O palco era dos complicados. O mítico San Mamés e do seu
público. A equipa adversária estava em recuperação com duas vitórias nas
ultimas duas jornadas do campeonato espanhol. Eles jogavam o tudo ou nada. Ou
venciam para ainda sonhar ou praticamente diziam adeus à maior competição de
clubes do Mundo. Para acrescentar ainda mais um problema, choveu muito no País
Basco e o relvado estava muito pesado. E como estas equipas adoram estes
terrenos!
Perante tamanhas dificuldades tínhamos de ser um Porto
competente, um Porto das grandes noites de Champions. Superámos as
adversidades, fizemos a melhor exibição da época e garantimos desde já o
apuramento para os oitavos da Champions. Além de nós, só mais uma mão cheia de
tubarões já o conseguiram.
Vários motivos para sair deste jogo com um enorme sentimento
de dever cumprido. Lopetegui escolheu o seu 11 base, os jogadores mais
utilizados até aqui. Uma escolha normal. Sim, apesar de muito se falar de
rotação temos um 11 base, temos jogadores que sabemos que são mais titulares
que outros...
Começa o jogo e desde o primeiro segundo vimos uma equipa a
mandar, a nossa. Superioridade em todos os aspectos do jogo. Tacticamente irrepreensíveis,
bloco subido mas sempre compacto. Uma pressão bem feita e com critério.
Recuperada rapidamente a bola, jogo com critério. Com mais bola, como gostamos,
mas com a necessária objectividade. Em cada momento de jogo, enorme
personalidade e disponibilidade para lutar. Enfim, uma equipa que nos fazia
sorrir...
É certo que no ataque brilhamos. Mas tudo começou mais
atrás. Um guarda-redes que transmitia segurança. Os centrais sempre em
vantagem, aquele espaço deles foi uma fortaleza, duas locomotivas nas laterais
(Danilo melhor que o companheiro), um trinco a saber ser trinco e dois
trabalhadores incansáveis à frente. Esta foi a base que permitiu ao mágico
Brahimi e ao Jackson "domínio de bola" Martinez criarem situações em
catadupa. E quantas oportunidades tivemos. Aos 12' a locomotiva Danilo comeu
metros e centrou rasteiro. Jackson antecipou-se ao marcador mas atirou a
centímetros do poste. Pouco depois Maicon de livre que foi defendido. No canto
novamente Jackson a ganhar ao adversário mas ainda não era desta. Brahimi
noutro livre a dar ideia de golo. Do Athletic nada, apenas uma sequência de
bolas perdidas...
Também tivemos um penalti nesta primeira parte. Ia ser
Jackson a tentar converter. Voltou a falhar. Esta saga dos penaltis de Jackson
pode e deve ter fim. Jackson é um grande, enorme avançado. Que não tem marcado
quando chamado a converter penaltis. Escolha-se outro.
Ao intervalo o resultado era injusto.
Tínhamos de continuar assim na segunda parte. Tínhamos de
continuar sólidos, disponiveis fisica e tacticamente. Tínhamos de continuar a
aproveitar o espaço que a equipa basca ia dando pelas laterais. Sabíamos que o
Bilbao ia carregar...
Criaram uma oportunidade. Foi esta a reacção que os deixámos
ter. Rapidamente voltamos ao nosso jogo.
E num lance como tantos, eis que surge Brahimi, o novo
mágico argelino... Recebe a bola sobre a esquerda, Passa por Ibai Gomez e está
na linha de fundo. Aparece Gurpegi e leva com um túnel. Passe para a boca da
baliza e desta vez Jackson a acertar. GOOLO!
Estava 1 - 0 mas nada de reacção basca. Porto dono e senhor
do jogo. Oliver, Herrera e Casemiro dominavam nas partes com relva e na
lama.
Brahimi estava endiabrado. Mais um livre a criar perigo.
Logo a seguir coloca a bola na cabeça de Indi que falha por muito pouco. Estava
a ser um festival! A bola queria estar nos seus pés, sabia que era sempre bem
tratada, sentia-se acarinhada. Foi essa a sensação na altura do 2º golo.
Aproveita um tufo levantado para fugir dos pés trapalhões de Iraizoz e se encaminhar para os suaves pés do mágico que tão bem a trata.
Era um convite, "aconchega-me nas redes Brahimi". O argelino, sempre
em sintonia com a sua amiga redonda fez-lhe a vontade. É uma relação bonita a
destes dois...
Quase tão bonita era a prestação dos nossos adeptos.
Ouvir-se em San Mamés? Está ao alcance de muito poucos. Nós conseguimos. Não só
nos golos, mas em cada jogada, em cada disputa de bola. Nota 20 também para
eles.
Termina o jogo. Estamos apurados a duas jornadas do fim.
Estamos no lugar onde devemos estar. Grande Champions até ao momento.
Agora total foco no campeonato. De nada servirá este jogo se
não tiver correspondência. O campeonato é a nossa luta principal. Domingo no
Estoril queremos mais 3 pontos. Façam o que mostraram saber fazer...
Análises individuais:
Fabiano: Viu uma bola bater no poste num lance fortuito.
Tirando isso, noite muito mais tranquila do que esperava. Sempre que foi
chamado era a tranquilidade. Seguro, não largava uma bola, fosse em remates ou
em cruzamentos. Com os pés foi inteligente. Com aquele terreno nem sempre dava
para jogar curto, era arriscado.
Danilo: Está a tentar dar razão a Pinto da Costa. fase
tremenda. Uma locomotiva ao longo dos 90'. Seguro a defender, Ibai Gomez e
Muniain nunca saíram por cima. A atacar muito critério. Assistiu Jackson numa
jogada e tentou ele próprio o golo depois de mais uma bola recuperada por si.
Maicon: Este é o Maicon que gostamos. Duro, atento e
prático. Não deve ter perdido nenhum lance. Quase marcou de livre.
Martins Indi: O patrão. Jogo à Porto. Saiu combalido num
lance de cabeça? Sem problema, no seguinte se for preciso vai lutar nas alturas
novamente. Muito seguro, espetacular no posicionamento e na antecipação.
Alex Sandro: Foi crescendo com o jogo. Não começou bem,
perdendo algumas bolas e faltoso na defesa. Foi melhorando e fez uma exibição,
sobretudo no plano defensivo, muito competente.
Casemiro: A melhor exibição desde que chegou. Posicionalmente foi um 6 de excelência. Bem a dobrar os companheiros, bem a perceber quando não se podia desposicionar. Assim conseguiu somar desarmes e intercepções. É um jogador viril mas cada menos excessivamente faltoso.
Casemiro: A melhor exibição desde que chegou. Posicionalmente foi um 6 de excelência. Bem a dobrar os companheiros, bem a perceber quando não se podia desposicionar. Assim conseguiu somar desarmes e intercepções. É um jogador viril mas cada menos excessivamente faltoso.
Herrera: Não foi um jogo em que brilhou com as suas
arrancadas. Foi um jogo que lhe pedia outras coisas. Pedia-lhe atenção, pressão
e que desse equílibrio. O mexicano percebeu isso e foi isso que deu. Com bola,
nem sempre era preciso meter a 5ª. Havia alturas em que era importante meter
curto e respirar. Também percebeu isso. Fundamental no nosso domínio.
Oliver: O primeiro a pressionar. E que bem o fez! Quantas
bolas obrigou o adversário a aliviar sem nexo para afrente porque o pequeno
espanhol tinha cortado as linhas de passe. Correu muito e correu bem. Com
posse, sabe o que fazer. Bem nas variações de flanco para termos bola em zonas
menos ocupadas.
Tello: Não era um jogo fácil. Metia velocidade nos seus
lances mas quase sempre perdeu os duelos. Bem substituido.
Brahimi: Na lama da primeira parte ou no relvado pesado da
segunda. Não importa. Recebe a bola e a hipótese de sair perigo dali é muito
grande. Tem um arsenal de fintas extraordinário. Quase marcou de livre, teve
uma brilhante jogada no 1º golo e marcou o segundo. Grande exibição, mais uma,
de Brahimi.
Jackson: É um craque. A bola chega a ele e sabemos que dali
não sai. Recebe e sabe o que fazer. Sempre a dar-se ao jogo e a defender quando
era preciso. Um avançado que consegue sempre oportunidades. Mérito dele,
instinto de avançado, sabe onde estar. Só não deve é marcar penaltis...
Quaresma: Não era um jogo para o Harry Potter. Era um jogo
para o Quaresma comprometido e que era mais importante segurar a bola. Era o
pedido e foi o que Quaresma fez com o talento que lhe conhecemos.
Ruben Neves: Embora sem brilhar continuou o bom trabalho de
Oliver nos processos defensivos. Tem uma inteligência e uma percepção do jogo
nada vulgar num jovem desta idade. Nem nesta idade nem em idades superiores.
Tomara a muitos veteranos perceber o que fazer em campo tão bem como o nosso
menino...
Adrian: Entrou quase no fim do jogo.
Ficha de jogo:
UEFA Champions League, Grupo H, 4.ª jornada
Quarta-feira, 5 Novembro 2014 - 19:45
Estádio: San Mamés, Bilbau
Assistência: 47.243
Árbitro: Felix Brych (Alemanha).
Assistentes: Mark Borsch e Stefan Lupp; Bastian Dankert e Marco Fritz (adicionais).
Quarto Árbitro: Marco Achmüller.
ATHLETIC CLUB BILBAO: Iraizoz, De Marcos, Gurpegi, Laporte, Balenziaga, San José, Rico, Beñat, Susaeta, Guillermo Fernández, Ibai Gómez.
Suplentes: Herrerín, Iturraspe, Bustinza, Iraola (46' Beñat), Etxeita, Muniain (46' Susaeta), Viguera (73' Ibai Gómez).
Treinador: Ernesto Valverde.
FC PORTO: Fabiano, Danilo, Maicon, Martins Indi, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Óliver Torres, Tello, Jackson Martínez, Brahimi.
Suplentes: Andrés Fernández, Marcano, Quaresma (60' Tello), Quintero, Adrián López (90+1' Brahimi), Rúben Neves
(81' Óliver Torres), Aboubakar.
Treinador: Julen Lopetegui.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores: Jackson Martínez (55'), Brahimi (74').
Disciplina: Alex Sandro (17'), Gurpegi (20').
1 comentário:
Boa cronica.
Um FCP competente e em crescimento.
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