segunda-feira, 24 de março de 2014

Liga Zon Sagres, 24ª Jornada; FC Porto 1 - 0 Belenenses

#FCPorto #Portugal #Vertigem #Belenenses


Vertigem


 Um jogo entalado entre dois grandes jogos e decisivos. Com muitas condicionantes internas e externas, mas que foi superado com galhardia.

 Comecemos pelo FC Porto, depois da vitória em Nápoles e do jogo que aí vem, tínhamos que passar o Belenenses na perseguição ao objectivo realista que nos resta. Sem Fernando, sem Quaresma e Danilo. Deste trio, creio não fugir à verdade quando digo que nenhum tem um substituto directo.  Ricardo é uma adaptação em curso, Ghilas não é um extremo clássico (nem Licá e Kelvin passa muito tempo sem jogar, até na B!) e Defour só vai para 6 quando não há mesmo hipóteses de haver Fernando.







Mas há mais. A equipa está num estado físico preocupante e bem longe de um pico de forma. Há muitos jogadores nas lonas, alguns deles decisivos na manobra e bem-estar da equipa. Por outro lado, Luís Castro está a formatar o disco rígido da equipa. 






O modelo de jogo já é à FC Porto, com o arrojo e ambição à FC Porto, mas falta pulso. Este pulso não se refere autoridade, mas a sinais vitais. Faltam batimentos cardíacos que mostrem que a máquina está a funcionar. A equipa já se espalha melhor em campo, já domina melhor o espaço, a bola e o adversário, mas falta-lhe velocidade de execução, falta-lhe meter mais bolas em profundidade nos flancos, falta-lhe uma circulação de bola mais eficiente e rápida, falta-lhe que os jogadores não fiquem tão parados, que se desmarquem, que procurem o espaço vazio em desmarcação, que cruzem entre si, que façam mais trocas posicionais. Em suma, vertigem no ataque.

  
 Como se consegue isso? Primeiro, com estabilidade no onze, o que tem sido difícil. Segundo, e mais importante, com consistência de resultados que permitam o aumento da autoconfiança da equipa. E se este último ponto for atingido, então os índices físicos serão positivamente influenciados pelo estado motivacional.

 Neste jogo, tivemos o desenho correcto, a ambição em dose certa, o arrojo necessário, mas faltou melhor execução. Para além desta “formatação” que Luís Castro se vê forçado a realizar, quase que uma pré-época em contra relógio nesta recta final, há dois erros tácticos que me parecem ter afectado a equipa. Carlos Eduardo pode e deve assumir a função 8 e não Josué ou Quintero. Ghilas no flanco sim, assumidamente sim, mas não aberto à extremo, mas como avançado que é. Sempre em diagonal, sempre a fugir para o jogo interior.

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Quanto às condicionantes externas, existiram duas origens. Começo pelo Belenenses, com uma nova liderança técnica que quis fazer deste jogo um ponto de viragem. Um Belenenses que sobrepovoa a zona central e só procura os flancos para o contra-ataque. Legítimo, nada contra, cada um faz pela vida. Exige do FC Porto um jogo flanqueado em profundidade e em velocidade.





Depois, há o “xistrema” de sempre. Golo mal anulado, penalti perdoado, duas faltas sobre Carlos Eduardo à entrada da área por assinalar. Enfim, devo-me dar por satisfeito por não ter amarelado o João Afonso no lance da expulsão.

 A primeira parte foi morna, até algo fria demais. Com o Belenenses a conseguir chegar-se à frente nos minutos finais.

 A segunda parte traz Quintero por Josué. O Colombiano traz maior velocidade na circulação de bola, pena foi que não trocasse de posição com Carlos Eduardo. Pouco depois, entra Kelvin e, por fim, Licá para o ataque final. O golo era inevitável tal era a pressão do FC Porto sobre a área de Matt Jones. Os ferros, por duas vezes, e alguma azelhice, por vezes demais, deram uma magreza injusta ao resultado.

Segue-se agora a mãe de todas as batalhas. Precisamos de ganhar e ganhar bem. Ganhar bem não é por muitos, mas para lá da dúvida. Isso trará muita saúde à equipa e queimaria muitas etapas.



Análises Individuais:

Fabiano – Seguro e sereno, pouco teve que fazer. Quando chamado, mostrou concentração e competência.

Ricardo – Se no ano passado, ainda em Guimarães, lhe dissessem que, para o ano, seria defesa esquerdo em Nápoles e central no Dragão, tenho a certeza que rebolava a rir. Fez uma exibição competente a defesa direito, embora com algumas imperfeições que terá que corrigir. No esforço final a central, continua na sua saga heróica. Qualquer dia, vai à baliza.

Alex Sandro – Muito passivo a defender, mais activo a atacar. Muitos lances perdidos a defender, tendo alguns destes acabado com faltas (a maior parte algo duras) sem qualquer propósito. Continua numa fase muito má.

Mangala – Comandou bem a defesa e teve um jogo hipertranquilo. Nem a dupla com Ricardo o fez entrar em grandes preocupações.

Reyes – É verdade que o Belenenses nem um avançado meteu no onze. Entrou lá para o fim o Caeiro, mas nem cócegas fez. No entanto, realizou um jogo bem mais tranquilo, bem mais dentro do ritmo e dando sinais de quem já sabe que tem que decidir rápido e bem. Bola fora se assim tem que ser.

Defour – Bom jogo, sólido e eficaz. Anulou bem Tiago Silva e nunca deixou Miguel Rosa assumir o jogo. Faltou-lhe habilidade para empurrar o meio campo portista. Conseguiu a espaços nos melhores períodos da segunda parte.

Josué – Uma primeira parte agradável, tentando dar fluidez ao jogo ofensivo. Com Defour a 6, tentou pegar no jogo mais atrás, o que dificultou a ligação do meio campo.

Carlos Eduardo – Tem talento, é inegável, e deixa sempre no campo promessas de mais talento. Mas falta-lhe firmeza no traço. Acende e apaga, ora pega na bola e arranca, ora fica minutos sem a ver. Tem que pegar no jogo mais atrás, para dar largura à sua passada.

Varela – Uma primeira parte bem mais conseguida que nos últimos jogos. Faltou-lhe sorte no cabeceamento ao poste e rasgo para dar mais profundidade ao flanco.

Ghilas – Demasiado colado à linha. Mostrou que pode jogar nesta posição, não se pode é pedir o mesmo que se pede a Varela, Quaresma ou Kelvin. Quando fez mais diagonais na segunda parte, foi quando subiu de produção.

Jackson – Anda meio amorfo e xistrado. Perde golos que não perdia e quando os marca…anulam. Precisa de arrebitar e quarta-feira é um bom dia!


Quintero – Josué estava bem, mas trouxe mais sal, mais improviso e mais talento. Marcou um e a trave devolveu outro. Pegou demasiado atrás, quando deveria estar a jogar à frente de Carlos Eduardo.

Kelvin – Entrou bem, com vontade, mas foi esvaziando o balão. Acabou por perder a oportunidade. Tem que ser mais objectivo e não deixar que o seu futebol decaia a cada lance que perde.

Licá – Entrou para dar verticalidade ao flanco direito e tem participação directa no golo. Acaba a defesa direito na altura de segurar a vitória.

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Ficha de Jogo:

FC Porto: Fabiano; Ricardo, Reyes (76, Licá), Mangala, Alex Sandro; Josué (46, Quintero), Defour, Carlos Eduardo; Varela (55, Kelvin), Jackson, Ghilas
Suplentes: Kadú, Abdoulaye, Herrera, Mikel, Quintero, Licá e Kelvin
Treinador: Luis Castro

Belenenses: Matt Jones; Geraldes, João Meira, João Afonso e Gonçalo Brandão; Bruno China e Fernando Ferreira; João Pedro, Miguel Rosa e Filipe Ferreira; Tiago Silva
Suplentes: Rafael Veloso; Kay, Duarte, Danielsson, Tiago Caeiro, Fredy, Rojas
Treinador: Lito Vidigal



Árbitro: Carlos Xistra


Por: Breogán

6 comentários:

Anónimo disse...

o nosso destino é vencer

Anónimo disse...

Se o Ricardo for à baliza só tem de calar e aceitar. Ele e qualquer outro, afinal são pagos para jogar, não para atuar em determinada posição. Nesse aspecto o treinador é que manda

Breogán disse...

Não digo o contrário.

No entanto, é de louvar o empenho e o esforço do Ricardo em cumprir com o que lhe é pedido. Como tal, é de louvar esse compremetimento com a equipa.

Não estou tão certo que outros teriam o mesmo comprometimento. Como tal, os bons exemplos merecem destaque.

Anónimo disse...

BREOGAN, o Ricardo não nos faz falta a extremo ?

E o Herrera deviam jogar mais ?

Anónimo disse...

O Herrera estava num bom momento.
Devia jogar mais ?

Vitoria difícil mas justa.

Breogán disse...

Espero que a polivalência do Ricardo não seja razão para não ser uma aposta regular, mas ser visto como um "remendo".
Se faz falta a extremo? Gostava de o ver a jogar aí de novo pela equipa principal, mas creio que o seu futuro será a lateral direito.

Quanto ao Herrera, não é um jogador muito regular e tem alguns erros primários. Apesar disso, é um médio de transição como não temos outro no plantel. Veremos como evolui com o Luís Castro.

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