Primeiro, é Castro a obrigar Salin a defesa apertada, aos 77 minutos. Depois, e já no minuto 90, Izmaylov remata ao lado após assistência de Jackson. Pelo meio destas duas oportunidades portistas, o Marítimo cria duas oportunidades soberanas. Primeiro, Rafael Miranda cabeceia por cima, após canto, aos 77 minutos. Depois, aos 81 minutos, lançado em profundidade, Heldon aproveita nova paragem cerebral de Otamendi e serve Suk. O coreano, já com a baliza deserta à sua mercê, é antecipado por Mangala no último momento.
Foi mau demais. Podem-se arranjar mil e uma justificações, mas foi pobre o futebol do FC Porto. O azar perseguiu, mas foi Vítor Pereira quem não puxou pela equipa quando ela precisou. Vítor Pereira ou passa a ajudar à solução, ou deixe de ser um problema.
Basta desta abordagem táctica aos jogos se é que ainda há esperança para lutar por este campeonato! É preciso rever a atitude competitiva da equipa. Há jogadores que repetem exibições individuais miseráveis, sem que isso lhes cause qualquer incómodo.
Já não dependemos de nós na luta pelo título, ainda assim, se houver mão nesta recta final e nenhuma tolerância para desvios, eu ainda acredito.
Análises Individuais:
Helton – No melhor e no pior. A saída no golo do Marítimo não está ao seu nível. Foi lento e permitiu a Suk corrigir a sua má recepção. Mas também é verdade que tirou dois golos a Heldon.
Danilo – Boa arrancada que deu origem ao penalti. Voltou a fazer um jogo sofrível a nível técnico, com muitos passes, remates e recepções disparatadas. Nunca conseguiu dar grande profundidade ao flanco, embora fosse sólido a defender. Mais um jogo a saber a muito pouco.
Alex Sandro – Começou relativamente bem e voltou a rebentar a meio da segunda parte. Está irreconhecível e, fisicamente, uma lástima.
Otamendi – Um verdadeiro desastre este jogo. Miseravelmente, comido por Heldon por três vezes. É dose!
Mangala – Mesmo com o escorregar no lance do golo do Marítimo e do seu mau posicionamento no mesmo, foi o menos mau da linha defensiva. Sintomático. Decisivo noutros momentos, safou Otamendi duas vezes!
Fernando – Voltou a afundar. O meio campo não se impõe ao adversário e Fernando entra em colapso. Não consegue empurrar os seus médios para a frente e recua ele. É o jogo de posse de Vítor Pereira.
Defour – Até estava a fazer um jogo agradável, mas não era solução. Nem se distinguia pela dinâmica que dava às jogadas, nem por verticalizar muito o jogo. O problema de Defour é mesmo este. Não joga mal, mas também não joga muito bem, ou aquilo que a equipa precisa.
Lucho – Ainda foi o médio mais clarividente na primeira parte. Algumas boas aberturas e tentativas em chegar à área. Afunda-se, violentamente, na segunda parte.
James – Marca um golo e pouco mais. Está numa forma física deplorável e jogar em terrenos de ninguém não o ajuda. É obrigado a correr mais, quando é isso que não faz com muita frequência nesta fase. Podia ser solução noutro lugar, como mostrou no golo.
Atsu – Ainda nada tinha mostrado e já saía por lesão.
Jackson – Tanta falta de inspiração à sua volta infectou-o. Falha mais um penalti decisivo e voltou a ser uma ilha no ataque portista. Bem se esforça, mas a equipa não chega até ele. Ainda por cima, quando estava a começar a chegar jogo, logo Vítor Pereira tratou de travar a ousadia. Uma noite para esquecer.
Varela – Miséria. Uma vergonha. Mais uma para história.
Castro – A única coisa boa que saiu do banco. Trouxe outra dinâmica e frescura. Não tem futebol para muito mais, mas ao menos, não se rende!
Izmaylov – Mais uma vez, nada trouxe à equipa. Não é extremo, mal consegue ser médio. Enfim…
FICHA DE JOGO:
Marítimo-FC Porto, 1-1
Liga portuguesa, 23.ª jornada
17 de Março de 2013
Estádio dos Barreiros, no Funchal
Árbitro: João Capela (Lisboa)
Assistentes: Ricardo Santos e Tiago Rocha
Quarto árbitro: Tiago Martins
Marítimo: Salin; Briguel (cap.), Roberge, Igor Rossi e Rúben Ferreira; Rafael Miranda, David Simão e Artur; Héldon, Sami e Suk.
Substituições: David Simão por Semedo (67m), Artur por Danilo Dias (75m) e Heldon por Kukula (88m)
Não utilizados: Ricardo, João Diogo, Luís Olim e João Guilherme
Treinador: Pedro Martins
FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Defour e Lucho (cap.); James, Jackson Martínez e Atsu
Substituições: Atsu por Varela (10m), Defour por Castro (62m) e Varela por Izmaylov (73m)
Não utilizados: Fabiano, Maicon, Liedson e Abdoulaye
Treinador: Vítor Pereira
Ao intervalo: 1-1
Marcadores: James (34m), Suk (38m)
Cartões amarelos: Alex Sandro (27m), Otamendi (36m), Lucho (42m), Heldon (64m), Danilo (79m), James Rodríguez (80m) e Rúben Ferreira (84m)
Cartões vermelhos: nada a assinalar
Análise dos Intervenientes:
Vítor Pereira:
«Tivemos estofo de campeão»
«Falta-nos fazer golos. Jogámos, dominámos, criámos situações de golo, inclusive, falhámos um penalty e sofremos um golo em que o Mangala escorrega, numa bola que está controlada. Tenho de dar a cara, porque fizeram tudo e deram tudo pelo clube. Não foi possível, mas orgulho-me do trabalho deles e lamentar apenas o resultado que não foi que esperávamos.
Vimos uma equipa personalizada, que quis ter bola, dominou uma equipa com caráter, e fomos uma equipa com estofo de campeão. Não conseguiu concretizar e o Marítimo foi defendendo e tentando num ou noutro lance, num terreno escorregadio, criar problemas. Não tenho um único jogador que não tenha deixado tudo em campo. Não fomos felizes. Até aqui dependíamos de nós próprios, agora estamos a depender do resultado do Benfica. Acredito que ainda se vão perder pontos. Temos de trabalhar e assumir as coisas como devem ser.»
«Situação era mais complicada no ano passado»
«Se formos pelas oportunidades, diria que as oportunidades criados pelo Marítimo foram em consequência de duas ou três bolas batidas na frente, à profundidade, com a nossa equipa completamente instalada no meio campo adversário, como fez quase durante o jogo todo à procura do golo.»
«As nossas oportunidades resultaram de muita circulação de bola, de muita qualidade de jogo. O Marítimo, naturalmente, defendeu bem, contra-atacou com os seus argumentos e nós não fomos capazes de fazer mais golos do que o Marítimo. Se olharmos só a estes lances, não explica o que se passou hoje em campo.»
«Viu-se um FC Porto personalizado, a tentar pelos corredores laterais, pelo meio, chegar ao golo, a criar situações de golo só que não concretizou as oportunidades criou. Nem de penalty conseguimos marcar, enquanto o Marítimo num cruzamento há um jogador nosso que escorrega e o golo acontece.»
«Por aquilo que a equipa fez hoje, eu dou a cara, responsabilizo-me claramente porque a equipa trabalhou muito pelo melhor resultado. Eu não sou homem para fugir às minhas responsabilidades e, por isso, responsabilizo-me, claramente, pelo comportamento, pelo carácter que a equipa teve, por tudo aquilo que meteu em campo para chegar ao golo.»
«Mas também como não sou homem para desistir das coisas antes que elas acabem, quero dizer que faltam ainda muito pontos para disputar, muitos jogos complicados. Independentemente do resultado do nosso adversário direto, no final da jornada vamos ver como é que a classificação está, a diferença de pontos, mas vamos à luta com tudo porque eu acredito.»
«No ano passado conseguimos dar a volta a uma situação ainda mais complicada, com cinco pontos de diferença, com ir à Luz, portanto, este ano, vamos recebê-los em nossa casa. Faltam ainda muitas jornadas, pelo menos sete, são muitos pontos, para disputar. Continuaremos na luta, continuaremos a acreditar até ao fim que teremos possibilidades de chegar em primeiro lugar e revalidar o título.»
Pedro Martins:
«Acho que o resultado é justo. O FC Porto tem um penalty em que o Salin faz uma excelente defesa, mas nós podíamos ter marcado pelo Heldon e pelo Suk. Foram as três grandes ocasiões da segunda parte. O FC Porto entrou muito bem no jogo, não fizemos transições e o FC Porto anulou-nos. A partir dos 20 minutos o jogo ficou equilibrado. No nosso melhor período, o FC Porto fez golo. Reagimos e fizemos golo logo a seguir. Na segunda parte, houve maior domínio do FC Porto, mas as ocasiões foram as que referi. Muito bem os intervenientes, devemos realçar que este foi um grande jogo. Não acho que este seja um dos melhores jogos do Marítimo em casa. Este tem repercussões maiores. Lembro-me do jogo com o Newcastle e com o Bordéus e até com o Sp. Braga, que perdemos.»
Por: Breogán
6 comentários:
"Não percebo a dificuldade que Vítor Pereira tem em repetir a substituição que nos ganhou o jogo em Setúbal."
Que substituição? A entrada do Sebá? Não foi convocado para este jogo e acho um bocado redutor dizer que a vitória em Setúbal foi graças unicamente ao Sebá, quando já estávamos a ganhar e entrou a 20 minutos do fim.
"James na posição natural a abrir o marcador. Nova coincidência!"
Como é que se critica o treinador por pôr James a jogar na posição que joga (dizendo que ele devia jogar só no meio) e depois não se dá mérito ao treinador por James aparecer no meio? Ou aquilo que os jogadores fazem de bem é mérito dos jogadores e o que fazem de mal é demérito do treinador? O James passa mais tempo no meio do que nas laterais e isso é graças ao treinador. Penso que o James até tem mais a ganhar neste tipo de movimentos do que a jogar exclusivamente no centro. E quem é que se tirava para o James jogar sempre no meio? Era o Lucho? Era o Moutinho? Ou passavam a jogar todos no meio e afunilava-se mais o jogo que na opinião do autor já é afunilado demais?
"Lucho remata rente à trave num pontapé fora da área e de ressaca. É esta a grande oportunidade do FC Porto na primeira meia hora! Um remate de ressaca, logo, nem é um lance construído, e fora da área!"
Critica-se o Porto por rematar de fora de área, quando até tinha construído várias jogadas de combinação. Vamos ver o que temos a dizer quando o Marítimo faz o mesmo:
"O primeiro aviso é dado aos 30 minutos. Arrancada de Heldon nas costas de Danilo, deixa para trás Otamendi (foi só a primeira vez) e remata com fúria, de fora da área. Helton lá defende, meio sabe lá como, e Alex Sandro evita a recarga. O Marítimo domina a partida e vai causando mossa."
Ou seja, ao primeiro aviso, com um remate de fora da área, o Marítimo já domina a partida e causa mossa. Quando é o Porto a rematar de fora da área, é um remate de ressaca, que nem advém de um lance construído. Quando é o Marítimo a fazê-lo é um remate de fúria, que causa mossa e domina a partida. É preciso continuar?
Vítor Pereira tem as suas culpas, mas já chega de bater no ceguinho.
CS Marítimo 1-1 FC Porto: o que é preciso para ganhar?
1) Setúbal, 23 de Janeiro de 2013. Minuto 45. Sai Kelvin e entra Maicon. Mangala passa para defesa esquerdo e Alex Sandro avança no terreno. É esta a substituição a que me refiro. O flanco esquerdo é revitalizado e o FC Porto faz uma segunda parte muito capaz que a primeira.
2) Já eu penso o contrário. Temos mais a ganhar dando-lhe o meio, a sua zona de acção, podendo cair nos flancos quando o jogo assim o pedir. Não perdemos um extremo e ganhamos um 10, verdadeiro e com capacidade finalizadora. Menos afunilamento e mais criatividade no ataque. Quem tirar? Neste momento, não temos Moutinho, mas estando recuperado, Lucho, obviamente.
3) Uma linha antes da citação que faz ao lance do Marítimo escrevo o seguinte: "O Marítimo começa a sacudir a pressão e cheirar o ataque. As movimentações de Heldon e Suk começam a causar problemas e a aposta nas transições começa a ser evidente.". Simplesmente, faço referência ao lance mais marcante neste período, porque a referência a todos os lances é exaustiva. A qualificação de "fúria" no remate, qualifica, tão só, a potência do remate do Heldon e justifica as dificuldades de defesa de Helton.
Por fim, a análise ao jogo é feita de um ponto de vista portista. O FC Porto não tem nem as mesmas aspirações, nem as mesmas obrigações que o Marítimo. Não creio que tenham existido tantas jogadas de combinação que refere (não creio que a posse de bola tivesse qualquer tradução em lances de perigo) e até julgo que nesse período era o Marítimo quem mais perigo causava.
gostava que me explicassem o motivo de tantos passes errados, ao logo dos jogos.
não será culpa do treinador ?
Caro Breogán, obrigado pelos esclarecimentos.
1) Kelvin não foi convocado, penso que por opção do treinador. Kelvin já fez jogos bons e jogos maus, mas neste momento parece-me ainda muito brinca na areia. Acredito que até pudesse ter corrido bem, mas num jogo de elevada exigência, provavelmente cairiam todos em cima do jogador caso o resultado fosse o mesmo e depois estaríamos aqui a dizer que o treinador pôs um jogador inexperiente a jogar.
2) Neste caso coloca-se a questão da gestão do Lucho. Um grande jogador ao qual teria que se encontrar um novo lugar na equipa. Não contesto o valor de James a jogar no meio, mas não é uma questão de preto e branco, porque o treinador tem que encaixar todas as peças.
3) Não tenho vídeo do início do jogo, mas até aos 20 minutos o FC Porto fez algumas boas combinações, inclusivé uma de passe de calcanhar de Lucho. Se acabaram em grandes remates ou situações de golo? Não, mas não me lembro que o Marítimo também as tenha tido até ao remate que refere e que tivesse mais por cima a partir dos 20 minutos, do que o FC Porto esteve até aí. Daí não concordar com a ideia passada na crónica que o Marítimo dominou mais o jogo. Em momentos, sim, mas não mais do que o FC Porto.
Óbvio que o FC Porto tem mais obrigações que o Marítimo, mas já fizemos exibições piores na Madeira e ganhamos e não se ouviram tantas críticas. O treinador teve culpas neste jogo, assim como os jogadores. O que não se deve é desvalorizar tudo o que o treinador faz.
Caro anónimo das 14:56, se calhar não percebo e estou a tentar perceber, já pensaste nisso? Estou disposto a aprender contigo. Tens alguma coisa a adicionar à discussão?
Não tem nada que agradecer. Aliás, somos nós quem devemos agradecer. A paciência que teve em nos ler e a discusão sadia que proporcionou. Falar sobre o FC Porto e discutir opiniões é algo que nos dá gosto e nos enriquece.
Voltando ao pontos:
1) Não era minha intenção sugerir a titularidade do Kelvin. Tomo essa substituição de Setúbal como um dos pontos altos de Vítor Pereira. Está a ganhar 0-1 e mete um central. Para o adepto é um sinal defensivo, mas na realidade não o é. É uma substituição inteligente, que junta a capacidade técnica de Alex Sandro à intensidade de Mangala no flanco esquerdo. No fundo é uma substituição que estabiliza à equipa e confere maior poder atacante.
Alex Sandro, na segunda parte frente ao Marítimo, estava já de rastos. À sua frente, estava um Varela medíocre. Infelizmente, Vítor Pereira limita-se a fazer uma troca entre Varela e Izmaylov. Já se sabe que Izmaylov não é extremo, logo, não ia ser ele a dar profundidade e amplitude ao jogo. Nessa altura ficamos com dois falsos extremos: Izmaylov e James. Para mim, é uma substituição péssima.
Penso que seria mais útil a entrada de Maicon, passando Mangala para a esquerda e avançando Alex Sandro. Mangala daria intensidade e músculo a um flanco fragilizado e Alex Sandro aliviado de missões defensivas. Agora, é uma substituição de treinador. É uma substituição de coragem. Porquê? Basta pensar na pergunta que assaltaria os adeptos. Então estamos empatados e entra um central?
Isso mesmo, entra um central mas a equipa respira e ataca melhor. Tem amplitude e um flanco revitalizado.
2) Poderíamos ter feito uma gestão bem diferente. Não há titulares absolutos e os interesses e objectivos da equipa são superiores a questões individuais. Não sou, também dogmático sobre o posicionamento de James, mas confesso que nos jogos domésticos, faz-me confusão não aproveitar esse recurso criativo em favor do nosso jogo.
Mais, a “sobre-utilização” de Lucho também seria evitada e seria mais um jogador com maior fulgor físico para esta recta final.
3) Penso que a crónica passa a menagem que o FC Porto começa dominador e por cima do jogo. Aliás, repete isso na segunda parte. O Marítimo entra temerário e retraído. O domínio do FC Porto não é consubstanciado em oportunidades. Há posse, mas não há acutilância. Aos poucos, o Marítimo vai metendo veneno no seu jogo e quando o FC Porto marca, já o Marítimo chegava à baliza de Helton com perigo recorrente.
Se a crónica não passa essa ideia, então é uma limitação minha.
Por fim, aceito a crítica de que não se deve desvalorizar tudo o que o treinador faz. Talvez, exista muita incidência minha nessa parte, algo que decorre do meu descontentamento.
Caro Breogán, tive muito prazer em ler as suas respostas.
1) Penso que faz todo o sentido o que disse, eu é que estava a perceber mal qual era a ideia. Vítor Pereira até já fez isso algumas vezes. Teria sido uma boa solução, em vez de Varela, admito...
Percebo todo o seu descontentamento, partilhado obviamente.
VP já fez coisas boas neste Porto, que já muito prazer me deu ver e se a equipa acreditar, ainda tem uma forte palavra a dizer até ao final do campeonato.
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