Começarei pelo pré-jogo. Classificando o adversário de “besta-negra” e jurando claras melhoras após a paragem competitiva, colocou sobre si próprio e sobre o resultado, um ónus dispensável.
O jogo mostrou algumas mudanças, de facto. A primeira parte do FC Porto é boa. Sendo até mais específico, os primeiros 20 minutos do FC Porto são muito bons. Pressão alta, velocidade de execução e mobilidade no ataque. Mas também há respeito do Nacional perante o emblema portista e campeão nacional. Há aquela tentativa de sobreviver aos primeiros 15 minutos sem sofrer golos. São muitos os golos falhados.
Passa essa fase do jogo e começa o mesmo de sempre. O Nacional vai subindo de rendimento, tornando inócua a posse do FC Porto, a afastar o perigo para mais longe da sua área e a ganhar confiança no contra-ataque.
A primeira parte acaba com um FC Porto dominante, mas já soçobrando às suas fragilidades, que para não ser repetitivo, vou abster-me de as enumerar uma vez mais.
A segunda parte, traz um FC Porto já bem mais amorfo, com crescentes dificuldades em controlar o adversário. Não só isso, mas com dificuldades crescentes em criar perigo. Ainda assim, chega ao golo, num lance construído pelos dois jogadores com melhor rendimento.
Após o golo, Manuel Machado desmultiplica a equipa. Mete um criativo em campo, um ponta-de-lança posicional para incomodar os centrais portistas e já havia trazido Mateus para as diagonais.
O FC Porto degrada-se de segundo em segundo. Esboroando-se, mas mantendo, estatisticamente, um falso domínio no jogo. O Nacional cheira o sangue portista e entusiasma-se. O FC Porto desaparece dos flancos, onde só Danilo estica jogo. Jackson torna-se um elemento isolado no ataque e o meio campo portista já não filtra o ataque nacionalista.
E pronto. Golo do Nacional.
Mesmo ensaiando o 4-4-2 a espaços, o problema não é do sistema. É falta liderança e de qualidade no seu comando.
Se o pré jogo havia sido sofrível, o pós jogo foi desgraçado. Há uma besta-negra que assombra o FC Porto. Muitos jogos do FC Porto. O Nacional está ilibado, pois para quem debita estatística para explicar o desaparecimento do FC Porto do jogo, há uma a que não escapa: nos últimos 6 jogos, ganhamos 2. A liderança de 5 pontos esvai-se.
Uma análise curta, bem sei, mas resultado de saturação. Acontece sempre o mesmo. Sempre.
Iremos chegar a Janeiro para tudo mudar, excepto que atormenta a equipa? Resta ver se quando lá chegarmos algo haverá para lutar.
Vem aí o Austria Viena. A vitória é incondicional.
Análises Individuais:
Helton – Um espectador, embora tenha tido trabalho em alguns lances, sobretudo como libero.
Danilo – Tentou ser tudo no flanco direito, mas não chega para tudo. Tenta esticar tanto o jogo que chega a perigar a sua acção defensiva. Mas se só ele leva a carta a Garcia pelo flanco…e faz uma grande assistência para golo.
Alex Sandro – Voltou a falhar, sobretudo, na hora de defender. No ataque, já pareceu mais solto.
Maicon – Um bom regresso. Não fez uma exibição de encher o olho, mas num sector onde andam ao despique para ver quem faz a maior calinada, alguém que as tente evitar, já é bom. Titular!
Otamendi – Estava a fazer um bom jogo. Entrega e loucura, como é seu timbre. Até que borra a pintura e o Nacional aproveita. Acabou o crédito.
Fernando – É o paradigma da equipa. Eis um jogador que muitos jogadores desejariam ter na sua equipa. Porque naquilo em que é bom, poucos fazem melhor que ele. Infelizmente, é cada vez menos um 6 como deveria ser e cada vez mais um jogador de área a área. Quem compensa os laterais? Quem carrega sobre o criativo contrário? Quem leva o meio campo para frente? Não importa!
Herrera – Esteve melhor, mas ainda muito distante do desejado. Não falhou tantos passes, mas também veio muito mais conservador nesse capítulo. Simplesmente, não arriscou quase nada. Verticalizou três jogadas, procurou algumas tabelas, mas tentou sempre manter o seu jogo simples e sem risco. Não critico a opção, acho-a até inteligente. Infelizmente, não estamos numa fase que aguente essa opção.
Lucho – Mete carácter e alma no jogo. Voltou a não ser o criativo que a equipa precisa. Mas dá tudo pela equipa. Tudo. Como se vê na assistência perfeita que faz para Jackson tentar o 2-1 redentor. Imperdoável é o que fez aos 56 minutos. Isolado, bolinha a saltar, à entrada na área e a baliza à sua mercê. Remate ao lado. Inacreditável. Vergonhoso.
Josué – Enquanto jogou pelo meio, mostrou que é ali que tem que jogar. Já sei que Paulo Fonseca nem valoriza isso. Mas é ali. No flanco, não fez nada de jeito.
Varela – Bons primeiros minutos. Quinze minutos onde muito desperdiçou, mas mostrou vontade e velocidade. O resto do jogo é tão fraco, mas tão fraco, que já há qualificativo.
Jackson – Perdeu o duelo com Gottardi no lance final. É justo dizer que lhe faltou classe, nível ou estofo. É justo! Já nem ele consegue fazer a diferença e sucumbe a esta praga de erros e mais erros. Mas jogou muito tempo sozinho, tentou fazer tudo no ataque e marca um bom golo. A equipa distancia-se dele e não foi o abono de família no fim.
Quintero – Entrou para uma posição híbrida. Sendo ele um criativo puro e vindo de lesão, seria previsível que não teria pernas para esse vaivém. Não foi influente no jogo e padeceu do mesmo problema que Josué. Enquanto esteve no centro, fez jogar. Quando caiu no flanco, desapareceu.
Licá – Mais uma entrada sem qualquer aporte qualitativo. Um constante em Licá. Quando o FC Porto precisava de controlo a meio campo, entra um extremo que não é rompedor.
Ricardo – Tarde demais. O extremo que a equipa precisava entra tarde demais. É assim o nosso comando. Só depois de estarmos empatados.
Ficha de Jogo:
FC Porto: Helton, Danilo, Maicon, Otamendi, Alex Sandro, Héctor Herrera (Ricardo
Pereira, 87), Fernando, Lucho González, Jackson Martinez, Josué (Juan
Quintero, 65), Varela (Licá, 76)
Nacional: Gottardi, Miguel Rodrigues, Nuno Sequeira, Mexer, Zainadine, João Aurélio, Rafa Sousa (Diego Barcelos, 54), Claudemir, Mario Rondón, Djaniny (Mateus, 50), Candeias (Lucas João, 57)
Árbitro: Carlos Xistra
Por: Breogán
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