segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Estaca Zero!




Tudo igual. Depois de um lamentável e irritante desperdício, o cenário é este. Voltamos à liderança partilhada e acrescentamos um remendo ao balão inimigo, que tinha vindo a perder ar por todos os lados.

Depois de Cássio e Lima, foi a nossa vez.






Estes jogos são um perigo. Partidas que antecedem um jogo mediático ou um ciclo importante são sempre potenciais alvos de relaxamento e desconcentração, um cenário já mais que visto e repetido, seja o treinador o Mourinho ou o Vítor Pereira. Entramos competentes a controlar as operações e mesmo sem sermos suficientemente incisivos chegamos à vantagem através duma bola parada. Tudo normal.





O problema vem depois. A partir do golo fomos decrescendo progressivamente no jogo. Os serviços mínimos deixaram de ser mínimos e o FC Porto acomodou-se à magra vantagem. Os índices de agressividade e concentração foram baixando e o Rio Ave cresceu no jogo e equilibrou as operações. 

Nunca se sentiu o Porto perto de resolver o jogo, excepção feita ao grande remate de James na trave. A circulação passou a ser demasiado lenta com demasiados lançamentos longos, o controlo do meio-campo foi sendo gradualmente perdido com Lucho pela 1ª vez esta época em sub-rendimento, e o Rio Ave começou a ameaçar a baliza de Helton e o Porto cada vez mais longe das redes Vila Condenses.

Começamos a 2ª parte à espera que o jogo ACABASSE.

A equipa que entrou séria e competente, apesar da pouca arte e engenho, parecia que começava a esquecer os alertas lançados pelo seu Treinador na conferência de imprensa de antevisão do jogo.

Três avisos foram mais que suficientes para perceber que as coisas teriam forçosamente que mudar sob risco de correrem mal para o nosso lado, e para mim é aqui onde também Vítor Pereira falhou. As trocas do desinspirado Comandante e do inconsequente Atsu por Fernando e Varela em nada melhoraram o comportamento do Campeão. Seria suposto que Fernando ajudasse a fechar a porta ao Rio Ave, mas também o brasileiro se deixou influenciar pela sonolência colectiva e entrou a meio gás. Varela é como os melões, só depois de lá estar dentro podemos saber o que esperar dele, e mesmo assim as duas primeiras trincas podem enganar.

Mas, fundamentalmente, não alterou nada. Estas duas substituições mostram, para mim, que a cabeça do Treinador do Futebol Clube do Porto já estava a pensar também no jogo de quarta-feira (como tem que o fazer). Duas substituições programadas quando o necessário eram duas mexidas de reacção à passividade que todos víamos. Se os alertas, os berros, e a palestra ao intervalo não estavam a resultar, era preciso mudar.

O que era necessário era ACORDAR a equipa e voltar a pôr o Rio Ave em sentido. O que era necessário era uma mensagem clara para as 4 linhas de que era preciso ir atrás do segundo golo, que o trabalho estava longe de estar feito e o PSG podia esperar. O que era necessário era voltar a garantir o controlo do meio-campo e qualidade na circulação de bola, acrescentar imprevisibilidade e velocidade nas alas, aproximar o jogo de Jackson e do golo.

Podia e devia ter descansado Lucho e ter dado minutos ao Fernando.
Podia e devia ter feito entrar Varela.






Mas não para manter tudo igual. Sair Lucho para entrar Fernando, sair Defour para entrar Varela. Fixar James a 10, limitar a amplitude a Moutinho e redobrar a atenção aos desequilíbrios que James no miolo provoca à organização e solidez da própria equipa. Voltar a circular a bola com mais eficiência, aproximar o Porto do golo, enviar a mensagem de que era preciso cair o 2º, voltar a pôr o Rio Ave em sentido.

Nada disto aconteceu e os Vila Condenses continuaram a discutir o jogo e o resultado, e aproveitaram uma inaceitável falta de concentração e excesso de confiança de Maicon e um erro de palmatória de Otamendi para nos colocar de volta à estaca zero. Valeu o coração e a capacidade de reacção do FC Porto para a reviravolta na classificação não ser completa e passar tudo do estado de euforia para a depressão profunda. Fica a sensação que se o Rio Ave tem feito o 2-1 mais cedo, o FC Porto teria conseguido colocar-se de novo em vantagem. E isto é que incomoda.

O que é preciso é recuperar o espírito e a confiança que reinava antes deste acidente de percurso. Nada melhor do que um importante jogo na Europa para o fazer. Que ninguém se engane: é um jogo de tripla, contra uma das equipas actualmente mais poderosas na Europa, com um treinador experiente e talento para dar e vender. Vai ser preciso muito rigor, concentração, espírito de sacrifício e muita audácia para dar cabo dos avecs. Vai ser preciso ter consciência das nossas limitações e não ter medo de ser feliz. Confio que Treinador do Futebol Clube do Porto vai trabalhar a equipa e preparar o jogo da melhor forma. Confio que temos um grupo capaz de me fazer sair do Dragão com uma grande alegria na quarta-feira. 

VAMOS PARA CIMA DELES.

Por: Tribunal

7 comentários:

Pedro Ramos disse...

Sou novo por aqui, mas se me permitirem gostava de colocar uma questao sobre o meio-campo da equipa.
Já à algum tempo sou da opiniao se VP quer de facto ter uma equipa cuja principal caracteristica é a posse de bola, este meio-campo composto por Fernando-Moutinho-Lucho nao serve as intençoes da equipa, é aliás um dos principais pontos fracos. Eu sei que quando digo isto, a reacçao de muitos portistas é de quase indignaçao, porque parece que estou a por em causa as qualidades dos jogadores, mas nao é isso que se passa, apenas digo que este trio nao tem caracteristicas para o estilo de jogo que supostamente se quer implementar, nunca serao jogadores para controlar jogos através da posse de bola, algo que exige movimentaçao constante do meio-campo para a continua troca de bola.
A minha opiniao é que se queremos manter este trio teremos de mudar o estilo de jogo, algo mais aproximado do que, por exemplo, Jesualdo utilizava no seu tempo.
Se de facto a intençao é evoluir este jogo de posse, o meio-campo terá obrigatoriamente de ser diferente, com a inclusao de alguém que saiba organizar e fazer circular a bola.
Sei que tudo isto é um bocado off-topic, mas parece-me demasiado limitadas as análises que tem sido feitas sobre o Porto, limitando-se apenas à falta de atitude do Porto.

Marco disse...

Pedro Ramos, este é o mesmo (quase) meio campo que com AVB era chamado de Mini Barcelona, sendo também uma das suas caracteristicas a posse de bola... Então moutinho que é excelente em posse de bola... Mas o mal é o de sempre, a equipa joga quando e onde quer, tal como se viu no ultimo terço do campeonato passado, jogam quando os seus contractos podem sair prejudicados por o Porto nada ganhar (tal como no ano passado)... Já disse isto e volto a repetir, numa altura em que jogdores ganham milhoes e alimentam grandes egos, mais do que grandes conhecimentos tecnicos, é necessario alguém que seja lider, que tenha carisma, que mude um rumo do jogo com palavras e nao com substituições, infelizmente VP é tudo menos isto, é fraco mentalmente, não tem autoridade no grupo de trabalho... Mas o adepto cumum é ignorante, tal prova disso foi depois da conquista do titulo as palavras "fica VP"... "es o maior VP"... Eu tinha a certeza que este ano se ia passar o mesmo, mesmo sabendo que provavelmente iremos conquistar novo titulo... Mas o Porto joga muito mal... Amanha contra o PSG temo derrota, não que o PSG assuste, mas sim pela azelhice do nosso treinador... Temo também que nao saia antes do final da época, afinal se fosse para sair, tinha saido no ano passado quando as coisas bateram no fundo...

Pedro Ramos disse...

Caro Marco, nao quis abordar a questao pelo lado da capacidade ou nao de VP. Essa questao para mim é óbvia à muito tempo...
A questao de ser um meio campo quase igual, é uma ilusao e faz toda a diferença, sobretudo quando Lucho nao está "formatado" para jogar nesta filosofia de jogo, os seus pontos fortes sao outros.
Com AVB jogavamos com Belluchi, alguém que sabia fazer esse jogo de posse e acompanhar Moutinho, e mais tarde Guarin que transportava jogo. Hoje apenas temos Moutinho que se enquadra nesta filosofia. Lucho nao traz para a equipa este tipo de soluçoes, é um jogador forte entre linhas, bom para jogar em ataques rápidos(isto em termos ofensivos).
Parece-me que para além de um problema de liderança óbvio, a equipa tem de facto problemas estruturais de construçao de jogo, os mesmos que já apresentou na época passada, os quais VP nao tem capacidade de alterar, ou provavelmente nao o quer, acredito que o futebol do último jogo é aquilo que ele quer para a equipa, e se nao fosse o resultado desfavorável viria dizer que a equipa fez um bom trabalho.
Nao concordo que a equipa e jogadores só joguem bem quando querem, é preciso ter um rumo e acreditar no que se faz, o que me parece nao acontecer. Se tudo fosse tao simples, amanha esmagavam o PSG, afinal é uma oportunidade de ouro de se fazerem notar frente a um clube cujo dono tem uns bolsos sem fundo.

Anónimo disse...

Jornada 1: 60%-40%
Jornada 2: 71%-29%
Jornada 3: 59%-41%
Jornada 4: 65%-35%
Jornada 5: 64%-36%

Champions League Jornada 1: 61%-39%

FCP

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Jornada 1: 64%-36%
Jornada 2: 65%-35%
Jornada 3: 67%-33%
Jornada 4: 69%-31%

Champions League Jornada 1: 65%-35%


FCB

Pedro Ramos disse...

Nao basta atirar numeros. Este Porto nao consegue controlar jogos por mais posse de bola que tenha, e continua a ter enormes dificuldades na construcao ofensiva da equipa. Se acham que para uma equipa que quer ser de posse, basta ter a bola muito tempo, entao temos opinioes muito diferentes do que essa filosofia de kogo significa.

José Carlos Oliveira disse...

Os números em futebol poucos dizem, eu posso num jogo passe o pleonasmo "jogar ao meínho" com a bola e ninguem ma tira, mas que me interessa isso se não faço golos?

Freestyle por exemplo não é bem futebol...

José Carlos Oliveira disse...

Alias há mto boa gente que apelida o futebol do Barça de Catenaccio. Não é isso que quero para o meu clube, até pode ter menos posse se marcar golos, se for mortalmente objectivo quero lá saber da posse.

Robson tinha uma particularidade, inícios fortes, bola no extremo, geralmente Drulovic, e centro para golo logo no inicio, a posse ainda nem existia.

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