Ao fim de 15 jornadas disputadas,
é altura de fazer um balanço destes primeiros meses da nova equipa B do F.C.
Porto.
O início de campeonato foi
atribulado. A equipa nem começou mal, com alguns empates consecutivos, mas com
um futebol agradável e com alegria. Com o aparecimento dos primeiros resultados
negativos tudo piorou, os jogadores perderam confiança, algumas arbitragens empurraram
ainda mais a equipa e nem a primeira vitória, em Guimarães, libertou a equipa.
A utilização de jogadores menos rodados no plantel principal, como Iturbe,
Kelvin, Abdoulaye, Quino e até Mangala e Fabiano, também não teve grandes
efeitos.
Foi preciso esperar pela 12ª
jornada, com a recepção ao Marítimo, para que se visse finalmente esta equipa a
somar bons resultados consecutivos. De então para cá fez 10 pontos em 12
possíveis, ganhando 3 jogos em 4 e empatando o outro, no difícil terreno do
Arouca, num jogo em que esteve reduzida a 10 elementos durante 15 minutos.
Curiosamente, ou talvez não, antes desse encontro com o Maritimo, o Presidente
Pinto da Costa tinha dado o recado a esta equipa, na gala dos Dragões de Ouro.
No entanto, o grande objectivo duma
equipa B é, acima de tudo, formar e projectar jogadores para a equipa A. O
único objectivo desportivo é o da manutenção, para que o projecto se mantenha
aliciante.
E será que esse objectivo
primordial está a ser cumprido?
Actualmente nenhum jogador lançado
originalmente nesta equipa B jogou esta época pela A, tirando o caso de Sebá no
jogo atípico contra o Santa Eulália para a Taça de Portugal. Por outro lado,
alguns jogadores que passaram pela B, originários das equipa principal,
acabaram por ganhar um lugar na A mais tarde, como por exemplo Abdoulaye.
Mas haverá jogadores desta equipa
B com capacidade para, no futuro, integrarem o plantel principal do F.C. Porto?
A começar pela baliza:
Stefanovic
é um desses jogadores. Um guarda redes com grandes capacidades físicas e
técnicas, tem já capacidades para ser uma boa segunda opção para a baliza da
equipa A. Se corrigir ainda mais as saídas aos cruzamentos, pois por vezes são
demasiado “à maluco”, pode tornar-se no futuro no número 1 das redes portistas.
Na defesa:
Tiago Ferreira também
apresenta bons argumentos para um dia ser opção no plantel principal. É um
central forte tecnicamente, algo rápido, mas ainda tem de corrigir alguns
problemas de posicionamento e tornar-se num jogador algo mais físico. Acredito
que poderá dar o salto, mas também mantenho algumas reservas. Quinones não
entra para estas contas porque é um jogador que foi contratado directamente
para a equipa A, mas também apresenta qualidades técnicas e físicas para poder
ser uma boa opção.
Passando ao meio campo:
Penso que
há 3 jogadores a seguir com atenção o seu desenvolvimento. O primeiro, e para
mim a maior promessa desta equipa B, é Mikel. O nigeriano apresenta
características físicas impressionantes para a posição de trinco, tem
agressividade (por vezes em excesso) e sabe jogar. Se lhe derem mais responsabilidades
na construção de jogo, tem tudo para se tornar num excelente trinco, possível
titular na equipa principal portista.
As outras duas promessas deste meio campo são os dois médios ofensivos: Tozé e Sérgio Oliveira. Ambos têm excelente capacidade técnica e visão de jogo. O 1º subiu este ano a sénior e vinha envolto em algumas dúvidas quanto à sua adaptação a este nível, devido, principalmente, às sua características físicas: conseguiu adaptar-se muito bem, e mostra-se um jogador com muita raça e capacidade de luta, a juntar às suas sempre reconhecidas capacidades técnicas. Sérgio Oliveira é um caso diferente: um jogador cheio de talento, desde cedo reconhecido por todos, mas que tarda em confirmar esse mesmo talento. Por vezes parece alheado dos jogos, faltando-lhe alguma intensidade e maior regularidade exibicional. Contudo parece estar a melhorar, e nos últimos jogos já mostrou algo do que pode fazer. Se conseguir focar-se e ultrapassar estes problemas, teremos aqui um jogador de top, com grande capacidade técnica, visão de jogo, bom físico e um excelente remate, característica que, de resto, partilha com Tozé.
No ataque:
É onde esta equipa
apresenta mais debilidades. Sebá e Dellatorre estão no clube por empréstimo e,
embora tenham demonstrado alguns bons atributos, não me parece que já tenham
feito o suficiente para que o clube os contrate a título definitivo. Sebá é
rápido e forte, tem bom remate, mas é muito inconstante e ainda tem de limar
alguns aspectos técnicos. Della é um avançado com alguma qualidade técnica,
sabe finalizar, mas falta algum físico e é pouco constante. Além disso, o
potencial que tem pode leva-lo a um nível razoável, mas nunca ao top.
Qualquer
um destes jogadores é caro, como tal um investimento, com base naquilo que se
viu até agora, é um risco que não faz sentido correr. Até ao fim da época algo
pode mudar, mas apenas acredito que Sebá poderá ficar.
Vion também é um avançado interessante: tem uma raça extraordinária, é relativamente rápido e sabe jogar com os pés. É um ponta de lança que cai excessivamente nas alas, como tal necessita de minutos e que lhe ensinem que tem de ficar mais na área. Moldado pode dar jogador.
Estes são os jogadores que acredito (mais em alguns casos que noutros, como se percebe) que podem subir ao plantel principal do F.C. Porto a médio/longo prazo.
A estes juntam-se no
plantel jogadores como Zé António, um veterano, ou até Pedro Moreira, para dar
experiência a uma equipa muito jovem, nesta liga muito competitiva. Moreira é
um bom jogador, mas duvido muito da sua capacidade para integrar um dia o
principal plantel. Contudo é um jogador com já alguma experiência de 1ª liga,
apesar de jovem, e pode ajudar muito este plantel.
O restante plantel é constituído
por alguns ex-juniores, alguns deles com qualidade, mas insuficiente para a
nossa equipa, e por alguns estrangeiros contratados esta época mas que
dificilmente continuarão por cá para a próxima. Sendo este o ano 1 desta equipa
B, é normal que o plantel ainda sofra bastantes alterações.
Apesar dos últimos resultados
serem positivos, é necessário não esquecer que é importante ganhar, mas
essencial é formar jogadores, como tal os jovens com mais valor devem continuar
a jogar e não ser remetidos ao banco em busca de resultados imediatos. E é
essencial, também, ter uma atitude aguerrida, “à Porto”, algo que também faltou
no início da temporada.
Este é um bom projecto, e vai
muito a tempo de dar grandes frutos.
Por: Eddie the Head
6 comentários:
Boa análise. Falta aí talvez um dos pontos mais importantes e que nunca vi avaliado em lado nenhum, sempre que se fala na equipa B.
O Treinador!
Pelo que vi no zerozero tem um percurso sempre por camadas jovens, Leixões, Padroense, Porto.
Será o Rui Gomes o mais indicado?
Qual o modelo de Treinador?
Servirá a B também para formar treinadores para a equipa principal?
Ex jogadores tem com grande sucesso aparecido em equipas pequenas na 1ª liga (Domingos, Pedro Emanuel, Nuno)....
Gostaria de ver uma análise também neste capitulo.
Concordo com a duvida relativa ao treinador....
Nao quero ser injusto com o Rui Gomes porque não o conheço. Apenas questiono-me se o Porto deveria fazer um "esforço" para contratar um treinador mais conceituado que colabore no futebol de uma forma mais abrangente. Deixo duas opções "sonhadoras"
Carlos Brito (bom com jovens e desempregado)
Jesualdo Ferreira (otimo professor de jogadores e desempregado)
Claro que nenhum destes, especialmente o segundo, virá para a equipa b treinar... mas, não sei talvez um contrato de coordenação geral do futebol jovem... Por exemplo o Moncho Lopez ficou no Porto basket sem uma equipa senior para treinar... o Jesualdo Ferreira aquando da sua saida, foi convidado a assumir funções semelhantes segundo o PdC, mas recusou...
Embora não tenha a certeza, penso que o blog já dado umas pequenas indicações sobre o Rui Gomes sobre as suas capacidades.
A verdade é que, Rui Gomes, só está habituado a treinar jovens e, na minha opinião, não se destacou muito, ganhou alguma coisa, mas também perdeu outras.
Para mim, com o trabalho que Capucho está a desenvolver nos Jun A, merecia a oportunidade de trabalhar com a B, nem que fosse só supervisionar alguns aspectos.
Treinadores livres como referiram, Carlos Brito e Jesualdo Ferreira, são um sonho, não sei se aceitariam treinar na 2ªliga, também acho que se podia incluir o Domingos Paciência que até tem o seu filho nos Jun A, mas acho que pelas mesmas razões, não seria incentivante treinar na 2ª liga, não sei.
No entanto, isto são as minhas opiniões e, de facto, gostava que o blog, se pudesse, realizasse um género de modelo de treinador de Porto B, e se Rui Gomes, tem características para tal.
Bem quanto a esta crónica, não posso concordar com o Mikel. Para mim o 6 é aquele que faz a ligação do jogo, transicções, etc... Se ele não consegue fazer isso, prefiro um 8 mais recuado, como o Pedro Moreira e, tem vindo a resultar.
O Mikel torna a sua teimosia negativa, em quase todos os jogos em que participou, vi-o tentar passes longos em defesas fechadas que não deixavam passar a bola. E, o que é que ele fazia para remediar isso? Nada, fazia exactamente o mesmo e o Porto continuava a perder bolas. Quando o vi na pré temporada vi mais potencial, agora, não.
Relativamente ao Rui Gomes, não aprofundei a minha opinião sobre o mesmo, mas deixei algumas dicas.
Acho que o objectivo da equipa B tem de ser formar jogadores, mas na cabeça dos jogadores o objectivo tem de ser ganhar sempre. E no início da época, isso falhou. A equipa perdia, mas pior que isso era ver-se um conformismo que irritava.
Actualmente já não é assim, mas parece-me que teve de haver intervenção vinda de cima.
Não sou apologista de mudar treinadores à primeira, como tal aposto na continuidade do Rui Gomes até ao fim da época. Daí para a frente, mantenho as minhas dúvidas.
Tacticamente o Rui Gomes ainda me parece curto para esta liga. Mexe mal na equipa, mexe demasiado na posição 6 quando as coisas correm mal, não aposta em jogadores diferentes para posições em que o plantel é curto (por exemplo, poderia experimentar outros juniores nas alas, ou até apostar mais no Fred). Pode ser que evolua ao longo da época, já que é a sua estreia a nível senior. Mas tem coisas boas, a principal é que consegue evoluir bem os jogadores, como provou principalmente nos juniores. Acho que ele pode fazer mais de alguns jogadores, vamos ver como se porta agora com um pouco menos de pressão, aliviada pelos resultados.
Quanto aos nomes aqui falados, não me acredito que algum deles fosse possível para a B. Talvez o Brito seja o menos irreal, mas mesmo assim muito difícil. O Capucho parece-me curto, tem cometido erros nos escalões mais jovens, que a este nível saem muito mais caros.
E o Brito é bom com jovens porquê?
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