Não dá mais para
disfarçar. O Porto voltou a ser grande na Europa.
Primeiro que tudo
convém salientar que a definição de grande é em sentido relativo. À escala
portuguesa é raro ver uma equipa comportar-se desta forma em jogos fora.
O benfica tem
conseguido fazê-lo na Liga Europa mas dominar os jogos com trela curta fora de
casa e na Champions é muito raro.
O resultado é
positivo mas não decide nada. A atitude, a personalidade e o domínio é que são verdadeiramente
impressionantes.
A imagem que sai do
jogo de ontem para todos os que querem fazer uma análise objectiva é,
precisamente, a que deixou o médio do Basileia.
«Sinceramente, não
tinha visto uma equipa tão forte neste estádio nos últimos dois ou três anos»
Eu cronista me
confesso. Não sou fã do estilo de jogo ofensivo que é o padrão do Porto e de
outras equipas que privilegiam a posse. A paciência a rodos, o rodar a bola
infinitamente de lado a lado a sobrevalorização da parra em detrimento da busca
incessante pela uva.
Eu cronista me
rendo. O Porto de Lvyv, de Bilbao e de Basileia é uma senhora equipa.
Já tentei olhar de
soslaio para estes jogos. Primeiro atribuindo culpas ao adversário que resolvia
voluntariamente jogar em bloco baixo. Segundo atribuindo culpas ao adversário
que era demasiado fraco para poder olhar o Porto de frente.
Há sempre uma
maneira de levarmos o raciocínio por uma estrada nacional que apazigue o gosto
pessoal de cada um.
Depois fechamos os
olhos e lembramo-nos que já todos vimos o Shakthar a jogar contra Bayerns,
Manchesters, Juventus e Chelseas e a bater-se de outra forma.
Depois vem a
memória a eliminatória em que o Bilbao
passou o pano ao Nápoles de Benitez com justiça.
Por fim a estocada
final. Este Basileia que encostou o Real às cordas no presente ano, que
surpreendeu Anfield com personalidade levando Brandon Rogers ao desespero
depois do amasso da 1ª parte.
Contam-se pelos
dedos duma mão as equipas que conseguem pegar em equipas de muito valor e as
colocam numa gaiola e com trela ao pescoço.
Vemos os jogos e
ficamos sem perceber.
“Então porque é que
os gajos só defendem? Não tentam sequer esticar o jogo?”
Quando entramos
pela Estrada Nacional destes 3 jogos pensamos que não é uma questão de não
conseguir. O Basileia não quis porque estava a ganhar 1-0. O Shakthar não quis
porque também marcou primeiro.
Fechamos os olhos e lá vem a estocada:
Fechamos os olhos e lá vem a estocada:
E o Bilbao? Não
queria quando era obrigado a ganhar?
E o Basileia? Não
queria quando leva o 1-1 porquê?
Não vale a pena.
Este Porto tem um dom. Mete o adversário numa gaiola, obriga-o a refugiar-se
num canto e mete uma trela ao pescoço.
A bola é minha, o comando é meu, o jogo é meu e isto é
tudo meu.
Convoco o Frei novamente:
«O Real é incrível
do ponto de vista individual, mas coletivamente o FC Porto é mais
impressionante»
Incrível.
Claro que este
Porto que tem um dom também tem defeitos. A relação entre a parra e a uva é
aquela que salta mais à vista. Tem mais bola que baliza a correr pelas veias.
Claro que sabemos
que este Porto que tem o dom de engaiolar os adversários com uma trela no
pescoço perde jogos. Um qualquer lançamento lateral travestido de canto pode
mostrar que o futebol é injusto com o domínio mas recompensador com o utilitarismo.
A partir desta
realidade há 2 curiosidades que merecem ser respondidas:
1
- Como é possível conseguir enjaular um adversário desta forma sem ter a qualidade individual de Barcelonas ou Bayerns?
- Que acontecerá quando o Porto se deparar com um adversário que é, em teoria, claramente superior? Tentará engaiolar um tigre na casota do cão onde mete equipas como o Benfica, o Shakthar, o Bilbao e o Basileia? Se tentar, o que acontece?
Não consigo
responder à 2ª questão. Quero muito ter a oportunidade de ver a resposta. À
partida acho lunático tentar pôr uma trela no tigre para o meter na casota do
cão.
Só que o cronista
que aqui se confessa e que já muito criticou Lopetegui é obrigado a dar o
flanco. Nunca vi um Porto pós-Mourinho a mandar na Champions desta forma.
Lembro-me da
meia-final de Corunha que teve um cariz muito parecido com este. Lembro-me da
forma como o Porto de Mourinho ia à Luz e a Alvalade e fazia o mesmo que o
Porto fez ontem em Basileia e já tinha feito noutras 2 deslocações de Champions
2014.
Saio da análise
macro e entrando no jogo propriamente dito percebo que Brahimi e Jackson
jogaram abaixo da bitola média. Olho para Tello e vejo que o espanhol jogou ao
nível médio que nos tem brindado o que não é nada que permita lançar foguetes.
Como foi possível
então? Se os avançados estiveram fracos, se o Casemiro falhou passes a rodos,
se o Herrera continua aquele Alien em campo capaz do melhor e do pior.
Como foi possível?
Foi possível porque
a equipa tem posicionamentos e comportamentos colectivos que roçam a perfeição
para quem quer engaiolar um adversário com uma trela ao pescoço.
Vê-se que há
trabalho de treinador. É impossível jogar assim, desta forma, com médios que não são (pelo menos ainda) jogadores
feitos e de valor seguro sem que o TPC esteja bem feito.
A bola é minha, o comando é meu, o jogo é meu e isto é
tudo meu.
O golo do Basileia
pode explicar o trela dentro da gaiola mas há mais vicissitudes que podiam ter
abalado o padrão dominador, paciente e confiante que a equipa sempre teve.
Na única jogada de
perigo o Basileia faz golo. Abordarei nas análises individuais a minha visão
deste lance porque julgo que o erro é mais individual do que de movimentação
colectiva da equipa.
A partir daí trela
na gaiola com o capitão sem braçadeira a dar o mote tentando a meia distancia
com o pé esquerdo.
Pouco depois o
capitão fica sem braçadeira num penálti cantado que passa em claro.
A equipa treme?
Nada.
Como um pastor a
guiar as ovelhas não há nada que mude a estratégia. Vamos encosta-los e torturá-los.
A lesão de Derlis
Gonzalez ajuda à festa porque percebia-se que ali estava o maior perigo na
transição ofensiva do adversário. Os centrais não deixavam que Streller
segurasse a bola 2 segundos sequer pelo que não se aplicava a velha teoria do
segurar a bola à espera que a equipa subia.
Nem Streller
conseguia os 2 segundos de cessar fogo nem o resto da equipa lhe dava o
beneficio da dúvida mostrando os apoios necessários para quem quer libertar o
pescoço da trela. É melhor ficar na gaiola. Não podem ou não querem soltar-se?
Primeiro não queriam.
Depois duvidaram se alguma vez conseguiriam. Por fim perceberam. Não vale a
pena. O pastor manda.
A facilidade com
que a bola andou nas imediações da área não se traduziu num jogo em que o
engaiolado sofresse oportunidades de golo claras e em catadupa.
Mesmo assim deu
para Tello aparecer na cara do redes 3 vezes. Deu para Jackson falhar um golo
cantado. Deu para nos invalidarem um golo já festejado. Não deu para muito mas
produziu mais do que suficiente para ganhar um jogo daqueles.
Para além da qualidade
colectiva e tactica as peripécias do golo anulada ao Casemiro poderiam com
facilidade derrubar ou perturbar psicologicamente qualquer equipa.
O espirito do
momento 0 em que estamos na nossa vidinha é diferente da momento 1 depois de
nos dizerem que ganhamos qualquer coisa, nos deixarem exprimir o prazer e o
contentamento por essa conquista para depois nos revelarem que era
brincadeirinha.
Agora que sabes o
bem que podia saber volta lá à tua vidinha.
O Porto voltou à
sua vidinha com muitos jogadores imaturos e com pouca experiência Champions sem
o minimo sinal de perturbação.
Ontem a perfeição
tactica foi tal que nem o lançamento à Maxi nos bateria. Cantos e lançamentos à
râguebi só são possíveis para quem conseguir fugir para fora da gaiola.
O resultado é
injusto. Pareceu que o Porto era muito superior que o Basileia.
Convém repetir 500
vezes que NÃO É. Não somos assim tão melhores que o Basileia.
A 1ª mão da
eliminatória com o Malaga também passou a ideia de um Barcelona-Levante de
diferença.
Na altura como
agora as palavras do treinador enjaulado foram sábias.
“O Porto foi muito
muito superior. Essa é a má notícia. A boa notícia é que ser mais superior do
que isto é quase impossível. A boa notícia é que depois disto é incrível que
ainda estejamos vivos. Isto só pode melhorar.”
Eles estão vivos.
Safaram-se.
Os nossos jogadores
têm que entrar em campo pensando no Basileia que jogou com o Real e Liverpool.
Só a pensar naquele Basileia que mete medo é que podemos ser capazes de os
enjaular de novo e de lhes meter medo.
Se a imagem que
ficar na cabeça antes do apito inicial de 10 de Março for a do Basileia
enjaulado, impotente e rendido ao nosso domínio corremos sérios riscos de não
satisfazer a curiosidade daquela 1ª pergunta que ficou por responder.
ANÁLISES INDIVIDUAIS
Fabiano – A culpa é
dele. Marcano estava a pressionar a entrada de bola em Streller. A garantir que
ele não teria os 2 segundos que precisava.
Alex mostra pela
postura corporal do inicio de jogada que tinha a lição estudada. Todo o movimento
de Alex é a de adivinhar que a bola vai para ali e que ele tem que caçar o
paraguaio. A bola vai e é muito bem metida mas Alex persegue-o como tem que
perseguir.
Aí é uma questão de
rapidez. Alex não ganha mas está a conduzir Derlis para o local onde pode ter
reforços.
Aí podemos
questionar se Maicon não devia ter fechado mais por dentro uma vez que Marcano
estava subido. Podia e se calhar devia mesmo. O esforço de Alex na perseguição
fez por merecer ajuda mais cedo.
A ajuda não chega
quando deveria mas chega. Quando Alex corre com Derlis num movimento que a ser
continuado os levaria para a bandeirola de canto Maicon já lá está para fazer a
Sandwiche.
Ao ver o lance
penso: O gajo já não sai dali. Ou dribla algum deles ou não arranja
enquadramento para finalizar a jogada dali.
O movimento
extemporâneo de Fabiano ao abandonar a baliza dá a Derlis a salvação que
precisava. Dificilmente conseguiria rematar com perigo num movimento diagonal
para a bandeirola de canto e a ser sandwichado. Passou a não precisar de
rematar. Bastou desviar.
A culpa é de
Fabiano. Se fica dificilmente poderia ser batido numa finalização
ensandwichada.
Se sai a bola tem
que ser dele.
Danilo – Gerrard, Terry, Luisão,
Totti, Lahm ou Schweinsteiger. Não estou a meter tudo no mesmo saco nem a
equiparar qualidades futebolisticas.
Há jogadores que
valem mais do que aquilo rendem porque são lideres. Fazem a ouvir a sua voz
dentro de campo e conduzem a equipa para um padrão atitudinal mais próximo do
seu.
Danilo já é o lider
desta equipa. Chegou timido e reservado num balneário que tinha já os seus
patrões mas agora é ele que dá o primeiro grito de revolta e aquele em que o
treinador confia, os companheiros admiram e os adeptos começam a reconhecer.
É um defesa direito
capaz de jogar por dentro. Normalmente quando falamos em jogar por dentro
pensamos num defesa que ajude os centrais estilo Ivanovic.
Danilo é diferente. Joga por dentro mas
ajudando os médios. Isso é crucial para engaiolar adversários. Ter laterais com
tanta capacidade de ter bola e de a conduzir é fundamental para se conseguir a
superioridade numérica que permite que se vejam jogos como o da 1ª mão contra o
Málaga ou o de Basileia.
Assumiu o penálti e
marcou-o exemplarmente mas julgo que quem o deveria ter marcado era Quaresma.
Na cabeça de todos a hierarquia informal era Evandro, Quaresma e .......até ao
último que é Jackson.
A hierarquia
mede-se por penáltis marcados em jogos normais quando toda a gente está em
campo. Danilo tem 2/3 tentativas desde que está no Porto. Falhou 1 crucial em
Coimbra e teve a sorte de marcar um que foi mal batido.
Penáltis e livres
devem ser batidos por quem está no guião. Assumir um dos penáltis mais
importantes do Porto dos últimos tempos não deve ser obra do acaso ou de
espirito momentâneo.
Calhou bem mas a
lição tem que estar sempre estudada e preparada.
Alex Sandro – Na análise de
Fabiano já inocentei Alex do lance do golo. No resto do jogo foi o atleta e o
artista com bola do costume.
Estes 2 laterais
que o Porto tem deviam estar na lista de compras de qualquer tubarão que queira
jogar em posse. Com Cedric e Jefferson jamais poderíamos engaiolar Bilbao,
Shakthar e Basileia. Com Maxi e Eliseu também seria missão impossivel dominar
desta maneira.
Defendem o seu
corredor, quando podem fazem uma incursão pelo ataque e passam bem, pressionam
melhor e ajudam muito os médios-centro em todas as tarefas.
Maicon – Na jogada do golo ficou
aquela sensação de ter demorado na ajuda. Na outra jogada do único
pesudo-ataque após o golo tentado pelo Basileia foi Maicon que resolveu com
classe.
Agressividade na
disputa de bola e fez um muro com Marcano que Streller nem passou, nem
saltou.
Quando entrou
Embolo pensei que o perigo de separar a equipa do Porto (que estava com um
bloco junto) era maior.
A qualidade
colectiva e tactica foi tal que Embolo nem tentou embalar. Ficou largado às
feras como Streller e teve o mesmo destino. Engolido.
Marcano – Na jogada do golo
pode-se questionar o posicionamento do espanhol. Quem vê o jogo do Porto e
quem tentar perceber porque é que
Streller e Embolo foram engolidos entende que para se actuar assim é preciso
uma determinada marcação e um bloco alto.
Intratável no jogo
aéreo e não deu 2 segundos de descanso a Streller. O desgraçado até já tinha
medo de receber bolas tamanho era o tratamento que o obrigou a sair exausto e
aparentemente feliz.
A dupla com Maicon
e o estilo de jogo agressivo, proactivo e contundente que implementaram foi
decisivo para o processo de engaiolamento do Basileia.
É engraçado pensar
que Indi é o melhor central do Porto e não deixar de entender a lógica de
Lopetegui ao apostar neste dupla que se tem portado bem e que tem dado uma
abordagem mais agressiva e menos expectante que ajuda a equipa a defender mais
alto.
Casemiro – Não sei explanar algo
que é paradoxal e contraditório mas para mim Casemiro falhou passes a mais mas
foi talvez o melhor jogador em campo.
Se não foi o melhor
foi o mais importante para que o jogo, o comando, a bola e tudo aquilo fosse
nosso.
Em crónicas
anteriores tenho criticado Casemiro pela sua absoluta incapacidade de ler o
jogo, de ser inteligente e culto no posicionamento de um 6.
Tentando fazer uma
comparação com o ténis diria que Casemiro não tem sido capaz de ser competente
no jogo de fundo do court. Muitas vezes (A derrota nos barreiros é um exemplo)
não está naquela zona central à saída da nossa grande área que permite evitar
ou desincentivar invasões com perigo para a nossa grande área.
Não foi ontem que
Casemiro me provou o contrário. Não me provou que sabe estar no fundo de court
porque o maluco do brasileiro matou tudo com o jogo de rede.
Casemiro perdeu
1,2,3,4,5 bolas no inicio de construção. Matou 1,2,3,4,5,6,7 ataques à
nascença.
Casemiro ganhou 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 segundas bolas no pé de ferro, no bafo, na agressividade.
Casemiro ganhou 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 segundas bolas no pé de ferro, no bafo, na agressividade.
O maluco do
brasileiro nem teve condições para mostrar que se sabe comportar no fundo do
court porque jogou subido na rede (meio-campo do Basileia) e fez lá o
servicinho todo.
Se o Basileia não
teve transição ofensiva praticamente nenhuma muito se deve ao jogo de rede de
Casemiro que abafou por completo qualquer tentativa de sair a jogar.
Teve ajuda, teve os
laterais compatriotas 5 estrelas e os de faca nos dentes Marcano e Maicon
sempre por perto mas deu para perceber que o portador da bola suiço não queria
ver o maluco do brasileiro por perto.
Deviam querer
porque Casemiro é maluco e Casemiro já tinha amarelo mas a dada altura já
deviam estar cansados da agressividade daquele jogo de rede e de levar com
tanto smash e volley.
Matou muitos
ataques é certo. Nossos e deles.
Aí faço outra
comparação desportiva. Casemiro teve uns 1,2,3,4,5 turnovers mas teve 5 roubos
de bola, 20 ressaltos e uns 10 blocos.
Aí relembro a
fábula do muita parra e pouca uva.
Das vezes em que
sai uva quantas nascem de jogadas construídas de raiz em organização ofensiva
da equipa e quantas nascem de transições ofensivas em que o Porto obriga o
adversário a perder a bola no seu meio-campo?
Infelizmente o
processo de construção ofensiva do Porto dá pouquissima uva. Transviar um passe
de construção que dá lançamento lateral para o adversário não é assim tão
grave.
A uva nasce
maioritariamente de momentos em que o Porto rouba a bola alto e apanha o
adversário desorganizado.
Pensando nisto tudo
dará para perceber melhor como é que alguém que falhou tantos passes foi tão
importante e decisivo para demonstração de classe que surpreendeu
Frei&Friends.
Outro factor a ter
em conta: Casemiro tem golo numa equipa onde isso não abunda. Casemiro é
impactante nas bolas paradas. Enche a área.
Oliver - O farol da equipa. Toda a equipa fica mais descansada quando a bola lhe
para nos pés porque sente que é o que melhor sabe o que fazer com ela. Sabe
quando jogar no pé, quando temporizar, quando jogar no espaço.
Esta importância é
tanto maior quanto mais longe Oliver jogar das linhas. Aí tem mais opções de
passe e tem visão, inteligência e qualidade capaz de por em alerta vários
jogadores adversários porque tudo pode sair dali.
Aí está mais
defendido da dificuldade que tem quando joga demasiado perto da baliza
adversária. Oliver é muito mais Xavi Hernandez do Andrés Iniesta. O facto de
ser mais móvel e ter maior amplitude de movimentos que Xavi não lhe mexe no ADN
futebolistico.
Se está dentro da
área com o lateral não vai fazer um pique e ultrapassa-lo em velocidade.
Se está dentro da
área em construção (em transição ilumina como fez com o passe mortal para
Jackson) é muito dificil que consiga assistir num amaranhado de pernas.
Sabe movimentar-se
dentro da grande área adversária porque é eximio a procurar o espaço vazio e a
jogar sem bola, mas depois falta-lhe aquilo que toda a equipa que não se queira
cingir à parra precisa. Qualidade de remate acima de Moutinho e killer instinct
acima de Tello.
Se não se lesiona
no ombro caminharia para números à escala Dortmund em quilometros corridos. É
fundamental no Porto.
Herrera – A imagem que me fica
de Herrera é a que ficou do final do jogo. A expressão facial não conseguia
transmitir alegria, tristeza, alivio, nada. Só cansaço no limiar da exaustão.
Fez um jogo à sua
medida num estilo de jogo de posse que parece ser tão contrário as suas
caracteristicas.
Pressionou muito,
tentou assistir sempre e ligar-se com Jackson. Na direita, na esquerda, na
posição 6 e onde fosse preciso. Herrera foi tudo e tentou estar em todo o lado.
Este Porto de posse
que Lopetegui tenta implementar ganha muito com estes monstros fisicos que
parecem Pacmans a engolir relvado, bola e adversários.
Brahimi – Num dos melhores jogos
que o Porto fez o que vimos foi um trio de ataque que não se exibiu à altura da
dinâmica colectiva da equipa.
Brahimi continua a
pegar na bola demasiado atrás fazendo com ela e onde quer que esteja aquilo que
é suposto que faça quando está perto da grande área.
Por isso faz muitas
fintas de corpo inuteis e perde bolas em zonas demasiado perigosas.
A jogar assim não
consegue dar mais do que ninguém no último terço. Não desequilibra pelo
critério ou pelos cruzamentos como Quaresma. Não desequilibra como Tello pela
velocidade.
Trava um jogo que
já de si é travado pela lógica de passe.
Saiu bem porque
Tello é mais errático e errante mas parecia mais capaz de nos dar mais do que
parra.
Jackson - Não gostei. Tudo bem que fez aquele bom jogo em que se liga ao
meio-campo, que segura bolas, que atrapalha defesas.
Tudo muito certo
mas demasiado Montero. Uma equipa que estava a dar aquele chocolate ao Basileia
pedia era a versão Jackson matador porque só com Monteros não há parra que dê
uva.
2 lances que
definem a Monterização de ontem. Uma transição rápida em que Quaresma mete um
cruzamento rasteiro na zona mortal e em que Jackson não está lá e ainda nem
entrou na grande área e a falta de killer instinct e excesso de souplesse no
passe mortal de Oliver.
Tello – Com ele em campo ficamos
sempre com a sensação que pode nascer perigo. É sempre uma dor de cabeça para
qualquer lateral e um consolo para qualquer redes que veja um extremo lhe
surgir na cara.
Ganha o espaço,
ganha o tempo, ganha a oportunidade mas treme a seguir.
Na noite de ontem
em que ninguém dos seus parceiros de ataque parecia estar particularmente
inspirado o “espaço, tempo e oportunidade” foram mais importantes para
Lopetegui do que o costume. Ficou até aos momentos finais e ficou bem.
Quaresma – Fundamental. Deu a
objectividade e clarividência que faltou a Brahimi. Começaram a surgir
cruzamentos para a área que rarearam antes da sua entrada. Combinou bem com
Danilo e entrou naquele espirito que deve ser o de “tenho que ajudar” ao invés
do “tenho que ser eu a resolver”.
Ter a consciência
daquilo que pode dar sem vedetismos pode dar futuro a Quaresma no Porto.
Ontem deu um rico
presente. Foi o melhor do ataque. Menos é mais.
Ruben Neves – Mais uma boa
mexida de Lopetegui. Nervo, fisico e agressividade já lá estavam com Casemiro,
Herrera e a dupla intratável de centrais.
Se sai Oliver era
importante repor a luz do farol de passe, a inteligência tactica e a sobriedade
posicional.
A amplitude de
Rúben foi menor mas tudo o resto que Oliver dava não desapareceu. A equipa
perdeu um jogador decisivo mas graças a Ruben não perdeu o andamento que
permitiu o forcing final para empatar a partida.
Quintero – Jogou pouco mas
esperava mais. O Basileia estava de rastos depois de um esforço fisico e
psicológico sobrehumano. Quintero teria espaço para mostrar tudo o que tem
dentro das botas mas (talvez por instruções de Lopetegui) entrou no jogo com a
postura de quem sempre lá tinha estado. Não se quis mostrar nem dar nada de
diferente no pouco tempo que jogou.
Ficha de jogo
Basileia-FC Porto, 1-1
UEFA Champions League, 1/8 final, 1ª mão
Quarta-feira, 18 Fevereiro 2015 - 19:45
Estádio: St. Jakob-Park (Basileia, Suíça)
Árbitro: Mark Clattenburg (Inglaterra).
Assistentes: Simon Beck e Stuart Burt; Anthony Taylor e Kevin Friend.
4º Árbitro: Gary Beswick.
BASILEIA: Vaclík, Xhaka, Marek Suchý, Walter Samuel, Safari, Frei, Elneny, Zuffi, Derlis González, Streller, Gashi.
Suplentes: Vailati, Philipp Degen, Ajeti, Matías Delgado, Hamoudi (83' Gashi), Callà (25' Derlis González), Embolo
(63' Streller).
Treinador: Paulo Sousa.
FC PORTO: Fabiano, Danilo, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Óliver Torres, Tello, Jackson Martínez, Brahimi.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Quaresma (61' Brahimi), Quintero (81' Tello), Evandro, Rúben Neves (68' Óliver Torres), Aboubakar.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Derlis González (11'), Danilo (79' pen).
Disciplina: Frei (21'), Casemiro (29'), Elneny (36'), Óliver Torres (36'), Walter Samuel (46'), Alex Sandro (51'), Gashi (57'), Marek Suchý (62'), Danilo (86').
UEFA Champions League, 1/8 final, 1ª mão
Quarta-feira, 18 Fevereiro 2015 - 19:45
Estádio: St. Jakob-Park (Basileia, Suíça)
Árbitro: Mark Clattenburg (Inglaterra).
Assistentes: Simon Beck e Stuart Burt; Anthony Taylor e Kevin Friend.
4º Árbitro: Gary Beswick.
BASILEIA: Vaclík, Xhaka, Marek Suchý, Walter Samuel, Safari, Frei, Elneny, Zuffi, Derlis González, Streller, Gashi.
Suplentes: Vailati, Philipp Degen, Ajeti, Matías Delgado, Hamoudi (83' Gashi), Callà (25' Derlis González), Embolo
(63' Streller).
Treinador: Paulo Sousa.
FC PORTO: Fabiano, Danilo, Maicon, Marcano, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Óliver Torres, Tello, Jackson Martínez, Brahimi.
Suplentes: Helton, Martins Indi, Quaresma (61' Brahimi), Quintero (81' Tello), Evandro, Rúben Neves (68' Óliver Torres), Aboubakar.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Derlis González (11'), Danilo (79' pen).
Disciplina: Frei (21'), Casemiro (29'), Elneny (36'), Óliver Torres (36'), Walter Samuel (46'), Alex Sandro (51'), Gashi (57'), Marek Suchý (62'), Danilo (86').
Por: Walter Casagrande
3 comentários:
Grande cronica. Parabéns.
Excelente, Casagrande!
A melhor analise que vi a uma partida de futebol nos últimos tempos.
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