terça-feira, 10 de abril de 2012

Ainda a menina dos nossos olhos em termos Nacionais: REVIVER O PENTA.


MOMENTOS DA ÉPOCA DO PENTA

Vítor Baía é nome incontornável na escolha de momentos marcantes de uma temporada que teve momentos assim-assim, alguns quase dramáticos e outros de plena glória. A entrada de Fernando Santos no balneário das Antas marca, por todas as razões, o início de uma aventura que Pinto da Costa queria tão gloriosa quanto podia permitir a conquista de um feito inédito no futebol português: a conquista de um pentacampeonato. A escolha para a gestão da temporada recaiu no Engenheiro, que até demorou a encontrar as soluções ideais para pôr a “máquina” a funcionar. Faltou-lhe sempre uma peça essencial, falhada que foi a aposta em Kralj para a baliza. Ainda por cima, foi-lhe suprimida uma outra, Doriva, que se revelava também fundamental. Foi então que chegou a “jóia” mais valiosa: Vítor Baía. Ainda houve um percalço – a derrota em Guimarães -, mas não passou disso mesmo, porque o que se seguiu foi um passeio mais ou menos tranquilo em direcção ao PENTA.

(1) - AS ESCOLHA DE FERNANDO SANTOS



Viviam-se os primórdios da temporada, delineando-se a planificação e escolhendo os nomes. Pinto da Costa foi taxativo, e apostou no risco: chamou para comandar o plantel Fernando Santos, um técnico que jamais liderara uma equipa com ambições tão elevadas. Gerou-se natural expectativa, ficando claro, logo nos primeiros dias, que o estilo do novo treinador representaria um corte radical com hábitos recentes, como a postura guerrilheira que António Oliveira antes impusera. Quinze dias de estágio em Viseu chegaram para se perceber que Fernando Santos não estava disposto a imitações e que pretendia impor o seu próprio estilo, mesmo correndo o risco de não agradar a muitos dos adeptos, habituados a uma postura de confronto quase permanente que lhes agradava. 



Além do mais, o plantel acabava de ser amputado de uma das suas peças principais, Sérgio Conceição – transferido para a Lázio – sem que a Administração da SAD se preocupasse com a escolha de um substituto, fora do plantel. Capucho, diziam, iria fazer esquecer o jogador da Lázio. Hoje, os responsáveis portistas podem dizer que ganharam as duas apostas: o técnico soube gerir e chegou ao título; Capucho assumiu as responsabilidades e emergiu como uma das estrelas da companhia.



(2) – KRALJ CHEGA E FALHA




O Mundial, pensava-se, comprovara que o investimento portista no guarda-redes internacional da Jugoslávia era seguro. E foi recebido como um herói, quando, no dia 19 de Julho, chegou ao Porto, seguindo directamente para o estágio em Viseu, onde teve recepção calorosa. Estava, dizia-se, encontrado o verdadeiro sucessor de Vítor Baía. Afinal, bastou um jogo para justificar todas as desconfianças. Ainda em Julho, no Torneio de Tenerife, Kralj sofreu um frango monumental, deixando boquiabertos os adeptos portistas. A situação foi desculpada por uma lesão num olho, ilibando o guarda-redes. Só que o que se seguiu foi um chorrilho de asneiras, que valeu, em última análise, a presença do FC Porto nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. A conclusão legitima-se pela actuação do jugoslavo no FC Porto – Olympiakos, que sofreu dois golos – um dos quais de forma incrível -, nos últimos minutos do encontro, permitindo um empate comprometedor.




 De asneira em asneira, Kralj acabaria afastado depois do Braga – FC Porto, a 9 de Novembro, onde voltaria a sofrer um frango que daria o empate aos bracarenses. Não voltou a jogar e, depois de um sem-número de peripécias, que incluíram uma viagem não autorizada à Jugoslávia, regressou ao seu país tendo como destino, na próxima temporada, o PSV Eindhoven, da Holanda. Do mal, o menos, o FC Porto recuperou, quase na totalidade, o investimento que fizera na compra do passe do guarda-redes.


(3) – DORIVA SAI, VÍTOR BAÍA VOLTA





Muitas nuvens, algumas de cinzento carregado, pairavam sobre o plantel. A concorrência na luta pelo título (Benfica e Sporting) não só estava mais forte em relação à época anterior como aparecia um “outsider” (Boavista) que não fraquejava. Adeptos, dirigentes, técnicos e jogadores… os nervos invadiam o espírito dos portistas, tardando a equipa em encontrar a tranquilidade para entrar na recta final da prova. Para piorar as coisas, a Sampdória, de Itália, atacou forte a carteira de Doriva, que não resistiu ao apelo das Liras. A SAD encaixou 1,4 milhões de contos (perto de 7 M€) mas também um rol de críticas por ter deixado sair um dos mais importantes jogadores do plantel. 




Pinto da Costa contra-atacou, não dandp margem de manobra aos críticos: fez regressar Vítor Baía, recebido pelos adeptos como um Messias e pelos companheiros como o homem capaz de impor tranquilidade, no relvado e no balneário. Vítor Baía cumpriu o papel que lhe estava destinado e o FC Porto, sobretudo a sua defesa, não mais foi o mesmo. A chave do Penta estava encontrada… No mesmo mês, tmbém Artur regressou ao Brasil, com destino ao Vitória da Bahía, e chegava às Antas Esquerdinha, um defesa-esquerdo que soube “roubar” o lugar a Fernando Mendes.


(4) – DERROTA EM GUIMARÃES


Finalmente, o FC Porto parecia entrar em velocidade de cruzeiro, apesar dos indícios de que Zahovic não estaria contente, comprovados nos protestos que não escondera quando foi substituído no jogo com o Rio Ave, que lhe valeu uma passagem pelo banco. Guimarães aparecia no caminho como um meta-volante que, ultrapassada, abriria caminho para o objectivo supremo. Mas a equipa escorregou, perdendo 3-2 e, mais do que isso, perdendo Zahovic, que foi expulso. Pinto da Costa não gostou da atitude do esloveno e, no balneário, repreendeu-o na frente de toda a equipa e a cena veio a público. Os resquícios do incidente ameaçavam deteriorar o ambiente do balneário, quando se aproximava o importante confronto com o Baovista.


(5) – LESÃO DE PAULINHO E EXPLOSÃO DE PEIXE





No dérbi do Porto estava o título em jogo… O empate favorecia o FC Porto, simplesmente porque comandava a classificação, ainda que fosse arriscado porque deixaria os Dragões em desvantagem nos confrontos directos, porque o Boavista vencera nas Antas. O resultado foi um nulo, mas os portistas perderam Paulinho, que sofreu uma lesão grave nos ligamentos. As sirenes das Antas tocaram, perante o fantasma da ausência de um dos mais carismáticos jogadores do plantel. 




Sem razão. Fernando Santos chamou Peixe, disse-lhe que estava ali a oportunidade de renascer para o futebol ao mais alto nível e a resposta foi fantástica. Três jogos depois já ninguém se lembrava da importância de Paulinho e muito menos da venda do Doriva. O FC Porto e o futebol português tinham recuperado outro trinco de grande nível…


(6) – ESPERANÇAS EM DECO


Não chegou a ser surpresa a contratação de Deco. Há muito que estava anunciada como um dos investimentos mais fortes do FC Porto. As esperanças dos responsáveis portistas no génio do brasileiro são (eram) muitas e os jogos que Deco fez justificaram-nas. É o craque em que os portistas concentrarão as atenções na próxima temporada.


Cronologia:

JANEIRO/1999

1 – Fernando Santos irrita-se com Mirko Jozic (treinador do Sporting), que afirmara, entre outras coisas, que “o FC Porto tem jogadores que são actores”.O engenheiro retorquiu: “Os meus jogadores estão acima de qualquer suspeita”.

2 – A guerra verbal continua: Jorge Costa afiança que “o futebol português ainda tem muitos papagaios” e Jardel considera que “Jozic gostaria de ter os artistas do FC Porto”.
3 – Artur recuperou da lesão contraída contra o U. Leiria e foi convocado para o jogo com o E. Amadora, dois meses depois.

4 – E. Amadora, 1 – FC Porto, 1 (17ª jornada).
Rui Correia; Secretário, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Mendes (Artur 77’), Doriva, Chaínho (João Manuel Pinto 62’), Capucho (Rui Barros 82’), Zahovic, Drulovic, Jardel
Supl.:Costinha, Jorge Andrade, Chippo
Marc.: Jardel 84’
Secretário é expulso aos 57 minutos e Artur, depois de longa ausência, joga 13 minutos. Horas antes do jogo, Pinto da Costa, apresentou ao Ministro da Economia, Pina Moura, o novo Estádio das Antas.
5 – Pinto da Costa desmente contratações de Gamarra e Rúbens Júnior:”Até 15 de Janeiro não haverá reforços”, garante. O Presidente requer que a Comissão de Arbitragem “veja o filme do jogo da Amadora e actue em conformidade”.

6 – Aloísio, que perdeu o contrato da sua vida uma vez que Pinto da Costa inviabilizou o seu ingresso no S. Paulo, considera que “venceu o bom senso e o coração”.

8 – Longa reunião na SAD portista, Os administradores Adelino Caldeira e Angelino Ferreira regressam do Brasil e é debatida a possibilidade da contratação de um defesa-esquerdo. A imprensa italiana anuncia interesse da Sampdória em Doriva.

10 – Taça de Portugal: FC Porto, 4 – Famalicão, 2, após prolongamento. Golos de Rui Barros (2) e Quinzinho (2). O FC Porto jogou sem metade dos titulares e esteve a perder 2-0.
Fernando Santos pediu desculpa aos sócios.

11 – É anunciada a chegada de Esquerdinha para o FC Porto. O contrato é válido por 3 épocas e o jogador procede do Vitória da Baía.

12 – O jornal “OJogo” noticia que Vítor Baía vai regressar às Antas. Esquerdinha ficou retido em São Paulo e adiou por um dia a viagem para o Porto. Kralj não treinou por estar, alegadamente, na Jugoslávia, devido a doença do pai. Fernando Santos comunica a uasência à SAD.

13 – A Sampdória oferece 1,4 milhões de contos (7 milhões de euros) por Doriva. Esquerdinha chegou, foi ao médico e informa que está nas Antas “para ser campeão”.

14 – Vítor Baía chega às Antas (cedido pelo Barcelona por época e meia) com recepção apoteótica. Assinou e ficou com a camisola nº 99, enquanto Kralj continua sem dar explicações e permanece na Jugoslávia. Esquerdinha assina por quatro épocas e meia.

15 – José Mourinho está convicto de que deixar sair o Vítor Baía do Barça é um risco. Doriva vai para a Sampdória e Esquerdinha é apresentado. A ausência de Kralj origina procedimento disciplinar por parte do FC Porto.

17 – Vítor Baía treina-se, defende bem, mas…sofre um golo, marcado pelo inevitável Jardel.

18 – Rio Ave, 1 – FC Porto, 1, (18º jornada).

Rui Correia; Secretário, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Mendes; Chaínho (Rui Barros 78’),Paulinho Santos, Capucho (Fehér 83’), Zahovic (Quinzinho 64’), Drulovic, Jardel
Supl.:Costinha, Peixe, Rui Barros, ,
Marc.: Zahovic 2’
Classificação ao fim de 18 jornadas: 1º FC Porto, 40 – 2º Benfica, 39 – 3º Boavista, 38 – 4º Sporting, 33 - 5º E. Amadora, 30

19 – Doriva rescindiu contrato com o FC Porto de manhã e à tarde viajou para Itália, com a promessa de voltar… para receber a faixa de pentacampeão. O arquitecto e urbanista catalão Solá-Morales aceita o convite para iniciar o plano de pormenor da zona das Antas, em Abril.

20 – O FC Porto empata a zero num “particular” com o Feirense, na primeira “mostra” de Esquerdinha.

22 – Kralj regressa a Portugal e afirma saber que vai pagar pela ausência:”Fui sem autorização do presidente mas a família está primeiro” (…) Sei que vou pagar pelo erro”.

23 – Kralj é suspenso e alvo de inquérito.

24 – FC Porto, 7 – Beira Mar, 0,(19ª jornada). Estreia de Vítor Baía.
Vítor Baía; João Manuel Pinto, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Mendes, Paulinho Santos (Peixe 71’), Chaínho (Zahovic 58’), Capucho, Rui Barros (Artur 82’), Drulovic, Jardel
Supl.: Rui Correia Fehér
Marc.: Capucho 29’, Jardel 37’, Jardel 43’, João Manuel Pinto 44’, Jardel 55’, Zahovic 64’, Jardel 66’.
Autêntico festival de golos nas Antas na estreia de Vítor Baía, que não teve muito trabalho. O Mónaco enviou dois emissários às Antas para observarem João Manuel Pinto.

25 – Artur assina pelo Vitória da Baía. A cedência valeu 85 mil contos (425 mil Euros) que entram no acerto de contas da transferência de Esquerdinha. Kralj fica impedido de treinar.

26 – Artur justifica a saída dizendo que precisa de jogar mais regularmente.

27 Kralj voltou a treinar-se, 17 dias após ter abalado para a Jugoslávia. No entanto é “isolado”, pois treina sozinho em horários trocados com o plantel.

29 – Kralj a caminho do PSV Eindhoven por 600 mil contos (3 milhões de Euros), mais 100 mil contos (500 mil Euros) do que o FC Porto pagou ao Partizan.

30 – Farense, 0 – FC Porto, 3, (20ª jornada).
Vítor Baía; Secretário, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Mendes, Paulinho Santos, Chaínho (Zahovic 60’), Capucho (Quinzinho 89’), Rui Barros (Chippo 79’), Drulovic, Jardel
Supl.: Rui Correia João Manuel Pinto
Marc.: Rui Barros 15’, Fernando Mendes 88’, Zahovic 90’
Vantagem no comando ampliada para dois pontos, depois do empate do Benfica em Aveiro. Classificação: 1º FC Porto 46 – 2º Boavista 44 - 3º Benfica 43 – 4º Sporting 37
31 – Rui barros, que rubricou exibição de luxo frente ao Farense, diz que se sente “empolgado”. Jardel é de novo pai, desta feita de um “rebento”chamado… Vitória, pois claro.

Frases:

Pinto da Costa
“Aqueles que não gostam de mim podem continuar a fazê-lo por muito tempo” – na primeira emissão do programa “Azul Vivo”, na SporTV.

Fernando Santos
“Pensei que houvesse um certo exagero de parte a parte mas, agora que cá estou, concluo, de facto, o FC Porto inspira uma reacção de amor-ódio. Neste país o FC Porto – que contrariamente ao que algumas pessoas querem fazer crer não é um clube regional, mas sim nacional – ou é odiado ou amado, porque foi o único clube que nos últimos anos mais títulos ganhou. – 6 de Janeiro

Pinto da Costa
“Fomos espoliados em dois pontos na Amadora” – 7 de Janeiro

Kralj
“Estou farto de ser suplente” – na Jugoslávia, 12 de Janeiro

Vítor Baía
“Estou pronto e sem medo (…) Agora sinto-me desejado, sinto que as pessoas têm confiança em mim” – 20 de Janeiro.
In: Jornal "OJogo"







Por: Nirutam

1 comentário:

Anónimo disse...

O primeiro ano de Capucho no FCP ainda com Ant.Oliveira como tecnico foi muito fraquinho.

Na segunda epoca sim começou a mostrar o excelente jogador que podia ser.

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