quinta-feira, 27 de março de 2014

Taça de Portugal: FC Porto 1 - 0 SL Benfica

#FCPorto #SLBenfica #Portugal #Colômbia #Brasil

Foi pouco!






Jogar muito e matar pouco. O Dragão agarrou o passarinho pelas moelas, arrancou-lhe as penas quase todas, espetou-lhe uma garra na pata, mas quando chegou a altura de o esventrar, tremeu o dente frente ao objectivo.






Foi pena, merecíamos mais. Jogamos muito mais que eles. Foi uma daquelas noites à Porto.

A primeira coisa que salta à vista é a transformação anímica deste FC Porto. Estamos longe daqueles dias de nevoeiro cerrado que atravessamos esta época. Onde cada buraco era uma cratera. Cada curva era uma ribanceira. Esta equipa é uma autoconfiante. Pode perder, pode até sofrer como vimos em Nápoles, mas não se perder, não se afoga, não desiste.

A segunda coisa a sublinhar é a qualidade deste plantel. Tem debilidades, algumas delas imperdoáveis, muito mais a quem tem traquejo nisto, mas é um plantel com muito potencial. Aliás, como sublinhou, e bem, Luís Castro na conferência de imprensa. Há aqui talento para ser trabalhado. Há talento que exclama por superação. Não existiu essa capacidade esta época e o prolongar da agonia matou a hipótese de revalidar o título de campeão. O lugar de treinador é fundamental para o clube e para atingir as suas metas desportivas e financeiras. Jamais esquecer!



Quanto ao jogo, Luís Castro só faz uma alteração de fundo. Herrera por Carlos Eduardo. As restantes, não foram mais que regressos ao onze após castigo. E é essa a chave da grande primeira parte do FC Porto. Herrera dá ao FC Porto aquilo que lhe havia faltado nos últimos jogos: verticalidade. É esta aceleração na transição ofensiva que transtorna o meio campo rival e que torna o FC Porto tão dominante nesta primeira metade. Um sufoco. Tantas oportunidades, algumas flagrantes como a de Jackson e Varela e um golo só, num cabeceamento soberbo de Jackson após um canto. Prémio muito curto para tanto jogo.




E assim decorre a primeira parte, ao sabor do poder de explosão do meio campo portista. Fernando bloqueava a saída de bola do adversário e esta, ou era colocada no flanco, ou metida em Herrera para verticalizar o jogo. Onda atrás de onda, assim bateu o meio campo portista na defesa do adversário.

A segunda parte é diferente. O adversário fecha-se mais atrás e junta as suas linhas. O meio campo do FC Porto começa a dar sinais de fadiga e já sem espaço para progredir, não consegue verticalizar tanto o jogo. Jorge Jesus começa a apostar no contra-ataque e vai alterando a sua frente de ataque. O jogo fica mais matreiro, mais luta a meio campo, menos espaço de progressão para o FC Porto e muito espaço para o contra-ataque do adversário.

Ainda assim, a melhor oportunidade é para o FC Porto. Jackson atira ao poste! Pouco depois, há um curto período de domínio do adversário, mas Luís Castro responde bem. Percebe que precisa de criatividade para voltar a encontrar espaço a meio campo e para obrigar o meio campo defensivo do adversário a recuar. Começa com Carlos Eduardo e acaba com Quintero. É uma transformação ousada e radical do meio campo portista.

O que se sobrepõe? A procura do 2-0 ou a defesa do 1-0? Luís Castro percebeu o momento pelo qual esta equipa atravessa e ousou arriscar. Algo impensável algum tempo atrás.







A resposta foi dada em campo. O adversário remetido à vulgaridade e o FC Porto absoluto em campo. Até que, perto do minuto 90, Quintero, isolado e de frente para a baliza, perde o 2-0, justo e merecido, de forma inglória.





Estamos vivos e bem vivos. Agora que inventem desculpas para a nossa vitória e para o banho de bola que levaram. Quantas mais inventarem é porque melhor estamos. Eu imagino este FC Porto ir buscar um bom resultado na segunda mão. Algo inimaginável há um mês atrás.

Lamento o que perdemos esta época. Espero que a SAD também lamente.


Análises Individuais:

Fabiano – Quase não teve trabalho e faz a defesa da noite. À guarda-redes de um clube grande! Dá segurança entre os postes e é concentrado no jogo. É limiar as arestas que tem para ser um guarda-redes completo.

Danilo – Jogo conservador no ataque. Esteve bem no aspecto defensivo, embora tenha concedido algumas faltas desnecessárias.

Alex Sandro – Boa primeira parte, não dando espaço a Salvio. Na segunda parte, melhora muito o seu nível. Domina o flanco de ponta a ponta, como há muito não se via. Esperemos que esteja de volta para a recta final de temporada.

Reyes – Exibição tranquila. Muito sóbrio e concentrado, já percebe melhor o ritmo de jogo e o espaço que não pode conceder ao adversário. Cardozo nem piou. Está a crescer! É jogador que precisa de treinador.

Mangala – No limite do esforço, lá aguentou o jogo, vamos lá ver com que consequências. Mesmo durante a partida, foi um risco tremendo. Voltou a assumir o papel de líder da defesa e faz um jogo brilhante. Mais tranquilo e mais controlado.

Fernando – Absolutamente implacável. A defender um monstro. A atacar um esfaimado.

Defour – Jogo muito competente como assistente de Fernando ou Herrera. Tratava das sobras e unia os dois dínamos do meio campo. Cai de rendimento a meio da segunda parte.

Herrera – Primeira meia hora de arromba. Quando tiver o poder de fazer o mesmo partindo da posição 8, vai ser um dos jogadores do campeonato. Lá está, mais um que precisa de treinador. Desgastou-se imenso e pagou a factura na segunda parte.

Varela – Desperdiçou duas oportunidades. A segunda, isolado, é escandalosa. De resto, mais um jogo apático.

Quaresma – Começou bem, mas subiu-lhe à cabeça. O empolgamento do Dragão fez-lhe mal. Perdeu critério e definição. Nos primeiros lances fez gato sapato de quem o tentava parar, mas para o fim, já nem por Sílvio passava. Até Quaresma, nas trinta primaveras, precisa de treinador.

Jackson – Rouba o título de melhor em campo a Fernando. Grande primeira parte, onde mostrou todos os seus predicados de avançado centro de classe mundial. É um golo soberbo e muita capacidade de aguentar o poderia físico da dupla de centrais adversária. Estará de volta? Esperemos que sim.



Ghilas – Entrou bem, mas voltou a ter dificuldades em pegar no jogo. É homem de diagonais. Está a ganhar confiança e tempo de jogo. É preciso ter calma com o que se lhe pede.

Carlos Eduardo – Quando entrou para 10, pouco trouxe à equipa. Mas quando recua para 8, dá à equipa muita progressão vertical. Mais um que pede crescimento.

Quintero – Grande safanão que dá no jogo, metendo a cabeça em água ao meio campo defensivo do adversário. Perde o 2-0 de forma inglória!



Ficha de Jogo: 

Taça de Portugal 2013/2014, Meia-Final, 1ª mão
FC Porto 1 - 0 SL Benfica
26 de Março de 2014
Estádio do Dragão, Porto
Assistência: 34.499 espectadores

Árbitro: Marco Ferreira (Madeira)
Assistentes: Nelson Moniz e Sérgio Serrão
Quarto Árbitro: Jorge Ferreira

FC PORTO: Fabiano, Danilo, Reyes, Mangala, Alex Sandro, Fernando, Defour, Herrera, Varela, Jackson Martínez, Quaresma.
Substituições: Ghilas por Varela (63m), Carlos Eduardo por Herrera (75m), Quintero por Defour (87m).
Não utilizados: Kadú, Licá, Ricardo, Abdoulaye.
Treinador: Luís Castro.

Benfica: Artur, Maxi Pereira, Luisão, Garay, Sílvio, Salvio, Fejsa, Rúben Amorim, Sulejmani, Rodrigo, Cardozo.
Substituições: Gaitán por Sulejmani (65m), Lima por Rodrigo (68m), Markovic por Salvio (81m).
Não utilizados: Oblak, Jardel, André Almeida, Enzo Pérez.
Treinador: Jorge Jesus.

Resultado ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Jackson Martínez (6m).
Disciplina: Cartão amarelo para Maxi Pereira (18m), Defour (25m), Herrera (49m), Sílvio (58m), Fernando (62m), Jackson Martínez (90+2m), Danilo (90+4m).

Por: Breogán


5 comentários:

Hugo Valente disse...

Breogan, e Luis Castro é o "treinador" que tanto pedes (para a proxima epoca)?

Senao ele, em quem votarias?

Joker disse...

Breógan, gostei muito do Defour. Compasso, boa colocação no terno, precisão nos passes, segurança no seu jogo... Temos maestro, na minha óptica. Só precisa de mais jogo!

Abraço!

Anónimo disse...

Reyes e Herrera grandes.

Breogán disse...

@ Joker,

Fez um bom jogo, sem qualquer dúvida, mas é um jogador de maré. Se a nossa maré for favorável, acompanha. Se a nossa maré não for favorável, acompanha.
Creio que foi mais decisivo o contributo do Herrera para a nossa grande primeira parte.
No entanto, acho correcta a decisão do Luís Castro em utilizar o Defour nesta fase. É um jogador experiente e com constância exibicional.

Abraço!



@ Hugo Valente

Não é.

Uma coisa é pegar no FC Porto pós Paulo Fonseca, onde só se pode subir e onde existe uma causa concreta e incontestável para tudo o que de mal pode correr. Outra bem diferente é construir uma temporada, sem haver qualquer escapatória.

O nome não revelo. A seu tempo, se quiser, podemos voltar ao assunto. Até haver o que ganhar, não vale a pena criar cenários.

dijm disse...

Mais uma boa análise, apenas achei que em certos lances devemos ser mais comedidos, os amarelos sem critério são muito maus

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