Quando, em Julho de 2012, foi
anunciado o fim da equipa senior de basquetebol do F.C. Porto, poucos
acreditavam que a modalidade pudesse voltar.
Apesar desse fim ter sido
transmitido como uma pausa para reestruturar a modalidade no clube, de forma a
haver uma aposta mais profunda na formação, a verdade é que quase todos
esperavam uma “morte lenta”, não acreditando num regresso a curto prazo, tal
como já aconteceu num passado recente com outras modalidades do clube.
A forma como o fim foi comunicado
oficialmente, com uma enorme frieza e sem uma palavra que fosse para os
adeptos; assim como algumas informações que iam chegando aos adeptos, deixavam
entender que os motivos da suspensão iam para lá da instabilidade federativa
(motivo, no mínimo, muito discutível para se acabar com uma modalidade com
tanta história) e da situação económica da altura, factores adiantados na data
como os motivos para o fim da modalidade.
Contudo, o primeiro sinal de que se poderia
estar realmente a pensar a modalidade a longo prazo surgiu quando Moncho Lopez
aceitou manter-se no clube, para dirigir todo o basquetebol do clube. Por essa
altura deu-se também a inscrição de uma equipa senior Dragon Force na CNB2,
equipa essa que seria constituída pelos jogadores da equipa de sub-20, que
passariam assim a competir em 2 escalões. Eram ainda sinais ténues e muitos
adeptos mantinham-se cépticos e críticos face à opção tomada.
É um facto que a CNB2 era uma
competição com equipas de qualidade muito limitada e a evolução dos jovens não
seria tão acentuada quanto desejado, mas o simples facto de existir uma equipa
senior do F.C. Porto em basket fazia os mais crentes acreditarem no regresso a
médio prazo.
No final da época surgiu outro
sinal de um trabalho de qualidade na formação, com a conquista do campeonato
nacional de sub-20 na casa do grande rival, mostrando que o futuro da
modalidade em Portugal pode muito bem ser azul e branco.
Mas foi no virar para a presente
época que surgiu o sinal mais importante de que este projecto é mesmo sério: a
inscrição da equipa Dragon Force na Proliga (2ª divisão nacional), a que se
juntou o regresso de Moncho Lopez ao comando técnico da equipa.
O conceito da equipa manteve-se,
sendo formada na sua grande maioria por jovens da formação e portugueses, sendo
o único estrangeiro o jovem espanhol de 18 anos Ferrán Ventura. Um bom exemplo
da juventude da equipa é o facto de quase todos os jogadores terem no máximo 20
anos, sendo o mais velho ainda um jovem com 24 anos, o regressado André Bessa.
E a verdade é que este início de
temporada tem mostrado que o trabalho tem sido bem feito. A equipa segue na
liderança da Proliga com 5 vitórias em 5 jogos, sempre com vantagens, no
mínimo, confortáveis. Entre esses encontros esteve a vitória esmagadora frente
à equipa B do Benfica, no Dragão Caixa, por 84-38, num encontro em que o
resultado até foi curto para o basket apresentado pelas duas equipas, e onde
ficou demonstrada uma enorme diferença de valores entre os jovens das duas
equipas.
No entanto, o grande teste desta
equipa, até ao momento, surgiu na Taça de Portugal, no confronto com a
Oliveirense, equipa do principal escalão nacional. No encontro disputado no
Caixa, os jovens dragões saíram vencedores por 116-110, no fim de 3
prolongamentos, num jogo louco e de uma qualidade enorme. A equipa portista
mostrou sempre uma defesa agressiva e um jogo exterior forte. Mesmo com alguns
contratempos ao longo do encontro, conseguiu sempre reagir e vencer um jogo
daqueles que fazem evoluir jogadores.
Foi uma demonstração de que esta
equipa se poderá bater a um nível mais elevado, mesmo sendo ainda um conjunto
com muito pouca experiência.
Para que tal possa acontecer,
chegando àquilo que se espera ser a etapa final deste projecto (regresso ao principal escalão nacional e consequente retorno do nome F.C. Porto para a
equipa) são necessários ainda alguns ajustes ao nível de plantel. Apesar da boa
resposta dada no teste mais exigente, falta a esta equipa mais que maturidade.
Em 1º lugar é necessária mais força nas
tabelas, um ou 2 jogadores interiores para ajudarem Miguel Queiroz nas batalhas
mais duras, alguém que faça o trabalho sujo. É também necessário outro tipo de
jogador para jogar mais afastado do cesto. A equipa tem uma enorme capacidade
para atirar de longe, mas, por vezes, abusa da tentativa de lançamento de 3
pontos, onde, por exemplo, Ferrán Ventura ou Pedro Bastos são exímios. Um
jogador que aposte mais nas penetrações, e que tenha outra capacidade física,
seria muito importante e potenciaria ainda mais os atiradores da equipa.
Com estas possíveis adições e
talvez mais um ou outro ajuste, esta equipa poderia competir com qualidade no
principal escalão do basquetebol nacional que, como se sabe, também já viveu
melhores dias. Pensar imediatamente no título será algo arrojado, mas imaginar
estes jovens mais maduros , com algumas (poucas) adições de peso e com um
treinador de nível mundial no comando a competir na Liga principal é algo animador
para qualquer portista amante da modalidade.
Ainda é demasiado cedo para falar
deste projecto como algo acabado. Apesar das reais razões para o afastamento do
basket serem demasiado discutíveis, também é verdade que esta era uma
modalidade cara no universo do clube (a mais cara das chamadas amadoras) e, ao
mesmo tempo, a que mais dificuldades o clube tem tido em obter uma hegemonia
como no andebol ou no hóquei. Como tal este recomeçar faz sentido, de forma a
ter uma equipa de basquetebol baseada essencialmente na formação, com os
consequentes menores custos e com a expectativa de um longo percurso de sucesso
desses jovens na equipa principal.
Mas tudo isto só fará realmente
sentido se a última etapa se concretizar.
Por: Eddie the Head
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