terça-feira, 6 de agosto de 2013

A vez e a voz dos árbitros.




Numa altura em que estarmos perto do início de mais uma época desportiva, quer queiramos quer não, só pelo simples facto de terem a seu cargo decisões importantes no julgamento de uma partida de futebol, e das consequências positivas ou negativas que daí possam advir ou afetar os clubes na tabela classificativa, os árbitros, pela forma passiva como se têm apresentado no quadro do fórum desportivo, serão sempre conotados como o elo mais fraco, ou dito de outra forma mais popular e mais consentânea com os interesses que estão em jogo, serão sempre os principais culpados pelos insucessos desportivos dos clubes, independentemente se a sua conduta desportiva no julgamento de qualquer lance de futebol seja mal ou bem avaliada, e quase sempre por a maioria dos adeptos ou simpatizantes dos clubes não conseguirem ter o discernimento e a leitura mais correta para serem isentos na análise dos lances, mesmo sabendo das dificuldades que os juízes têm em decidir em breves segundos, quando por vezes, nós próprios temos muitas dúvidas quando o fazemos depois de visionarmos as imagens por várias vezes, o que vem em parte justificar as dificuldades associadas à sua ação como juízes dentro do campo de jogo, pese embora, e é preciso que também seja aqui dito com a maior clareza possível, que existem casos graves de julgamentos técnicos ou disciplinares de árbitros e auxiliares que não têm nenhuma justificação plausível, nem mesmo na versão de um simples perdão casual devido às dificuldades inerentes de quem julga, e que por isso deveriam ser melhor dissecados ou analisados, objeto de uma maior punição por parte do Conselho de Arbitragem aos árbitros infratores numa análise posterior e com direito a consulta pública, ou mesmo pela via da correção direta no próprio terreno de jogo nos lances em que o jogo esteja parado, desde que essa ação como será natural e desejável, não ponha em causa o normal desenvolvimento de uma partida de futebol.


É por esta razão que sempre fui partidário da inclusão no futebol de todos os meios de diagnóstico colocados à disposição dos agentes desportivos, sejam eles de monitorização das imagens através de câmaras ou de meios audiovisuais que nos permitam emendar o erro no próprio terreno de jogo, e sempre que isso seja possível (Ex.: jogo parado) para não desvirtuar o rumo normal dos acontecimentos como já acontece noutras modalidades, ou ainda, através de uma Comissão de Arbitragem eleita para o efeito que tenha como principal objetivo julgar à posteriori a aplicação de cartões disciplinares mal apresentados ou por falta deles, corrigindo desta forma a verdade desportiva e dando um cunho mais justo e mais isento ao fenómeno desportivo.

A acrescentar a tudo isto, penso também que seria importante que os relatórios dos árbitros fossem abertos à opinião pública, para que não haja qualquer dúvida quanto à sua boa-fé ou fiabilidade dos mesmos, para além de ser apologista e um forte apoiante para que os árbitros sejam também ouvidos no flash interview e nas conferências de imprensa após os jogos, já que também são parte integrante de todo o processo desportivo, pois se nada têm a esconder  ou a omitir, também poderão ajudar a fazer entender a análise fiel de certos lances duvidosos, e com isso diminuir a confusão instalada e a proliferação da desmistificação da especulação tão do agrado da comunicação social, que por vezes só serve para incentivar à violência e ao confronto entre clubes e instituições desportivas.

No que concerne à propalada profissionalização dos árbitros, continuo com muitas dúvidas quanto ao conceito primário e básico do projeto em marcha, à eficácia conjuntural associada e à própria melhoria que esta alteração estatutária e de princípio possa trazer de bom à classe, pois como se tem visto, não será por isso que não deixaremos de ter bons juízes e até com provas dadas no estrangeiro que só nos podemos orgulhar disso, o que me intriga, o que me move e o que ainda não foi bem explicado pelas entidades competentes, é a forma como depois os árbitros farão a gestão das suas carreiras, pois certamente haverá constantes entradas e saídas de árbitros, já que deverão continuar a ser avaliados pela sua competência técnica e disciplinar, terão que ter um período de vigência tendo em conta o limite de idade, o que certamente implicará um problema de um novo enquadramento na sociedade civil quando cessarem a sua atividade profissional, e ainda haverá a juntar a tudo isto, o problema complicado do financiamento dos árbitros profissionais, ou será que terão também um estatuto especial ao jeito dos nossos deputados, que depois de perfazerem um determinado período de tempo como profissionais, já terão direito a todas as regalias e condições para uma reforma antecipada altamente rentável?


É que pelo andar da carruagem já se fala por aí em verbas anuais que ultrapassam os 70.000 euros, um limite de idade que pode ir até aos 50 anos, para além de não estar em equação a possibilidade de despromoção do elenco dos árbitros na nova atividade profissional, o que começa logo por deixar algumas dúvidas justificáveis sobre a legitimidade, eficácia e qualidade deste projeto, pois certamente como tudo na vida nem todos terão a mesma capacidade qualitativa, e os que se apresentarem menos capazes em termos de performance das suas funções específicas, mesmo que bem preparados para o efeito, deverão por razões substantivas e de coerência profissional, ser objeto de substituição por outros que apresentem melhores condições de trabalho, como acontece em qualquer profissão sem eternizar o lugar.


Por: Natachas.

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