Um excelente jogo para se aprender.
Primeiro, que o apito do árbitro é soberano e é preciso manter a
concentração até ao fim. Não interessa discutir descontos, mas manter a atitude
competitiva até o homem se resolva a apitar para o fim.
Segundo, mesmo perante
uma equipa que nos foi claramente inferior em termos qualitativos, lembrar
sempre que nos podem fazer sofrer, sobretudo em momentos de desconcentração.
Terceiro, que para lá das dificuldades deste campeonato, muito competitivo,
também a terceira equipa pode desequilibrar um jogo. Estes aprendizes de
“Lucílio” gostam de mostrar serviço. Penalti claríssimo e quantas arrancadas de
Carlos Eduardo travadas por falta grosseira ficaram por amarelar? Quatro ou
Cinco? Eu perdia a conta…
Estes são os factores exógenos,
mas também há factores para reflexão dentro da equipa. Começo pelo choradinho
do “jogo ao meio da semana”. Bem sei que para alguns destes jogadores,
sobretudo para os que são promovidos dos juniores ou ex-juniores, este contacto
com o futebol sénior profissional com um calendário tão pesado é duro. Mas se é
duro, ainda bem que o é! É de espinhos e não de flores que se faz o crescimento
do talento.
Mas chega a hora de Luís Castro
parar e pensar no que tem a trabalhar.
Primeiro, isto é uma equipa
profissional, mesmo tendo um ambiente de crescimento para jovens talentos.
Assim sendo, impõe-se uma justa e correcta “meritócracia”! Quem falha, tem que
perceber que tem consequência. Quem espera pela sua oportunidade não pode
assistir ao erro alheio e continuar à espera.
Segundo, as falhas de marcação na
zona central da defesa é algo que se arrasta há muito. Há um excesso de
permissividade, ou melhor, muita falta de agressividade e abordagens pouco
impositivas aos lances. Hoje, lá foram dois golos sofridos dessa forma.
Terceiro,
tem que reflectir no seu meio campo. Mikel é um 6 que se cola aos centrais o
mais que pode. Lá tem um momento ou outro em que avança, mas a entrega é, quase
invariavelmente, má. Ou seja, com um 6 tão metido atrás, o meio campo recua. E
mais recua se o 8 for um 6 mas com as características ideais para o FC Porto.
Ainda por cima, a 10 temos um 8 e o 10 está a extremo. O que resulta disto? O
meio campo do Covilhã sempre encontrou conforto no jogo e não tivemos nem
criatividade próxima de Kléber, nem amplitude pelos flancos. Ainda por cima, e
na nossa melhor fase, assistimos a Carlos Eduardo a fazer “piscinas”
transportando bola até ao ataque, quase como único fio condutor de jogo.
Portanto, Mikel não serve para 6,
é um projecto falhado. Paciência. Pedro Moreira dá a segurança necessária a 6 e
ainda confere uma saída de bola segura e inteligente. Tozé a 10 traria
imprevisibilidade ao ataque. A 8, Carlos Eduardo quando disponível e outra
solução nas suas ausências. Sempre com dois extremos em campo para termos
capacidade de dar largura ao nosso jogo.
Quanto ao jogo, o FC Porto B
entra bem, aproveitando a temeridade da equipa serrana. O golo madrugador
chega, num lance bem flanqueado pela dupla Iva e Rafa, com Tozé na aparecer na
zona 10 para concluir. Um lance que sublinha a análise acima exposta.
Coma vantagem no marcador, o FC
Porto B baixou o ritmo e o meio campo do Covilhã aproveita todo o espaço para
ir lançado o seu ataque. Quase toda a primeira parte vai escoando com o Covilhã
a crescer cada vez mais a meio campo e o FC Porto B cada vez mais longe de
Kléber e da baliza contrária. Ao cair do pano desta primeira metade, falha de
marcação num canto e empate para os serranos. Murro no estômago.
A segunda parte não traz mudanças
por parte de Luís Castro. Só David Bruno assume o lugar do lesionado Rafa. O FC
Porto B revela dificuldades em voltar ao jogo, até que Luís Castro liberta a
equipa. Tira Mikel e coloca Leandro em campo. A equipa anima-se logo e sobe no
terreno. Kléber à trave e mais dois lances desperdiçados por Tozé sublinham o
melhor período da equipa.
Luís Castro ainda tentou
revitalizar o jogo flanqueado, tirando Tozé e lançando Vion. A substituição
falhou, mas foi bem pensada. Até ao fim, o escamotear de uma penalidade a favor
do FC Porto B e um balde de água fria, de novo ao cair do pano, em mais um erro
infantil de marcação no centro da defesa e com Kadú a falhar estrondosamente.
Esta equipa de Luís Castro está
em clara evolução face à equipa do ano passado. Para subir de patamar, basta
aprender com o bom exemplo da época passada. O FC Porto B precisa de um meio
com gente mais capaz e nas suas posições.
Análises Individuais:
Kadú – Foi um espectador durante
grande parte do jogo. A defesa mais difícil que fez, e grande defesa que foi,
foi num livre a poucos minutos do fim. No último lance, falha tão
grosseiramente como o centro da sua defesa. Vida de guarda-redes de clube
grande é isto. Caio para quando?
Victor Garcia – Acabou o jogo em
dificuldades físicas. Fez um excelente jogo, quase sempre dominador do seu
flanco. Uma das boas surpresas deste FC Porto B.
Rafa – Precisa de mais jogos na
B. Defendeu mais do que costuma fazer na equipa sub-19 e isso só lhe faz bem.
Grande lance com Ivo para o 1-0. Pena que, também ele, tenha saído por lesão.
Tiago Ferreira – Está muito menos
errático, mas ainda longe de ser o “patrão” que já deveria ser. Falta-lhe muita
autoridade e “ratice”. Não pode deixar a sua zona ser esventrada como foi nos
dois golos.
Reyes – Tecnicamente muitas
milhas acima do seu colega de sector. Mas precisa de aumentar os seus índices
de agressividade. Na Europa, cada centímetro é um latifúndio.
Mikel – Já se sabe que mete o
corpo todo. Já se sabe que disputa os lances todos. Fez um bom jogo, dentro
daquilo que sabe fazer, mas não é o 6 que esta equipa precisa. Mais, não é o
tipo de 6 que este clube precisa.
Pedro Moreira – Meio perdido na
posição 8, embora sempre tentou levar a equipa para a frente. Quando foi para 6
deu um recital. A diferença foi tanta que entrava pelos olhos dentro.
Carlos Eduardo – Foi o melhor em
campo. As suas arrancadas iam dando a vitória, não fosse a complacência
arbitral à forma que era faltosamente travado. Fez “piscinas” demais, fruto de
ter de sair de 10 para vir buscar jogo atrás. É um 8 de grande classe.
Tozé – Passa tempo demais longe
da sua posição. Não tem perfil de extremo e, ainda por cima, hoje não esteve
muito altruísta. Exibição apagada.
Ivo – Boa primeira parte e
excelente a partir o seu adversário no lance do golo. Teve muitas dificuldades
na segunda parte, por cansaço (jogou pelos sub-19 na Champions a meio da
semana). Ainda bem. São dores de crescimento. Na recta final, cheio de ganas,
tentou dar a equipa a profundidade que esta precisava.
Kléber – Andou muito tempo longe
da equipa. Demasiado tempo. Fica na retina o seu cabeceamento à barra. Precisa
de mais equipa para brilhar.
David Bruno – Cumpriu a sua missão.
Seguro a defender e sempre pronto para sair para o ataque.
Leandro – Faltou-lhe aqui e ali
mais qualidade na definição. A sua entrada estruturou melhor o meio campo e a
equipa jogou melhor.
Vion – A substituição falhada.
Bem feita, mas falhada. Entrou e desapareceu.
Até Ivo, já em esforço, foi bem mais dinâmico que Vion.
FICHA DE JOGO
FC Porto B-Covilhã, 1-2
Segunda Liga, 10.ª jornada
5 de Outubro de 2013
Estádio de Pedroso, em Vila Nova de Gaia
Assistência: 420 espectadores
Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa)
FC PORTO B: Kadú; Victor Garcia, Reyes, Tiago Ferreira, Rafa (david Bruno 45´); Mikel (Leandro 63´), Pedro Moreira, Carlos Eduardo; Ivo, Kléber, Tozé (Vion 67´).
Substituições: Rafa por David Bruno (46m), Mikel por Leandro (63m) e Tozé por Vion (67m)
Não utilizados: Caio, Zé António, Tomás e André Silva
Treinador: Luís Castro
COVILHÃ: Taborda, Tiago Lopes, Rocha, Edgar, Alex Kakuba, Vítor Massaia (Gui Inters, 29), Báta, Gilberto, Carlos Manuel, Tiago Martins (Nené, 85) e Forbes (Adriano, 89)
Substituições: Vítor Massaia por Gui Inters (29m), Tiago Martins por Nené (85m) e Nuno Forbes por Adriano (8pm)
Não utilizados: Igor Araujo, Joel, Samuel e Lucas
Treinador: Francisco Chaló
Ao intervalo: 1-1
Marcadores: Tozé (11m), Rocha (45+2m) Edgar (90m+3)
Cartões amarelos: Victor Massaia (13), Mikel (54) e Rocha (75)
Por: Breogán
3 comentários:
Obrigada pela suas observações acerca deste jogo e dos seus intervenientes.
Abraço
Castle
sempre achei que o Mikel não era jogador para o FC Porto, no seu lugar devia estar o Tomás, ele sim pode dar um bom jogador.
Também fiquei com a ideia que Mikel a 6 e Pedo Moreira a 8 , não funciona.
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