sábado, 11 de janeiro de 2014

Eusébio, um exemplo de cidadania e amor ao seu clube.





Ao fazer o uso da palavra no sentido de me pronunciar sobre o nome e a vida de Eusébio da Silva Ferreira, não quero de forma alguma ter a ousadia de tentar fazer aqui a sua apologia, não que esteja aqui em causa qualquer mérito próprio e indiscutível do atleta e do homem em si, ou até pelo simples facto de não ser da sua cor clubista, mas essencialmente por poder não ser capaz de ter as palavras certas e devidas para fazer a exaltação perfeita de uma personalidade tão ilustre e amada pela generalidade dos portugueses e pelos amantes do futebol em todo o mundo, não só pelo que ele representou para todos nós como exímio praticante, mas também pelo muito que nos deu enquanto ser humano.




Curiosamente, ou talvez não, este mundo muitas vezes obscuro, ingrato, mas ao mesmo tempo insólito e imprevisto, por vezes tende mesmo a surpreender os menos crentes do mundo do imaginário, pois Eusébio que era apelidado em Portugal como o “Rei do futebol português” foi sepultado exatamente no dia de Reis, o que não deixa de ser curiosa esta casualidade de um facto consubstanciada com o título que lhe era apregoado.

No preciso momento que estou a escrever estas palavras, no Parlamento da Assembleia da República discute-se se Eusébio deve ou não ter acesso à transladação do seu corpo para o Panteão Nacional, ou dito de uma forma mais popular, se o seu desempenho e personalidade enquanto figura pública se enquadrou no rol das individualidades que mais se destacaram no panorama nacional e internacional, que na minha opinião não repudio de todo a decisão pela positiva em prol do candidato, apesar de ter algumas reservas de princípio, mesmo tendo em conta os mesmos pressupostos absolutos que nortearam a decisão, que apesar de serem de quadrantes diferentes, foram usados para o mesmo fim no caso da também saudosa Amália Rodrigues, e que no caso do Eusébio faz todo o sentido continuar a fazer do desporto o fenómeno cultural de maior magia e mediatismo no mundo contemporâneo.

As sociedades modernas tendem cada vez mais a funcionar através de impulsos, ou de acontecimentos mediáticos de ocasião, isto para dizer que ainda há bem pouco tempo na comunicação social se faziam comparações e juízos de valor entre Eusébio e Cristiano Ronaldo, que quanto a mim são injustificáveis e incomparáveis no tempo pelas condições que ambos tiveram e patentearam nas suas diferentes épocas, e que agora após a morte do “Pantera Negra”, inexplicavelmente ou talvez não, algumas personalidades da área desportiva já tenham vindo a terreiro inverter o seu juízo final, opinando no sentido de se inclinarem mais para o primeiro em detrimento do segundo, para além de se iniciarem já as tradicionais e fingidas homenagens a título póstumo como é apanágio no nosso país, e pronunciando-se mesmo em termos de decisão Estatal com preocupação pelos gastos avultosos para a realização da sua transladação para o Panteão Nacional, quando no mesmo país os mesmos intervenientes que decidem outras mordomias e privilégios pessoais continuam a gastar descaradamente.  

Por fim, e apesar de quase sempre estar de acordo com as decisões do meu clube, o FCP, gostaria de aqui neste fórum deixar uma referência muito particular e pessoal sobre a forma como o FCP reagiu ao desaparecimento de Eusébio, pois, se alguma vez houvesse alguma hipótese ou vontade expressa de um estreitamento de retoma das relações entre os dois clubes, sem qualquer espécie de dúvida que esta ocasião seria a que melhor se ajustava para o tornar em realidade absoluta, se bem que, a poucos dias de um clássico que pode determinar a liderança do campeonato no Estádio da Luz, ser de algum modo inteligível e comprometedor que qualquer ato de aproximação pudesse ser entendido pelos adeptos do SLF, como um ato de provocação e intromissão no sentimento doloroso de todos os benfiquistas, o que só vem provar mais uma vez que na realidade e na convicção de ambas as partes é uma tentativa que morreria logo à nascença, não só pela vontade já demonstrada pelas duas massas associativas e respetivas SADs, mas também, sempre com a “ajuda” preciosa dos vários órgãos de comunicação social e organizações desportivas que se lamenta profundamente, por terem todos interesses instalados para que tudo continue como está.

Por: Natachas.

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