domingo, 26 de outubro de 2014

1ª Liga; 8ª Jornada; FC Arouca 0 - 5 FC Porto: RESPIRAR

#FCPorto #Arouca #JacksonMartines



O jogo de hoje deu espaço para a equipa respirar. Finalmente.

Tem sido um inicio de época sempre duro.

Este foi o 14.º jogo e os primeiros 13 foram sempre jogos de tensão e stress.

2 jogos com o Sporting, 5 jogos de Champions, 1 jogo com o Braga, 1 jogo em Guimarães.

Os 4 de grau de dificuldade mais reduzido complicaram-se de uma forma ou de outra. A visita a Paços de Ferreira, o catennacio de xadrez, a tensão do 1.º jogo de campeonato só resolvida no final da partida e o Moreirense que aguentou mais de 1 hora o 0-0.

Nós, portugueses, não estamos habituados a ter uma sequência de jogos tão nervosos em que tudo se parece jogar em pequenos pormenores.

Hoje foi importante respirar. Deu gosto olhar para o banco, para os adeptos e para as caras dos jogadores e ver que todos nós precisavamos disto.

Pedro Emanuel ajudou-nos a dar esse oxigénio. O Arouca jogou à Arouca contra equipa grande sem ligar muito à especificidade da equipa grande que ia encontrar pela frente.

Se o bloco baixo resultou, travou e fez desesperar Braga, Sporting e até Benfica (aos 74 minutos estava 0-0) então este é o nosso modelo. Em equipa que trava grande não se mexe.

O Porto joga com a mesma configuração tactica de 3ª feira apenas com uma alteração nos interpretes: Marcano por Maicon.

O jogo começa algo nervoso pelo nosso lado. Os nervos tinham pouca razão de ser porque o Arouca, deliberadamente, dava espaço para Casemiro, Herrera e a zona defensiva trocar a bola.

Como o Karma é tramado Marcano resolve dar o brinde habitual, desta vez sem que o opositor estivesse a fazer grande pressão. Aí Fabiano mostra o que é redes de equipa grande.

O Porto recompõe-se e como o Arouca deixa que se chegue com facilidade ao seu meio-campo defensivo surge a oportunidade de ver  o jogo interior do Porto a funcionar.

Herrera ao encontrão, Brahimi mais por dentro e Quintero com a batuta. O relvado do Arouca protege blocos mais altos. Dificilmente uma transição ofensiva rápida consegue ganhar metros porque a bola rola pior e mais dificil é sprintar.

O Porto invade e tricota à entrada da área. Jackson desce um par de metros e mostra como um Ponta de Lança longe da grande área pode ser participativo, descomplicar e oxigenar o jogo ofensivo de uma equipa.

Tudo isto podia ser filosofia se não existisse Quintero. Ter meia distância é fundamental para o jogo ofensivo de qualquer equipa. O golo tem laivos de sorte mas a sorte parece ser vizinha de porta de certos génios da bola.

As deambulações e trocas posicionais de Brahimi e Quintero parecem desestabilizar o adversário. Foi assim 3ª feira e é assim hoje. Tello fica lá no seu mundo e Herrera tem que sair do seu mundo para que tudo funcione. Ter tanto talento em espaços tão curtos faz com que os coelhos possam sair com facilidade, mesmo sem cartola.

Baliú deixa Brahimi virar e adeus. Jackson faz o movimento e empurra para o 2.º golo.

Só está 2-0 mas a equipa já se soltou. Sente que merece respirar, que já chega de conduzir sem poupar combustível e liberta-se. Num canto Casemiro mostra que é perigoso no jogo aéreo e o 3-0 já lá canta.

A história da 2ª parte é a da liberdade que a equipa merece. Fabiano e Quaresma somam pontos e Aboubakar marca o ponto.

Lopetegui teve o descanso que merecia e Pedro Emanuel pagou o preço que custou muitas preocupações ao basco.

Um jogo joga-se com os pontos fortes e fracos próprios mas jamais se deve deixar de olhar para o adversário e ser demasiado umbiguista.

Dar meio-relvado de barato ao Porto deu descanso ao terror de construção e deixou que os talentos ofensivos semeassem o pânico no meio-relvado que sobrou.

Já merecíamos respirar.



Análises Individuais

Fabiano – Na primeira parte fez uma grande defesa que impediu que o dia de respiro fosse adiado para o futuro.
Na 2ª parte mostrou a Roberto que sabe jogar com as mãos e com os pés.
Começou a época com uma titularidade à Artur e uma espada em cima da cabeça. Ao primeiro frango arrumaria.
Está a caminhar para a titularidade à Patricio em que não há frango que o tire da capoeira.

Danilo  - A imagem do jogo é vê-lo no fim dos 90 minutos, com a cara de quem tinha empatado 0-0, já sem camisola mas com a braçadeira.
Fez um jogo competente e sério e teve no braço algo que merece há muito.

Bruno Martins Indi  - É, ou parece ser, o melhor central do Porto. Teria sido um jogo ao nivel habitual se não fosse ultrapassado à Playstation num lance que fez lembrar o golo do Bilbao.
Aí valeu-lhe Marcano na dobra.

Marcano  - Nos primeiros 10 minutos parecia querer levar a equipa para os maus caminhos mas Fabiano salvou-lhe a face. Recompôs-se, a equipa brilhou na frente e a imagem que ficou no fim não foi tão baça.

Alex Sandro – Para além de seguro atrás, na 1ª parte fez parte do carrossel Quintero, Brahimi para a condução do jogo pela ala esquerda.  Na 2ª parte esteve mais pela defesa e teve tempo para desligar o botão de concentração e criar perigo para a sua baliza com 2 passes disparatados.
Precisa de mais rodagem e menos rotatitividade. Minutos para ganhar embalo e chegar ao melhor nivel.

Casemiro – Deixou de querer ser protagonista e foi à flash no fim do jogo. Eis a prova de que menos é mais. Disputou menos bolas mas ficou mais vezes entre o adversário e a baliza ou a linha de passe. Médio defensivo não tem que ir sempre à luta. Basta que dê tempo aos seus companheiros para recuperar ou lhes dê descanso para desequilibrar lá à frente.
Tem que aproveitar a boa onda da chamada ao escrete, estabilizar emocionalmente e melhorar a agilidade.
Bom golo e bom jogo.

Herrera – Na fase mais complicada do jogo foi dos melhores do Porto. No transporte de bola, na pressão defensiva e na parceria com o Quintero.
Depois, quando todos se soltaram, baixou a rotação e teve um jogo mais calmo e de menor brilhantismo. Podia ter marcado um golo mas não foi prático e tentou sempre uma finta a mais.

 Quintero – Que saudades de um golo de fora da área sem ser de bola parada. Quando o pequeno génio joga sabemos que vai haver coelhos no ataque e tocas (buracos) na defesa.
Até agora os coelhos que têm saído da cartola compensam as tocas. Remates, passes de morte, combinações. Tudo.
Lopetegui gosta de jogadores bons de bola e Quintero tem tido mais minutos sequenciais do que teve desde que cá chegou.
Se a equipa acomodar a sua fragilidade defensiva ou se Quintero conseguir pôr uma pitada de intensidade adicional será incontornável no 11.

Brahimi – Quando Quintero é titular Brahimi sente-se como aquele português que está na China e ouve a sua língua mãe. Uma alegria, uma proximidade de quem sabe que aquele individuo tem com ele uma afinidade especial. Falam a mesma lingua, jogam o mesmo jogo e compreendem-se.
Na 1ª fase do jogo Brahimi ainda mostrou ao seu “compatriota” que domina outro dialecto. Foi dos melhores na pressão alta. Ele e Jackson.
Inventou um golo, semeou o pânico e sabe ser todo o terreno. Ajudar na defesa, desequilibrar no ataque e brilhar em tapetes ou batatais.

Jackson – A primeira parte de Jackson é um tratado. Até ao desbloquear do jogo descendo uns metros e jogando, pressionando e fazendo jogar. Depois, foi sempre incansável no esforço, insuperável na classe e matador na área. Grande jogo.

Tello –Quando o perfil do jogo é antipático para o Porto é simpático para Tello. Quando Sporting e Braga sobem o bloco e fazem pressão alta há metros para correr e Tello está nas suas sete quintas se fosse aposta do colectivo.
Quando o perfil do jogo é simpático para o Porto,  como hoje, Tello tem a linha de fundo mais perto e fica com menos possibilidades de explorar as 6 velocidades da sua caixa.
Esteve ausente mas conseguiu fazer 2 assistências para o golo o que impede que se diga que não cumpriu.


Quaresma – Deu-se mais ao jogo que Tello e aproveitou os minutos que Lopetegui lhe deu, o cansaço dos criativos do Porto e o desânimo da defesa do Arouca para marcar pontos.
Bons pormenores que culminam na tabela longa com Aboubakar.

Aboubakar – Cada minutinho que lhe cai nos braços é tratado como ouro.
Bate à porta da titularidade no trio da frente.
Bate porque pode jogar em qualquer lado. Bate porque pode substituir Tello e o Porto não perder velocidade. Bate porque pode fazer o que o Lopetegui já tentou fazer com Adrian.
Bate, porque se a rotatividade é para manter merece mais minutos.

 Adrian –Tinha espaço no ataque mas pouco tempo para brilhar. Não deu para muito.


Ficha de jogo:

1ª Liga; 8ª Jornada
FC Arouca 0 - 5 FC Porto
Sábado, 25 Outubro 2014 - 20:15
Competição: Primeira Liga
Estádio: Estádio Municipal de Arouca (TV: SportTV 1)

Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)
Assistentes: Nuno Pereira e Miguel Aguilar
Quarto Árbitro: André Moreira 

Arouca: Mauro Goicoechea;Iván Balliu, Diego Galo, Nuno Coelho, Luís Tinoco; Nelsinho (Rui Sampaio, 45), Bruno Amaro, David Simão; Artur Moreira (Nildo, 68), André Claro (Roberto, 45), Pintassilgo.     
Suplentes não utilizados: Rui Sacramento, Miguel Oliveira, Hugo Monteiro, Diallo
Treinador: Pedro Emanuel

FC Porto: Fabiano; Danilo, Marcano, Martins Indi, Alex Sandro; Casemiro, Herrera, Quintero (Adrian, 81); Cristian Tello (Quaresma, 61), Jackson Martínez (cap.) (Aboubakar, 75), Brahimi
Suplentes não utilizados: Andrés, Maicon, Rúben Neves e Oliver.
Treinador: Lopetegui

Disciplina: Cartões amaralos para Indi e Casemiro do lado do FC Porto e Baliu, Pintassilgo, Simão e Bruno Amaro do lado do Arouca.
Marcadores: Quintero (24), Jackson Martínez (26), Casemiro (39), Jackson Martínez (60) e Aboubakar (87')  


Por: Walter Casagrande

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