sábado, 21 de dezembro de 2013

Liga Zon Sagres, 14ª Jornada: FC Porto 4 - 0 Olhanense: 4-3-3 à Porto






Vitória calma, tranquila e segura. Um vitória que dispõe bem o espírito, que tranquiliza as águas revoltas, mas que mostra que a equipa ainda está longe da solidez e da velocidade de jogo que precisa. É como se tivéssemos de novo em pré-época, num novo começo e que tudo para trás pouco mais fossem que memórias. É o FC Porto a reencontrar-se consigo mesmo, voltando ao 4-3-3 à Porto, com meio campo estruturado e extremos abertos. Nada de “falsos” pendurados no flanco, ou de estranhos emparelhamentos de médios pelo centro.




O jogo espelha bem esse caminho. O FC Porto acaba o jogo muito por cima. Seguro no resultado, até parecia que ninguém do lado azul e branco queria que o jogo acabasse. A autoconfiança da equipa foi crescendo com os minutos e com o resultado. Em sentido inverso à (ténue) resistência da Olhanense, uma das equipas mais fracas deste campeonato. O domínio Portista é arrasador, guiado pela inspiração de Carlos Eduardo, que pinta o jogo do FC Porto com talento e criatividade.

O FC Porto entra em campo com o mesmo onze que havia ganho em Vila do Conde. A excepção é a saída forçada de Alex Sandro por castigo e a entrada de Otamendi para central, permitindo a Mangala ocupar a posição de defesa esquerdo.







A entrada do FC Porto no jogo é forte, mas carece de velocidade pelos flancos. O FC Porto domina, mas não abafa. Mesmo assim, as oportunidades vão surgindo, alimentadas pela lucidez com que o meio campo do FC Porto ataca. Carlos Eduardo vai espalhando magia em doses generosas e o FC Porto abeira-se do golo. Acaba por surgir, pela meia hora, num golpe de cabeça fulminante de Mangala após canto cobrado por Carlos Eduardo.




E é aqui que o FC Porto precisa de trabalho. A equipa ganha vantagem no marcador e começa a arrefecer os motores. A velocidade do jogo flanqueado cai a pique e a Olhanense aproveita para respirar melhor.

À excepção de um diálogo entre craques de Carlos Eduardo e Jackson, naquele que deveria ser o golo do campeonato, o FC Porto segue até ao intervalo sem ameaçar com consistência a baliza da Olhanense.






O intervalo traz um FC Porto mais enérgico e a entrada forte em campo é compensada com um segundo golo, pouco depois. Novo canto de Carlos Eduardo e Jackson pica o ponto.







São dois lances de bola parada, sim, mas havia vitalidade no futebol Portista. Não suficiente para ser esmagador, mas convincente.

Paulo Fonseca decide, então, mexer no jogo. Percebeu o que o povo queria. Tira Licá e mete Kelvin. Pouco depois, tira Lucho e coloca Herrera. O FC Porto ganha verticalidade, repentismo e amplitude. 







A diferença a meio campo é significativa. Herrera dá à equipa um novo arranque, empurrando o meio campo para cima da Olhanense. O prémio haveria de ser servido no fim, com dois golos monumentais. Um a premiar o melhor em campo e o outro o melhor suplente.







A Olhanense quebrara e o FC Porto estava gigante.

O que se tira deste jogo?
Duas coisas.

Primeiro, que o passado está enterrado e estamos numa nova pré-época. Tudo o que havia sido experimentado até aqui é para esquecer e voltamos a ter o FC Porto na sua essência, um 4-3-3 à Porto.

Segundo, que esta equipa precisa de maior velocidade. Extremos mais explosivos e com mais drible (Kelvin de início). E de um 8 mais vertical, mesmo sendo Lucho.

O resto virá com as vitórias, sobretudo se conseguidas nos jogos que se avizinham frente aos da segunda circular.



Análises Individuais:

Helton – Um espectador privilegiado.

Danilo – Tomou conta do seu flanco, atacou a preceito, fazendo uso da sua mais-valia no jogo interior. Bem entrosado com um extremo e temos uma asa direita muito forte.

Mangala – Mais uma vez, mostrou que sabe mais desta posição de muito lateral credenciado. Seguro a defender e animado no ataque. Não se esquivou a subir e a cruzar. Abre o caminho da vitória com uma cabeçada onde nem os guarda-redes chegam!

Maicon – Muito seguro e bem focado no que tinha de fazer. Precisa de perder as pequenas faltas que não mais fazem que criar pontos de fixação para o jogo adversário. Tem que ter mais sangue frio nessas situações.

Otamendi – Acompanhou o ritmo de Maicon. Embora, para descanso de ambos, o ataque da Olhanense, pouco mais foi que zero.

Fernando – De volta a casa e sem estranhos a empatarem. Um 6 de mão cheia. A âncora deste FC Porto.

Lucho – Precisa, urgentemente, de uma gestão inteligente. Toda a primeira fase da época só serviu para o rebentar. Pode e sabe dar mais à equipa. Está esgotado. Ausentou-se muito do jogo, foi pouco intenso, embora aparecesse a espaços com classe. Precisa de ganhar fôlego, o que seria benéfico para ele e para a equipa.

Carlos Eduardo – O melhor em campo, claro! Um artista, craque e inventor de futebol. Finalmente temos um criativo como o nosso meio campo há muito merecia! A sua entrada na equipa colocou logo outros jogadores a jogarem numa bitola bem superior. Bastou uma lufada de talento na posição 10 e a equipa ganhou vida. Quando o diálogo com Jackson estiver aprimorado, vai ser lindo. Um golo à 10. Um golo à…Deco!

Licá – Esforçou-se, tentou ser participativo e até teve movimentos interessantes. Falta a Licá o resto. Que resto? Imprevisibilidade, drible, explosão, risco e malandrice. É a sua segunda despedida solene da titularidade. É preciso uma terceira, Paulo Fonseca?

Varela – Nem foi o Varela taciturno que costuma ser, nem teve aqueles momentos raros de brilhantismo que só ele tem. Andou ali numa zona nebulosa. Creio, embora possa estar a sobrevalorizar Carlos Eduardo, que este não deixou que Varela adormecesse no jogo. É por aqui que o FC Porto precisa de crescer. Obrigar Varela a ser mais interventivo e mais vezes decisivo.

Jackson – Ficou-nos a dever o golo do ano. Que fique para os próximos grandes jogos. Anda feliz na vida. Tem alguém que o compreende, que joga a mesma língua e que conhece os cantos todos da bola, como ele. Ainda por cima, joga por ali, perto, mas não demasiado, e sempre com a bola redonda à sua procura. Se o jogo flanqueado melhorar, então, ninguém o segura.


Kelvin – Voltou a mostrar que está pronto. Não foi uma entrada vistosa, cheia de lances e fintas circenses. Foi melhor que isso. Foi consistente. Madura. Um pouco de confiança e temos jogador. Precisa de ser titular.

Herrera – Deu à equipa o que precisava. Um motor extra para chegar à frente. Vertical, poderoso, embora algo trapalhão, deu ao FC Porto domínio total a meio campo. Grande golo!

Ghilas – Voltou a jogar demasiado pouco. Precisa de mais tempo. Repito, gostaria de o ver a entrar para um flanco, já com um jogo ganho, como o de hoje.



Ficha de Jogo: 

FC Porto: Helton, Mangala, Danilo, Otamendi, Maicon, Varela, Carlos Eduardo, Lucho González (Héctor Herrera, 76), Licá (Kelvin, 57), Fernando, Jackson Martinez (Nabil Ghilas, 85)
Treinador: Paulo Fonseca

Olhanense: Vid Belec, Per Kroldrup, Anthony Seric (Murilo, 61), Oumar Diakhité, Jean Coubronne, Pelé, Celestino, Femi, Paulo Regula, Federico Dionisi, Agon Mehmeti (Francis Koné, 69)
Treinador: Paulo Alves

Árbitro: Hugo Miguel 



Por: Breogán

10 comentários:

Joker disse...

Excelente crónica, pr'a não variar Breógan!...

Aproveito para desejar à blogosfera Portista, e à fantástica equipa do Tribuna, um Santo Natal! Abraço!

Anónimo disse...

Mais uma grande cronica.
Subscrevo TUDO.
O futuro imediato promete.
Creio que em breve vamos ver a afirmação de Kelvin, Ghilas e Quintero.
E atenção a Reyes e a Josué.
Há matéria prima.

Anónimo disse...

Excelente análise, mais uma Breogan. E um boa vitória do FC Porto frente a um frágil adversário.

douro disse...

Bom jogo e boa exibição da nossa equipa.

Lucho foi bastante sacrificado na sua anterior posição mas com uns dias de férias vai aparecer ao seu nível.

Reforçando o plantel com um extremo credenciado ficamos bem.

Quintero precisa melhorar bastante fisicamente .Terá vontade suficiente?!

Anónimo disse...

BREOGAN que achas de Quintero?

Tem muito potencial mas não parece um caso fácil de lidar um pouco à semelhança de Iturbe, embora este, não o ache um extremo e tendo potencial não tanto quanto Quintero.

Com Carlos Eduardo e Josué para fazer o 10, onde poderia encaixar?

Anónimo disse...

E já agora Rafa e Andre Silva são os nossos juniores com mais potencial ?

E o Leandro?

Boas Festas em particular ao excelente cronista e portista Breogan.

douro disse...

Eu gosto muito do Gonçalo Paciência mas tem tido muitas paragens e longas...

O Caballero não competindo muito deixou indicações positivas.

O Mikel pode dar um bom central?

Anónimo disse...

Quintero tem tudo para ser uma estrela mundial. Talento, técnica, visão de jogo, qualidade no passe, capacidade de remate e finta tem ele de sobra.
Apenas precisa de ser polido mas para isso precisa de um bom treinador para o ensinar. Acontece que Paulo Fonseca não deve ser o melhor a ensina porque ele próprio aparenta ter muitas dificuldades em aprender.
Vamos ver o que dá, Quintero não é um flop nem nunca o será. Esta época já marcou golos importantes e quando aprender a jogar em equipa e se adaptar ao rigor do futebol europeu vai ser um dos jogadores mais fantásticos que passaram pelo FC Porto.

Anónimo disse...

O problema de Quintero é físico e capacidade de trabalho ?

Breogán disse...

O problema do Quintero são dores de crescimento. Não mais que isso.

É um rapaz 20 anos que está habituado a ser craque. A ganhar os jogos das suas equipas quase em esforço individual.

Resultado disto? Jogava só para a frente e em lances espaçados ao longo do jogo de esforço/talento individual.

Agora, chega a uma realidade diferente. Está num clube de topo. Não é o único craque. Há mais. Logo, todos trabalham, todo o tempo de jogo e para o interesse comum da equipa e não para o esforço individual.
É este o choque de crescimento de Quintero.

Tem que ganhar estrutura física e um par de meses à Anderson na B, com um plano físico e táctico a cumprir, caiam que nem ginjas!

Para mim, é um 10. Mais de finta curta e pequenas explosões de velocidade. Diferente de Carlos Eduardo, mas atenção, são complementares.


Quanto aos juniores: Ivo, André Silva e Rafa são, para mim, o trio mais promissor. Há outros bons valores (Tomás, Francisco Ramos, Raúl, Ricardo Tavares, Rúben Alves), mas estão num grupo atrás.

O Leandro está a fazer uma temporada acima das minhas expectativas. É um jogador à Porto e muito adaptável, mas creio que lhe falte classe para chegar à A do FC Porto.
Classe não falta a Caballero, até é dos jogadores com mais potencial da B. Perdeu-se muito tempo forçando-o a jogar a avançado centro. Não é a sua posição. Agora, passa demasiado tempo no banco. É um jogador para arrancar do flanco em diagonal. Aí sim, é o seu lugar.

>