Tem andado pelos meandros da comunicação social escrita e televisiva uma votação sobre quem será o melhor jogador português de todos os tempos, tendo para o efeito os média dividido as suas preferências entre três grandes jogadores, dois deles já fora das lides futebolísticas, Eusébio Ferreira da Silva e Luís Figo, e Cristiano Ronaldo ainda em plena atividade.
O curioso de tudo isto é que se tem ouvido por aí juízos de valor de jornalistas especializados e opiniões de pessoas comuns mas ligadas ao desporto rei, que pela sua tenra idade nunca tiveram oportunidade de ver ao vivo pelo menos aquele que muitos definem como o “rei” do futebol português, Eusébio Ferreira da Silva, mas nem por isso enjeitam a oportunidade de fazerem comparações e tomadas de posição sobre o assunto, como se isso fosse assim tão fácil tendo em conta o que era o futebol do tempo de Eusébio e o que é agora no tempo de Cristiano Ronaldo, já que na minha opinião é o mesmo que comparar o saudoso Joaquim Agostinho com o melhor ciclista da atualidade, Rui Costa, pois certamente que a tecnologia hoje ao dispor dos ciclistas e a tipologia de treino de outrora estarão a anos-luz do que agora transparece.
Só por este princípio de raciocínio, mas não só, entendo que não é possível a ninguém de direito avaliar com o devido rigor e uma coerência objetiva e despretensiosa, traçar um perfil de competência ou de qualidade futebolística a nenhum dos três jogadores em equação, pois, na minha humilde opinião são três casos perfeitamente diferentes, em épocas igualmente distintas e em condições de jogo e de treino incomparáveis, o que torna qualquer juízo de valor um ato extemporâneo, desajustado, inimitável e fruto da sociedade atual e consumista onde estamos inseridos, que só servirá para colher dividendos no uso e abuso de chamadas de valor acrescentado com custos associados a empresas do setor, e entreter e pagar as despesas associadas a programas de comunicação social sem qualidade substantiva de conteúdos televisivos, radiofónicos e jornalísticos.
Por: Natachas.
1 comentário:
claro que hoje as coisas estão mais evoluídas, há melhor condições para os atletas, etc etc
mas isso não é relevante porque o Eusébio jogava contra adversários que tinham as mesmas condições, não enfrentava directamente um Cristiano Ronaldo do século XXI.
Aliás, antes as coisas até eram mais fáceis porque se por um lado as defesas eram mais duras e os jogadores levavam mais "porrada" por outro em termos táticos as equipas estavam muito longe do que se faz actualmente, eram muito mais fácil fintar 3 ou 4 jogadores no passado do que hoje em dia.
O mesmo se passa no ciclismo onde dizer que não se podem comparar épocas diferentes é ainda mais ridículo. As biciletas eram piores no passado mas eram assim para todos, não havia concorrência desleal entre as equipas de elite. No passado não havia o doping que há hoje no ciclismo por isso o feito do Rui Costa, acredito a 100% que nunca tocou em doping, vale mais que as voltas a França do Agostinho.
Agora se você quiser comparar records do mundo de atletismo, aí sim, a diferença de épocas tem grande influência porque os atletas neste caso não competem uns contra os outros mas contra o tempo. Por isso se hoje o Bolt é o homem mais rápido do Mundo, concerteza já existiram seres humanos que conseguiriam fazer melhor que ele perante as mesmas condições.
Ou talvez não.
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