#FCPorto #Everton #Futebol #Portugal #Inglaterra
FEIRA POPULAR
Está melhor.
A pavorosa 2ª
parte do jogo de apresentação deixou uma série de inquetações. A anarquia e o
caos experimentalista da equipa não podiam ser transportadas para Goodison
Park. Felizmente não foram.
A 1ª parte do
jogo é à Vitor Pereira style. Domínio do jogo, controle do adversário e da bola
e equipa instalada no meio-campo adversário. Maicon e Martins Indi deixam de
ser testados e estão apenas de prevenção para as bolas que escapassem à teia de
pressão que à frente empancava toda e qualquer tentativa do Everton.
Como a
memória recente era o caos esta revisitação do Porto mandão e organizado
colocava-nos nas nuvens.
O céu estava
ainda longe. Longe, porque o “bocadinho assim” que faltava ao futebol de Vitor Pereira
também não era conseguido pelo Porto da 1ª parte.
Médios
integrados, participativos e atentos. Boa circulação de bola explorando toda a
largura do relvado mas quase nula intencionalidade.
Aquele
carrossel de passes e pressão toma conta de tudo. Rouba, passa, desmarca,
recebe, vira, temporiza, desmarca, cruza, perde, rouba, passa, passa........
Adrian e
Quaresma vinham mais para a zona dos médios e lá na frente ficava um deserto. A
toada do jogo era do tipico 0-0 e se alguém marca seremos nós porque a bola é
nossa e joga-se mais perto da baliza deles.
Sucede o
contrário. Há mais Reyes magos para além
do mexicano e Fabiano presenteia o menino. Mais uma assistência estilo
auto-golo e a equipa vai para o intervalo com um resultado mentiroso e injusto mas
que acaba por castigar a inoperância e a falta de vontade de acrescentar o
“bocadinho assim” à organização e bom trabalho colectivo.
Na 2ª parte
Lopetegui resolve testar a outra fase da moeda. Despeja talento no relvado e
senta-se a assistir. Estava farto do carrossel que gira, gira mas não sai do
sitio.
Bora para a
Montanha Russa. Quintero, Brahimi, Casemiro, Tello, Jackson e que comece a
viagem.
Entra tudo
com o turbo ligado e com o talento desperto. Os 15 minutos que sucedem ao
derramamento deste petróleo causam uma maré negra na defesa do Everton e
deslumbram o portismo.
A bola é
nossa, a baliza deles é nossa, os talentos são nossos. Como diria Lopetegui
queremos tudo e é tudo nosso.
Estamos a ir
para o cume mais alto da montanha russa. Bingo! Do tricotar de Brahimi e
Quintero ao descaramento invasor de Herrera sente-se que o Porto pode virar o
jogo num ápice. Empata num lance de tricot invasivo-talentoso e só não passa
para a frente por acaso.
O efeito
surpresa esvai-se. O gás de Quintero e Brahimi diminui. O Everton tira a cabeça
da toca. Está na hora de descer na montanha russa.
Carlos
Eduardo entra mas não se nota. Angel entra e nota-se. Casemiro é obrigado a
sprintar (o que só lhe faz bem). Fabiano impelido a emendar.
O período
final é descontrolado mas é o preço que qualquer equipa que derrame tanto
talento puro e imaturo defensivamente acabará por pagar. As tropelias de
Brahimi na nossa grande área divertindo-se em dribles kamikazes é o sinal de
que na montanha não se sobe só.
Há também a
vertigem da descida. Gritos, pânicos e medo.
O somatório
de tudo isto é positivo.
Mostramos que
sabemos ser organizados e jogar num bloco coeso e mandão. Roubos, passes,
viradas, desmarcações, pressões colectivas com sentido.
Mostramos que
temos futebol desequilibrante e temos a chave da grande área adversária. Há
gente em quantidade e qualidade para agredir o adversário. Agredir de forma
barbara estilo Herrera e Tello ou com as agulhas de tricot de Brahimi e
Quintero. Fintas, dribles, invenções, invasões, remates.
O Novo Porto
tem todos os bons activos necessários. Se conseguirmos juntar tudo isto num
Porto só, já sabemos que no fundo no fundo ninguém nos parará e a resolução do
campeonato será nosso. Este é o Bom Porto que sai de Goodison Park.
Se juntarmos
a inoperância ofensiva da 1ª parte e a perda de consistência defensiva da 2ª
parte detectamos o pior de Vitor Pereira com o pior de Paulo Fonseca. Se
preferirem, vemos aí todo o Paulo Fonseca que é um activo extremamente tóxico.
É um Mau
Porto que só por obra e graça do Espirito Santo nos poderia dar alguma
conquista de relevo neste ano.
Como no
futebol não podemos separar o Bom do Mau devemos agarrar-nos à evolução que a
equipa tem para acreditar que estamos no caminho certo.
Temos 2
hipóteses de percurso: Ou partimos do melhor de Vitor Pereira e se tenta
atingir o complemento ofensivo mantendo a rede de segurança que a troca de
passes / pressão colectiva nos dá, ou se acredita, qual Paulo Fonseca, que o
mais fácil de treinar é o processo defensivo e aí se percorre o caminho inverso
comandado pelas agulhas de tricot de Brahimi, Oliver e Quintero.
Eu faço a
minha escolha. É mais provável que o carrossel venha um dia a sair do sitio do
que esperar entrar numa montanha russa que suba sempre mas nunca desça.
Apego-me à
racionalidade e não acredito no divino. As obras do Espirito Santo dão galho.
Análises Individuais:
Fabiano – Um imperdoável erro que se suporta mais no sentimento que
tem que fazer coisas extraordinárias para se afirmar. Acredita que o melhor Fabiano
que já mostrou não chega. Isso só o intranquiliza a ele e à equipa. Tem que
mostrar estofo para resistir à pressão imposta por Lopetegui. Back to Basics.
Danilo – Mais ofensivo do que o costume. Tão seguro como o
habitual. Foi, é e será indiscutivel porque não acredito que haja alguém que O
pare.
Alex Sandro – Tão ofensivo como o costume. Mais seguro que o
habitual. É, foi e será indiscutível se mantiver o foco e não facilitar lá
atrás.
Maicon – A defesa foi segura porque o resto da equipa lhe conferiu
segurança. Na maior parte do tempo poucas bolas lá chegaram e quando chegavam
Maicon resolvia bem.
Martins Indi – Dá uma sensação que é um tipo cool. Mas é daquele
estilo cool que lidera. É um lider tranquilo. É ele que recebe de Fabiano, é
ele que inicia a construção de trás, é ele que se lança como um doido nos
lances áereos, é ele que gesticula e é ele que morde. Sempre sem mexer um
musculo da cara. Se a coisa apertar os musculos param e saltam os olhos.
Tem que ter cuidado nos encostos
em zonas de grande área. Há muito piscineiro por aí e há muito zarolho que não
distingue futebolistas de profissionais de piscona.
Ruben Neves – Quando vejo um puto a
jogar gosto de olhar para a cara. Tentar captar pela expressão o estilo, o
nervosismo e a capacidade de afirmação.
O meu radar
critico tentou encontrar algo para pegar com o moço. Joga com a serenidade de
um velho, tem a qualidade de passe de um eleito e a leitura de jogo de um
visionário. Por aqui não dá.
O futebol que
ele joga não dá. Pela expressão facial também não pega. Só vejo uma hipótese:
falta agressividade na disputa de bola e uma melhor cultura de posição.
Acho que vou
tentar ir por aí para desancar no rapaz. Só tenho um problema. Casemiro não tem
sido mais agressivo que ele. Casemiro tem mostrado pior cultura de trinco do
que Ruben.
Vai ser
dificil correr com ele mas vou continuar a tentar.
Herrera – Furacão. É um ganda maluco.
Quanto pega na bola a baliza adversária parece mais perto. Um, dois passos e
está lá. Um, dois passes e a bola chega lá.
O modelo da
1ª parte é perfeito para ele. Acomoda a pressão individual anarquica que faz e
acomoda o vendaval e a tendência inata para o disparate.
Evandro – É um Pepe Legal. Não
confundir com o defesa central desvairado do Real Madrid. Este é o homem que pensa.
Não é o pensador de jogo mas é o pensador da equipa.
Onde falta
gente ele está. Passa bem e dá sempre uma linha segura para os companheiros.
Cobre Ruben Neves e tenta chegar à frente. A ordem que a equipa teve é filha do
Pepe Legal.
É o homem que diz a todos:
“Babalu Babalu para pensar estou cá eu.”
Oliver – Quando começa o jogo fica um sabor amargo. Oliver na ala?
Logo depois daquela ultima exibição? O temor não se justificava. Oliver é
protagonista da mesma forma. O jogo vai ter com ele e ele persegue o jogo. Sabe
ter a bola, sabe passá-la, tem todos os fundamentos da posse. Falta-lhe maior
amplitude de intervenção e maior peso defensivo.
Quaresma – Integrou-se bem no carrossel e mostrou empenho
defensivo. Fez aquilo que é inesperado mas falhou naquilo que é o seu cartão de
visita. Desequilibrio.
Tem como atentuante o facto de
não ter grandes opções de passe/assistência no último terço.
Adrian – Peixe fora de água. O jogo não lhe chega e ao contrário do
seu compatriota do meio não é homem para o procurar. Em vez de lutar e de
tentar se manter à superficie faz glugluglu e afunda-se.
José Angel – O que deu para ver não foi bom. Entrou quando
estavamos a descer na montanha russa. Era dificil resistir.
Reyes – Também entrou na fase má. Resistiu, embora sem transmitir a
mesma segurança defensiva dos seus parceiros de posição.
Casemiro – Dá ideia que gosta de acção. Fazendo um paralelismo
entre Casemiro e os laterais titulares podemos afirmar que Casemiro vê a
posição 6 como Alex Sandro vê a posição de defesa lateral. É mais estilo Alex
pá frentex do que Danilo.
Tem talento, tem robustez (será
só robustez ou precisa de emagrecer?) mas falta-lhe ser um bocadinho Pepe
Legal. Pensar no que a equipa precisa que ele faça em vez de dar à equipa
aquilo que gosta de dar.
Brahimi – É um regalo. Tricota para a
frente. Dribla de pantufas, ginga e dá alegria, entusiasmo e capacidade
ofensiva.
É um susto.
Tricota seja em que sitio for e seja qual for o número de opositores.
Precisa de
injecções de responsabilidade. Não muitas porque não pode perder o tricot.
Quintero – Outro que joga com agulhas.
Finta em cabinas telefónicas e é pena que não tenha pulmão para avenidas. Tem
que jogar perto da área. Lopetegui percebeu.
Tem que jogar
num local onde não desequilibre a equipa. Lopetegui percebeu.
Tem que jogar
onde o seu pé esquerdo possa fazer maravilhas. Lopetegui percebeu.
Este é o
sitio dele.
Carlos Eduardo – Teve tempo de jogo mas não nada deu para ver.
Culpa da montanha russa.
Tello – Fugaz. Entra em grande estilo e desaparece. Fica no seu
cantinho à espera. Como Adrian, não procura o jogo nem persegue o adversário.
Se a malta do tricot nada lhe pede ele nada dá. Se o Angel precisa de ajuda é
bom que grite.
Jackson – Depois da saída de Fernando é o melhor jogador do Porto.
Dá sentido à equipa e é imprescindivel para o sucesso colectivo. Em condições
normais será Jackson e + 10.
Ficha do jogo:
FC Porto: Fabiano; Danilo, Maicon (Reyes 76´), Martins
Indi, Alex Sandro (José Ángel 76´); Rúben Neves (Casemiro 55´), Herrera (Carlos
Eduardo 76´), Evandro (Quintero 55´); Óliver Torres (Jackson Martínez 46´),
Adrián López (Tello 55´), Quaresma (Brahimi 46´).
Everton: Howard, Hibbert, Jagielka, Alcaraz,
Baines, Osman, Barry, McGeady, Barkley,
Piennar, Naismith
Por: Walter Casagrande
Sem comentários:
Enviar um comentário