Existem, neste momento, mil e uma razões para se dizer que Vítor Pereira não pode ser treinador do Futebol Clube do Porto. Algumas são legítimas, outras nem por isso.
O nosso treinador teve ainda há pouco tempo declarações interessantes sobre as quais quero reflectir.
“Não se pode liderar uma equipa segundo o princípio da chiclete. Colocamos um atleta a jogar, ele corresponde e depois, porque tínhamos outro disponível e o sabor acabou, pomos o outro a jogar. (…)
(…) Os jogadores não são chicletes para utilizar e deitar fora. Só porque aparece outra com sabor total, não deito uma fora e uso a outra. É muito fácil dar lições a partir de fora, mas cá dentro há homens que é preciso liderar, motivar e envolver. As coisas são diferentes.”
Ora bem, eu quando estou com uma chiclete na boca, se ela perde o sabor, deito-a fora. Não crio falsas expectativas, sob a possibilidade de me vir a arrepender.
Tem que se ser coerente e, principalmente, saber o que se dizer, quando se dizer e como se dizer.
Como o próprio o diz, é preciso “liderar, motivar e envolver” os jogadores. Um grande treinador é um grande manipulador de emoções, de sentimentos dentro e fora no balneário. Conhece as virtudes físicas dos jogadores e apela às mentais como ninguém.
A 1ª falta de coerência surgiu aquando da sua afirmação, em que diz que sabe que o James rende mais a 10. Vá-se lá saber porquê, joga a extremo.
Seguidamente coloca, mal eles chegaram, de início o Lucho e o Janko, relegando para o banco o Defour e o Kléber e profere estas declarações que vieram no contexto da hipótese James em detrimento do Varela, antes do 1º jogo com o City.
Não é que não concorde com as alterações:
- A 1ª deu mais imprevisibilidade ao nosso meio-campo, que ainda podia ser maior se o nosso treinador se ouvisse a si próprio. Uma coisa também é verdade: não podemos jogar com 4 médios.
Solução: Jogarmos como nos primeiros 25 minutos do jogo com os Citizens, complementando o esquema com um ponta-de-lança digno de seu nome. O Kléber, por exemplo.
O James a descair mais para o meio e o Hulk mais para a ala, além de confundir marcações, dá outra fluidez ao nosso esquema táctico fazendo chegar mais bolas ao avançado. Bolas em condições.
Isto tudo só é possível, porque temos, actualmente, o melhor 6 da Europa e um box-to-box que lhe dá um apoio fenomenal. Quer pelo meio, quer pelas laterais, para evitar descompensações. Vocês sabem de quem eu estou a falar.
- A 2ª foi quase por obrigação. O Kléber estava a ser completamente massacrado e não é com assobios que ele vai lá, que acontece o clique. Aquele clique que o Maicon fez agora. Aquele que o Falcao e o Lisandro fizeram.
O Janko para já tudo o que faz, é bem feito. Faça golo ou não.
É por isso, que o Kléber vai ter que ir entrando aos poucos, preferencialmente se já tivermos a jogar futebol durante 90 minutos. Ele vai explodir certamente. É impossível adivinhar-se o momento do clique, mas com ajuda certa quer do público, quer do treinador, o “cronómetro” consegue ser reduzido.
Para que tivéssemos uma mínima hipótese de ir discutir o jogo a Manchester, o Kléber tinha que jogar. Era prioritariamente prioritário.
Quantas jogadas o Hulk conseguiu realizar pela ala, com consequente cruzamento para a pequena área? Quantas vezes os portentosos Lucho/Moutinho abriram espaços pelo meio à espera da desmarcação final do avançado centro? Quantas, quantas!!!
Se já com este 11 realizamos uma boa exibição, o que não seria com uma referência na área. Mas agora é tarde demais e apesar de termos perdido a eliminatória, sinceramente, ganhamos uma equipa.
O Varela por muito bom rapaz que seja, por muito esforçado que seja, nunca pode desempenhar o papel do James durante os tais galopantes 25 minutos do jogo com o City. (E se é assim que jogamos melhor, porque não jogar sempre desta maneira?)
Jogou na posição habitual do Hulk, que descaiu para a posição “9”. Porque aquilo não é um 9 puro, um Janko, um Kléber, um Falcao.
A função do Hulk no centro do terreno foi como a de um perdigueiro na ajuda ao caçador. Abrir o terreno necessário para que o objectivo se cumpra. Massacrar os defesas dos ingleses para que se abra um ínfimo espaço aproveitado pelos lançamentos do Lucho/James ou pelas incursões no ataque do Moutinho.
Agora, nesta última jornada que nos devolveu um certo ânimo (que diga-se, estávamos a precisar!), apesar do tranquilo triunfo em terras sadinas não posso deixar de denotar mais um indício que me deixa algo preocupado.
Porventura o único jogador que teve durante este ano alguma evolução – ganhou muita confiança aquando da sua estadia em terrenos não conhecidos -, o Maicon estava a revelar-se um central seguro, veloz e preparado para dar o salto exibicional.
No jogo com o Setúbal, o nosso treinador decidiu apostar (novamente) no Otamendi que se tem revelado algo fraco nas antecipações e na leitura de jogo (quando e como fazer falta). A léguas do Rolando, Maicon e Mangala. Mas a léguas!
Espero que tenha sido só uma rotatividade ocasional, porque estamos a entrar num período onde todos os jogos são umas finais.
Fazendo outra retrospectiva, a chiclete podia servir de referência ao próprio Vítor Pereira. Uma espécie de defesa metafórica.
Ele sabe que tem o lugar em risco, que as críticas vão se acumulando e, por mais que sacuda, não se consegue ver livre delas. Por isso, defende-se a si e aos jogadores, referindo apenas os segundos. Não falo disto como um acto de cobardia, nada disso.
É apenas um sinal da enorme pressão que um treinador do Porto se sujeita durante todos os dias.
Mais: Este último fim-de-semana, por ironia do destino, trouxe mais uma oportunidade ao nosso treinador de fazer algo da época, de ficar na história do clube. O caminho é difícil, mas não impossível.
Estamos fora da Europa, mas não com a época perdida. Tirar ilações positivas desta derrota, reunir as nossas “inner strength” e lutar, lutar, lutar!
O próximo jogo é com o Feirense e não com o Benfica. Cerrar fileiras para este jogo, que agora é o mais importante.
Sê coerente, sê incisivo. Não compliques o que não é complicado.
O nosso caminho é a vitória e não a rendição.
Por: Dragão 14
9 comentários:
A culpa de ainda termos este treinador é do nosso Presidente!Algo está mal e é preciso dar um murro na mesa!
Tudo isso que escreveste tem acuidade mas eu já deixei de perder tempo em tentar contrapor soluções às desse indivíduo. Estamos em presença de uma pessoa com um ego do mais reles que existe, de um autista doente e faz-me confusão que o Presidente não haja, a saúde não é eterna ou então os 30 anos de Presidência estão a fazer mal - o vírus atinge as nossas capacidades com tamanha longevidade de poder. Não é o perdermos tudo esta época, isso é irrelevante, é podermos entrar numa espiral de decadência. Este indivíduo não tem caráter nem capacidade para estar à frente da equipa isso viu-se desde o jogo com o Feirense.
Tão bem dito Devenish!!x1000 ao que escreveu
Grande analise !!!obec inferec
PORTISTAS A DIZER MAL DO NOSSO TREINADOR, E ATÉ, TEREM O ATRVIMENTO DE DIZER MAL DO NOSSO PRESIDENTE. NÃO ESTÃO BEM? MUDEM DE CLUB. A FAMILA VERDADEIRAMENTE PORTISTA ESTÁ UNIDA.
Essa de me criticar por fazer considerações sobre JNP e catalogar de "atrevimento" e de dizer "mal" do Presidente como se ele fosse intocável é mesmo próprio de um covarde que se esconde no anonimato como é o seu caso, dê a cara não se esconda - está bom para ir morar para a Coreia do Norte, Cuba e outros locais similares. Eu posso estar enganado, antes esteja como portista que sou o que quero é o melhor para o meu clube com A,B ou C ao leme, mas não me coíbo de pensar pela minha cabeça - pago cotas há 49 anos e nunca recebi um tostão do Clube "understood"?!
Obviamente Devenish, estes últimos acontecimentos deixam de facto mto a desejar e dão que pensar.
Nos sabemos quem é o anônimo indignado por haver dignos portistas que pensam pela própria cabeça. Ninguém disse mal de ninguém, foram emitidas opiniões livres, mas temos alguém que umas vezes assinando, outras de forma anônima teima em tudo criticar. Não deixa de não ser uma forma de estar na vida, criticando críticas e opiniões sobre umas pessoas mas levantando a escrita para criticar outras pessoas.
Plenamente de acordo, no entanto gostaria de acrescentar o seguinte.
Sou portista à 57 anos, sofri imenso, passaram muitos treinadores p/ n/ FCP, mas naõ me recordo de algum (se houve desculpem deverá ser da idade)vociferar comentáris c/o VP proferiu após as derrotas humilhantes em APOEL e c/ o MC.
Para mim mesmo q por acaso o FCP seja campeão não esqueço o que proferiu, um verdadeiro portista deve apoiar a sua equipa nas derrotas, mas não deve appoiar aqueles q não conhecem a alma deste clube.
Penso q o grande timoneiro tb não deve perdoar
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