Ao fim de pouco mais de duas
semanas de trabalho e 2 jogos particulares, começam-se a formar as primeiras
impressões do F.C. Porto versão 2013/2014.
Sendo certo que ainda é cedo para
conclusões definitivas, há já algumas ideias a retirar do modelo que Paulo
Fonseca pretende implementar na sua equipa, quer seja pelos jogos efectuados,
quer seja pelo trabalho efectuado pelo treinador nos seus anteriores clubes, ou
até pelas palavras usadas pelo mesmo para se definir.
E a primeira ideia que passa é
que esta equipa se baseará no mesmo conceito, na mesma ideia de jogo, do que a
treinada por Vítor Pereira: pressão alta, privilégio da posse de bola e ataque
organizado e maior foco no jogo interior.
Contudo isto não quer dizer que ambos
os treinadores pensem de forma exactamente igual ou que as suas equipas se
comportem da mesma forma. A ideia base será a mesma, mas algumas diferenças
serão notórias certamente.
Começando por um dos pontos onde
a equipa da época passada era menos forte, a profundidade. Pelo que já tivemos
oportunidade de observar, a equipa este ano terá um jogo mais profundo, maior
verticalidade, seja no meio-campo ou no ataque. No sector intermédio temos
visto um jogador (que tem sido maioritariamente Lucho) a jogar mais entre
linhas, no papel de número 10, algo já comum em Paulo Fonseca que no Paços de
Ferreira usava Vitor ou Josué nesse papel. Este posicionamento mais avançado de
um dos médios é já, por si só, uma novidade relativamente ao esquema de Vítor
Pereira, que optava sempre por um trinco e 2 médios interiores. E o facto de
esse jogador aparecer maioritariamente entre as linhas adversárias dá uma maior
verticalidade ao meio campo portista.
No que toca ao ataque, Paulo
Fonseca tem utilizado extremos mais verticais, se o termo de comparação for a
equipa de Vítor Pereira ou até o Paços de Ferreira do actual treinador
portista. Varela, Kelvin, Iturbe, Izmailov ou Licá não são extremos à moda
antiga mas são, sem dúvida, jogadores mais verticais que James Rodriguez ou até
Defour, muito utilizados nas alas com Vítor Pereira. A sua presença em campo
dá, por si, outra profundidade ao jogo portista, pois grande parte destes
jogadores são fortes no um para um e sabem também movimentar-se sem bola,
abrindo as defesas adversárias. Ainda há muito trabalho para Paulo Fonseca
aprofundar nestes lugares específicos, mas os sinais são de um jogo com outra
largura. Contudo, Quintero ainda não começou a treinar e há a incógnita se será
usado na ala como James Rodriguez ou como médio ofensivo.
Estas pequenas alterações poderão
ter implicações importantes no jogo portista. Parece claro que teremos uma
equipa que irá arriscar mais, de forma a aproveitar esta profundidade, o que
tornará a busca pelo golo mais activa durante os jogos. Com Vítor Pereira a
equipa abusava do jogo passivo, mesmo em momentos do jogo em que o resultado
ainda não era favorável.
Esta maior agressividade ofensiva
que se espera deverá ter consequências na quantidade de bola que a equipa terá.
Arriscando mais, haverá mais probabilidade de se perder a bola com outra
facilidade.
Contudo, o novo técnico portista
sempre foi fã de uma pressão alta, tal como Vítor Pereira gostava e tão bem a
implementou na sua equipa. Pelo que já se viu nestes jogos, a equipa continua
com as linhas bem adiantadas e pressionante logo na 1ª fase de construção
adversária. Ainda é cedo para conclusões, mas parece que o tónico de “recuperar
a bola o mais rápido e mais à frente possível” se irá manter.
A continuidade na aposta nesta
pressão aquando da perda de bola, a juntar a uma maior agressividade ofensiva
poderá gerar momentos de algum desequilíbrio e também um maior desgaste da
equipa, sendo portanto importante encontrar um equilíbrio entre os momentos de
posse de bola passiva e os momentos em que a equipa deve atacar de forma mais
agressiva a baliza adversária.
Como tal, pessoalmente espero uma
equipa mais agressiva nessa procura pelo golo em comparação à equipa de Vítor
Pereira, dado ser um dos principais pontos negativos do antigo treinador, mas
também acredito serem importantes os momentos de descansar com bola, sob pena
de termos uma equipa que “rebente” cedo fisicamente na época.
A ideia de jogo de Paulo Fonseca
é, em teoria, a mesma de Vítor Pereira. Na prática há alterações óbvias, mas
aparentemente existe um processo de continuidade ou até de aperfeiçoamento do
modelo existente.
Algo a confirmar nos próximos meses.
Por: Eddie the Head
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