Sempre foi levado com seriedade, como deve ser uma boa preparação. Por outro lado hoje foi o último dos jogos em que mais importante que o resultado era a adaptação a novas rotinas. Agora vai ser a doer.
Tal como esperado, a equipa titular foi quase totalmente diferente. Mantiveram-se apenas Alex Sandro e Varela. De realçar nestes titulares para aquela que se prevê a defesa titular para a Supertaça, acompanhados pelo fundamental Fernando.
Passamos por algumas inquietações durante a 1ª parte. Embora bem definidas as zonas de pressing e de marcação, elas não funcionaram. Ghillas e Quintero não conseguiram ser eficazes como 1ª linha de pressão, eram facilmente ultrapassados. Quando o eram, muito espaço entre linhas.
A solução para este meio campo, terá sempre de passar pelo bom entrosamento do tão afamado duplo pivot. E como pode ele funcionar defensivamente? Aproveitando o que de bom existia e a inegável qualidade do 6 que possuimos. Aquela zona central é dele, ele não sai habitualmente, é um 6 que garante equilibrio em todas as situações. O companheiro de sector (que se espera um 8), terá de saber quando sair e pressionar, importunar. Ora isso não aconteceu. Herrera fez o seu 1º jogo a titular, tem falta de ritmo e obviamente sentiu dificuldades. Normal, como falaremos mais à frente, foi conseguindo perceber com o passar dos minutos quando deve estar uns metros à frente do seu colega e quando deve encostar. Sinais positivos.
Estas falhas tipícas nesta fase, tiveram como consequência concedermos demasiado espaço aos defesas e médios centrais da equipa italiana para pensar e executar. Tivemos algumas bolas em profundidade que nos causaram calafrios. Temos de insistir que estas falhas não foram a norma nos jogos passados, foram neste a espaços. Sem alarmismos para já.
Ofensivamente uma novidade. Josué, numa posição hibrida. Nunca poderia ser um médio ala mas não estava a meio. Posicionava-se inicialmente sobre a meia esquerda, caindo muitas vezes no espaço de Quintero. Resultou num afunilamento do jogo por aqui. Quintero, esse jogava onde rende. A 10. E que 10!!! Tivemos boas combinações, pese a concentração na zona central, em muito devido a este menino que tem muito futebol para dar ao público do Dragão.
O nosso avançado sentiu alguns problemas também nesta etapa inicial. Esteve muitas vezes sozinho, enfiado no meio dos centrais. O jogo raras vezes lhe chegou e os médios estavam longe.
O ritmo foi baixo de parte a parte. Um jogo muito morno até.
Sofremos um golo já no final da 1ª parte, mais precisamente aos 42 minutos. Como não podia deixar de ser, novamente éramos penalizados por um penalti, este cometido por Fernando. Na marcação Pandev executou bem e colocou a equipa napolitana em vantagem.
Ao intervalo perdíamos por 0 - 1. Esperava-se melhorias no 2º tempo.
Desta vez, o treinador Paulo Fonseca não substituiu ninguém ao intervalo. O mesmo 11 mas jogo completamente diferente.
É certo que aqui e ali tivemos algumas falhas, sobretudo posicionais, mas a intensidade foi diferente e as melhorias quase intantâneas e bem notórias. E tivemos finalmente aquele duplo pivot a funcionar. Fernando posicional e Herrera mais solto, sobretudo a sair.
Apresentámos um bloco mais recuado é certo. Talvez em consequência das falhas no pressing que falamos antes, foi a forma encontrada de não conceder tanto espaço para pensar o jogo ao adversário. Resultou muito bem. Nós assim também usufruimos de mais espaço. E tivemos grande transições ofensivas, algumas de muita beleza.
Com esse espaço sobretudo Quintero e Varela começaram a abrir o livro. O nosso avançado agradeceu também esse espaço que ganhou para se movimentar em diagonais nas costas da defesa.
Assim, sem surpresa, o nosso empate. O nosso 10, Quintero, numa movimentação que parece gostar encontrou Ghilas a desmarcar-se numa diagonal, meteu-lhe a bola no espaço e o argelino marcou com categoria. Lindo...
Estávamos mais fortes. Fernando fez o que sabe, protegeu o seu espaço. Aquela é a sua casa, tenha ou não alguém mais perto. E assim funciona. Mesmo com Hamsik e Higuain em campo o perigo para a baliza de Helton era mais esporádico. E quando esse perigo surgiu, o nosso titular na baliza foi um monstro. Exemplo disso foi a dupla defesa que teve. Uma grande estirada para o canto inferior esquerdo e na recarga a fechar muito bem o ângulo.
Varela, muito acutilante no flanco direito, ia ameaçando. Uma vez. Duas vezes. Primeiro com um cruzamento tenso, depois com um bom remate à entrada da área que saiu ligeiramente por cima. Tudo nos primeiros 15 minutos deste segundo tempo. Como diz o ditado, à 3ª foi de vez. Nova escapada rápida pelo flanco, qual flecha, cruzamento tenso à entrada da área para a zona entre a defesa e o guarda-redes. O defesa da equipa napolitana ajudou os nossos intentos e traiu o seu guarda-redes. Finalmente, a merecida vantagem surgiu a meio da 2ª parte.
Pelo meio algumas boas jogadas. Ghilas, em mais uma diagonal, serviu Fernando e este quase marcava já na pequena área. Varela, quando se preparava para servir o seu colega que seguia isolado foi travado em falta. Alguns exemplos da objectividade e rapidez com que processávamos o nosso jogo ofensivo.
O 3º golo teve um promenor delicioso. O passe do recém entrado Carlos Eduardo a lançar Licá (também lançado na mesma altura) é sublime. Licá não a conseguiu dominar à primeira mas teve a capacidade de interceptar o passe da defesa e marcar com facilidade.
Fim do jogo. Vencemos neste último teste o vice-campeão italiano. Mais importante, deixamos indicações positivas para o futuro. Nem tudo está bem obviamente. Mas já se vislumbram sinais que encorajam. Arrisco dizer que a chave estará no meio campo. O Fernando mais comedido funciona com alguém ao lado. Penso que Paulo Fonseca já percebeu isso. Aquela dupla terá funções diferentes e serão sempre um 6 e um 8, mesmo estando a par no inicio da transição ofensiva e em alguns momentos defensivos.
O próximo já conta. Queremos a 5ª Supertaça seguida. Se fizermos o que sabemos iremos trazê-la. Vamos a eles...
Análises individuais:
Helton - Voltou a causar calafrios numa jogada com os pés. Mais uma vez conseguiu resolver bem essa situação. Esteve atento a sair aos poucos cruzamentos e entre os postes teve um momento enorme na dupla defesa que falamos acima
Fucile - Sem problemas defensivos tentou apoiar bastante o ataque. Teve algumas boas subidas mas os cruzamentos tiveram todos o mesmo destino, as mãos do guarda-redes. Será provavelmente titular na Supertaça e está a fazer por merecer. Ainda foi para o lado esquerdo após a entrada de Ricardo.
Otamendi - Alguns cortes em carrinho fantásticos (aos 10m desarmou Pandev que seguia isolado) intercalados com alguns péssimos passes que criaram problemas à nossa defesa. Ainda precisa de mais treino para voltar ao seu nível.
Mangala - Tal como o seu companheiro ainda está longe do que sabe. Algumas entradas mais rispidas e algumas falhas no meio de acções muito boas.
Alex Sandro - Sólido a defender, hoje não foi tão interventivo no ataque como ontem. Mesmo assim tentou subir com critério. É um lateral com muita categoria que será fundamental. Tal como no jogo contra o Galatasaray foi substituido para gerir o seu esforço.
Fernando - Exibição em crescendo. Já nos habituamos ao Fernando a querer sair a jogar e a sair da sua posição durante a pré-época. Na 2ª parte voltou ao modo "Polvo" que o distingue. Resguardou-se, não perdeu a sua posição na cabeça da área. Aquela é a sua casa e aí é dos melhores do mundo.
Herrera - Alguns sinais muito bons no 1º jogo a titular. É um jogador para vai e vem com processos simples. Sabe pressionar, sabe defender e sair a jogar com qualidade. Na 2ª parte conseguiu-o a espaços. Notou-se pouco ritmo mas lá chegará brevemente.
Quintero - O MVP do jogo. A atacar, a bola tem de passar por ele que este menino sabe o que fazer. Sem medo de arriscar e a mostrar muita mobilidade para cair nas alas e dar-se ao jogo. Tentou alguns remates de longe e de livre quase marcou. Brilhante assistência para o golo inaugural. A continuar assim terá de ser titular.
Josué - Já conhece esta posição do Paços. Não é aí que faz a diferença, mas tentou ser útil à equipa. Fechou bem o seu flanco. Teve uns minutos a 10 e aproveitou para fazer uma grande abertura para o remate de Varela. Está a ganhar o seu espaço.
Varela - Um regalo a 2ª parte. Criou muito perigo e foi um quebra cabeças para o lateral adversário. Não teve receio de assumir o jogo, defendeu, saiu rápido, assistiu, cruzou e rematou. Não marcou, mas foi sua a jogada do 2º golo.
Ghilas - Após uma 1ª parte amorfa perdido no meio da defesa, beneficiou do espaço concedido na 2ª para criar perigo e marcar. Boas desmarcações e boas jogadas.
Ricardo - Entrou para lateral e cumpriu. Está a aprender este papel e atirou-se a ele com abnegação. Lutou a defender a ainda tentou subir uma vez com perigo. Jogou os últimos 8 minutos na sua posição,
Iturbe - Teve lógica a sua entrada. Havia espaço e assim Iturbe podia brilhar. Um ou outro fogacho sem consequências. O perigo era criado pelo outro lado e a equipa procurou mais Varela.
Licá - Entrou e marcou pouco depois. Poucas oportunidades para brilhar mas cumpriu. Pode ser que o golo o liberte...
Carlos Eduardo - Um passe longo e de categoria a desmarcar Licá na jogada do 3º golo. Tem técnica.
Reyes - Entrou aos 83 minutos e não teve muito tempo para se mostrar. Parte atrás nesta luta mas tem qualidade para ir ganhando o seu lugar.
Tiago Rodrigues - Entrou aos 89 minutos. Prémio pelo seu trabalho? Não merecia mais tempo?
Por: Paulinho Santos
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