Missão cumprida. Nesta fase do campeonato, é o que interessa. O FC Porto visitou o último classificado e sem brilhar, trouxe os três pontos. Mantém distâncias para o Braga e espera que o rival minhoto do Braga não estenda a passadeira vermelha na segunda-feira. Como é costume.
O jogo foi uma continuação do jogo para a taça da liga. Um jogo sem história com um vencedor óbvio e justo, num jogo propício ao descanso para outras batalhas.
O Vitória de Setúbal nem com o reforço muscular de Djikiné (mas zero de futebol) consegue disfarçar a sua debilidade a meio campo. Com espaço, tempo e inspiração de Moutinho, o FC Porto instala-se com armas e bagagens no meio campo sadino. Bastaram 3 minutos para Moutinho fazer estragos e colocar uma bola na cabeça de Janko, que a conduz para golo. Terceiro golo em 3 jogos do reforço Austríaco. É essa a sua missão.
O resto do jogo estava traçado. O jogo seria o que FC Porto quisesse. Com o 0-1 no placard e um Vitória de Setúbal incapaz de criar perigo, Moutinho ia levando a equipa às costas. Nos flancos, Varela esforçava-se, mas só Hulk gerava algum perigo. Até que ao minuto 26, Fernando aproveita mais um erro de saída de bola do meio campo defensivo sadino e cavalga sobre o meio campo adversário. Hulk, num rasgo de altruísmo, assiste, de primeira, a chegada em velocidade de Fernando à grande área sadina. Isolado, aumenta a diferença no marcador.
Quase que acaba aqui a primeira parte, a 20 minutos do apito do árbitro (mais um com dificuldades em ver penaltis). Com Lucho, cada vez mais posicional e longe de Janko, o jogo acaba por estagnar à espera do intervalo. Nem a vontade era muita, nem o adversário estrebuchava, nem o relvado era grande coisa.
O Vitória de Setúbal volta do intervalo com as orelhas a arder. Tenta criar perigo nos momentos iniciais, com um meio campo remodelado, mas volta a sucumbir às fragilidades desse sector. Só de bola parada é que o Vitória de Setúbal criava algum perigo. Já era assim, desde o início do jogo. Passando os olhos no calendário que nos espera, Vítor Pereira começa a descansar jogadores. Primeiro, Lucho. Depois, Moutinho e Hulk.
O jogo continuava no seu lento arrastar de minutos. Até que Otamendi dá a oportunidade para o Vitória de Setúbal voltar ao jogo. É de livre directo que Meyong reduz (só podia ser de bola parada). Cai um manto de incerteza no jogo. Merecido para quem não quis matar o jogo antes de o congelar.
Felizmente, levou 4 minutos para o manto de dúvida se dissipar. Alex Sandro mostra um pouco dos seus trunfos e faz uma abertura magistral para que a tenacidade de Rodríguez assistisse Varela no golo do descanso. Alívio e colapso sadino. Após este golo, foi o FC Porto que esteve mais perto do 1-4 (por Sapunaru à barra) que o Vitória do Setúbal do 2-3.
Três pontos no saco. Fim de história e ala para Manchester a ver o que dá.
Análises individuais.
Helton – O Vitória de Setúbal nem lhe sujou o equipamento. No golo de Meyong, um guarda-redes do seu nível vai buscar aquela bola.
Sapunaru – Um regresso em bom nível. Sólido a defender e muito agressivo a atacar. Quase marcava e deixou pouca margem para Vítor Pereira reinventar Maicon a lateral direito, seja em Manchester, seja noutro campo qualquer.
Alex Sandro – Jogo inteligente. Uma primeira parte sóbria e defensiva, como que a saber que terrenos pisava. Começou a mostrar-se mais na segunda parte e acaba por ser fundamental no golo do descanso. Tem talento e o tempo vai encarregar-se de o mostrar.
Otamendi – Num jogo em que o Vitória de Setúbal não cria perigo substancial, menos compreensível é tanta dificuldade em segurar Meyong, sobretudo na segunda parte. Sai de campo com a pior exibição da noite e em perda clara na luta por um lugar no centro da defesa.
Rolando – Sem a tranquilidade e autoridade com que comanda em outros jogos. Não escapou à “tremideira” do seu colega de sector.
Fernando – Foi um jogo em que tirou umas feriazinhas. Marca um grande golo, mais que merecido pela sua forma esta época. O meio campo do Vitória de Setúbal nem dava luta e Fernando acabou por aproveitar para se poupar para outras liças.
Moutinho – Sozinho, arrasou o meio campo do Vitória de Setúbal nos primeiros 25 minutos. Jogou e fez jogar. Saiu para descansar e o FC Porto ressentiu-se.
Lucho – Muito posicional e com ritmo baixo. Mesmo assim, pontilhou o jogo com a sua classe. Pormenores superiores. Deu azo às subidas de Moutinho. Bem substituído.
Varela – Muito voluntarioso mas pouco consequente. Teve muitos lances onde poderia ter definido melhor. Invariavelmente, o cruzamento ou o passe ia demasiado curto ou demasiado largo. Marcou o terceiro golo, aproveitando bem o arrastar de marcação de Janko.
Hulk – Muito individualista, mas foi o flanqueador que mais vezes criava perigo. Acaba o jogo com mais uma assistência. Está longe do melhor Hulk. É urgente que se reencontre.
Janko – Quase que apetece dizer que o seu jogo durou 15 minutos (marcou um golo e falhou outro). Não por culpa sua. O seu jogo vive da equipa. Quase uma ilha lá à frente. Uma ilha daquelas, lá ao fundo no horizonte. Lucho muito distante de si, os extremos pouco inspirados e só Moutinho falava a sua linguagem.
Defour – Má entrada no jogo. A diferença para Moutinho foi muito vincada. Quase deu um brinde a Meyong, valeu Rolando.
Rodríguez – A melhor entrada. Aplicou tenacidade e correu a todas as bolas, nem sempre com consequência. Alex Sandro meteu-lhe uma bem açucarada, que soube transformar numa assistência inteligente para Varela.
James – Completamente ausente nos minutos que teve em campo.
Por: Breogán
1 comentário:
Sem Maicon, uma surpresa, talvez a pensar no jogo de quarta-feira, onde o brasileiro, com mais ritmo que Sapunaru - que atendendo ao tempo de paragens esteve bem e podia ter marcado... - será necessário e na estreia de Alex Sandro - quero ver mais e o jogo de quarta-feira vai ser um bom indicativo sobre o lateral brasileiro - em jogos da Liga Zon Sagres, no lugar do castigado Alvaro Pereira, o F.C.Porto entrou bem e logo aos 3 minutos adiantou-se no marcador. Jogada simples de Moutinho pela direita, cruzamento e no sítio certo, Janko - 3 jogos, 3 golos, é isso que se pede a um ponta-de-lança - carimbou.
Se é verdade que ainda não havia uma tendência, parecia claro que a pressão a meio-campo e depois saídas rápidas para o ataque, parecia ser a forma pretendida para o Campeão resolver as dificuldades que esperava encontrar. A dar razão a esta teoria, o segundo golo: Fernando recuperou, deu, recebeu e marcou, coisa rara, mas merecida, de um jogador que tem sido dos melhores da equipa portista. Nos entretantos, entre o primeiro e o segundo golo, uma ou outra desconcentração defensiva - contra equipas mais fortes pagam-se caro...-, como cabeceamento de Mayong, por exemplo, e mais um penalty cristalino a favor do F.C.Porto que Paulo Baptista não assinalou. A ganhar por dois golos o F.C.Porto geriu e até ao intervalo só deu Porto. Mesmo sem forçar e num ritmo baixo, o Campeão dominou e controlou totalmente o jogo, com uma posse esmagadora, podia ter marcado mais um ou outro golo e nunca esteve em risco de sofrer. Tudo somado, talvez o 0-3 expressasse mais fielmente o que foram os primeiros 45 minutos.
Na etapa completar nada de novo... Porto a dominar a seu belo prazer, gerindo e poupando, até que aos 60 minutos, Vítor Pereira a pensar no Manchester City, começou a rodar. Aos 60 minutos saiu Lucho, mais tarde, aos 68, saíram Hulk e Moutinho, para as entradas de Defour, James e C.Rodríguez. Mesmo com as alterações tudo continuou igual e só se alterou quando e sem fazer muito por isso, a equipa de José Mota diminuiu... mas como Varela - voltou a jogar bem -, passados apenas 4 minutos colocou novamente a vantagem portista em dois golos, o jogo ficou definitivamente decidido. Embora o marcador pudesse ter sido alterado, valendo uma excelente defesa de Helton e a barra da baliza sadina, para que o resultado final não tivesse mais um golo para cada lado.
Em resumo:
Quando uma equipa tem 5 pontos de atraso, sabe que só lhe resta ganhar e ganhar. Foi o que o F.C.Porto fez esta noite. Conseguiu-o com naturalidade e tranquilidade e uma exibição que sem ser brilhante, foi suficiente para um triunfo claro e justíssimo.
Notas finais:
Uma palavra de apreço para os muitos portistas que se deslocaram ao Bonfim. Mesmo com a época a não correr como esperavamos e desejavamos, o apoio tem sido constante e isso merece ser destacado.
O duo Valdemar Duarte, João Manhã, igual a ele próprio, mais uma vez não se aguentou - eu desisti aos 6 minutos quando um penalty, claro, de Ricardo Silva, corte com o braço na área, não mereceu nenhum comentário.
Abraço
Enviar um comentário