quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

V. Setúbal 0 - 3 FC Porto (Por Breogán)


Ele há cada um!






É daqueles jogos em que não há muito a discutir. Vencemos bem, sem margem para dúvidas. Somamos três pontos e seguimos na linha do nosso objectivo. Mantemos a pressão sobre quem não nos quer ver no topo. Mas estamos lá.







É, pois, um jogo que nos deixa um sorriso, mas poucas memórias. Mais um daqueles jogos que se faz no percurso para ser campeão. Mais eficaz que brilhante. Mais duro que espectacular.

Nada que já não fosse esperado. Muitas eram as baixas para este jogo. Lesionados, castigados, ausentes em compromissos internacionais e, até, impedidos pelos meandros regulamentares. Acrescenta-se ainda um terreno de jogo pesado (mas praticável, ao contrário da primeira tentativa em Setúbal) e um adversário que vinha esmagado de Braga. Polvilhe-se com o efeito José Mota, uma forma requentada do futebol trauliteiro à Pacheco e temos um jogo que é tudo menos um mimo para os olhos.

Ainda assim, e no meio de tanto nó para desatar, ganhamos o jogo no banco e com algumas exibições individuais brilhantes. Não dá para pedir mais!

Vítor Pereira inicia o encontro com uma alteração no onze inicial. Fernando sai do onze por castigo, recuando Defour para a sua posição. Na ala, Vítor Pereira coloca Kelvin, dando uma nova oportunidade ao jovem jogador.

O jogo começa, uma vez mais, com um FC Porto forte e a procurar a baliza contrária. A pressão do FC Porto é intensa e o Vitória de Setúbal tem dificuldades em sair a jogar. Aos 7 minutos, a pressão alta do FC Porto dá frutos. Alex Sandro rouba a bola a Pedro Santos, apanhando o Vitória de Setúbal no início da transição ofensiva. Rapidamente, liberta para Varela que ataca a área sadina. Em desespero, Pedro Santos carrega Varela, originando um penalti a favor do FC Porto. Jackson, implacável, cobra o penalti com classe e coloca o FC Porto a vencer.

Dois minutos depois, Kelvin esbanja uma boa oportunidade para aumentar a vantagem. Desta vez, é um lance de construção no meio campo sadino. Varela abre na direita para Lucho que beneficia da fífia de Nélson Pedroso. O capitão avança sobre a área do Vitória de Setúbal e coloca uma bola perfeita na desmarcação de Kelvin. Sozinho e de frente para a baliza, Kelvin permite a defesa a Kieszek. Que perdida!
O Vitória de Setúbal acorda e começa a subir as suas linhas a meio campo. O FC Porto passa a ter maiores dificuldades de controlo do jogo a meio campo, sobretudo, pelo constante recuo de Defour para a zona dos centrais. Esse espaço a meio campo é bem aproveitado por Bruno Amaro para lançar os contra-ataques do Vitória de Setúbal. O primeiro aviso é lançado por Meyong, ao minuto 21, mas Mangala aguenta bem a posição e corta o lance. Três minutos depois e novo duelo. Desta feita, Meyong aproveita melhor a vantagem que tem no lance, foge a Otamendi e enfrenta Mangala. Apesar da boa réplica dada pelo francês, Meyong atira à baliza, mas desviado.

A resposta do FC Porto é imediata. Defour leva a bola de área a área e passa para Moutinho. Já na área sadina, o médio portista finta dois defesas do Vitória de Setúbal, mas não evita a boa defesa de Kieszek para canto. No canto, cobrança tensa de Moutinho, desvio de Jackson ao primeiro poste e Otamendi, isolado ao segundo poste, a atirar por cima com a baliza à sua mercê. Incrível! Duas oportunidades goradas de tranquilizar o jogo.





O Vitória de Setúbal volta a animar e com um jogo bastante duro, força a linha média do FC Porto a recuar. Bruno Amaro volta a ter tempo e espaço para distribuir jogo e Defour, de novo, demasiado encostado aos centrais. Até ao intervalo, o Vitória de Setúbal seria a única equipa a criar perigo e por duas vezes. Aos 33 minutos, Paulo Tavares chuta com perigo num pontapé de ressaca. Aos 37 minutos, Jorginho avança pelo flanco e cruza para Meyong, com Danilo, na dobra aos centrais, a cortar no último momento.






O FC Porto precisava de mudar para assegurar os três pontos. Precisava de mais presença nas laterais e mais dinâmica no meio campo.

Vítor Pereira introduz uma substituição ao intervalo. Retira Kelvin, perdido entre pantufadas e um futebol que ainda não se compadece com fintas a mais, e coloca em campo Maicon. O que, à partida, parece uma substituição demasiado defensiva é, no entanto, uma substituição que permite à equipa solidificar os seus processos e adaptar-se melhor ao adversário e ao terreno de jogo. Com a entrada de Maicon para central, Mangala é desviado para defesa esquerdo, subindo Alex Sandro para extremo. Também Danilo pode aparecer mais vezes no auxílio à linha média, já que a presença de três centrais distribuídos pela linha defensiva (um deles a lateral) permite maior liberdade ao lateral direito.

O FC Porto entra mais seguro e mais confiante na saída de bola. Até Defour melhora o rendimento, o que acaba por abafar a distribuição de jogo que Bruno Amaro vinha fazendo na linha média do Vitória de Setúbal.

Três minutos após o recomeço, o FC Porto tem nova oportunidade de dilatar a vantagem. Livre bem cobrado por Moutinho, com Maicon a falhar o desvio por milímetros. Dois minutos, Alex Sandro serve Jackson, mas Kieszek tira a bola ao avançado do FC Porto. Mais dois minutos jogados e Danilo cruza tenso para a área, embora ligeiramente atrasado. Jackson corresponde ao centro, mas não está em posição favorável face ao centro para fazer o desvio correcto. Os sintomas, no entanto, são muito positivos. O Vitória de Setúbal não passa a linha de meio campo e o FC Porto mostra amplitude no seu ataque.

O afundar do futebol ofensivo do Vitória de Setúbal foi de tal forma profundo, que teve de ser o FC Porto a criar a única oportunidade de golo para o Vitória de Setúbal na segunda parte. Após um passe de Mangala para Helton, o guarda-redes portista decide abusar da sorte. Entre tropeções, fintas, calafrios e ranger de dentes…lá se desfaz da bola como se de nada fosse. Haja coração.

Passado o momento circense da noite, o FC Porto volta ao pleno controlo da partida. Aos 70 minutos, Vítor Pereira troca Varela por Sebá. Cinco minutos depois, Lucho faz uma grande abertura para Jackson, mas este tropeça na bola já na área sadina, passando o perigo.

Aos 80 minutos, surge a factura do futebol trauliteiro à José Mota, com a primeira expulsão para jogadores do Vitória de Setúbal. Gallo é expulso por acumulação de amarelos, após ter-se safado à primeira com uma entrada bárbara sobre Moutinho. Cinco minutos depois, segue-lhe o exemplo Jorginho, após reprovação na arte dramática de bem fingir um penalti.

O Vitória de Setúbal desmoronou-se e só se pode queixar de si próprio. Um minuto depois da segunda expulsão, o FC Porto chega ao 0-2. Recuperação e cavalgada de Mangala desde o flanco esquerdo. Combinação com Jackson que, de calcanhar, serve Mangala já na área sadina. O Francês ganha posição na área e serve Jackson. O resto foi pura classe do Cha-Cha-Cha. Puxada para o pé certo, finta curta sobre o seu marcador e remate em arco para a rede.






Até final, tempo para mais uma assistência de Mangala. Ao minuto 91, Mangala com um passe longo e rasteiro serve na perfeição a diagonal de Lucho. Já na área, bastou desviar de Kieszek para o 0-3. E, assim, acabaria o jogo.







Trabalho de casa feito. Jogo muito complicado de embrulhar, mas feito com preceito. Para os vindouros teremos mais soluções e mais qualidade. Mas os campeonatos também se ganham nestes jogos e é bom recordar que as equipas ganham-se mais sobre suor que sobre goleadas.

Como anedota final, José Mota. Aquele para quem não interessa se o penalti a favor do FC Porto existiu ou não. Simplesmente, não deveria ser marcado. Contra as suas equipas o primeiro golo nunca pode ser de penalti.

Ele há cada um!


Análises Individuais:

Helton – Seguro nos raides de Meyong. Aos 55 minutos, decide agitar o jogo e testar os rins a três jogadores do Vitória de Setúbal. Loucura.

Danilo – Mais um jogo em que fica a sensação que poderia dar mais. Falta-lhe confiança para ser um jogador mais produtivo.

Alex Sandro – Mais um grande jogo para a colecção. Brilhante a defesa-esquerdo e desconcertante a extremo. Este não engana.

Otamendi – Mais um jogo infestado de fífias com uma boa mescla de cortes de grande qualidade. Deixar fugir um Meyong que já só corre para Angola é demais. Tivesse eu 10 euros por cada golo que falha de baliza aberta!

Mangala – O melhor em campo. Muito bem a aguentar os raides do Meyong. Nunca foi à queima e aguentou. Num dos lances, ganhou o duelo. No outro, perdeu, mas foi humilde. Percebeu que a sua derrota era a vitória da equipa. Só um super remate de Meyong é que desfeitearia Helton. Quando passa para defesa esquerdo desata a jogar futebol que é uma barbaridade. Sai de campo com uma assistência!

Defour – O retono a 6 não correu nada bem. Muito distante de Moutinho e demasiado agarrado aos centrais. De positivo, o seu lance para Moutinho na primeira parte e uma segunda parte em crescendo.

Moutinho – Sentiu a falta de Fernando e teve que recuar. Passou uma parte do jogo a tentar controlar Bruno Amaro. Na segunda parte, jogou mais adiantado e a equipa circulou melhor a bola a meio campo.

Lucho – Mais um grande jogo no plano ofensivo. Sempre oportuno e sempre com um passe teleguiado. Um bom Lucho para assumir a batuta ofensiva da equipa e justamente premiado com um golo.

Varela – Boa entrada em jogo, com as suas movimentações a serem determinantes na entrada em jogo do FC Porto. Após essa entrada, a sua produtividade desceu muito, embora nunca tenha virado a cara a uma disputa de bola.

Kelvin – Alguns bons detalhes, mas sem consistência. Deixou-se abater pelo golo que falhou e não mais se encontrou. Até teve um arranque de jogo bem bom, mas só com tempo e oportunidades é que vai crescer.

Jackson – Que mais escrever? É um grande jogador e já leva 14 golos. O segundo golo é tudo o que Jackson é. Ali está a sua definição. Matador e super jogador.


Maicon – Entrou bem no jogo e quase que marcava logo no início da segunda parte. Volta a bater à porta da titularidade.

Sebá – Não trouxe nada de produtivo. Mostrou vontade.

Castro – Defour já não tinha fôlego.



FICHA DE JOGO:

Vitória de Setúbal-FC Porto, 0-3
Liga portuguesa, 12.ª jornada
23 de Janeiro de 2013
Estádio do Bonfim, em Setúbal

Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)
Assistentes: Tiago Trigo e André Campos
Quarto árbitro: Hélder Malheiro

VITÓRIA DE SETÚBAL: Kieszek; Pedro Queirós, Miguel Lourenço, Jorge Luiz e Nélson Pedroso; Paulo Tavares, Bruno Amaro (cap.) e Bruno Turco; Jorginho, Meyong e Pedro Santos
Substituições: Pedro Santos por Cristiano (60m), Paulo Tavares por Bruno Gallo (70m) e Meyong por Bruninho (88m)
Não utilizados: Caleb, Amoreirinha, José Pedro e Ney Santos
Treinador: José Mota

FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Defour, João Moutinho e Lucho (cap.); Kelvin, Jackson e Varela
Substituições: Kelvin por Maicon (intervalo), Varela por Sebá (70m) e Defour por Castro (81m)
Não utilizados: Fabiano, Quiño, Abdoulaye e Tozé
Treinador: Vítor Pereira

Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Jackson Martínez (9m, pen., e 86m) e Lucho (90m+1)
Cartões amarelos: Miguel Lourenço (8m), Jorginho (31m e 84m), João Moutinho (34m), Cristiano (64m) e Bruno Gallo (75m e 78m)
Cartões vermelhos: Bruno Gallo (78m, por acumulação de amarelos) e Jorginho (84m, por acumulação de amarelos)





Por: Breogán

4 comentários:

Douro disse...

Mais um excelente comentário do Breogan ao jogo.

Sentiu-se ontem de facto a falta do Fernando.

Kelvin,emprestado a um bom clube da 1ªdivisão era má ideia ?

Breogan, o que vale aquele jovem trinco nigeriano (?) do Portimonense?

Anónimo disse...

Vitoria merecida.
O Kelvin deveria ter apresentado mais qualquer coisa.

Anónimo disse...

Antes de mais parabéns pelo excelente blog!!!

Acho que a segunda assistência atribuida ao Mangala é do Alex Sandro

Breogán disse...

Agradeço a rectificação. É, de facto, Alex Sandro quem faz a assistência para o terceiro golo do FC Porto.
Aliás, grande passe!
O rapaz está em excelente forma.

Quanto às questões colocadas pelo Douro.

Não creio que novo empréstimo vá valorar o Kelvin. Somar mais minutos e mais responsabilidade no FC Porto é o caminho a seguir. A equipa B é também uma boa plataforma para intercalar esses momentos de crescimento no plantel A com períodos de maior utilização na equipa B.

Quanto ao Wakaso, é um jogador de muita disponibilidade física, mas não creio que tenha potencial para muito mais.

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