Água mole.
Foi um jogo de água mole até
furar. Perante um adversário que se limitou a contra-atacar e a explorar o erro
do FC Porto. Ainda por cima, e imerecidamente, o FC Porto fica a perder aos 30
minutos de jogo. Maiores as dificuldades, mas a equipa respondeu com ainda mais
coração.
Capucho decide abordar o jogo com
as suas melhores armas. Para isso, monta um esquema que acomode os seus dois
aríetes ofensivos: Gonçalo e André Silva. É uma opção lógica, num jogo que pode
ser decisivo na caminhada para o título, sobretudo pelas outras dificuldades de
na hora de montar a equipa. Graça, o habitual 10, estava castigado e Fred e
Raúl lesionados. Com menos soluções nas extremas e sem o criativo, a abordagem
ao jogo passou pelo reforço do “peso” no ataque, suportado por um meio campo
mais virado para o labor.
O FC Porto entra dominante, mas o
adversário espreita o contra-ataque e o erro portista. As oportunidades vão-se
somando para o lado portista, embora faltassem situações flagrantes.
Ao minuto 29, o adversário
adianta-se no marcador, num lance de contra-ataque e contra a corrente do jogo.
Erro de marcação a meio campo, passividade de reacção na defesa e péssima saída
de Kadú. Após o golo, o FC Porto passa por maiores dificuldades de construção,
mas, nos últimos cinco minutos da primeira parte, consegue obter um período de
forte pressão sobre a defensiva adversária. A dois minutos do intervalo, o FC
Porto chega ao empate. Canto cobrado por Vítor Andrade e Tomás, na pequena
área, a desviar para o golo.
Para a segunda parte, Capucho
aposta na mesma fórmula, mas o adversário vai conseguindo equilibrar a luta a
meio campo. Nem o FC Porto conseguia criar perigo, nem o adversário se
aproximava da baliza de Kadú.
Perante o impasse, Capucho
percebe o que tem de dar à equipa para esta se estender e desmultiplicar no
ataque. Primeiro, dá-lhe um criativo que permite à equipa ser mais perigosa no
último passe e mais fluida na distribuição de jogo. Depois, abre a frente de
ataque com a entrada de Ricardinho. A equipa estende-se melhor no campo e
obriga o adversário a abrir. André Silva começa a aproveitar todas essas
brechas e o golo da reviravolta começou a ser uma questão de tempo. Viria ainda
a tempo ou não?
Veio, felizmente! Aos 84 minutos,
Rafa rompe pelo flanco e mete mais um centro venenoso. Ricardinho corresponde
ao segundo poste, mas o seu desvio é bloqueado. A bola sobra para André Silva,
que com calma e na raça, materializa a reviravolta.
Pouco depois, André Ribeiro é
expulso, mas a pedra já estava furada e a vitória já não escaparia.
O FC Porto segue na liderança,
com dois pontos de vantagem sobre o segundo. Falta ainda muito campeonato, mas
o povo lá diz: candeia que vai à frente…
Temos boas soluções, temos bons
talentos e temos um treinador sagaz. O campeonato seria um bom prémio. Há que
ganhá-lo!
Análises Individuais:
Kadú – Mais um jogo em que mostra
as suas qualidades e fragilidades. Tanto faz uma enorme defesa, onde mostra
arrojo e muita potência física, como logo depois tem um lapso que quase deita
tudo a perder. Assim é no golo do adversário, onde sai tarde e totalmente
desenquadrado com a baliza. Na segunda parte, tem uma enorme defesa em resposta
a um livre directo.
Marcelo – É um jogador com um
coração enorme e de uma entrega total. Não se aventurou muito no ataque,
sobretudo na segunda parte, mas foi competente a fechar o flanco a Hélder
Costa. Não tem a qualidade técnica de Rafa, mas foi determinante a matar alguns contra-golpes do adversário.
Rafa – É um lateral com um futuro
risonho, mas para isso precisa de ter maior tenacidade. De resto, tem tudo.
Possui uma qualidade técnica muito acima da média, que lhe permite ser perigoso
a cada cruzamento e bola parada. Possui, também, uma boa capacidade física que
lhe permite fazer o “vaivém” pelo flanco esquerdo e sagacidade táctica que lhe
permite perceber quando deve arriscar. Falta-lhe mais tenacidade e mais fibra,
para ser um jogador de eleição. Sai do jogo como o melhor em campo.
André Ribeiro – Foi o
pronto-socorro da defesa, sempre atento às dobras e sacrificando-se em prol da
equipa. É um jogador certinho, que sabe as suas limitações e que procura não
arriscar. Deu à equipa a segurança e consistência defensiva necessária para
controlar o ataque físico e musculado do adversário.
Tomás – É um jogador refinado,
que por vezes cai na tentação de sair a jogar numa zona onde o erro é proibido.
Ainda assim, soube não cair em tentação em demasia. Forte no choque e rápido
sobre a bola, nunca deu demasiado espaço na marcação. Marca um golo que
tranquilizou a equipa, onde se impõe com classe na área contrária.
Vítor Andrade – Teve um jogo
difícil, perante a exigência física dos adversários e a qualidade técnica de
Bernardo Silva. Revelou dificuldades em equilibrar a equipa e a ajuda de
Francisco Ramos foi preciosa nesse desígnio. Demonstrou que é um jogador de
muita qualidade técnica, mas que precisa de aprender a responder ao confronto
físico. Pode ser baixo, mas não pode fugir do choque. Assiste de Tomás para o
primeiro golo, num canto bem cobrado.
Leandro – Foi o médio que mais se
libertou para o ataque. Sempre mais em força que em qualidade. Foi importante
no equilibrar do confronto físico a meio campo, mas percebeu-se que para o FC
Porto abafar o jogo alheio precisaria de um jogador que trouxesse melhor
distribuição de bola. Sai de campo com o dever cumprido e com um falhanço
incrível no lance anterior ao empate.
Francisco Ramos – Um jogo sempre
na sombra, mas determinante para a dominância do FC Porto a meio campo. Foi o primeiro
auxílio de Vítor Andrade e assegurou uma boa saída de bola, por vezes, até em
posse e num movimento vertical. Permitiu as subidas de Rafa, estando sempre
disponível para fechar o seu flanco. Um jogo de muito suor, mas com qualidade e
inteligência.
Ivo – Foi o jogador que mais
passou ao lado do jogo. É um talento, que pode virar um jogo com a sua técnica
e velocidade, mas nunca conseguiu ser o desequilibrador que a equipa precisava.
Tirando um ou outro lance, onde mostrou que pode ser um jogador muito influente
no processo ofensivo, passou a maior parte do jogo numa batalha perdida com os
laterais contrários. Ainda assim, foi importante a dar amplitude ao ataque do
FC Porto na fase de maior pressão ofensiva.
André Silva – Jogo ingrato que
acaba por o premiar. Formou uma dupla ofensiva com Gonçalo, sendo que lhe cabia
mais a tarefa de fechar no flanco que ao seu companheiro de ataque. Já foi extremo
durante a formação, mas a transformação física e de jogo que já sofreu, fazem
com que hoje não esteja não confortável neste papel híbrido. Tentou muitas
vezes o lance individual e perdeu sempre no último fôlego ou na sofreguidão.
Capucho confiou que ainda podia dar alma à equipa na sua posição e André Silva
fez-lhe justiça. Raça, atitude e qualidade técnica a garantirem a vitória.
Gonçalo – Tem um requinte técnico
e uma calma no jogo, dignas de um jogador sénior. Batalhou com a defesa
contrária e demonstrou todas as suas fragilidades. Nunca se escondeu e foi o
primeiro a pressionar a saída de bola, numa atitude de capitão. Passaram pelos
seus pés os melhores lances da equipa na primeira parte e sai já desgastado
fisicamente. Capucho optou por abrir a frente de ataque e tendo regressado à
competição recentemente, foi o escolhido para sair.
Belinha – Deu à equipa a
qualidade técnica na zona de criação que vinha faltando. O FC Porto ganhou o
meio campo, tornou-se mais perigoso e o adversário não mais se viu em zonas de
perigo. Muito se deveu à qualidade de circulação de bola que Belinha trouxe à
equipa.
Ricardinho – Abriu a frente de
ataque e permitiu à equipa respirar melhor. Deu trabalho ao defesa esquerdo
contrário e ajudou ao período de maior pressão do FC Porto.
Sagna – Entrou para central, após
a expulsão de André Ribeiro. Deu músculo quando mais era preciso.
Análise de Capucho:
"Muitos deles podem chegar aos grandes palcos"
"Estou contente com o resultado. Estes jovens estão no último patamar da formação e têm de se habituar a estes ambientes, à dificuldades dos jogos e à adrenalina que eles criam. Perante um adversário difícil, com jogadores talentosos e rápidos que nos criaram dificuldades, a equipa soube crescer e lidar com os problemas. Estes jovens estão de parabéns".
Análise de Capucho:
"Muitos deles podem chegar aos grandes palcos"
"Estou contente com o resultado. Estes jovens estão no último patamar da formação e têm de se habituar a estes ambientes, à dificuldades dos jogos e à adrenalina que eles criam. Perante um adversário difícil, com jogadores talentosos e rápidos que nos criaram dificuldades, a equipa soube crescer e lidar com os problemas. Estes jovens estão de parabéns".
Por: Breogán
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