sábado, 23 de março de 2013

Juniores A: FC Porto 2 - 1 SL Benfica (Crónica de Breogán)


Água mole.


Foi um jogo de água mole até furar. Perante um adversário que se limitou a contra-atacar e a explorar o erro do FC Porto. Ainda por cima, e imerecidamente, o FC Porto fica a perder aos 30 minutos de jogo. Maiores as dificuldades, mas a equipa respondeu com ainda mais coração.






Capucho decide abordar o jogo com as suas melhores armas. Para isso, monta um esquema que acomode os seus dois aríetes ofensivos: Gonçalo e André Silva. É uma opção lógica, num jogo que pode ser decisivo na caminhada para o título, sobretudo pelas outras dificuldades de na hora de montar a equipa. Graça, o habitual 10, estava castigado e Fred e Raúl lesionados. Com menos soluções nas extremas e sem o criativo, a abordagem ao jogo passou pelo reforço do “peso” no ataque, suportado por um meio campo mais virado para o labor.





O FC Porto entra dominante, mas o adversário espreita o contra-ataque e o erro portista. As oportunidades vão-se somando para o lado portista, embora faltassem situações flagrantes.

Ao minuto 29, o adversário adianta-se no marcador, num lance de contra-ataque e contra a corrente do jogo. Erro de marcação a meio campo, passividade de reacção na defesa e péssima saída de Kadú. Após o golo, o FC Porto passa por maiores dificuldades de construção, mas, nos últimos cinco minutos da primeira parte, consegue obter um período de forte pressão sobre a defensiva adversária. A dois minutos do intervalo, o FC Porto chega ao empate. Canto cobrado por Vítor Andrade e Tomás, na pequena área, a desviar para o golo.

Para a segunda parte, Capucho aposta na mesma fórmula, mas o adversário vai conseguindo equilibrar a luta a meio campo. Nem o FC Porto conseguia criar perigo, nem o adversário se aproximava da baliza de Kadú.

Perante o impasse, Capucho percebe o que tem de dar à equipa para esta se estender e desmultiplicar no ataque. Primeiro, dá-lhe um criativo que permite à equipa ser mais perigosa no último passe e mais fluida na distribuição de jogo. Depois, abre a frente de ataque com a entrada de Ricardinho. A equipa estende-se melhor no campo e obriga o adversário a abrir. André Silva começa a aproveitar todas essas brechas e o golo da reviravolta começou a ser uma questão de tempo. Viria ainda a tempo ou não?

Veio, felizmente! Aos 84 minutos, Rafa rompe pelo flanco e mete mais um centro venenoso. Ricardinho corresponde ao segundo poste, mas o seu desvio é bloqueado. A bola sobra para André Silva, que com calma e na raça, materializa a reviravolta.

Pouco depois, André Ribeiro é expulso, mas a pedra já estava furada e a vitória já não escaparia.

O FC Porto segue na liderança, com dois pontos de vantagem sobre o segundo. Falta ainda muito campeonato, mas o povo lá diz: candeia que vai à frente…

Temos boas soluções, temos bons talentos e temos um treinador sagaz. O campeonato seria um bom prémio. Há que ganhá-lo!




Análises Individuais:


Kadú – Mais um jogo em que mostra as suas qualidades e fragilidades. Tanto faz uma enorme defesa, onde mostra arrojo e muita potência física, como logo depois tem um lapso que quase deita tudo a perder. Assim é no golo do adversário, onde sai tarde e totalmente desenquadrado com a baliza. Na segunda parte, tem uma enorme defesa em resposta a um livre directo.

Marcelo É um jogador com um coração enorme e de uma entrega total. Não se aventurou muito no ataque, sobretudo na segunda parte, mas foi competente a fechar o flanco a Hélder Costa. Não tem a qualidade técnica de Rafa, mas foi determinante a matar alguns contra-golpes do adversário.

RafaÉ um lateral com um futuro risonho, mas para isso precisa de ter maior tenacidade. De resto, tem tudo. Possui uma qualidade técnica muito acima da média, que lhe permite ser perigoso a cada cruzamento e bola parada. Possui, também, uma boa capacidade física que lhe permite fazer o “vaivém” pelo flanco esquerdo e sagacidade táctica que lhe permite perceber quando deve arriscar. Falta-lhe mais tenacidade e mais fibra, para ser um jogador de eleição. Sai do jogo como o melhor em campo.

André Ribeiro – Foi o pronto-socorro da defesa, sempre atento às dobras e sacrificando-se em prol da equipa. É um jogador certinho, que sabe as suas limitações e que procura não arriscar. Deu à equipa a segurança e consistência defensiva necessária para controlar o ataque físico e musculado do adversário.

Tomás – É um jogador refinado, que por vezes cai na tentação de sair a jogar numa zona onde o erro é proibido. Ainda assim, soube não cair em tentação em demasia. Forte no choque e rápido sobre a bola, nunca deu demasiado espaço na marcação. Marca um golo que tranquilizou a equipa, onde se impõe com classe na área contrária.

Vítor Andrade – Teve um jogo difícil, perante a exigência física dos adversários e a qualidade técnica de Bernardo Silva. Revelou dificuldades em equilibrar a equipa e a ajuda de Francisco Ramos foi preciosa nesse desígnio. Demonstrou que é um jogador de muita qualidade técnica, mas que precisa de aprender a responder ao confronto físico. Pode ser baixo, mas não pode fugir do choque. Assiste de Tomás para o primeiro golo, num canto bem cobrado.

Leandro – Foi o médio que mais se libertou para o ataque. Sempre mais em força que em qualidade. Foi importante no equilibrar do confronto físico a meio campo, mas percebeu-se que para o FC Porto abafar o jogo alheio precisaria de um jogador que trouxesse melhor distribuição de bola. Sai de campo com o dever cumprido e com um falhanço incrível no lance anterior ao empate.

Francisco Ramos – Um jogo sempre na sombra, mas determinante para a dominância do FC Porto a meio campo. Foi o primeiro auxílio de Vítor Andrade e assegurou uma boa saída de bola, por vezes, até em posse e num movimento vertical. Permitiu as subidas de Rafa, estando sempre disponível para fechar o seu flanco. Um jogo de muito suor, mas com qualidade e inteligência.

Ivo – Foi o jogador que mais passou ao lado do jogo. É um talento, que pode virar um jogo com a sua técnica e velocidade, mas nunca conseguiu ser o desequilibrador que a equipa precisava. Tirando um ou outro lance, onde mostrou que pode ser um jogador muito influente no processo ofensivo, passou a maior parte do jogo numa batalha perdida com os laterais contrários. Ainda assim, foi importante a dar amplitude ao ataque do FC Porto na fase de maior pressão ofensiva.

André Silva – Jogo ingrato que acaba por o premiar. Formou uma dupla ofensiva com Gonçalo, sendo que lhe cabia mais a tarefa de fechar no flanco que ao seu companheiro de ataque. Já foi extremo durante a formação, mas a transformação física e de jogo que já sofreu, fazem com que hoje não esteja não confortável neste papel híbrido. Tentou muitas vezes o lance individual e perdeu sempre no último fôlego ou na sofreguidão. Capucho confiou que ainda podia dar alma à equipa na sua posição e André Silva fez-lhe justiça. Raça, atitude e qualidade técnica a garantirem a vitória.

Gonçalo – Tem um requinte técnico e uma calma no jogo, dignas de um jogador sénior. Batalhou com a defesa contrária e demonstrou todas as suas fragilidades. Nunca se escondeu e foi o primeiro a pressionar a saída de bola, numa atitude de capitão. Passaram pelos seus pés os melhores lances da equipa na primeira parte e sai já desgastado fisicamente. Capucho optou por abrir a frente de ataque e tendo regressado à competição recentemente, foi o escolhido para sair.


Belinha – Deu à equipa a qualidade técnica na zona de criação que vinha faltando. O FC Porto ganhou o meio campo, tornou-se mais perigoso e o adversário não mais se viu em zonas de perigo. Muito se deveu à qualidade de circulação de bola que Belinha trouxe à equipa.

RicardinhoAbriu a frente de ataque e permitiu à equipa respirar melhor. Deu trabalho ao defesa esquerdo contrário e ajudou ao período de maior pressão do FC Porto.

Sagna – Entrou para central, após a expulsão de André Ribeiro. Deu músculo quando mais era preciso.


Análise de Capucho:

"Muitos deles podem chegar aos grandes palcos"

"Estou contente com o resultado. Estes jovens estão no último patamar da formação e têm de se habituar a estes ambientes, à dificuldades dos jogos e à adrenalina que eles criam. Perante um adversário difícil, com jogadores talentosos e rápidos que nos criaram dificuldades, a equipa soube crescer e lidar com os problemas. Estes jovens estão de parabéns".




Por: Breogán

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