Orgulho. Esta é a palavra que melhor descreve o que podemos sentir do jogo da nossa equipa.
Então perdemos e estamos orgulhos? Sim, é verdade. Não nos satisfez obviamente, queremos ganhar. Lá chegaremos. A exibição de hoje mostrou-nos que é bem possível.
As diferenças entre ambas as equipas são abismais. Nós não temos obrigações nesta competição, eles sim. O jogo era em casa deles. O nível deles é bastante superior, um jogador deles deve pagar o nosso orçamento anual. Eles dão-se ao luxo de ter 2 jogadores de classe mundial que apenas defendem, nós nem pensar, quem defende também tem de atacar. Eles na máxima força, nós com um rol interminável de lesões. Eles com vasta experiência na EHF Champions, nós na estreia na fase de grupos. De semelhante mesmo apenas o facto de ambos liderarem o respectivo campeonato.
Perante isto, muitos esperavam um autêntico massacre. Desenganem-se. Demos luta, muito mais que o esperado, eles tiveram de dar tudo. Por isso, muito orgulho nesta exibição.
Obradovic fez entrar a equipa esperada.
Foi uma entrada a bom nível dos nossos atletas. Soltos, descomplexados e a colocar em sentido os gigantes da equipa dinamarquesa. Inclusivamente fomos nós que estreamos o marcador. A nossa defesa 6*0 mostrava-se atenta, profunda e agressiva.
Nos primeiros minutos era um golo lá, outro cá. João Ferraz mostrava acerto nos 9 metros. Tiago Rocha mostrava que é um pivot que se bate com qualquer defesa, por muito boa que ela seja. O nosso ritmo era tão elevado quanto o deles.
Assim, ao fim dos primeiros 5 minutos, ainda liderávamos (4-3). Espectacular. Marcar 4 golos a uma equipa que tem vice-campeões do mundo, com jogadores que já ganharam esta competição é algo raro, não são muitas equipas que se podem orgulhar de o fazer.
Eles sentiram que tinham de estar no seu melhor. Afinal esta equipa portista sabia muito bem o que fazer e ia-lhes dar trabalho. Fizeram questão de manter sempre o jogo a um ritmo altíssimo.
Com menos banco ia ser difícil aguentar. No mínimo eles faziam duas alterações na troca/defesa/ataque. Obradovic raramente o podia fazer. Sem surpresa, esta rotação trouxe-lhes benefícios e nós começamos a ter falhas, sobretudo no ataque.
Passamos largos minutos sem marcar. Aliás, em 10 minutos, apenas 2 golos. Um tiros aos 9 metros e de livre de 7 metros convertido por Tiago. Vários factores para isto. Primeiro, falhas nossas. Alguns ataques em que escolhemos mal o tempo de ataque e a situação de remate. Depois um guarda-redes adversário a brilhar intensamente, grande guardião, tapava por completo o seu espaço, até em livres de 7 metros. Por fim, o cansaço. Era impossivel termos 7 ou 8 (Salina ia entrando a espaços) a lutarem contra 10 ou 11 deles ao ritmo a que o jogo estava.
Ao fim dos 15 minutos, eles já tinham por isso, uma larga vantagem de 5 golos (11-6).
Foi um período mau da nossa equipa. O único aliás. A não repetir.
Felizmente, temos uma equipa que nunca baixa os braços e dá tudo a qualquer momento. Custou-nos muito cá chegar, não ia ser uma desvantagem esperada que nos faria desanimar. Aos poucos fomos melhorando. Uma defesa 6*0 que começou a impedir os remates de longe adversários, sempre muito pressionante. No outro lado do campo, mais serenidade, sabíamos rodar a bola com objectividade e rapidez à procura da melhor opção de remate. No ataque nem sempre acertamos, na defesa fomos exemplares.
Voltamos assim ao equilíbrio que foi o normal neste jogo. A diferença de 5 golos a meio da 1ª parte foi-se sempre mantendo. Ao intervalo, 15-10.
Tal como aconteceu no início do jogo, voltamos a entrar melhor. Mais uma vez marcamos primeiro, agora com um remate bem para lá dos 9 metros.
Mantínhamos um nível de excelência na defesa, com uma boa troca de marcação às movimentações deles e sempre com pouco espaço para remates. Laurentino (já havia entrado durante o 1º tempo) em bom plano. No ataque os suspeitos do costume. Tiago Rocha em grande, Wilson sempre muito rápido e Schubert a converter nos 7 metros.
Golo a golo íamos diminuindo a desvantagem. Com 6 golos na primeira dúzia de minutos conseguimos passar ara 3 golos de diferença (19 - 16). nada estava decidido, eles iam ter de suar até ao apito final.
Com o resultado a mostrar 20-17 e com cerca de 15 minutos para jogar podíamos ter reduzido ainda mais. Uma boa intercepção na nossa defesa, ataque rápido de Gilberto, que isolado perante o guarda-redes falhou. Nós falhamos e eles marcaram no ataque que se sguiu. O que poderia ter sido uma diferença de 2 golos, passou a ser de 4. Uma boa lição de como a este nível, quando se falha as consequências são deveras prejudiciais...
A equipa dinamarquesa sentiu o perigo e o treinador pediu um desconto de tempo de forma a reorganizar a sua equipa. Teriam de elevar ainda mais o seu jogo. O perigo Tiago Rocha foi identificado e houve instruções para uma marcação ainda mais cerrada ao nosso pivot.
Mesmo com a reorganização, com a melhor equipa possivel sempre em campo, eles não conseguiam descolar. A diferença de golos era sempre a rondar os 4 golos. Faltavam 5 minutos e ainda era esta a vantagem, mesmo com o guardião deles a fazer um grande jogo e com Karlsson e o espanhol Roca a jogarem no seu melhor. Quintana, que entretanto já tinha reentrado, respondia na mesma moeda ao que via do lado contrário, boas defesas neste período. Esclarecedor o facto de, no final do jogo, a eficácia de remate ser exactamente igual.
No fim uma derrota por 25-20. Demos uma excelente réplica, que contudo não chegou para conseguirmos um resultado positivo. Teremos outras hipóteses.
Segue-se agora o campeonato. Na próxima 3ª feira (21h) recebemos o Águas Santas. Estes e a nossa equipa são os únicos que se mantêm 100% vitoriosos. Temos aqui a chance de nos isolarmos.
Equipa e marcadores:
Equipa inicial: Quintana, Tiago Rocha (5), Ricardo Moreira (3), Schubert (2), Wilson Davyes (3), Gilberto Duarte (3), João Ferraz (3)
Jogaram ainda: Hugo Laurentino, Daymaro Salina e Miguel Sarmento (1)
Por: Paulinho Santos
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