segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Liga Zon/Sagres 8ªJ - FC Porto 3 - 1 Sporting: Carne moída


Retirado de Fotos da Curva





Vitória justa, merecida e sem qualquer contestação. O FC Porto ganha pela raça da sua equipa, por saber cerrar os dentes quando foi preciso e porque a sorte também nos protegeu.






Comecemos pelo adversário, para logo passarmos ao que interessa. Este é um típico felino do circo. Só come bife ou carne moída para não estragar os dentes. Este ano, tem um rugido mais cavernoso e já caçou dois ou três ratos, por isso já se acha o rei da selva, mas não deixa de ser um leão do circo. Flácido, melancólico e, até, eminentemente manso.

Foi este o nosso adversário. Por isso mesmo, menos se compreende certos períodos do jogo do FC Porto.

O FC Porto entra a todo o gás. Pressionando a saída de bola do adversário e cavalgando sobre a conquista. O felino do circo, assustado, refugia-se no fundo da jaula, com o rabo tolhido entre as pernas. São 10 minutos de elevada pressão, com Herrera a dominar todas as transições. O FC Porto inclina à esquerda e faz desse flanco o seu corredor preferido para o ataque. Numa dessas investidas, Herrera serve Alex Sandro que é derrubado na área por Maurício. O FC Porto sai na frente, merecidamente.

Mas eis que surge uma das más facetas deste FC Porto. Com a vantagem na mão, o FC Porto deixa de pressionar e alivia a pressão sobre o meio campo adversário. De alívio a adormecimento é um passo e o meio campo do FC Porto deixa de carburar. Herrera soma passes falhados, Lucho desaparece de jogo e só Fernando luta contra o meio campo de meninos do adversário. Até ao intervalo, o FC Porto só voltaria a causar perigo em dois remates de fora da área, primeiro por Josué, depois por Lucho.

O adversário vai vencendo o seu temor. Lembra-se que até já caçou uns ratos e tenta chegar-se à frente. A qualidade do seu jogo é baixa, mas com uma frente de ataque aberta, sempre vai incomodando, embora sem fazer mossa até ao intervalo.

O descanso faz muito mal ao FC Porto. Ainda tem um lance flanqueado por Varela, logo no reinício e um canto onde Patrício quase oferecia um golo, mas o meio campo continua o seu afundar e segue o somatório de passes falhados. Previsível, mas sem anúncio prévio, o adversário empata, numa lance fortuito e facilitado em demasia. O leão do circo parece mais animado, enquanto o FC Porto reencontra-se com os seus fantasmas.

Mas quando já se previa uma via-sacra até à vitória, Danilo encontra um atalho. Um minuto depois, o lateral solta-se e chega ao ataque. Com um movimento interior causa o desequilíbrio e fuzila Patrício. Golaço!


Retirado de: Fotos da Curva




Com a vantagem no marcador, Paulo Fonseca faz duas substituições que indiciam a nova forma de actuar do FC Porto. Retira Josué e coloca Licá. Tenta abrir um flanco, até então estagnado, dando-lhe profundidade e velocidade. Depois retira Herrera e coloca Defour. Alivia o meio campo portista de uma torrente de passes falhados por parte do mexicano e aproxima Defour de Fernando. 





O FC Porto vai recuando, convidando o leão do circo ao ataque. O recuo do FC Porto leva o adversário a acercar-se da nossa baliza e, por duas ocasiões, Helton salva um novo empate. Leonardo Jardim ainda arrisca mais metendo Vítor no lugar de André Martins, mas o golo da tranquilidade portista chegaria três minutos depois. Mais um lance flanqueado pela esquerda, com Varela a acelerar o jogo e Jackson a servir de extremo. Contra-ataque puro e duro, com o golo do descanso a carimbar o jogo. Leonardo Jardim logo desfaz o que havia feito e, temendo levar mais que contar, tira Carrillo e mete Magrão no jogo.

O adormecimento do FC Porto após o 1-0 é preocupante. Ao ponto do golo do empate já ser previsível, mesmo não tendo o adversário criado muitos lances de perigo. O nosso jogo a meio campo parou e o ataque só existia pelo flanco esquerdo. Tal paralisia podia-nos ter custado caro. E já não é a primeira vez, aliás, é quase todas as vezes.
Mas, para mim, ver a equipa recuar após o 2-1 foi ainda mais dilacerante. Eles ainda cheiraram o golo, o que revelou que nada aprendemos do empate.

Foi uma boa vitória, mas no essencial, os problemas do FC Porto mantêm-se. O jogo flanqueado depende da capacidade ofensiva dos laterais e o meio campo não tem capacidade de controlar um jogo durante 90 minutos. Por fim, a nossa criatividade na zona 10 é lastimável. Jackson alimenta o ataque e ainda tenta chegar para finalizar. Incrível.

Retirado de: Fotos da Curva





Quanto ao felino, lá seguiu com o seu circo, de aldeia em aldeia. Dizem que voltam a armar a tenda na aldeia do Campo Grande já no próximo fim de semana. Lá foi, caladinho e de queixo caído, entre palhaços e trapezistas. Terão voltado os dias de carne moída?
Ah! Bom Natal!








Análises Individuais:

Helton – Tem algumas responsabilidades no 1-1, mas limpa a folha salvando dois golos certos. Segurou a vitória!

Danilo – Mais defensivo que o habitual, pela presença do extremo contrário. Tratou de meter o Carrillo no bolso, não dando qualquer hipótese ao peruano. No ataque, quando subiu causou perigo e marcou o golo da noite!

Alex Sandro - De volta às grandes noites, tomou conta do seu flanco e anulou Wilson Eduardo. Incisivo no ataque, é uma investida sua que dá o 1-0. Uma dor de cabeça constante para o lateral contrário. Tecnicamente, é um tratado.

Otamendi – Perdeu-se em falhanços, devidamente intervalados com dois cortes determinantes. Nos últimos jogos anda a falhar em demasia. Está a fazer falta parar para pensar.

Mangala – Começou no mesmo tom que Otamendi, mas logo afinou por outro diapasão. Marcou a preceito Montero e sai de jogo com uma nota muito positiva.

Fernando – Largos minutos suportando o peso inteiro do meio campo. Voltou a mostrar que a 6 é rei e senhor em Portugal e arredores.

Herrera – 10 minutos de muito bom nível, procurando a redenção da infantilidade no último jogo. Depois, uma torrente de passes falhados, até se eclipsar do jogo. Desapareceu de tal forma que o nosso meio campo nem atacava e pouco defendia. Saiu tarde demais.

Lucho – Nunca vira a cara à luta e está lá sempre pela equipa. É o 8 que esta equipa precisa, mas tentam fazer dele um jogador que nunca foi e já não vai a tempo de ser. Soube aproveitar uma pinga de criatividade e de esforço lançada por Varela e Jackson para matar o jogo.

Josué – Naquela posição jamais vai ser jogador para o FC Porto. Não tem arranque, nem progressão com bola controlada para ser falso extremo. Para quando Josué a 10? Para quando lógica na sua utilização? Valeu pela frieza no penalti.

Varela – O Varela é isto. Bom jogo, com raça e explosão, mas nem mesmo no jogo consegue ser constante. Fez a diferença, é o que interessa. Está numa boa fase, e quanto o FC Porto precisa disso!!!

Jackson – Não marcou mais foi, de longe, o melhor em campo. Foi ele quem manteve o ataque vivo. Trabalhou até à exaustão e nunca virou a cara à luta, mesmo perante a marcação muito dura dos centrais contrários. Sem apoio, labutou quase sozinho. Fez de 10, até de extremo, como o demonstrou no 3-1, com um centro perfeito a rasgar a defesa contrária. Hoje não houve golos, mas houve trabalho.


Licá – Trouxe amplitude. Nada mais. Incapaz de ganhar um drible. Precisa de ser mais incisivo.


Defour – Deu presença onde já só havia ausência. Mais firme no passe que Herrera, apoiou mais Fernando e equipa desdobrou-se melhor no contra-ataque.

Ghilas – Deu descanso (mais que merecido!) a Jackson.





FICHA DE JOGO

FC Porto-Sporting, 3-1
Liga portuguesa, oitava jornada
27 de Outubro de 2013
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 48.108 espectadores

Árbitro: Artur Soares Dias (Porto)
Assistentes: Rui Licínio e Bruno Rodrigues
Quarto árbitro: Rui Costa

FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Herrera e Lucho (cap.); Josué, Jackson Martínez e Varela
Substituições: Josué por Licá (63m), Herrera por Defour (67m) e Jackson por Ghilas (86m)
Não utilizados: Fabiano, Maicon, Carlos Eduardo e Ricardo
Treinador: Paulo Fonseca

SPORTING: Rui Patrício (cap.); Cédric, Maurício, Marcos Rojo e Piris; William Carvalho, Adrien Silva e André Martins; Carrillo, Montero e Wilson Eduardo
Substituições: Wilson Eduardo por Capel (57m), André Martins por Vítor (71m) e Carrillo por Gerson Magrão (85m)
Não utilizados: Marcelo, Slimani, Dier e Rinaudo
Treinador: Leonardo Jardim

Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Josué (11m, pen.), William Carvalho (60m), Danilo (62m) e Lucho (74m)
Cartões amarelos: Varela (40m), Piris (52m), Maurício (82m) e Licá (82m)


Por: Breogán

6 comentários:

Anónimo disse...

injusta avaliação ao Varela, ou não vimos o mesmo jogo.

Saudações Portistas

Douro disse...

Os melhores para mim foram Fernando e Varela e aquele golão do Danilo.

O Jackson não me parece em grande forma física e anímica mas rendia mais no tipo de jogo do Vitor Pereira ( todos mais próximos e muita posse)e claro havia James,mas um bom extremo ajudava-o.
Eu acredito possa ser Ricardo perante o que vi contra o Trofense para a Taça.

Anónimo disse...

O tipo de jogo do VP, favorecia o Jackson ?
Breogan diz de tua justiça.

Breogán disse...

Fui moderadamente elogioso ao Varela. Foi um dos melhores em campo e decisivo para a vitória. Por justiça, poderia referir isso. Ainda assim, houve períodos do jogo onde esteve muito ausente, embora parte substancial da culpa fosse da ineficácia da equipa na luta de meio campo.

Quanto ao que favorece o Jackson, para mim é claro: dois extremos e um criativo (ou um 10, conforme a nomenclatura preferida). Se ainda conseguirmos estruturar melhor o meio campo e dar-lhe maior solidez, é a cereja no topo do bolo.

Anónimo disse...

O jovem Ricardo contra o Trofense deu sinais fortes que poderia ser o tal extremo, Breogan ?

Breogán disse...

Quer o Ricardo, quer o Kelvin têm talento para assumirem a titularidade da equipa. Não têm é ainda capacidade para aguentar essa pressão.

Bem sei o bom jogo que fez frente ao Trofense, mas não devemos fazer mais do que foi. Foi um jogo em casa e frente a um adversário de um escalão inferior, ainda por cima, que luta para não descer. O que me parece é que já poderia ir tendo uma utilização progressivamente aumentada.

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