Mais três pontos e já só falta o ponto final na questão. Era esta a missão para a Madeira e é com a missão cumprida que de lá saímos.
Não foi um jogo que perpetuará na nossa memória, mas foi um jogo controlado pelo FC Porto na vasta maioria da sua extensão. A única excepção ao nosso domínio aconteceu no segundo quarto de hora da segunda parte. Só não resolvemos a questão mais cedo por falta de capacidade concretizadora e por inépcia táctica.
Vítor Pereira deixa Janko no banco e coloca Varela no onze inicial. Fernando também regressa ao onze inicial por troca com Defour. O FC Porto ganha presença física e táctica a meio campo, ganha velocidade e aceleração no último terço do terreno, mas perde capacidade de fixação do seu ataque sem um 9 definido.
Mas mais importante que estas alterações no onze inicial e suas consequências tácticas seria a abordagem ao jogo. Aí a equipa responde à altura.
No primeiro quarto de hora, Hulk (quem mais?!) tem o golo nos pés em duas ocasiões. A segunda é flagrante, salva mesmo em cima da linha de golo. Aos 16 minutos, alcança-se a vantagem no marcador. Hulk converte um penalti claríssimo cometido por Fidélis. Prémio justo para a velocidade imprimida pelo FC Porto na sua progressão para o ataque, sobretudo no aproveitar da fragilidade futebolística do lateral direito do Marítimo.
Após o golo, o FC Porto recua o seu meio campo, liberta a pressão que mantinha sob o meio campo maritimista e permite ao Marítimo chegar-se mais ao ataque. Jogada de risco perante um adversário assanhado. Ainda assim, a equipa insular não consegue criar perigo no ataque porque Fernando e Moutinho matavam toda a construção de jogo do adversário. Aproveitando os espaços concedidos pelo adiantamento do Marítimo, o FC Porto tem duas oportunidades para dilatar a vantagem antes do intervalo. A oportunidade mais flagrante é de James, que viu o seu remate a ser defendido quase em cima do risco de golo pelo pé de guarda-redes insular, após uma incursão incisiva de Sapunaru pelo flanco direito a aproveitar os espaços concedidos pelo adiantamento do Marítimo.
A segunda parte trouxe um Marítimo diferente. O seu treinador, finalmente, percebeu as dificuldades de construção de jogo e desloca Danilo Dias para 10, fazendo entrar Heldon para o flanco. O FC Porto sustem o ímpeto inicial, mas depois, por quebra física dos seus elementos do meio campo, não consegue aproveitar o adiantamento maritimista. Ainda assim, cabe ao FC Porto a primeira grande oportunidade da segunda parte. Grande abertura de Lucho e Hulk, frente a Salin, a não conseguir facturar.
É já com Benachour em campo (3ª solução para resolver o mesmo problema maritimista) que o Marítimo entra na sua melhor fase e seria mesmo o Argelino a ter a grande oportunidade de empate nos pés com uma bola a rasar o poste (o resto Helton resolveu). Por esta altura, já Vítor Pereira tinha-se apercebido do menor rendimento de Varela e colocado em campo Djalma de forma a reabilitar o flanco esquerdo. Começam-se a somar problemas no meio campo portista. Lucho foi-se apagando e Fernando também (ainda efeitos das suas recentes lesões?). O meio campo do FC Porto deixou de ser pressionante e não mais conseguia ganhar as segundas bolas. A aposta do Marítimo começou a ser o jogo flanqueado e os nossos laterais passaram por um período mais complicado.
Perante este cenário, Vítor Pereira decide tomar uma opção de risco. Abdica de um criativo no ataque em dia não (James), coloca um “operário” no meio campo (Defour) e abre Djalma e Hulk nos flancos sem qualquer referência no ataque. Para dar mais força ao meio campo, corremos o risco de tornar inócuo o ataque. A equipa vacila, mas volta a equilibrar-se pouco a pouco. Com a aposta do tudo ou nada do Marítimo, que abdica de um central para colocar em campo uma dupla de torres na sua frente de ataque, o FC Porto encontra, finalmente, o espaço para poder matar o jogo. Hulk responde à chamada. Primeiro, desequilibra na direita e oferece o golo a Lucho que despacha a bola por cima do travessão com a baliza escancarada. Depois, Hulk de novo pelo centro a rasgar e a endossar em Djalma que ataca o seu opositor e conquista um penalti. Hulk na conversão ganha a tranquilidade no resultado para todos nós. Jogo ganho, mais três pontos. Falta o quase.
É um passo de gigante para o título de campeão Nacional. É de tal forma dolorosa para alguns esta marcha do FC Porto rumo ao título que, quando já findo o jogo, o Marítimo decide sacar de dois “duques de paus” (a carta mais foleira do baralho). O primeiro, qual “pau mandado” falou não sobre o que existiu no jogo, mas sobre o que o seu presidente bajulado ao vermelho deve ter delirado. O ódio tolda a mente, não haja dúvidas.
O segundo, o “perna de pau”, jogador de terceira divisão, que só anda por esta liga profissional e chega a capitão por ser sobrinho de, lá fez o medonho esforço mental para conseguir articular algumas sílabas de forma a sublinhar o que o outro “pau” já havia dito.
Quem os viu, na semana passada, tão mansos e cheios de arreios e agora tão “bravos” e de peito feito! É mais fácil ver um camelo (não o Areias, claro!) passar pelo buraco de uma agulha, do que um reles lacaio ter discurso próprio. Há-de ser sempre marioneta do seu amo.
Análise Individual:
Helton – Um jogo tranquilo e sem pinga de suor até ao segundo quarto de hora da segunda parte. Nesse período, responde com três defesas seguras aos intentos do Marítimo. Deu segurança à equipa quando o jogo ficou mais agreste.
Sapunaru – Boa primeira parte, seguríssimo a defender e afoito no ataque (assistência primorosa para James). Na segunda parte, com as crescentes dificuldades defensivas do meio campo do FC Porto, passou por grandes dificuldades para travar Heldon e Sami e desaparece do jogo ofensivo.
Alex Sandro – Entrou muito bem no jogo, criando com Varela um flanco esquerdo dinâmico que aproveitou a fragilidade futebolística do lateral direito madeirense. Neste período, mostrou recursos técnicos e físicos que revelam o seu potencial futebolístico. Na segunda parte, tal como Sapunaru, sofreu com a menor produtividade defensiva do meio campo portista. Perdeu alguns lances por mau posicionamento e falta de agressividade. É um jogador com potencial, precisa de ser trabalhado, mas tem uma estrutura mental forte. Recebe um cartão amarelo aos 55 minutos, mas soube aguentar o seu jogo após essa adversidade.
Otamendi – Voltou a misturar o bom e o mau. Tem cortes decisivos, sobretudo na segunda parte, como tem disparates que só não tiveram consequências porque é dobrado com assertividade por Maicon. Ainda assim, uma exibição em melhor plano que no seu jogo anterior.
Maicon – O que lhe falta para ser um grande central? Deixar de ter o bloqueio mental de tentar jogar bonito. Tem que jogar bem, mesmo que seja “feio” para quem vê. Aquele lance com Sami, em que o Guineense não fica isolado por milagre, NÃO PODE acontecer. Tem que ganhar essa marca de grande central e libertar-se desse bloqueio de querer impressionar por não jogar feio. Tem é que jogar seguro, de forma sólida e autoritária, é isso que se exige a um grande central. No resto, compensou Sapunaru e Otamendi nas suas falhas e liderou a linha defensiva, onde se revelou, uma vez mais, intratável no jogo aéreo.
Fernando – Não foi um jogo ao seu nível, sobretudo na segunda parte, Acusou desgaste físico e não foi um Fernando fluído sobre o terreno, mas um Fernando “pesadão” nos seus movimentos. Começou muito bem o jogo, abafando toda a saída de bola do meio campo do Marítimo. Manteve a bitola e nunca deixou que houvesse posse de bola do Marítimo nos seus terrenos. Na segunda parte, volta a responder à altura ao desafio de controlar Danilo Dias. Os seus problemas só começam para lá do minuto 60, já com Benachour em campo. O seu desgaste e a maior capacidade técnica do Tunisino criaram problemas. Foi a partir daqui que se sentiu, sobretudo nas laterais defensivas, a falta de um Fernando ao seu nível neste período do jogo.
Moutinho – Mais um jogo difícil para ele. Encravado, na segunda parte, entre a menor produção de Fernando e de Lucho. Tentou ser bombeiro de serviço e acorrer a todos os problemas. Com a entrada de Defour, voltou a ganhar segundas bolas e libertou Lucho para poder aparecer mais no ataque. Na primeira parte, teve um jogo bem mais tranquilo e contribuiu para o domínio total do FC Porto.
Lucho – Polvilhou o jogo com detalhes de craque, como o passe que faz para Hulk na segunda parte. O empenho está lá, nunca virou a cara à luta, mas voltou a decair muito de produção na última meia hora de jogo e a falhar alguns passes que permitiam ao meio campo do Marítimo aumentar a pressão sobre o nosso. Acaba o jogo falhando uma oportunidade imperdoável para um jogador da sua classe.
James – Na primeira parte, ainda conseguiu andar, algumas vezes, por terrenos interiores. Nestes terrenos conseguiu uma boa abertura e falha um golo que deveria ter marcado, não fosse o pé de Salin. Na segunda parte, caiu muito de produção e não mais saiu do flanco (logo ele, que não é extremo). Saiu quando Vítor Pereira decide dar mais força ao meio campo.
Varela – Jogou 15 minutos. Os primeiros 15 minutos do jogo tiveram um Varela omnipresente e acutilante sobre o flanco esquerdo. Com boa dinâmica, boa capacidade de finta e de aceleração. Passados esses 15 minutos, foi perdendo energia até ao apagão total.
Hulk – Ofensivamente, andou com a equipa às costas. Falhou golos, falhou dribles, falhou passes, mas assumiu sempre o risco e foi, de longe, o jogador mais perigoso em campo. Carregou a equipa às costas, mesmo jogando numa posição onde fica mais amarrado. Na segunda parte, está em todos os lances de perigo do FC Porto e, sozinho, mantém o ataque vivo (foi o que valeu!). Frieza total na cobrança dos penaltis. Neste assalto final ao título o seu contributo é decisivo.
Djalma – Assobiado e apupado, entrou tímido. Mas a qualidade é como o azeite. Começou logo a infernizar a vida ao lateral direito do Marítimo e a ajudar na recuperação de bolas a meio campo. Está nas duas situações de perigo no final. É ele quem faz o desequilíbrio no flanco direito que permite a Hulk libertar-se e avançar para a baliza para assistir Lucho aos 87 minutos. Dois minutos depois, acompanha a progressão de Hulk e ganha um penalti claro a Rafael Miranda que acaba expulso.
Defour – Com a sua entrada o FC Porto volta a ganhar ascendente físico no meio campo e a ganhar segundas bolas. Deu a capacidade física que já faltava ao nosso meio campo.
Rolando – Entrou para travar as duas torres que o Marítimo tinha coleccionado na sua frente de ataque.
O que disseram os intervenientes:
"Foi um passo importante"
Vítor Pereira
"Foi um passo importante para o título. Ainda não o revalidamos mas estamos perto. Hoje, num campo difícil, provámos a nossa qualidade e carácter como equipa. Os jogadores estão de parabéns."
"Ao longo da prova tivemos algumas vitorias mais sofridas, outras menos. Este é um campeonato muito competitivo e vir ganhar aqui por dois golos não é para qualquer equipa."
"O título ainda não está conquistado. Temos agora um jogo em casa, que queremos ganhar. Abordamos sempre os jogos com o sentido na vitória e não vamos tirar o pé do acelerador nem nos vamos desconcentrar. Estamos focados no nosso objectivo e queremos ganhar os encontros que faltam."
João Moutinho
"Sabíamos que este era um campo difícil e que vínhamos defrontar uma equipa que está a fazer um excelente campeonato. Fizemos um bom jogo e saímos daqui com três pontos importantes na luta pelo título."
"O FC Porto encara todos os jogos da mesma forma, com seriedade e humildade. Hoje estivemos bem e no próximo encontro, com o Sporting, queremos tentar de novo a vitória, para, aí sim, conquistar o título."
"Este foi um campeonato em que tivemos dificuldades, até porque houve equipas que melhoraram muito face à época passada. Mantivemos o mesmo nível na maior parte dos jogos, apesar de também termos tido altos e baixos. Fomos capazes de dar a volta por cima e agora podemos conquistar o título no próximo jogo."
FICHA DE JOGO:
Marítimo - FC Porto, 0-2
Liga, 28.ª jornada
28 de Abril de 2012
Estádio dos Barreiros, no Funchal
Assistência: Cerca de 4000 espectadores
Árbitro: Paulo Batista (Portalegre)
MARÍTIMO: Salin; Briguel, Roberge, Robson e Ruben Ferreira; Rafael Miranda, Olberdam e João Luíz; Danilo Dias, Sami e Fidelis.
Substituições: João Luís por Heldon (46m), Danilo Dias por Benachour (62m) e Roberge por Pouga (81m).
Não utilizados: Peçanha, João Diogo, João Guilherme e Luís Olim.
Treinador: Pedro Martins
FC PORTO: Helton; Sapunaru, Maicon, Otamendi e Alex Sandro; Fernando, Lucho e João Moutinho; James, Hulk (cap.) e Varela
Substituições: Varela por Djalma (63m), James por Defour (75m), Lucho por Rolando (88m)
Não utilizados: Bracali, Danilo, Kléber, Rolando e Janko.
Treinador: Vítor Pereira
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Hulk (16m, pen e 89m, pen)
Cartão amarelo: Rafael Miranda (20 e 89m), Ruben Ferreira (31m), Robson (48m), Alex Sandro (55m), Benachour (67m), Olberdam (69m), Hulk (74m); Heldon (84m)
Cartão vermelho: Rafael Miranda (89m)
Marítimo - FC Porto, 0-2
Liga, 28.ª jornada
28 de Abril de 2012
Estádio dos Barreiros, no Funchal
Assistência: Cerca de 4000 espectadores
Árbitro: Paulo Batista (Portalegre)
MARÍTIMO: Salin; Briguel, Roberge, Robson e Ruben Ferreira; Rafael Miranda, Olberdam e João Luíz; Danilo Dias, Sami e Fidelis.
Substituições: João Luís por Heldon (46m), Danilo Dias por Benachour (62m) e Roberge por Pouga (81m).
Não utilizados: Peçanha, João Diogo, João Guilherme e Luís Olim.
Treinador: Pedro Martins
FC PORTO: Helton; Sapunaru, Maicon, Otamendi e Alex Sandro; Fernando, Lucho e João Moutinho; James, Hulk (cap.) e Varela
Substituições: Varela por Djalma (63m), James por Defour (75m), Lucho por Rolando (88m)
Não utilizados: Bracali, Danilo, Kléber, Rolando e Janko.
Treinador: Vítor Pereira
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Hulk (16m, pen e 89m, pen)
Cartão amarelo: Rafael Miranda (20 e 89m), Ruben Ferreira (31m), Robson (48m), Alex Sandro (55m), Benachour (67m), Olberdam (69m), Hulk (74m); Heldon (84m)
Cartão vermelho: Rafael Miranda (89m)
Por: Breogán
3 comentários:
Penso que a 2ª substituição mexe negativamente com o jogo.
Percebe-se a ideia de dar força e musculo ao meio-campo mas ao fazê-lo tirando uma unidade do ataque o Maritimo apercebe-se que a nossa posse de bola é inocua e ganha a coragem necessária para se atirar com tudo para cima do Porto.
As melhores oportunidades dos madeirenses nascem quando o Porto declara oficialmente o "0-1" como resultado a defender.
Na minha opinião quem deveria ter saído era Lucho e não James. Somavamos musculo sem declarar que estavamos a defender o resultado.
Campeõesssssssssssssssss!!!
Como sedmpre muito bom comentário do Breogan.
Viva o FCP, Campeão.
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