#FCPorto #Nacional #Futebol
Cobertor
Aí está a velha teoria do cobertor. Aquela que me habituei a
ouvir em centenas de comentários sobre as equipas que tapavam a cabeça e
destapavam os pés.
O jogo com o Nacional fez-me lembrar o jogo com o Guimarães
em casa do ano passado.
Uma equipa entusiasmante no ataque com muita gente capaz de
desequilibrar e um meio-campo exposto à transição. A teoria do cobertor no seu
esplendor.
Naquele jogo fizemos uma primeira parte de luxo e podíamos
estar a ganhar por 2 ou 3 ao intervalo. A 2ª parte foi horrivel e totalmente
descontrolada e acabamos por ganhar com um pénalti sobre Quintero.
Os dois jogos tiveram Quintero a 10.
Ontem, o período de entusiasmo foi menor. Bons 20 minutos em
que a equipa teve gás.
Ontem, o período de descontrole na 2ª parte foi menor porque
Lopetegui viu e agiu quando há um ano Paulo Fonseca não tinha conseguido agir
independentemente da qualidade de visão.
Este Porto pós-Sporting não tem sofrido tanto na construção
porque Bilbao, Arouca e Nacional entraram nos jogos de uma forma expectante. É
verdade que ter Quintero a dar linha de passe ajuda porque o colombiano é, a
par de Oliver e Rúben Neves, quem vê e passa melhor a bola.
Atenuado o problema da construção mais por inacção externa
do que alteração do preconceito o cobertor aparece como o novo perigo.
A parcela de terreno que Quintero consegue proteger
defensivamente é do tamanho de uma noz. Ele corre e esforça-se até aos limites
da sua escassa capacidade fisica mas quando joga no meio o Porto tem menos um
médio a defender.
Vale a pena jogar com -1 a defender e ter +1 jogador de
ataque de classe mundial?
Muitos dirão que para o perfil da nossa Liga e tomando como
referência o Benfica de Jorge Jesus não são precisos muitos cuidados
defensivos.
Não penso assim. O Porto precisa de treinar processos e
sedimentar uma equipa para a época. Não faz sentido apresentar 6 atacantes
contra o Penafiel e 9 defesas perante o Real Madrid.
E é falso que ser mais ofensivo contra equipas fracas
compense a tremideira atrás. É preferivel que um jogo tenha 6 oportunidades de
golo e que 5 sejam nossas do que surjam umas 20 com uma divisão de 14 para o
Porto e 6 para o adversário.
O que aconteceu ontem foi isso. O Porto comprou com a
insegurança defensiva a possibilidade de criar mais perigo à baliza do
Nacional.
Enquanto o jogo está entusiasmante e há gás o preço parece
barato. Quando tudo estabiliza e os nossos criativos fazem os motores hibernar
a cotação do 11 comprado cai como as acções do BES.
Na 1ª parte o Nacional foi a equipa que no Dragão conseguiu
chegar mais vezes à cara de Fabiano. Isto sem que tenham ocorrido os harakiris
de construção habituais.
A 2ª parte começa com a mesma toada com a agravante dos
criativos se terem desligado da partida. Brahimi muito egoista, Quaresma pouco
acertado e Quintero a rebentar.
Mesmo com os 2 únicos médios a se apresentarem em bom nivel
todos os portistas perceberam que com aquele 11 a vitória ia correr perigo.
Lopetegui agiu bem e a equipa acabou por estabilizar com mais um médio e menos
um jogador que ataca bem mas só ataca.
Manuel Machado arrisca tudo esventrando o seu miolo e o
Porto ganha o controle do jogo apresentando aquele ritmo em que o balanço das
oportunidades são mais o 5 para 1 do que o 14 para 6 que estávamos a ver até
ali.
Se o Porto controla há mais espaço para que os criativos que
sobram tenham suporte para fazer o que
sabem. A equipa aguenta esse peso.
Depois de uma 2ª parte errática Brahimi faz um golo à bola
de ouro. Dança para lá, dança para cá e bola no barrrbantchi.
O jogo acaba com o talento mas começa-se a ganhar pela
substituição de Lopetegui quando acaba com o cobertor.
Análises Individuais:
Fabiano - Continua a mostrar
que é redes de equipa grande. Em Arouca e contra o Nacional fez defesas que
valem pontos.
Na estatistica de jornal não lhe
será atribuído esse mérito mas convém não esquecer o resultado do jogo quando
Fabiano evita golos certos. Em Arouca 0-0 e ontem 1-0.
Danilo – Parece um queniano a correr pela ala. Vai e vem, vai e
volta sempre. Marcou o golo que já merecia há muito mas teve mais dificuldades
do que Alex em segurar o seu adversário. Marco Matias causou-lhe problemas.
Alex Sandro – Em crescendo. A defender esteve imperturbável e a
atacar começa a mostrar um cheirinho do melhor Alex Sandro.
Maicon – Continua a jogar em modo “Socorro! O que é que eu faço?”.
Não está tranquilo, age por instinto puro e sem qualquer recurso ao cerebro e à
racionalidade.
Não meteu água mas não transmitiu
segurança. Precisa de 2/3 bons jogos para voltar à fase inicial da época onde
era patrão e parecia jogar à central 30 milhões.
O problema é que já teve tempo
suficiente para deixar de ser um central carrossel.
Bruno Martins Indi – É o contrário de Maicon. Muitas vezes parece
que a bola tem de ser dele e Indi não vai. Espera que o adversário venha para
se encostar.
É mais paciente sem ser menos
agressivo. Para construir é um seguro de
vida se comparado com o parceiro de sector.
Pode melhorar mas é, sem dúvida,
o titular indiscutível do eixo da defesa.
Casemiro – Não sei se ter 2 pesos pluma como parceiros do
meio-campo ajudou mas na minha óptica fez o jogo mais responsável na posição 6
desde que jogou ao Porto.
Menos impulsos agressivos de
pressão louca, maior cobertura do centro do terreno sem desposicionamentos nas
alas e mais intercepções de bola relevantes.
Um 6 tem que tocar na bola com o
seu guarda-redes pelas costas. Ontem Casemiro soube fazê-lo.
Oliver – Muito bom jogo. É peso pluma mas sabe defender e ser
intenso. Sabe passar a bola, ajudar na construção e descongestionar o jogo para
zonas menos povoadas.
Interpretou bem o facto de estar
a jogar num meio-campo com Quintero. Oliver é o jogador que em simultaneo pode
ajudar a acabar com o harakiri - porque
sabe construir – e impedir que se aplique a teoria do cobertor porque defende e
ataca bem.
Quintero – Jogou equipado à Adrian o que só por si já era um mau
prenuncio. Começou bem mas durou pouco tempo a sua influência ofensiva. Quando
não está em dia sim no ataque a sua substituição é uma obrigatoriedade porque o
dia sim na defesa é raro.
Recordo-me de uma boa falta na 1ª
parte quando Danilo e Quaresma estavam para trás o que revela alguma – ténue –
melhoria na capacidade tactica.
Na 2ª parte tinha que sair. 10
contra 11 fica dificil.
Quaresma – O melhor da 1ª
parte. Jogou com as melhores armas do Quaresma trintão. Passe, cruzamento e
finalização. Quando se limita a fazer o
que sabe sem pensar que é Brahimi a equipa agradece e Quaresma ganha pontos.
Na 2ª parte foi dos piores.
Voltou a ser o Quaresma que julga que é world classe player. Complicou o que
antes era simples e deixou o passe/cruza/decide para o arranca/dribla/perde.
Brahimi – Deverá ser dos jogadores mundiais mais dificeis de travar
no um contra um. Na primeira parte teve oportunidade de relembrar a cada defesa
que lhe aparecia pela frente do seu talento, da sua dança corporal e da
capacidade que tem em rodar o tornozelo 360 graus à Iniesta.
Juntou a isso um egoismo
exasperante. Quando recebe a bola mais atrás nunca aproveita uma linha limpa de
passe e vai sempre para a finta. Na 2ª parte essa tendência foi-se agravando
chegando ao ponto de prejudicar mais do que o seu talento ajudava.
Entretanto...entretanto foi
Brahimi, fez aquele golo e lembrou-nos que ele tem direito a ser egoísta de vez
em quando. Ele e só ele.
Jackson – Jogo sem golo com um adversário mais fraco e em casa
poderia servir para uma avaliação negativa. Não é o caso.
Mesmo parecendo algo limitado
fisicamente – o joelho estará bem? – fez o costume. Dar linhas de passe aos
médios, segurar a bola e os defesas, tabelar e finalizar. Meio golo do Danilo
também é dele.
Herrera – Mostrou porque é que a rotatividade não lhe toca.
Enquanto Lopetegui continuar a ver Casemiro a 6 é necessário ter um jogador
mais fisico e rotativo à frente.
A equipa pedia a sua entrada e
sua entrada descansou a equipa. Não fez mais do que o costume mas mostrou que o
costume não pode ser desvalorizado.
Tello – Muito bom na correria e na ultrapassagem ao opositor e
mediano no último toque. Não teve tempo para provar o contrário desta análise
simplista.
Aboubakar – Uma boa combinação, uma perda de bola, correria,
vontade e apito final.
Ficha de Jogo:
FC Porto 2- 0 C. D. Nacional
Sábado, 1 Novembro 2014 - 20:15
Competição: Primeira Liga, 9.ª jornada
Estádio: Dragão, Porto
Assistência: 30.202
Árbitro: Nuno Almeida (Algarve)
Assistentes: Pais António e Luís Ramos
4º Árbitro: Eugénio Arêz
FC Porto: Fabiano, Danilo, Maicon, Martins Indi, Alex Sandro, Casemiro, Óliver Torres, Quintero, Quaresma, Jackson Martínez, Brahimi.
Suplentes: Andrés Fernández, Marcano, Tello (75' Brahimi), Herrera (55' Quintero), Adrián López, Rúben Neves, Aboubakar (82' Jackson Martínez).
Treinador: Julen Lopetegui.
NACIONAL: Rui Silva, João Aurélio, Miguel Rodrigues, Zainadine, Marçal, Boubacar, Aly Ghazal, Gomaa, Mario Rondón, Lucas João, Marco Matias.
Suplentes: Gottardi, Ayala, Camacho (79' Lucas João), Reginaldo, Willyan (55' Miguel Rodrigues), Sequeira, Edgar Abreu (79' Boubacar).
Treinador: Manuel Machado.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Danilo (9'), Brahimi (74').
Disciplina: amarelo a Casemiro (19'), Gomaa (45+1'), João Aurélio (57'), Boubacar (63'), Fabiano (82'), Alex Sandro (90').
Por: Walter Casagrande
3 comentários:
Excelente crónica
Boa cronica.
O argelino tem que jogar mais com o "seu" lateral (Alex Sandro) .
Na minha opinião não concordo que o cobertor acabe com a entrada do Oliver. Esta equipa era totalmente descompensação. Nem Quinteto nem Oliver sabem/conseguem defender. Uma equipa que só tem casemiro a recuperar é arriscar muito. Eu entendo o que o treinador quis fazer, mas eu jogaria com o Evandro em vez do Herrera. É que assim nem o Oliver nem o Quintero jogaram o que sabem
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