quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Barcelos. Mais do que um jogo de futebol.






O desporto é, juntamente com a política, um dos terrenos mais férteis onde todos os adeptos têm direito à sua opinião. De alguma forma é o “sumo” da democracia, onde, para votar, não é preciso nenhum requisito especial, para exercer o direito a opinar. Nem ser formado, e muito menos informado. Uma pessoa, uma opinião. Também tem a sua lógica se estivermos atentos, por exemplo, aos meios de comunicação. De tudo o que se fala, ou se escreve, seja de política ou de desporto, há sempre uma pergunta subjacente: quanto é que é informação e quanto é que é opinião? 25%-75%? Se tivermos em linha de conta que as nossas opiniões estão, ou são, influenciadas por aquilo que pensamos serem apenas simples e puras informações, temos como resultado que estas contêm, na sua composição, três quartas partes de opinião, e, aí, as nossas opiniões transformam-se em opiniões ao quadrado.




Estabelecido este enviesado ponto de partida da reflexão (vivemos num mundo de opinião, não de informação), o interessante é saber que parâmetros utilizamos para criar as nossas, pois cada uma delas baseia-se num julgamento com veredicto. Somos como aqueles membros de um júri, num tribunal: vemos, escutamos, sentimos e deixámo-nos guiar pelo nosso instinto, além de outras coisas, para depois decidirmos qual é a nossa postura.




Hoje em dia, um atleta, é corpo, alma e camisola. Dito de outra forma mais entendível, a sua imagem é feita de questões tangíveis (o que faz, as suas atitudes), intangíveis (o que transmite através das suas atitudes) e, quando se trata de desportos colectivos, temos os assuntos históricos (as suas cores). Tomo como exemplo Vítor Baía, que sempre teve uma imagem de homem íntegro e está intimamente ligado às nossas cores e à nossa história mais recente.

Magic Jonhson





Outros: Beckham, que não seria o Beckham que todos conhecemos, se tivesse a minha cara, por exemplo. Magic Johnson talvez não tivesse tanto significado, sem aquele sorriso de dentes brancos e reluzentes. Há jogadores populistas, aqueles que fazem apologia do esforço, porque sabem do apreço popular por esses gestos. Outros, são constantemente observados à lupa, porque não os fazem. As poses de Cristiano Ronaldo mediatizam, em muitas ocasiões, o juízo sobre o seu valor como desportista. A simplicidade de Messi contribui para valorizar o seu, já de si, imenso talento. Muitas destas coisas não têm nada a ver com a parte desportiva, mas não é por isso que deixam de intervir na hora de ajuizar, como prova pertinente.





Todas estas questões contam, quando nos dispomos a exercer o nosso direito a opinar e a valorizar.

Entre os atletas (seja de forma individual ou colectiva) e os seus espectadores/seguidores, criam-se dois tipos de ligações: a intelectual e a emocional. A primeira, baseada em aspectos relacionados com o desempenho da sua profissão. A segunda, fundamenta-se em questões aparentadas com os sentimentos. Há jogadores e equipas [clubes], que têm como objectivo principal o serem capazes de ganhar, e alguns deles conseguem a quadratura do círculo, quando, além de vencer, nos satisfazem pela forma como o fazem.




O NOSSO FC Porto, pelo que tem feito através dos tempos, é um bom exemplo disso. Sempre que aliarmos ao colectivo (leia-se clube), uma forma digna de comportamento, coesão humana, respeito pelos nossos predecessores e simplicidade, terminaremos sempre por ganhar a nossa causa. Por muito que todos os malditos deste país estrebuchem e não deixem de olhar para o seu umbigo.









Por: Nirutam

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente crónica e uma lição de sociologia desportiva! bravo!

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