#Championsleague #FCPorto #FC Porto2-1Athletic Bilbao
Passam 72 horas e estamos de volta à acção.
Lopetegui
volta a mexer e arma uma equipa ofensiva na frente e com muito músculo e pouca
técnica atrás. E assim se preparam as bases de um jogo IO-IO com a bola mais
perto das grande áreas do que do grande círculo.
Valverde
tem outras ideias e arma uma equipa defensiva e expectante com um meio-campo de
destruição. Esse erro dá asas ao potencial ofensivo da equipa do Porto porque
não põe em causa as deficiências defensivas que um onze daquele formato sempre
tem associado.
Do
4-4-2 à Gabriel Alves e sem extremos o Porto passa para um 4-1-1-3-1 em que
Casemiro, joga à frente da defesa e Herrera é o médio.
O
3 da frente é móvel. Quintero joga entre a ala direita e o meio. Brahimi pode
fazer as 3 posições e Tello as 2 alas.
A
mobilidade deste trio da frente e a pouca vontade que o Bilbao tem de dividir o
jogo fazem com que a 1ª parte seja do Porto e que a magia de Quintero, a força
de Herrera e a velocidade de Tello criem oportunidades de golo suficientes para
que o Porto saia por cima na 1ª parte.
Ernesto
Valverde parecia não saber, ou não querer pagar para ver o ponto fraco deste
Porto de Lopetegui. Por isso, na 1ª parte não opta pela estratégia que Marco
Silva, Rui Vitória, Sérgio Conceição puseram em prática com o sucesso que se
sabe.
O
Porto não é pressionado na saída de bola, não é exposto à sua teimosia e com
maior qualidade individual no relvado faz a melhor 1ª parte da época.
Mesmo
assim, num dos constantes sprints que Casemiro faz para todo o lado e para toda
a parte o Bilbao tem espaço à entrada da área e Fabiano vê uma bola a bater no
poste.
Ficava
o aviso para a 2ª parte. Antes disso, Quintero abre o livro e Herrera mostra
que é um médio imprescindivel no Porto. Porque é dos poucos que dá intensidade
atrás e à frente e é o único com chegada e com golo. Evandro também seria, mas
parece contar pouco.
Já
Quintero mostra que é único no mundo. Tem 5 olhos e faz passes como se o
relvado fosse uma mesa de bilhar.
Na
2ª parte volta o pesadelo.
Valverde
põe o Bilbao a jogar como sempre. A perder obriga-se a ir para cima da grande
área adversária.
O
Porto, a ganhar, a empatar ou a perder joga sempre da mesma maneira desde
Fabiano. Teimosamente. Cabeça na
parede.
Sangra?
Não faz mal. Há-de curar e para a semana é novo dia.
Cabeça na parede
outra vez.
Doi?
Não faz mal. Com o hábito a dor há-de desaparecer e dias melhores virão.
Enquanto
isso é preciso ir treinando. Cabeça
na parede, cabeça na parede,
cabeça na parede.
Lopetegui
deve ter lido num livro, algures, que a persistência, o treino e o empenhamento
vencem qualquer obstáculo. Por isso, quando a parede cair as 6 ou 7 cabeças que
entretando tiverem tombado serão um sacrificio bom de pagar.
O
Bilbao tentou atacar. Tinha Benat e
tinha Muniain que são do melhor que os bascos têm para construir. Quando
perdiam a bola utilizaram o recurso habitual contra o Porto e que nos obriga a
suicidar em minutos. Parede à frente do meio-campo.
Estamos
à espera da vossa cabeça! Venha o sangue.
Fabiano
para Maicon, Maicon vê Danilo livre. Espera e olha para Indi. Arrepende-se e
bate para Danilo pouco importando se nessa altura já está à queima. A tarefa
que parece estar na cabeça de qualquer jogador do Porto é simples e pouco
colectiva.
O
meu papel é passar a bola para um companheiro.
Não posso perdê-la, não posso bater a bola frente. Passo bem e o meu
trabalho está feito.
Nas
cabeças de Maicon e Fabiano é clarinha como água esta ideia. Deixa de ser o
Porto-Bilbao e o “que é que temos que fazer” para ser o “meu papel na equipa” e
o “vou cumprir o meu”.
Ninguém
se importa de causar um problema ao companheiro se “cumprir o seu” e “não bater
a bola na frente.”
Parece
ser uma lógica colectiva de construção de jogo de futebol mas acaba por ser o
somatório de desafios individuais que cada jogador procura cumprir não
conseguindo e não querendo vendo mais além.
De
tanto bater com a cabeça o tradicional volta a ocorrer. Lopetegui poderá dizer
que Oliver, Brahimi, Ruben Neves, Casemiro, Herrera não batem com o lado certo
da cabeça.
São
erros individuais. É preciso persistir. Treinar. Melhorar. Com empenhamento.
A
parede há-de cair!
Entretanto
o andarilho de Casemiro não responde ao passe manhoso de Herrera e em vez de o
interceptar acompanha-o numa linha paralela.
Nasce
a cavalgada do Bilbao em direcção à baliza e a cavalgada de Maicon em direcção
à linha lateral. Dada a extrema velocidade de Maicon na sua corrida desenfreada
sabe-se lá para onde, Guillermo Fernandez tem a felicidade de o ver passar
antes de empurrar a bola para a rede.
A
cabeça sangrou outra vez. Que diabo, dirá Lopetegui. Será que não aprendem a
bater na Parede?
Para
além do harakiri tradicional, joga-se aqui um xadrez tactico. Lopetegui não
tira as mãos nos bolsos e fica a ver um Porto a ser dominado, a não conseguir
atravessar a parede e a estar em inferioridade numérica no meio-campo. Mais uma
vez.
Brahimi
de meias em baixo, Quintero a dar o que podia mas com tanque vazio e falta de
noção de como defender. Tello sem jogo.
Casemiro
num misto de Miguel Veloso na velocidade de reacção e de Javi Garcia na patada
assassina não estancava nada.
Herrera
não é um jogador inteligente. Dá outras coisas mas não sabedoria tactica.
Iturraspe,
Mikel Rico, Benat, Muniain, Susaeta tomaram conta de tudo. Lopetegui assiste a
ver no que dá.
Depois
de ver no que deu (cabeça a sangrar e o corpo a doer) mexe bem. Quintero já
estava desengatado para poupar gasosa. Carro desengatado só funciona nas
descidas.
Ruben
Neves dá imediatamente duas coisas que faltavam ao Porto. Inteligência tactica
e capacidade de passe.
A
substituição não é perfeita porque devia ter assumido de imediato a posição 6.
A
mudança de Lopetegui tem impacto imediato no jogo. Mascara de oxigénio. Não
interessa ter muita gente na frente se não se consegue sair. Tello começa a ter
mais bola e Brahimi passa a recebê-la onde deve.
O
público não vê que a equipa está a mudar e tenta sufocar a reacção da sua
própria equipa com assobios.
A
2ª substituição é mais emocional do que racional. Se o Porto estava a voltar a
controlar o jogo era fundamental não voltar a partir a equipa. Lopetegui não
pensa assim e dá o Mantorras do Porto ao Coliseu do Dragão. Quem deveria ter
entrado naquela circunstância era Oliver.
O
talento faz com que a irracionalidade prevaleça. Talento e determinação de
Danilo que varre pela 35ª vez a ala direita e cruza demasiado longo. Talento de
Brahimi que segura a bola, parte para cima, tabela com Quaresma e desmarca a
seguir dando o espaço que o 7 do Porto precisava. Aí, surge o talento de Quaresma
e um remate forte mas à figura de Iraizoz.
Dizem
que a fé move montanhas mas por vezes basta paralisar um par de braços.
O
estádio vai abaixo e a irracionalidade triunfa. Tanto, que hoje já deu para
perceber que para o Mundo que vê e acompanha o futebol o grande problema de
Lopetegui é não ouvir o Coliseu do Dragão que exige o seu Mantorras.
A
parede não parece ser problema. O meio-campo desorganizado e desposicionado são
peanars.
Para
toda a Comunicação que vê e acompanha o futebol basta que Lopetegui ouça o
público e lhes dê os seus herois.
Com
papas e bolos se enganam os tolos. Pelo que deu para ver ontem há muitos tolos
que a gostam de comer.
Se
quem não é tolo embarcar nesta suposta guerra Quaresma/Lopetegui vamos ter mais
noites como a de ontem.
Quando
Lopetegui errar será assobiado. Quando corrigir a mão (Ruben Neves por
Quintero) será assobiado. Será sempre assobiado enquanto não devolver a
chupeta.
Se
os portistas não puserem a mão nisto, a SAD terá que pôr em Janeiro e dar paz
ao seu treinador. Só assim chegaremos lá.
Fabiano : Treme
mas não cai. Uma saída extemporânea que Alex Sandro resolve. Uma saída a punhos
desastrosa que revela impaciência e falta de comunicação.
No
final do dia o Porto ganha 2-1 e Fabiano segura um cabeceamento de Laporte que
lhe queria fugir pelas pernas e Iraizoz deixa fugir pelas mãos o 2.º golo do
Porto.
No
balanço o Porto não se pode queixar mas as dúvidas ficam.
Danilo: Está
2 patamares acima de toda a equipa. Saíram Lucho, Fernando, Mangala, Otamendi,
Moutinho. Todos os jogadores que lideravam dentro e/ou fora de campo deixaram o
clube. Danilo olhou para o balneário que ficou e percebeu que era hora de dar
um passo em frente.
Agora
Danilo joga com cara de poucos amigos. As sobrancelhas estão sempre debaixo dos
olhos. O foco é total.
Agora
Danilo perde o medo de sprintar. Sprinta para a frente com a noção que o seu
pulmão tem responsabilidade de sprintar para trás.
Cavalga,
pressiona, dobra, briga. Capitão sem braçadeira. Jogador à Porto.
Maicon: Central de
Playstation. Quem não é muito hábil no FIFA ou no PES tem dificuldade em
acertar o posicionamento dos defesas. Nas primeiras experiências eles seguem
sempre em frente.
Maicon
é a primeira experiência de um jogador TOTÓ de PES. Vem um avançado e para
passar Maicon basta parar e deixá-lo seguir lá para onde ele vai. Ou para, ou
dá um toque para uma direcção oposta à do careca.
Para
além das correrias para fora do estádio, somou os passes na queima e as
peitaças a amortecer a bola para o contra-ataque adversário.
Bruno Martins Indi: Se
a bola está nos pés dele eu fico mais descansado. Se é ele e não Maicon que sai
à dobra eu fico mais descansado. Se é ele e não o Maicon que disputa a bola com
o adversário eu fico mais descansado.
Martins
Indi não tem descanso. Com o Maicon
pavoroso que temos visto o “faz o teu” não basta.
Infelizmente
tem que perceber que o relvado tem marcações. Tem que ter noção onde fica a
grande área e que há coisas que se fazem fora que não se fazem dentro ou à
entrada.
Alex Sandro: Fez
um jogo à Danilo de há 2 anos. Sóbrio, seguro e sério. Não vimos o melhor de
Alex mas deu o que a equipa precisava. Precisa de confiança e trabalhar em cima
da seriedade de ontem. Bom jogo.
Casemiro: Outro
boneco de Playstation.
Não
para quieto, não sabe estar quieto mas joga numa posição onde saber estar
quieto é importante.
Não
tem cabeça, varre os adversários a pontapé e parece orgulhar-se dessa patética
agressividade.
Como
não para quieto, não tem cabeça e os seus reflexos não estão no ponto acaba por
ser uma bomba relógio tactica e emocional para a equipa.
Não
discuto as qualidades de Casemiro porque sei que elas existem mas Lopetegui tem
que pôr mão nele.
Herrera: Quando
Hector Herrera é o elemento mais cerebral do meio-campo central algo de mal vai
no reino do Dragão. Nos últimos 2 jogos foi isso que se passou.
Herrera
dá e pode dar força, arranques, desequilibrios ofensivos mas não poderá ser ele
a ter que ser os olhos e os pés da equipa.
Para
o motor Herrera voar precisa de quem o ampare.
Bom
golo e meia-culpa no lance do 1-1.
Quintero: É
mágico. Dentro daquela fábrica, passes do estilo Deco para Aleinitchev na final
de Sevilha têm stock ilimitado. O desafio de Lopetegui é conjugar esse génio
inventivo único no Mundo com o curto depósito de gasolina e a falta de noção
tactica no capitulo defensivo.
Ou
conjuga tudo ou arranja forma da equipa acomodar os defeitos para ter a benção
inventiva em campo.
Brahimi: Já
lhe tirei a pinta. Não deve jogar no meio. Não pode mesmo jogar mais atrás.
Brahimi
joga sempre da mesma forma. Nunca faz aquele passe óbvio que toda a gente vê e
pede. Ele também vê mas acha demasiado barato vender a bola por tão pouco.
Tem
sempre que rodar, fazer a finta, proteger a bola, tentar arrancar.
Se
Brahimi parte atrás, os adversários (que não se chamam Martins Indis) podem ser
mais duros na marcação. Bater mais porque uma falta a 40 metros não é tão grave
como se for dentro ou à entrada da área.
Se
Brahimi parte atrás o risco de perder a bola num dos lances estilo Braga é
maior.
Se
recebe à frente, todo o arranque gera o caos na defesa. Como é muito dificil
tirar-lhe a bola e como o argelino a protege bem o perigo em bola corrida ou
possibilidade de bola parada é grande.
Na
2ª parte, depois da saída de Quintero e mesmo com as meias em baixo está no
lance do golo e inventa outro que Jackson falha.
Tem
que ser avançado. Indiscutivel à frente.
Tello: Sempre
em excesso de velocidade. O Porto tem no plantel varios jogadores únicos. Não
conheço muitos que sejam tão velozes e que, fruto dessa arma, tenham grandes
hipóteses de ultrapassar o adversário desde que tenham relvado para pôr a bola
na frente.
O
problema: É medíocre na finalização. Sabe passar, sabe correr, sabe mudar de
rota embora o faça sempre de forma linear (horizontal, vertical, diagonal) e
sem curvas.
Parece
saber cruzar (ver jogo de Lille) mas não sabe assistir e tem pânico quando
percebe que tem que rematar.
O
egoismo não é induzido pelo egocentrismo habitual mas pela noção das
deficiências que tem.
Se
Lopetegui conseguir fazer evoluir este menino....JESUS!!
Jackson: Fraco.
O caudal de jogo nestes 90 minutos foi muito superior ao habitual. Cabia a
Jackson capitalizar esse invulgar número de oportunidades.
Falhou
demasiadas vezes na cara do golo. O resto do trabalho e do envolvimento com a
equipa, desta vez, não serve para compensar porque a equipa deu-lhe o que
raramente lhe dá.
Ruben Neves: Fundamental.
Na cabeça de grande parte dos portistas já pensa em Ruben Neves como alguém de
que precisamos e não de alguém que queremos ver.
Eu
já não o vejo pela idade, pela nacionalidade ou pela formação. Já não lhe quero
dar uma oportunidade. Quero só que ele me ajude.
Quando
se passa esta fronteira da generosidade sentimentalona para a da necessidade
racional podemos dizer que estamos perante um pequeno fenomeno em construção.
Quaresma: Não
é manco. Pode jogar mais do que 15 minutos. Tem qualidade suficiente para jogar
na equipa do Porto. Para estar no plantel e ser útil como neste jogo com o
Bilbao.
O
facto de estar a ser tratado pelo adepto portista como um Mantorras e pela
comunicação social portuguesa como um Messi vai acabar por tornar irrelevante o
que escrevi acima.
Define
bem, cruza bem. Se se agarrar a isto e não alimentar este suposto braço de
ferro com Lopetegui que está a partir o Porto ao meio o define/cruza será
importante em 2014/15.
Se
achar e alimentar a ideia que é Messi e que Tello tem que sentar como fazia há
1 ano e que é Madjer e que Brahimi tem que sentar é fundamental que Pinto da
Costa faça alguma coisa em Janeiro de 2015.
Oliver: Entrou
muito tarde. Não é do Porto, não se formou no Porto e não diz que ama o Porto
mas correu o campo de uma ponta a outra nos escassos minutos que lhe deu
Lopetegui.
Ficha de Jogo:
UEFA Champions League, Grupo H, 3.ª jornada
Terça-feira, 21 Outubro 2014 - 19:45
Estádio: Dragão, Porto
Árbitro: Damir Skomina (Eslovénia).
Assistentes: Jure Praprotnik e Robert Vukan; Slavko Vinčić e Roberto Ponis (adicionais).
Quarto Árbitro: Manuel Vidali.
FC Porto: Fabiano, Danilo, Maicon, Martins Indi, Alex Sandro, Casemiro (Quaresma, 71), Herrera, Brahimi, Quintero ( Rúben Neves, 64), Jackson Martínez, Tello (Óliver Torres, 82).
Suplentes: Andrés Fernández, Marcano, , Adrián López, Aboubakar.
Treinador: Julen Lopetegui.
Atheletic Bilbao: Iraizoz, De Marcos, Etxeita, Laporte, Balenziaga, San José (Beñat, 45), Iturraspe, Rico (Gurpegui, 73), Guillermo Fernández, Aduriz (Muniain, 45), Susaeta.
Suplentes: Herrerín, Aurtenetxe, Iraola, Viguera.
Treinador: Ernesto Valverde.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Herrera (45'), Guillermo Fernández (58'), Quaresma (75').
Disciplina: Maicon (22'), San José (29'), Danilo (59'), Susaeta (59'), Rico (65'), Gurpegi (86').
Por: Walter Casagrande
1 comentário:
Como sempre, depois de ler as tuas análises, fico sem nada a acrescentar. Brilhante!
No início da época, quando estava para se decidir o Capitao, pensei que a Danilo ficaria tao bem a bracadeira como um dia ficou, apesar das minhas expectativas negativas ao Hélton - que cresceu nao só como companheiro, como também como guarda-redes (aí está o Porto vs. Adversário ou o meu trabalho tá feito...ai o colectivo!...). e ontem há um daqueles lances em que ele faz uma cara de mau e que pensei exactamente nisto! mas pronto, é muito investimento para reaver, a ver quanto tempo mais contaremos com ele (Barca ataca?)...
Saudacoes Portistas!
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