domingo, 22 de abril de 2012

Futebol, Liga Zon Sagres: FCPorto 3-0 Beira Mar (CRÓNICA)

Mais um passo decisivo rumo ao título.






O que nos dá esta vitória é a manutenção de uma margem de conforto para enfrentar os próximos dois jogos de maior grau de dificuldade e condena qualquer tropeção de quem vem atrás de nós à “morte do artista”. Veremos quanto tempo resistirão com essa espada de Dâmocles sobre as suas cabeças.

É uma vitória decisiva nesta tortuosa caminhada e é isso que devemos extrair deste jogo. Ganhamos e temos o nosso objectivo cada vez mais próximo. Preparar o que aí vem com a determinação e tranquilidade que o nosso avanço nos dá.






O jogo do FC Porto tem um nítido contraste entre o futebol praticado na primeira e na segunda parte. É bem verdade que o Beira-Mar foi perdendo gás e desagregando-se no meio campo com o decorrer do jogo, mas a evolução no jogo do FC Porto também impôs essa erosão ao Beira-Mar.

O FC Porto apresenta o mesmo meio campo que apresentou em Braga, mesmo com Fernando já recuperado. Vítor Pereira só faz duas alterações no onze, devolvendo a titularidade a Janko e colocando Alex Sandro no lugar do castigado Álvaro. O Beira-Mar coloca-se do mesmo modo que todas as equipas mais pequenas que causaram problemas no Dragão: linha defensiva recuada, dois “trincos” estacionados em frente à defesa, um criativo “defensivo” e três  jogadores prontos para saírem em contra-ataque.


O FC Porto precisava de um meio campo pressionante e de dar largura e profundidade ao seu futebol. As primeiras dificuldades começam no controlo de jogo a meio campo. O Beira-Mar cede-nos iniciativa de jogo, mas o nosso meio campo nunca é pressionante o suficiente para abafar a saída de bola do Beira-Mar, porque não joga em bloco, nem em cima do adversário. A fórmula Defour a 6 resultou em Braga, num jogo de elevada intensidade e onde o meio campo contrário vinha à luta. Perante um Beira-Mar, matreiramente, passivo e dando a iniciativa ao FC Porto, era fundamental ter um meio campo bem subido e com capacidade de recuperação na zona 6 para libertar os laterais. Para cúmulo, o FC Porto não conseguia colocar criatividade no seu jogo na zona central do terreno, facilitando assim a tarefa dos dois trincos aveirenses. Assim, é o Beira-Mar que assusta por 3 vezes o Dragão nos primeiros 20 minutos de jogo. Sempre em contra-golpe, sempre com jogo flanqueado e aproveitando erros de marcação (o mais gritante o de Otamendi). O FC Porto resume-se a ser ameaçador de bola parada pelo jogo aéreo de Maicon e a algumas acções isoladas de Hulk.







Após estes 20 minutos iniciais, o FC Porto começa a estabilizar o seu jogo e Hulk a deixar a sua marca em campo. Sem nunca conseguir abafar por completo o jogo a meio campo do Beira-Mar, o jogo flanqueado melhora, sobretudo à custa dos laterais. O prémio estaria perto de chegar. Ao minuto 33 Sapunaru é travado em falta na grande área aveirense após uma progressão pelo seu flanco. Hulk transforma em golo a oportunidade e o Dragão respira melhor.







O Beira-Mar cai muito de produção com o golo sofrido (embora Serginho ainda tire dois amarelos em saídas para o contra-ataque) e mesmo com um FC Porto ainda pouco inspirado, Janko desperdiça duas oportunidades cantadas de aumentar distâncias no marcador nos últimos 10 minutos da primeira parte.

A segunda parte é só do Dragão. O FC Porto entra com atitude e disposto a pressionar alto. O Beira-Mar soma dificuldades em sair em contra golpe e já não consegue conter Hulk. Em três minutos Hulk arruma o jogo. Primeiro, com uma jogada “à Hulk” rasgando pela direita a defensiva aveirense e endossando em Janko uma “bola tão redondinha” que este não conseguiria falhar nem que assim o tentasse! Três minutos depois o FC Porto avança pela esquerda, cruzamento para o poste contrário, onde surge Maicon a progredir pelo flanco direito (matar saudades?!) a fazer o “amorti” para o fuzilamento de Hulk. Jogo ganho e 3 pontos mais na caminhada e a solução, como sempre, no bom jogo flanqueado. No que restava do jogo o FC Porto limitou-se a fazer gestão e dar minutos a quem ainda vai ser importante para o assalto final. O quarto esteve sempre à vista, mas acabou por não chegar.

Na próxima semana, o FC Porto irá aos Barreiros. Um jogo difícil. Os tristes cordeirinhos que saíram goleados este fim-de-semana, serão ferozes lobos-marinhos quando lá jogarmos. Um jogo que irá exigir um FC Porto ao seu nível.




Análises Individuais:

Helton – Atento às incursões do Beira-Mar, foi resolvendo os pouquíssimos problemas que lhe chegaram. Estava a dormir aos 6 minutos de jogo quando demora uma eternidade a sair à progressão de Serginho.

Sapunaru – Muito bom jogo defensivo e caudal ofensivo volumoso. Sofre um penalti numa progressão sua à área contrária e ainda consegue ser um problema para o Beira-Mar nas bolas paradas ofensivas.

Alex Sandro – Ainda precisa de crescer defensivamente, mas ofensivamente já é um terror. Um jogador que para o ano vai ser decisivo. Técnica apurada, velocidade e capacidade física.

Maicon – Um líder na defesa. Tranquilo e sereno quando pode e duro quando tem que ser. Líder! Sai de jogo com o prémio de uma assistência para a estatística, num lance em que matou saudades dos tempos de defesa direito.

Otamendi – Uma falha de marcação tremenda perante Camará. Falhou algumas dobras a Alex Sandro, o que causou algumas dificuldades de marcação. Após bons jogos, ontem não esteve ao mesmo nível. E o Beira-Mar pouco atacou.

Defour – Teve dificuldades pois não tinha uma referência para marcar. Após o sucesso em Braga, Vítor Pereira decide abusar da sorte e continuar a aposta em Defour a 6 com Fernando disponível. Defour não tem a abrangência nem a potência de jogo de Fernando. Isso salta mais à vista nestes jogos de sentido único, onde uma falha é uma cratera para o adversário aproveitar. Boa saída de bola e a disponibilidade de sempre.

Moutinho – Teve dificuldades de se impor no jogo porque sentia falta de resguardo atrás de si. Não foi, por isso, tão intenso no jogo como costuma ser. Polvilhou o jogo com detalhes de craque e melhorou muito com a entrada de Fernando. Pudera.

Lucho – Está melhor fisicamente, já aguenta mais tempo (fizeram-lhe bem estes 15 dias), mas ainda está longe de ter uma capacidade física que, realmente, sustente a sua classe. Não conseguiu dar à equipa criatividade pela zona central (até Moutinho o superou nesse capítulo) e o Beira-Mar agradeceu.

James – Uma primeira parte no ostracismo do flanco esquerdo. Nunca libertou-se e não apareceu no jogo. Na segunda parte, conseguiu fugir mais vezes da coleira que o prende ao flanco e o nosso jogo cresceu muito. Fez algumas assistências, sobretudo para Varela, totalmente desaproveitadas. Para quando James a 10? Para quando criatividade na zona central?

Hulk – O factor decisivo do jogo. É um jogador de nível mundial. Em 3 minutos arruma a questão. O que mais agrada é vê-lo a vir fazer recuperações defensivas. Como cresceu o Hulk! É craque. Aproveitemos, pois, enquanto dura.

Janko – O golo cai que nem ginjas para disfarçar aquilo que já pouco disfarce tem. Tem uma complicada relação com a bola e só mesmo com esta em frente à linha de golo e com ele de frente para ela é que consegue fazer o que tem que fazer. O que vale é com Janko, o público do Dragão sabe ser paciente.

Fernando – Entrou e o Beira-Mar acabou. Não há muitos 6 como este por aí. Esperemos que a chiclete seja colada debaixo da mesa e que para este assalto final haja Fernando a 6.

Danilo – Manteve a produção do seu flanco e voltou a competir 2 meses após a sua lesão. Um talento que ontem deixou no Dragão mais um cartão-de-visita: livres directos.

Varela – Não anda tão depressivo como no início da época, mas também anda longe der ser o jogador com “golo” que já foi. Já tem arranque, falta-lhe começar a jogar ao seu nível. Faltam 3 jogos para ver se ainda vemos o Varela esta época.


FICHA DE JOGO:

FC Porto-Beira-Mar, 3-0
Liga, 27.ª jornada
21 de Abril de 2012
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 33.412 espectadores

Árbitro: Bruno Esteves (Setúbal)
Árbitros assistentes: Mário Dionísio e Valter Ferreira
Quarto árbitro: Jorge Ferreira

FC PORTO: Helton; Sapunaru, Maicon, Otamendi e Alex Sandro; Defour, Lucho e João Moutinho; Hulk (cap.), Janko e James
Substituições: Defour por Fernando (53m), Sapunaru por Danilo (57m) e Janko por Varela (66m)
Não utilizados: Bracali, Kléber, Rolando e Djalma
Treinador: Vítor Pereira

BEIRA-MAR: Rui Rego; Nuno Lopes, Hugo (cap.), Bura e Joãozinho; Nuno Coelho, Balboa, Jaime e Serginho; Abel Camará e Nildo
Substituições: Nuno Coelho por Dias (12m), Serginho por Artur (59m) e Abel Camará por Edson Sitta (72m)
Não utilizados: Paes, Pedro Moreira, Dudu e Cássio
Treinador: Ulisses Morais

Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Hulk (33m, pen., 54m) e Janko (51m)
Cartão amarelo: Abel Camará (15m), Dias (32m), Bura (35m), Defour (41m), João Moutinho (43m), Lucho (47m), Sapunaru (52m)






Por: Breogán

1 comentário:

Anónimo disse...

Fiúza recorda mais uma ilegalidade do orelhas
Nas vésperas da final da Taça Lucílio Baptista, Rui Miguel Tovar, do jornal i, contactou António Fiúza para uma entrevista telefónica.
A entrevista foi publicada no dia 13 de Abril e a seguinte parte é ilustrativa de que já nos tempos em que Luís Filipe Vieira era presidente do Alverca, se faziam as coisas por outro lado...

«Recua-se à época 1997/98, quando Fiúza é o vice do Gil e Vieira é o presidente do Alverca, a equipa-satélite do Benfica. Na Liga de Honra, o Gil acaba em quarto, a dois pontos do Alverca. Mas quem sobe é o Alverca! “Pelos regulamentos, o satélite não sobe de divisão. Como estavam a fazer um bom campeonato e andavam nos primeiros lugares, lembraram-se de deixar de ser um satélite do Benfica. Havia até jogadores que numa semana alinhavam pelo Benfica e na outra pelo Alverca. O presidente da Assembleia Geral da Federação alterou os regulamentos à pressa para ainda ir a tempo de eles conseguirem subir nesse ano. Os regulamentos foram alterados a quatro ou cinco jornadas do fim. Foi uma vergonha nacional.”


«Dinis Resende não esquece essa temporada. Antigo defesa-central, barbudo, Sandokan como alcunha, figura incontornável nas cadernetas. Representou o Gil Vicente entre 1997 e 2000.
"Lembro-me perfeitamente. Tínhamos apostado forte na subida e descurámos um pouco o Alverca. Como eram equipa-satélite do Benfica, até puxávamos por eles quando defrontavam os outros candidatos à subida", recorda.
Sousa, José Soares, Bruno Basto e Hugo Leal jogaram pelos dois clubes na mesma época. Alverca e Benfica, Benfica e Alverca. Depois, havia Deco, Maniche, Caju. "Tudo do Benfica! A poucas jornadas do final, em mais um exemplo de chico-espertismo dos responsáveis pelo futebol português, o Alverca depois de ser considerado satélite e subiu. Ainda fizemos barulho na rua mas nada."»
in Maisfutebol, 12/04/2012
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