Por razões que poderão ter a ver com o próprio comportamento humano, na sua componente ou génese emotiva, social, mediática, intelectual, na intransigente justificação aguerrida e por vezes demasiado doentia, da proteção que tentamos sempre criar à nossa volta por cada uma das cores desportivas que defendemos, talvez esteja por aqui a matéria de facto que por vezes desencadeia conflitos desavindos, tomadas de posição totalmente antagónicas e algumas imperfeições na análise ou no juízo de valor, que tentamos demonstrar no confronto e no desenvolvimento de ideias a favor dos nossos clubes.
Um dos graves problemas que nos confrontamos é que quase sempre, não conseguimos saber despir a camisola do nosso clube ou instituição desportiva, nem que para isso tenhamos que evocar pontos de vista esfarrapados, fazer análises ambíguas sem substrato valorativo, ou mesmo saber discernir corretamente com a isenção que se impunha, situações iguais entre clubes diferentes, principalmente quando o nosso está na berlinda pela negativa, resultando daqui a interrogação legítima se de facto ambos os antagonistas estarão na presença das mesmas imagens.
Quer queiramos quer não, o futebol como fenómeno desportivo que é estará sempre sujeito a todas estas peripécias, todavia, entendo que para bem da própria modalidade, todos os seus agentes desportivos, dirigentes, treinadores, jogadores e a própria comunicação social, deveriam enveredar por uma conduta desportiva o mais isenta possível, por um lado denunciando o que lhes alvitre que não estará conforme com os seus legítimos interesses ou pontos de vista, no caso de um determinado clube ser prejudicado por erros grosseiros de arbitragem, mas também, de igual modo, não se deviam colocar numa posição autista nos casos em que são beneficiados nos resultados obtidos com os mesmos erros dos protagonistas do apito, pois não só ganhavam uma melhor imagem de marca no seio da família futebolística, como também, conquistavam o respeito e o direito próprio para denunciar com total naturalidade e legitimidade qualquer caso análogo a esta problemática.
Por outro lado, porventura, se fizermos um exercício de cálculo ou um levantamento exaustivo e isento de todos os casos grosseiros da arbitragem, talvez tivéssemos como resultado final uma contabilidade ou divisão aproximada de perdas e ganhos de pontos entre todos os clubes, mesmo sabendo de antemão, que ficarão só para memória futura os resultados finais dos jogos em detrimento dos resultados morais ou legítimos dos mesmos, o que traz ao futebol como modalidade rainha no nosso país e ao desporto em geral a sua parte de imprevisibilidade e espetacularidade que se lhe confere.
Se assim não o entenderem, convidava todos os leitores deste painel a tentarem por si, fazerem com a isenção que este levantamento de situações exige, sabendo despir a tal camisola que nos é bem quista, e depois se certificarem no final de cada ano futebolístico se tal corresponde à verdade ou não, antes de se pronunciarem ou fazerem juízos de valor antecipados a favor ou contra qualquer causa clubista.
Por: Natachas.
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