segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Liga Zon Sagres, 19ª Jornada; Gil Vicente 1 -2 FC Porto

Ainda vivos


Qual a melhor notícia deste jogo? Ainda estamos vivos. Muito longe da boa saúde, como o jogo o demonstrou, mas vivos. É isso que convém realçar. Conseguimos vencer num campo onde já não vencíamos há muito. Conseguimos vencer fora. Conseguimos ser melhores num terreno maltratado pela intempérie. Conseguimos aguentar a pressão e obter um resultado, já sabendo que os já catavam vitória nos seus jogos.


Gil Vicente-FC Porto, 1-2 (resultado final) 



Comecemos pelo adversário. Este Gil Vicente é frágil. Pouco tem daquele Gil Vicente que impôs uma série negra ao FC Porto, mesmo com ajudas apaixonadas de quando em vez. Até o Gil Vicente que labutava na segunda liga, há uns anos, tinha mais fibra, mais talento e mais organização que este. Começaram bem a época, é certo, mas estão a afundar-se mais rapidamente que uma pedra. Fiúza ainda vai chamar diabo a Deus.





 Mas que melhorias houve neste FC Porto? Basicamente duas.

Primeiro, Paulo Fonseca foi obrigado a enterrar o seu duplo pivot. Ou percebeu que Herrera melhora proporcionalmente à medida que galga metros, ou o Mexicano faz ouvidos de mercador e faz o seu serviço. Quero acreditar que tenha sido a primeira hipótese. Voltamos a ter um meio campo estruturado e voltamos a ter organização. Tu defendes, tu transportas jogo e tu organizas o ataque.


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Segundo, a entrada de Quaresma no plantel obriga a equipa a jogar com dois extremos abertos. Quaresma veio para titular e Varela é titular. A equipa tem amplitude no ataque. Não deixa os laterais contrários livres para atacar.





Portanto, estamos vivos. Débeis e frágeis. Até flácidos e ofegantes. Mas vivos.

Não temos rotinas. Não temos mecanização do nosso jogo a meio campo. Os jogadores ainda estão a instalar-se nos seus papéis, quanto mais saberem compensarem-se uns aos outros. Meados de Fevereiro e repetimos um onze inicial pela primeira vez. Sintomático. Falta-nos dinâmica, força e autoridade. Enquanto nos lados a máquina já rola, permitindo até substituir peças em andamento, por cá, só agora se percebe que máquina montar. 

E veremos. Que tenho para mim que ainda haveremos de voltar a ver o muito que já vimos.

Viu-se neste jogo. Houve muitas alturas em que o jogo partiu. Era parada e resposta, como na esgrima. Simplesmente, o florete do Gil Vicente não tinha aponta aguçada. Faltou-nos controlo do jogo. Faltou-nos autoridade.

É certo que merecíamos um marcador mais dilatado. Que hoje tivemos oportunidades para sair de Barcelos com a barriga tão cheia como se fossemos comer umas papas de sarrabulho à Bagoeira. Bem verdade. Mas com outro adversário, teríamos sofrido mais na “parada e resposta”.

 Entramos fortes e determinados no jogo. Aliás, a resposta da equipa tem sido inatacável. Brio há, vontade também, falta é método. A vantagem chegou numa acção de Herrera no flanco direito. Eis a chave. Em vez incomodar Fernando, Herrera soltou-se, desequilibra no flanco e mete açúcar num cruzamento para Varela. Até ao intervalo, estivemos sempre por cima, embora com fases de parada e resposta.


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A segunda parte é uma fotocópia da primeira. Entrada forte, algum desperdício e chega o 0-2 por Varela. O Gil Vicente responde e desta vez marca. O jogo volta cair numa parada e resposta, mas a cada substituição de João de Deus mais longe ficava o Gil Vicente da baliza portista. Ameaçamos o 1-3, mas nunca chegou. Até que Paulo Fonseca, ciente da preciosidade da vitória fora, preferiu puxar as rédeas que firmar as esporas.





Estamos vivos, sim. Mas não mais que isso. Os próximos dois jogos caseiros serão determinantes. Que esta vitória dê alento. Pois o problema principal continua adiado.


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Análises Individuais:

Helton – Sem culpa no golo, limitou-se a ver o Gil Vicente ao longe.

Danilo – No plano defensivo foi eficaz, no ataque foi venenoso. Parece que a equipa começa a explorar melhor a sua grande capacidade nos movimentos interiores quando embalado. Veremos se se confirma.

Alex Sandro – Mais uma vez, bem melhor no aspecto ofensivo que defensivo. Voltou a revelar dificuldades a fechar o seu flanco e o espaço para o central.

Abdoulaye – No geral, uma boa exibição. Aqui e ali, as fragilidades habituais no um contra um. Também faz dois cortes providenciais, registe-se.

Mangala – Falhou na marcação ao Hugo Vieira no lance do golo. Demasiado espaço em zona frontal! Ainda assim, formou uma dupla sólida com Abdoulaye.

Fernando – Limpou toda a criatividade do Gil Vicente a meio campo. Na zona central, a equipa de Barcelos foi estéril. Falta articular-se melhor com Herrera. Mas isso, só com minutos de jogo.

Herrera – É o melhor em campo. Difícil, porventura injusto para Varela, mas é uma eleição que pretende sublinhar a importância da mudança de paradigma na sua posição que torna o FC Porto mais FC Porto e menos FC Paços de Ferreira. Tem muitas arestas para limar. É um jogador muito cru, mas dá a potência nas transições que a equipa precisa. E tem uma característica curiosa, à medida que avança no terreno, ganha conforto com a bola.

Josué – Bom jogo, embora aquém do que sabe. Não compreendo alguns bloqueios mentais no seu jogo. Remates patéticos, com tudo para fazer golo e após fazer o mais difícil, com grande classe. Passes disparatados em situações sem pressão, e passes a rasgar pressionado. Tem que perceber que o seu rendimento tem que ser fiável, constante e garantido. Não um carrossel entre o excelente o sofrível. Ora abria horizontes, ora atirava a bola para as couves.

Varela – Falhou golos cantados. Marcou dois e bem complicados. Um bom Varela, pontuado do Varela obscuro. No fundo, foi o jogador da linha ofensiva que melhor proveito tirou da estruturação do meio campo.

Quaresma – Finalmente, largou as bolas paradas. Fez um bom jogo para a bitola do actual Quaresma. Não do outro. Ainda não produz o suficiente para sair amuado.

Jackson – Mais um jogo taciturno. Chega-lhe pouca bola. Veremos se a equipa cresce nos próximos jogos.


Licá – Entrou para defender e afincou-se na missão.

Ghilas – Para queimar tempo. Para dar potência no ataque à baliza através de diagonais. Merecia mais minutos.

Mikel – Para fechar a porta e queimar mais tempo.




Ficha de Jogo:

Gil Vicente: Adriano, Gabriel, Halisson, Danielson e Luís Martins; Luan, Luís Silva (46, Pedró) e João Vilela (67, Mosquera); Brito, Hugo Vieira e Diogo Viana (72, Caetano)..
Suplentes: Caleb, Pedró, Leandro Pimenta, Keita, Caetano, Peks e Mosquera.
Treinador: João de Deus

FC Porto: Helton; Danilo, Abdoulaye, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Herrera e Josué (90+3, Mikel); Quaresma (69, Licá), Jackson Martínez e Varela (88, Ghilas).
Suplentes: Fabiano, Maicon, Mikel, Quintero, Ricardo, Licá e Ghilas
Treinador: Paulo Fonseca

Árbitro: Paulo Batista (Porto)

Golos:  Varela, aos 18  e 53 minutos; Hugo Vieira, aos 55 minutos


Por: Breogán





1 comentário:

Anónimo disse...

Bom jogo! Sem a treta do duplo-pivot que não serve a esta equipa e com Herrera a jogar a 8 e bem, o futebol foi muito mais agradável e criámos muitos lances de ataque.
É a diferença entre Herrera e Moutinho. Moutinho dá muita consistência a uma equipa mas Herrera oferece muito mais a nível ofensivo. Moutinho nunca teve capacidade para desequilibrar, uma ou outra vez conseguia-o mas acontece em 1 jogo a cada 10. Vamos ver se Herrera não continua a evoluir e se não consegue dar a mesma consistência à equipa. Pela capacidade física não terá problemas, tem é de mostrar inteligência e estar sempre no sítio certo (para Moutinho era mais fácil porque ele nunca subia ao ataque, estava sempre atrás).

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