Fim de linha!
Chega a nossa hora e, onze
minutos depois, já estávamos a perder.
Já pouco mais há a escrever. O FC
Porto teve um imenso azar que se mistura com uma imensa incompetência. É que se
a sorte premeia quem a merece, o azar é igualmente justo. Mas sim, foi um jogo
em que se falharam golos, onde jogadores do FC Porto tiraram golos a outros,
onde a bola só entrou num lance de bola parada e depois da única saída em falso
de Lindner. Digno sucessor de Neuer e Malafeev na montra dos guarda-redes que
tudo defendem no Dragão.
Mas se isso é verdade, também é verdade
que a primeira parte é execrável, não condizente com uma equipa que precisa de
ganhar o jogo e que já sabe que tem uma janela de oportunidade pelo resultado
do outro jogo. Somos cabeças de série deste grupo e perante um estreante na
prova e que acabara de marcar o seu primeiro golo na Champions é incapaz de
massacrar. Incapaz!
Qualquer “Nacional da Madeira”
chega. Seja cá dentro ou lá fora.
E será assim, porque quem comanda não sabe para mais.
Estamos a chegar a Dezembro e o meio campo ainda anda em obras. Aliás, todos os
sectores estão em obras, sejam os centrais ou os extremos.
Continuamos a depender dos laterais para o jogo flanqueado.
Pior, já dependemos deles para termos criatividade no ataque!
Continuamos com um meio campo sem qualquer estrutura, fruto
de um pensamento errático, até algo alucinado. O 6 vira 8, às vezes 10. O 8 não
quer ser mais que 6. O 10 que é 8, mas passa a vida a 9,5. Quem vai? Vais tu?
Quem marca aquele? Quem compensa no flanco? Quem transporta a bola? Quem é o
primeiro a recuar? Tanta pergunta. Poucas respostas.
Fizemos uma primeira parte execrável, repito, mas a segunda
parte é bem melhor. Atentem nas “coincidências”. Sai Defour e entra Varela. É
verdade que sai o melhor elemento do meio campo, e também é verdade que Paulo
Fonseca volta a meter os pés pelas mãos ao meter o Josué a 8 e a manter Lucho a
10. Mas mesmo assim melhoramos. Dois extremos e um meio campo com alguma
estrutura. Fomos logo mais pressionantes e mais amplos. Chegamos ao 1-1.
Que faz Paulo Fonseca? Ajuda a equipa a vir para a frente?
Dá-lhe gás? Acaba de corrigir o seu meio campo? Não, deixa o marfim. Pelo meio
tira Licá e mete Ricardo. Podia ser que o rapaz estivesse mais inspirado.
Só com o último quarto de hora a aparecer no relógio é que
Paulo Fonseca desata o nó. Só aí percebe que perante o tenebroso Áustria Viena,
talvez (sublinho o talvez!!!) fosse útil dar um 10 à equipa. Sai Josué na
enésima posição em que Paulo Fonseca o martela, recua Lucho (ufa!) e entra
Quintero. São os nossos melhores 15 minutos. Extremos abertos e meio campo
estruturado. Valeu Lindner e o azar que não nos deixou escapar sem pagar
factura. A mesma que já anda há muito para ser paga por alguém!
Era um jogo para vencer e não foi vencido. Era o único
resultado que interessava. Falhamos. Mais grave, falhamos depois de nos ser
aberta uma porta (e não janela) com o resultado do outro jogo. Falhamos contra
um Áustria, estreante e que jogou como todas as equipas do nosso
campeonatozinho fazem. Falhamos porque os jogadores do Áustria tiveram sempre
mais vontade, mais uma ponta de esforço e muito mais coesão táctica. Eles alma,
n´so desespero.
Saímos desta fase de grupo sem uma vitória em casa. Até
agora, só com uma vitória, suada e arrancada a ferros lá em Viena.
Nos últimos 5 jogos, vencemos um.
Segundo Paulo Fonseca, neste jogo só a vitória interessava e
estávamos mais fortes após a paragem para os jogos da Selecção. Bluff?
Não é bluff. Já aqui me alonguei. Bluff obedece a uma
estratégia e a um raciocínio. Isto que Paulo Fonseca faz é uma fuga para a
frente. Tão só isso. Umas frases sem sustentação. Toda a gente já percebeu.
Acabou. Fim de linha.
Análises Individuais:
Helton – De volta à Champions, lá temos o Helton a fazer figura. Para
lá da cena de sapateado, o golo deles era defensável. O Lindner ia buscar
aquela bola. O Helton da Champions, não.
Danilo – Hoje sou eu, amanhã és tu. Deve ser tipo rifa para ver quem
dá brinde no jogo seguinte. Uma mancha muito negra, numa pano imaculado. Fez
uma boa exibição, não fosse a oferta para o golo adversário e era o melhor em
campo. Foi ele a alma do flanco direito.
Alex Sandro – Depois de uma exibições desastrosas, ei-lo de volta. Para
durar? Veremos. Muito activo no ataque, sempre à procura de fazer aquilo que o
meio campo não conseguia: levar a bola para a frente. O melhor em campo.
Maicon – Exibição sóbria e competente. Por fim, um central a
comandar!
Mangala – Algumas dificuldades perante a mobilidade de
Hosiner, mas manteve sempre o controlo. Soube aproveitar o comando de Maicon.
Fernando – Mau jogo. Desinspirado e fora da sua obrigação. É um 6 e
ponto final. Chega de tentar fazer dele um jogador de área a área! Tentou na
segunda parte meter empenho onde faltava inspiração.
Defour – Tentou ser rotativo, mas num meio campo onde ninguém se
entende é difícil. Ninguém sabe ao certo o que o outro faz, não há
estruturação, logo é cada um por si. Saiu ao intervalo, sem muita justiça, mas
a equipa melhorou.
Lucho – Um dia Lucho vai ser um 10. Quando decidir jogar pela equipa
lá do seu bairro na Argentina na 4ª divisão. No FC Porto, nem quando aterrou cá
aos 25 anos. Não sei mais o que diga!
Josué – Esteve mal. Sem segurança no passe e sempre com a língua de
fora. Mas continuo sem perceber porque se experimenta por toda a parte, menos a
10, a sua posição. Foi extremo esquerdo. Foi extremo direito. Foi médio de
transição. Só não foi o criativo que a equipa tanto precisava. O Paulo não
deixa! O FC Porto sofre!
Licá – Anedótico. Duas boas arrancadas e o resto foi mau
demais. O que terá o Kelvin feito para nem entrar nestas contas, logo por
decisão de não inscrição?!
Jackson – Voltou a falhar no último suspiro. Mas também é quem evita a
derrota, de novo. É neste antagonismo bipolar em que vivemos. Não há melhor
maneira de avaliar este FC Porto de Paulo Fonseca olhando para Jackson. Surge
aqui um avançado que disputa as marcas deixadas por Jardel e Falcão. Hoje,
quase que parece mentira.
Varela – Fez-lhe bem o banco. Entrou animado, embora sem
clarividência. Rouba um golo a Jackson e não faz a diferença.
Ricardo – Não é fácil para um menino entrar neste vespeiro.
Faltou-lhe acutilância.
Quintero – Titular. A 10. Ponto final.
FICHA DE JOGO
FC Porto 1-1 Austria Wien
Liga dos Campeões, grupo G, quinta jornada
26 de Novembro de 2013
Estádio do Dragão
Árbitro: Ovidiu Haţegan (Roménia)
Assistentes: Cristian Nica e
Octavian Sovre
Quarto árbitro: Radu Ghinguleac
Assistentes adicionais: Alexandru Dan Tudor e Sebastian Coltescu
FC PORTO: Helton; Danilo, Maicon, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Defour e Lucho (cap.); Josué, Jackson Martínez e Licá
Substituições: Defour por Varela (46m), Licá por Ricardo (65m) e Josué por Quintero (72m)
Não utilizados: Fabiano, Otamendi, Reyes e Herrera
Treinador: Paulo Fonseca
Austria Wien: Heinz
Lindner, Kaja Rogulj, Manuel Ortlechner, Markus Suttner, Fabian Koch, Thomas
Murg, James Holland, Emir Dilaver, Daniel Royer, Philipp Hosiner e Roman
Kienast
Substituições: Murg por Leovac (64m), Dilaver por Mader (70m) e Sttuner por Okotie (82m)
Não utilizados: Kardum, Ramsebner, Šimkovič e Jun
Treinador: Nenad Bjelica
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Kienast (11m) e Jackson Martinez (48m)
Cartões amarelos: Suttner (55m), Rogulj (90+1m) e Leovac (90+3m)
Por: Breogán
3 comentários:
Grande Breogán, é isso mesmo, fim da linha! Melhor que esta evidência, só mesmo a clarividência das tuas análises. Abraço!
O Paulo Fonseca foi uma das maiores desilusões que tive. Contava com um treinador capaz depois do que tinha feito no Paços mas rapidamente percebemos que não era assim. Quando na pre-época falavam no duplo-pivot defensivo eu pensava que era mais uma estupidez dos jornalistas porque não acreditava que um treinador fosse fazer essa alteração face aos jogadores do plantel. Vieram os jogos amigáveis e foi esse o sistema, vieram os primeiros jogos oficiais e o sistema mantêve-se e aí já todos começávamos a perceber que Paulo Fonseca era um fiasco. Um treinador teimoso (faz lembrar o seu homólogo Bento), pouco inteligente, que não sabe fazer substituições nem potenciar os seus jogadores porque simplesmente nem sabe onde eles rendem mais. Acho que não haverá milagre que dê competência a Fonseca para treinar o FC Porto.
Depois de 2 anos de futebol medíocre onde conseguimos ser campeões, este ano o futebol praticado consegue ser ainda pior e os adeptos mereciam mais dai que até se perceba a pobre assistência no jogo de ontem
devo dizer que ainda estou convicto que vamos terminar em 2º lugar. Se o FC Porto joga mal, o Zenit não faz muito melhor e em Viena não os estou a ver a ganhar.
Por isso 'basta-nos' vencer o Atlético em Madrid o que pode parecer complicado face aos nossos últimos desempenhos mas nós temos jogadores de grande qualidade, se o treinador não complicar muito e com o Atlético em poupanças é perfeitamente possível ir lá vencer.
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