Dá empate, “pode ser”?
A questão que fica após o jogo é
como digerir este empate? Deu empate, pode ser?!
Mais que “pode ser”, tem que ser!
Mais que um jogo de campeonato, este jogo foi um rebuçado. Um rebuçado do Vítor
Pereira (não o nosso!) para aquele que “tinha de ser” pudesse bater continência
ao terceiro anel.
Longos anos de serviço merecem uma despedida assim. Mais um
Lucílio que se despede, mais um bravo do regime que se vai. Outros virão, já
sabemos. Aliás, são bem apreciados são os jovens árbitros pelos lados da luz.
Pudera! Já são aprendizes destas manhas. Aqueles que por temor e canina
obediência, fecham os olhos às entradas de kung-fu de Maxi “até os partir ao
meio” Pereira. Aqueles que por temor e canina obediência, fecham os olhos às
entradas de eslavas por trás e já previamente sobrecarregadas de amarelo. É que
naquele estádio, onde a luz se apaga, o vermelho é só para pintar as camisolas
dos papoilas saltitantes ou para o adversário.
E de fora de jogo gamado, em fora de jogo gamado, batem-se os calcanhares, esticam-se as cruzes, enche-se o peito de ar e firma-se a continência ao terceiro anel! Então não pode ser, meu Major! Não só pode, como tem que ser!
E de fora de jogo gamado, em fora de jogo gamado, batem-se os calcanhares, esticam-se as cruzes, enche-se o peito de ar e firma-se a continência ao terceiro anel! Então não pode ser, meu Major! Não só pode, como tem que ser!
Mas como fica a digestão deste
empate? A arbitragem foi o que foi. E o resto? Primeiro, convém não esquecer os
condicionalismos que prejudicaram a preparação do jogo. A limitação de opções
foi enorme. Segundo, o desenrolar do jogo. Vantagem conseguida e logo
desperdiçada por qualquer erro individual.
Nem tempo havia para sedimentar a
equipa tacticamente na vantagem no marcador. Finalmente, o maniatar da tão
propagandeada avalancha ofensiva vermelha. Essa avalancha que viveu do erro
individual portista e que para além disso, só cria uma oportunidade.
Ainda assim, poderíamos ter ido
mais além. Se tivéssemos aberto o nosso jogo mais cedo, quem sabe a luz não
vinha abaixo de novo. Vítor Pereira lá pensou que mais vale um pássaro na mão
que dois a voar. Ainda por cima, com um “pode ser” à solta de caçadeira em
punho.
Vítor Pereia faz uso da chiclete e entra em campo com um onze sem
qualquer surpresa ou adição de última hora. Primazia para quem já faz parte do
grupo. Com Maicon fora da convocatória, a dupla de centrais já estava
encontrada. A meio campo, o trio do costume. No ataque, é onde dentro do
conservadorismo nasce a revolução. Jackson a ponta de lança, Varela a extremo e
Defour entre o meio campo e o flanco. É este posicionamento esquivo de Defour
que irá permitir ao FC Porto tomar as rédeas do jogo.
A entrada do FC Porto é forte. Muito pressionante a meio campo e com
Defour a juntar-se ao trio de meio campo, o FC Porto arranca por cima e só não
factura nos primeiros minutos porque uma bandeirola insiste em anular todas as
fugas LEGAIS de jogadores portistas em direcção à baliza vermelha. Ora bem!
Continência!
Defour, em particular, entra no jogo de forma endiabrada e toma de assalto
o flanco direito vermelho. É um FC Porto muito incisivo pelo flanco esquerdo
que toma conta do jogo. Maxi “até os partir ao meio” Pereira começa logo a
rachar lenha. Aos 8 minutos, Maxi “até os partir ao meio” Pereira lá arranca do
chão mais um jogador do FC Porto e “pode ser” livre a favor do FC Porto! Vá lá,
viu uma! Moutinho cobra tenso, Jackson salta, arrasta marcações, mas não chega
e Mangala surge nas costas para desviar para golo.
Um golo que premeia a entrada do
FC Porto e a abnegação da equipa. Mas ainda antes que apagassem as luzes, o
adversário empata. Logo dois minutos depois e após uma sucessão de erros. Canto
curto e Melgarejo aparece em aceleração sem marcação. Ganha a linha de fundo e
cruza largo para o segundo poste. No segundo poste, Cardozo recebe isolado, com
Varela a dar muito espaço, e coloca em Jardel. Novamente, ninguém salta
atempadamente com o central vermelho e este serve um dos três (!!!) jogadores
livres à entrada da área Portista. Muito erro de marcação numa só jogada, só
poderia desembocar no empate.
O FC Porto sente o golo e perde consistência a meio campo, mas
recompõe-se rapidamente. Aos 14 minutos, Jackson deixa o seu aviso num remate
já na área contrária. No minuto seguinte, Chá-Chá-Chá cheira o golo e acredita
no erro de Artur, roubando-lhe a bola e cavalgando para a baliza. Nem a
oposição de Garay tiraria o golo ao matador! Com nova vantagem do FC Porto no
marcador, presumia-se que o FC Porto consolidasse o seu jogo na nova vantagem
conquistada. Mas se num erro a conseguiu, noutro a irá perder. Aos 17 minutos,
Salvio triangula com Maxi e ganha a linha de fundo. Quer Varela, quer Alex
Sandro são ultrapassados pelo movimento em progressão. Salvio cruza rasteiro e
ligeiramente atrasado. Helton falha uma intercepção simples e a bola espirra para
a zona frontal. Soma-se um pontapé mais na atmosfera que na bola de Otamendi a complicar
a emenda ao erro de Helton. O esférico sobra para Gaitán, a quem, perante tanta
oferta, só restava capitalizar. Novo empate e de novo o FC Porto incapaz de
suster a vantagem até sedimentar o seu jogo.
O jogo cai numa disputa táctica a
meio campo, com Defour a passar mais tempo na luta a meio campo que na sua
posição de falso extremo. O FC Porto tem crescentes dificuldades em se esticar
para o ataque. Lucho não conseguia ganhar as costas de Matic e Enzo Pérez e o
jogo caía numa luta pela posse de bola a meio campo. Só aos 27 minutos, o FC
Porto voltaria a criar perigo. Combinação entre Alex Sandro e Moutinho (era ele
quem conseguia chegar mais à frente), como Português, na área, a dar de
calcanhar para Alex Sandro e Jardel a cortar no último momento. Até ao
intervalo nada mais de significativo ocorreu.
A segunda parte é a continuação dessa perpétua luta a meio campo, com
o FC Porto a revelar muitas dificuldades na saída de jogo flanqueado. Só aos 72
minutos, Moutinho escapa e tenta servir Jackson, mas Jardel, uma vez mais,
corta no último momento, já o Colombiano visava a baliza. Cinco minutos depois,
Cardozo aproveita um erro de marcação de Mangala e atira para golo, mas Helton
responde com a defesa da noite. Dois minutos antes, já Izmaylov havia estreado
de azul e branco no lugar de Defour. Não causou grande impacto, mas percebeu-se
o bom domínio de bola do Russo.
A segunda parte não daria para
mais. Entre o recital de cegueira de João Ferreira a tudo o que envolve-se as
papoilas saltitantes e o plano disciplinar e a luta a meio campo, o jogo
arrasta-se até ao fim e o empate lá teve que ser. Vítor Pereira não arriscou,
não tentou meter velocidade pelo flanco. O seguro morreu de velho.
Nota final para Vítor Pereira na
conferência de imprensa. Assim mesmo! À campeão e sem papas na língua. Curto e
grosso!
Análises Individuais:
Helton – Mais um frango, mais
reposições exasperantes e mais uma defesa da noite. Não está numa fase boa, mas
é o melhor que temos e por uma longa margem. Borrou a pintura e faz uma defesa
espantosa. Céu e inferno.
Danilo – Volta a passar à margem
do jogo. Nem foi especialmente eficaz a defender, nem contundente a atacar.
Demora a encontrar a sua forma e o ritmo de jogo. É um Danilo bem distante da
sua valia.
Alex Sandro – O melhor em campo.
Grande exibição, lutando quase sozinho no seu flanco contra uma dupla bem
amparada pelo “pode ser”. Foi à luta e ganhou. Muito sólido a defender, apesar de
ter deixado Salvio fugir no segundo golo, e acutilante a subir no terreno.
Tivesse, à sua frente, um extremo ao seu nível e a música era outra.
Otamendi – Jogo fraquinho, com
muita saída de bola precipitada e muita nervoseira atrás. O seu pontapé na
atmosfera no segundo golo vermelho é sintoma disso mesmo. Mais calma, mais
discernimento e menos sofreguidão. A sua experiência já não permite esses
desvios.
Mangala – Jogo poderosíssimo, não
fosse o habitual “escorreganço” perante Cardozo. Não deu em golo e Helton redimiu-se.
Fora essa “pequena” distracção fez um jogo brilhante. Implacável a marcar e
ousado na saída de bola. Um central com capacidades físicas brutais.
Fernando – A âncora do meio
campo. Faltou-lhe mais saída de bola, mas o meio campo não esticava jogo. Tinha
Moutinho e Lucho muito colados a si. De resto, imperial a varrer toda a
construção dos vermelhos.
Moutinho – Mais um grande jogo de
Moutinho. Um pouco mais de acerto no passe e saía como o melhor em campo.
Perante a incapacidade de Lucho em se soltar, assumiu o futebol ofensivo do FC
Porto e levou a equipa para a frente. Faltou aquele último detalhe.
Lucho – A exibição mais pobre a
meio campo. Nunca ganhou as costas ao meio campo contrário e não conseguiu ser
ponto de apoio de Jackson. Está cada vez mais curto o pavio ofensivo de Lucho.
No plano defensivo, trabalhou como um louco.
Defour – Jogo muito agradável.
Pleno de esforço e bem pontuado de talento. Conseguiu esticar jogo pelo flanco
na primeira parte e deu uma preciosa ajuda a meio campo, sobretudo na segunda
parte. Saiu esgotado.
Varela – Muito tenrinho para o
carniceiro Maxi. Não deu um pingo de criatividade ou talento. Lutou, é certo,
mas também não foi exímio a defender. Saiu muito, mas
muito, tarde.
Jackson – É um poço de talento.
Grande jogo a fixar os centrais contrários e a tentar fazer subir o nosso meio
campo. A forma como cheira o golo no 1-2 é fantástica. Quando não lhe dão
lances, inventa-os! Um matador e um grande jogador!
Izmaylov – Entrada tímida de quem
chegou há pouco tempo. Mostrou valor técnico e pouco mais.
Abdoulaye – Aumentou o poderio
físico para o possível chuveirinho. Mas nem isso, os papoilas saltitantes
conseguiram.
Castro – Vamos lá queimar tempo,
antes que inventem um penalti para o Cardozo!
Ficha de Jogo:
benfica: Artur Moraes, Lorenzo Melgarejo, Ezequiel Garay, Maxi Pereira, Jardel, Salvio, Nicolas Gaitán (Ola John, 88), Nemanja Matic, Enzo Pérez (Carlos Martins, 58), Lima (Pablo Aimar, 69), Cardozo
FC Porto: Helton, Alex Sandro, Mangala, Danilo, Otamendi, Moutinho, Lucho González (André Castro, 92), Fernando, Jackson Martinez, Varela (Abdoulaye, 88), Defour (Marat Izmailov, 75)
Golos:
benfica: Nicolas Gaitán 17', Nemanja Matic 10'
FC Porto: Mangala 8', jackson Martinez 15'
Ladrão: João Ferreira
Análise dos Intervenientes:
Vítor Pereira:
«Em primeiro lugar quero dar os parabéns à minha equipa, que foi igual a si própria. Foi um Porto de qualidade, personalizado. Dou os parabéns à nossa massa associativa, à nossa claque e a todos os que aqui estiveram. Ajudaram-nos e acreditam na equipa. Vale a pena acreditar nesta equipa. Lamento claramente três foras de jogo mal tirados, que nos deixariam isolados, e duas expulsões claríssimas. Uma delas à minha frente, a do Maxi. Era vermelho direto, e o Matic devia ter visto o segundo amarelo. Depois vi um Porto de qualidade e o Benfica a bater na frente e a apostar nas segundas bolas.»
«A minha equipa sente-se frustrada com o jogo. É fácil entender porquê. Fomos iguais a nós próprios em qualidade de jogo, posse, criação de oportunidades.
Lamento que quando se apregoa a defesa do futebol aconteça isto. Não entendo como pode Maxi Pereira acabar todos os jogos até ao fim. É impressionante. Não podia ter acabado este jogo. A agressão é nítida. Matic devia ter visto o segundo amarelo, tem de ser mostrado. É preciso coragem.
Houve três foras-de-jogos. Em todos eles ficaríamos com jogadores isolados. Mais vale não treinar diagonais.
Estou triste.
O Benfica é isto. Bola longa à procura de Cardozo e tentativa de ganhar as segundas bolas, à espera de uma bola parada. Contra nós é isto.
Não estamos satisfeitos com o resultado, estamos frustrados».
Presidente Pinto da Costa:
«O 2-2 foi o resultado que aconteceu mas não o que a Liga queria que acontecesse. No site da Liga está 3-2. Se calhar era o que estava previsto, mas felizmente não aconteceu. Vamos continuar a lutar contra tudo, contra todos e contra o que a Liga põe no site», atirou Pinto da Costa.
Em relação ao jogo, o presidente portista considera que «não foi um bom resultado», alinhando pelas críticas de Vítor Pereira ao trabalho do árbitro. «O adversário deveria ter acabado com nove», reiterou.
«Se Vítor Pereira [presidente da Comissão de Arbitragem da Liga] acha que João Ferreira é o melhor árbitro para este que é o grande jogo do campeonato, a UEFA deve andar enganada», acrescentou.
Por: Breogán
5 comentários:
Boas,
Não seria dificil de prever que depois da escolha de joão "pode ser" ferreira para o jogo que jogariamos contra 12 ... e foi um facto !!!
O Porto esteve bem, personalizado e com muita atitude, a equipa funcionou como um todo e muito solidaria, com Alex Sandro e Mangala em grande destaque.
No entanto e como sabemos os jogos definem.se em pormenores, ou pormaiores, e o arbitro deu mais uma mãozinha ao clube do regime.
Temos que continuar a lutar contra tudo e contra todos e se mantivermos esta entrega e atitude seremos campeões.
Um abraço
http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.pt/
Que jogaço do FCP a merecer mais alguma coisa.
De JFerreira e auxiliares o que se esperava...
Em grande VP, então na sensacional CI.
Ò Breogan achava o Meyong um reforço tau mau ? É que o homem sabe estar na area e não parece nada acabado.
E já agora o que acha dos jovens Vion e Fred em termos de futuro no FCP?
Análise bem estruturada e descriminada ponto por ponto em que poderemos estar de acordo total ou parcial,pessoalmente concordo na maioria(não considero frango do Helton no 2º golo,talvez que não tenha feito tudo,mas está tapado e só reage para a "discutível" palmada,penso que um central falhou mais de que ele).No restante os jogadores mostraram uma maturidade superior,perceberam a intenção da arbitragem,logo não lhes deram a mínima chance,bravo!Arbitragem inteligente a tentar provocar reacções exacerbadas aos jogadores do FUTEBOL CLUBE do PORTO,quando viu que não conseguia por essa via,mudou de estratégia e deu roda livre aos nossos adversários,demonstrou que percebe do assunto,só tenho desprezo pelo senhor que veste uma FARDA mas que não a sabe honrar,é corrupto e os seus superiores deviam tomar medidas drásticas,é o meu ponto de vista.
Eles eram 14 jogadores e nos 11 jogadores, isto e', com menos 3 jogadores fomos a equipa quem melhor futebol apresentamos, na casa deles...SOMOS BONS!
@ Anónimo (14 Jan 15:22)
Não creio que um jogador que está a ser disputado pelo Kabuscorp de Angola seja solução para o FC Porto.
Bem sei que o dinheiro não abunda, mas há soluções bem mais interessantes, sobretudo no mercado interno. Arrojadas, é certo, mas com margem de progressão enormes.
Haja engenho para apostar no talento.
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