Sempre que se visite um sítio
mais exótico, manda a tradição que se mande um postal de volta para afagar
saudades, mas também, para mostrar a beleza do sítio. Foi um pouco isso que fez
ontem o FC Porto. Acaba a sua exótica digressão (a repetir por esse mundo fora!
Um sucesso!) mandando um postal na volta do correio para todos os portistas.
Mas este é um postal diferente. A foto do postal não mostra as belezas locais,
mas o perfume do futebol azul e branco deixado em Bogotá, tão intenso como o do
bom café local.
Um bom “recuerdo” para tantos
curiosos pelo mundo azul e branco nesse canto de América Latina e uma promessa
para todos nós, deste lado, de mais uma época de emoções.
O resultado empolga, mas não
passa de mais um teste de pré-época. Há, no entanto, factores que contribuíram
para este desfecho. Primeiro, a equipa inicial é mais homogénea que a que
iniciou o jogo anterior. Segundo, o estado do relvado ajuda ao bom jogo, ao
contrário do anterior. Terceiro, o efeito “turística” já passou e o Mar do
Caribe já não era novidade. Por fim, o peso do adversário aumentava a nossa
atenção. Esta é a equipa por onde andou Di Stéfano, entre outros.
É justo concluir que a equipa
evoluiu, embora ainda existam algumas coisas a corrigir e abandonar algum
experimentalismo. É bom ver que, apesar das cargas físicas, a equipa tem
vitalidade em campo e consegue acelerar o jogo. Resta diminuir o efectivo,
porventura, só após o jogo de apresentação e trabalhar os detalhes que faltam.
Algumas notas do jogo:
· Castro foi 6, Josué foi 8 e Lucho 10. Houve
estruturação, logo o nosso meio campo foi dinâmico e consistente, mesmo frente
a um Millonarios que jogava de pitons em riste. Aliás, a resposta dada em campo
a essa agressividade, com um jogo de posse, quase nunca horizontal, mas
frequentemente vertical é um demonstrar dessa estruturação. Convém sublinhar
que estruturação não é rigidez posicional. A dinâmica do jogo impõe
desequilíbrios momentâneos, ou a própria organização da transição.
·
Soubemos responder à agressividade alheia. Sem
entrar no mesmo jogo, mas sem recuo.
·
Infelizmente, não deu para testar a eficácia da
marcação. O Millonarios mal chegou à nossa área, bloqueado que foi pelo nosso
meio campo.
·
Há evolução no nosso jogo exterior. Foi o
primeiro jogo onde tivemos envolvência efectiva entre os extremos e os
laterais. E foi bom ver que o nosso jogo exterior transformava-se em jogo
interior com enorme facilidade. É esta capacidade de transformação que está na
base das grandes equipas.
·
É impossível não falar nas bolas paradas
ofensivas. Danilo apareceu nos livres, veremos se é para continuar. Nos cantos,
estamos a colocar a bola tensa e na zona preferencial de ataque à bola.
·
A nossa linha ofensiva esteve mais subida e, até
por isso, o Millonarios nem se viu no ataque.
Análises Individuais:
Helton – Um espectador. Só uma
estirada, para justificar o banho.
Danilo – Finalmente, Danilo. Não
fez uma exibição portentosa, ainda teve lapsos defensivos e não foi avassalador
no ataque. Bem sei que estamos na pré-época e falta-lhe pernas para isso. Creio
que pode fazer mais vezes o que fez no primeiro golo. Não se pede o golo, mas o
desequilíbrio. É um lateral que tem que evoluir no seu jogo exterior, mas que é
muito poderoso no jogo interior. E isso é um ás de trunfo na manga. É uma
raridade um lateral tão capaz nesse capítulo. Quanto ao livres, que seja para
continuar e não mais uma excentricidade de pré-época.
Alex Sandro – Não tão eficaz no
ataque como Danilo, mas sólido a defender e ainda à procura da melhor
articulação com Licá. Está a subir de forma.
Otamendi – Senhorial e
omnipresente sobre Renteria.
Abdoulaye – Apanhou bem a boleia
do jogo e sai de campo com um registo imaculado. Bom jogo.
Castro – Muito rápido e incisivo
sobre o transportador de bola do Millonarios, falta saber se consegue compensar
os laterais a preceito. Este Millonarios testou essa capacidade de
desdobramento. Boa saída de bola e sempre disponível para a transportar.
Josué – Uma segunda parte
brilhante e uma capacidade de passe que é assombrosa. Tem que ganhar
consistência, faz alguns passes transviados que já não cabem no seu futebol. Precisa,
também, de ser mais rápido sobre a bola. Se ganhar essa rapidez, é titular de
caras.
Lucho – Uma exibição sólida, onde
se destaca o passe para o quarto golo. Creio que nesta posição o FC Porto só
tem a ganhar com um jogador mais dinâmico, mas Lucho é um “porto de abrigo” de
grande classe.
Kelvin – Fez um jogo agradável.
Levou “porrada” quanto baste, mesmo com o árbitro a fazer de conta, mas nunca
se escondeu. Não fez um jogaço, mas noutros tempos, Kelvin não duraria nem 5
minutos. Esticou sempre o jogo e assumiu a posse de bola. Exemplo disso é a
falta que dá origem ao terceiro golo de Danilo.
Licá – Falta-lhe um momento
inspiração que o liberte do peso da camisola. Um golo, uma grande jogada, um
momento de encher o olho. Muita atitude e sempre disponível para assumir o
jogo. Faltou-lhe uma boa abertura para desequilibrar. Bom jogo.
Jackson – Já na primeira parte
havia partido os rins à defesa do Millonarios. No final do jogo, arrasou. É um
super craque. Um jogador de grandíssimo nível. Já pouco mais resta dizer. Só
que era tão bom, mas tão bom, que ficasse mais um ano.
Mangala – Uma vez mais, voltou a
fazer inveja a muito lateral esquerdo. Solidez a defender, o que não é
novidade, e muito poder a atacar.
Izmaylov – Pouco ou nada fez.
Sejamos justo, não fez nada.
Ricardo – A estreia com a nossa
camisola fica marcada por um bom lance defensivo e duas boas subidas ao ataque.
Um talento para ser trabalhado.
Herrera – Manteve a dinâmica e
revela capacidade para ser um peça fundamental nesta época.
Reyes – Um lapso, mas nada de
monta. Voa sobre o relvado.
Por: Breogán
3 comentários:
O melhor jogo da pré época.
Breogan, o Atsu tinha lugar neste plantel em condições normais ?
Não tem. O Atsu foi ultrapassado.
Hoje não seria mais que a última opção para o lugar.
Boa cronica.
Nas apreciações só discordo um tanto da apreciação ao russo.
Queria ver jogar o Tiago Rodrigues.
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