Um adversário que estava com um
ataque cardíaco. Durante o combate soma ao enfarte a perda de mobilidade de
membros.
O Porto responde como se
estivessemos no Serviço de Urgência e o nosso papel fosse o de dar vida ao
moribundo.
Gel nas placas. Charging! Clear! E aí vai choque.
Mesmo tentando reanimar o
moribundo o trabalho ficou feito. A qualidade de jogo foi sofrível, a atitude
ainda conseguiu ser pior mas o Porto conseguiu os 3 pontos num jogo em que o
adversário jogou sem 5 dos anteriores titulares: Paulinho, Marcelo Oliveira,
André Simões, Filipe Melo, Vitor Gomes.
A estes 5 podemos somar mais
2: Ramon Cardozo e André Marques.
É certo que com o mal dos outros
podemos nós bem. O Porto tem o direito a ter uma sorte não forçada ao melhor
estilo Miguel Rosa e Deyverson.
O Porto não tem o direito é de
abusar da sorte quando já em Barcelos tinha revelado esta estranha forma de
viver a urgência.
Somos obrigados a ganhar, não
podemos escorregar mas entramos em jogo com toda a calma do mundo e vamos ver
no que dá.
E foi assim que o Porto se
apresentou, perante uma equipa com um meio-campo esventrado, sem pontas de
lança, sem o melhor central e passado pouco tempo sem os laterais titulares.
Se o Moreirense está fraco,
ganharemos mais tarde ou mais cedo.
Assim não vamos lá. A equipa tem
que mostrar alma de campeã e perceber que não pode descansar ao sol da
bananeira. Lembro que quem tem 6 pontos de atraso não tem sombra e precisa de
correr atrás.
O jogo começa num ram-ram
pastoso. A equipa continua a lateralizar muito mas fá-lo como plano A. O primeiro passo desejado seria o de mandar
no jogo, instalar-se no meio-campo adversário e encurrala-lo através da
alternância entre jogo interior e exterior.
Chamar a atenção dos adversários
para espaços interiores e aproveitar essa ratoeira para procurar espaços pelas
alas.
O que acontece é que o Porto cria
e transporta sempre pela ala. PLANO A, mesmo.
Qualquer equipa, minimamente
organizada consegue suportar a brisa ofensiva do Porto porque ela é previsivel
e mais facilmente controlável.
Sem espaço Tello tem muita
dificuldade em ultrapassar o lateral. Quaresma teria, em teoria, mais
facilidade mas estamos em 2015 e não em 2007.
A variação de jogo que o Porto
faz é entre o jogo exterior e o jogo exterior quando Oliver tira a bola do
flanco esquerdo para o flanco direito ou entre o jogo exterior e o jogo
traseiro sempre que após bater no muro há uma tentativa calma, pacata e pastosa
de começar tudo de novo.
Os 3 melhores jogadores em campo
hoje foram os que habitaram o eixo central. Os que contrariam esta tendência
obsessiva de tudo lateralizar como se o caminho mais curto para chegar a uma
baliza fosse visto pelo Porto como um empecilho.
Herrera, que foi capaz de ser o
médio-centro e médio-centro ofensivo.
Jackson, que foi o avançado-centro e o médio-centro ofensivo nas horas vagas.
Casemiro, que foi o médio-centro defensivo que, desta
vez, quando se moveu não deixou o
centro.
Um muito débil Moreirense que,
com a sagaz gestão do Mercado de Inverno e o incrivel azar do mês de Fevereiro,
se arrisca a passar de pseudo-candidato à Europa a campeão da queda-livre da 2ª
volta conseguiu suster sem dificuldade a entrada inicial de um Porto na máxima
força e com a máxima urgência.
Ponho as coisas nestes termos: No
jogo dos Barreiros o Porto entrou de forma mais digna, mais profissional e mais
ciente das suas obrigações.
Num lance ficou a perder 1-0,
tremeu, enervou e correr atrás com vontade não chegou.
Ontem entrou de forma preguiçosa,
deixa andar e convencida que ganhar seria uma inevitável consequência.
Num lance de génio da dupla
Herrera e Jackson ficou a ganhar 1-0, continuou convencida, não saiu da
preguiça e permaneceu na ideia que a vitória era inevitável.
Uma ou outra aceleração de Tello,
um ou outro cruzamento de trivela de Quaresma que gerou um bruá mas o ram-ram
jogo exterior/jogo-exterior e jogo exterior/jogo traseiro continuou a imperar
durante praticamente toda a partida.
Surge o 2-0 com naturalidade numa
boa jogada de insistência como poderia ter aparecido o 1-1 num dos lances em
que o Moreirense conseguiu abordar o último reduto de Fabiano.
É impossivel que o Porto seja
campeão se não revelarmos outro espirito de conquista e se não acertarmos esta
debilidade táctica em que julgamos que podemos estar por dentro da competição
jogando sempre por fora.
O Porto está a precisar de jogo
interior. Mesmo quando se faz o obrigatório e se retira um dos extremos (Tello)
o que se segue revela a força da doutrina ao ver Oliver a jogar colado ao banco
do Porto.
Assim podemos ficar a 3 pontos.
Assim podemos ter a oportunidade
de discutir a passagem aos Quartos com o Basileia.
Mas assim não vamos lá.
ANÁLISES
INDIVIDUAIS
FABIANO – Um
posicionamento estranhissimo na 1ª parte quando abre a baliza do seu lado
direito para Arsénio. Felizmente que por falta de visão ou pé esquerdo a opção
foi vir para dentro o que escondeu o destempero momentâneo do guarda-redes.
Na 2ª parte vimos o Fabiano do costume. Gato a sair dos
postes e a impedir o golo de João Pedro.
DANILO – Exibição
uns furos abaixo da bitola habitual. Ainda com 0-0 teve um momento à Casemiro
correndo desnecessariamente a uma bola pós canto ofensivo o que abriu uma
cratera cá atrás.
Fez um jogo muito de toque, de passe. A locomotiva não
funcionou, o passa e fica foi a regra do jogo. Esteve na linha do ram-ram
pastoso que imperou em Moreira de Cónegos.
MAICON –
Fez um bom jogo. Maicon e Marcano são mais inseguros e menos matreiros do que
Bruno Martins Indi que sabe defender e defender-se mais.
Indi é como o Casillas dos defesas-centrais. Se puder
esperar pela bola aconchegando-se nas costas do seu marcador directo é o que
fará.
Maicon ataca mais vezes a bola e aposta mais na
antecipação. Quando o resultado dessa opção fosse maioritariamente positivo a
equipa ganha com esse tipo de postura.
Ontem correu bem.
MARCANO – Agressividade
na disputa pela bola e calma aparente na forma como joga.
Aprecio este cocktail que Marcano vem revelando jogo
após jogo. Entendeu-se bem com Maicon e teve a sorte de levar com avançados
tenrinhos Taça da Liga style.
ALEX SANDRO – Dos
6 jogadores que andam pela linha neste Porto versão Fevereiro de 2015 é o que a
melhor transporta em progressão. Se continuarmos a jogar com esta profusão
lateral Alex acabará por ter a responsabilidade na condução de jogo ofensivo
que normalmente os médios-centro têm.
Fez um bom jogo manchado pelo habitual facilitismo do
drible desnecessário que gera sempre 1 ou 2 contra-ataques perigosos para a
baliza de Fabiano.
CASEMIRO – Um
dos melhores jogos ao serviço do Porto. Onde doseou melhor a agressividade
violenta e revelou maior inteligência de desposicionamento.
A sair do lugar que o faça na vertical e não na
horizontal.
Gostei.
OLIVER – É
dos jogadores mais prejudicados com a lateralização do futebol do Porto. Encostado
à ala esquerda perdemos a vantagem da condução, da amplitude de espaço aos seus
olhos. A sua qualidade de passe associou-se à cratera no eixo central para
termos a oportunidade de ver variações de flanco com precisão de cientista.
HERRERA – É
dos jogadores menos prejudicados com a lateralização do futebol do Porto.
Herrera é selvagem e se do lado esquerdo os 3
jogadores estão sempre lá, no direito ficam apenas 2 porque a atracção que o
mexicano tem pela baliza e por Jackson é demasiado sedutora.
Felizmente para o Porto que Herrera pisa os terrenos
que pisa e ontem foi ele o MVP que com passes de Michael Laudrup resolveu um
jogo que tinha tudo para ser o símbolo de uma época perdida.
TELLO – Dentro
da sua limitada capacidade de enfrentar e superar o lateral quando tem bola no
pé e dentro da sua total incapacidade de decidir o que melhor fazer quando está
na cara do redes acabou por ser o jogador do ataque Porto que mais perigo
causou.
A velocidade de ponta que tem é uma arma tão poderosa
que garante, só por si, situações para a
equipa poder resolver o jogo.
O problema para Tello é o que ele tem feito com estas
situações.
O problema para Tello é que o Porto tem alguém no
plantel tão rápido e mais barato.
Tem que acordar.
QUARESMA – O
já esperado ocorreu. Depois do fabuloso golo de trivela aumentou em 400% o uso
desse recurso durante uma partida de futebol.
O inesperado também ocorreu. Depois do fabuloso golo
em lance individual Quaresma não deixou de ser um jogador colectivo que em bola
corrida já não pensa ser o Messias.
Envolveu-se naquele futebol de posse pastoso melhor
do que Tello porque domina melhor a bola e sabe passá-la com mais qualidade.
Teve 2 ou 3 cruzamentos que podiam criar o perigo que
nasceu pelos pés de Herrera no golo de Casemiro e tentou ser o 4.º médio numa
equipa que faz por esconder o 2.º e o 3.º.
JACKSON – Hoje
não foi o MVP porque Herrera deu os dois golos. Não ser MVP já é noticia nos
dias de hoje.
Não sendo o MVP teve tempo para marcar um golo de
classe em que vai do pé direito para o esquerdo e do esquerdo por cima de
Marafona. Simples.
Teve tempo, como sempre, para ser o médio que a
equipa precisa que seja. Num desses lances à Quintero isola Tello com um passe de
classe.
EVANDRO – Quando
o Moreirense cheirou o 1-1 já tinha sentido a necessidade da cultura tactica e
de passe do brasileiro.
Entra com o resultado já definido mas a equipa não
melhora como deveria porque Oliver é desterrado de vez para extremo o que
mitiga os efeitos positivos no controle de jogo.
BRAHIMI – Jogou
uns minutinhos para aquecer os motores e para deixar no ar que a titularidade
terá que ser sua porque consegue ser tão desequilibrante como Tello (embora por
motivos diferentes) e ser tão ou mais associativo do que Quaresma.
ABOUBAKAR – Jogou uns
segundinhos.
Ficha de jogo:
Moreirense 0 - 2 FC Porto
Sábado, 7 Fevereiro 2015 - 20:15
Competição: Primeira Liga
Estádio: Com. J. Almeida Freitas (TV: SportTV)
Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)
Assistentes: Paulo Soares e Jorge Cruz
4º Árbitro: Luís Máximo
Moreirense: Marafona, Coronas , Anilton (c), Danielson, André Marques, ( Elízio 35´), Djibril, Diogo Cunha ( Lucas 78´), Battaglia, Arsénio, Ramón Cardozo ( Leandro 7´), João Pedro
Suplentes não utilizados: Gideão, João Pedro, Patrick, Gerso
Treinador: Migue Leal
FC Porto: Fabiano, Danilo, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Óliver Torres (Brahimi 82´), Quaresma, Jackson Martínez (c) (Aboubakar (90+1' ), Tello (Evandro 75´)
Suplentes não utilizados: Helton, Martins Indi, Rúben Neves, Quinter
Treinador: Julen Lopetegui
Disciplina: Cartões Amarelos; Coronas, Diogo Cunha para o Moreirense
Golos: 28' Jackson Martínez (c) 59' Casemiro
Sábado, 7 Fevereiro 2015 - 20:15
Competição: Primeira Liga
Estádio: Com. J. Almeida Freitas (TV: SportTV)
Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)
Assistentes: Paulo Soares e Jorge Cruz
4º Árbitro: Luís Máximo
Moreirense: Marafona, Coronas , Anilton (c), Danielson, André Marques, ( Elízio 35´), Djibril, Diogo Cunha ( Lucas 78´), Battaglia, Arsénio, Ramón Cardozo ( Leandro 7´), João Pedro
Suplentes não utilizados: Gideão, João Pedro, Patrick, Gerso
Treinador: Migue Leal
FC Porto: Fabiano, Danilo, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Óliver Torres (Brahimi 82´), Quaresma, Jackson Martínez (c) (Aboubakar (90+1' ), Tello (Evandro 75´)
Suplentes não utilizados: Helton, Martins Indi, Rúben Neves, Quinter
Treinador: Julen Lopetegui
Disciplina: Cartões Amarelos; Coronas, Diogo Cunha para o Moreirense
Golos: 28' Jackson Martínez (c) 59' Casemiro
Por: Walter Casagrande
1 comentário:
Excelente !
Abraço
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