sábado, 17 de agosto de 2013

A Capela.



Ontem galguei o Sado
Para ir rezar à capela
Que n’Alcazar é sagrado
Orando-se à luz da vela

Nessa cidade branca
Que se vislumbra no salto
Há uma capela santa
Em Alcácer sobr’o Sado!

E chegado à Comporta
Praia de areias límpidas
Tem-se essa água morna
Que nos confort’as tripas

Pois esse frio que se sente
Em plena época estival
É de se saber presente
Esse pena tão capital

Que já paira sobre Setúbal
Nessa vista sobre Tróia
Com’o legado d’Asdrúbal
Por Aníbal, na tramóia

Um nevoeiro denso
Cujo espectro vem do futuro
Dá-nos presente tenso
Mas garantido com auguro!

Pois a capela não falha
Nos seus vatícinios, preces
Vai tentar jogar d’esguelha
No momento em qu’arrefeces

Essa capela tão cristã
Erigida em terra moura
Tem uma origem pagã…
Mas em Jesus é obra duradoura!

E mesmo quando erradicada
Quase esquecida no monte
Eis, que se assume obra rara
Nessa passagem ali defronte!

Altaneira sobre o rio
Qu’espelhado lhe lanç’a luz
Na capela esse fio
É a aspiração de Jesus!

E crentes nesta jornada
Par’a travessia do Sado
É convicção formada
C’a capela é um achado!

É que tão bem escondida
Nem se daria por ela
Não fosse ela, sugerida
Para ali rezar à vela!

E nestes lugares sagrados
Temos tod’o espírito nacional
Rezando somos abençoados
Mesm’o qu’a coisa corra mal!

E uma capelinha é obra
Para se manter por milénios
Fruto da nossa manobra
Pr’a conquista desses prémios!

Por isso, ó capelinha!
Faz a tua bem-aventurança 
Se não houver estrelinha
Marc’o qu’a vista não alcança!

Pois contigo podemos contar
A nossa fé em ti transborda
No Sado, tu também vais jogar
Pr’a agrado da nossa horda!

Capela, olha p’la nossa Ordem
Pede pelos nossos aflitos
Se calhar tudo em desordem
Faz também uso dos apitos!



Por: Joker

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