O FC Porto aborda esta fase final como campeão em título e vencedor da zona Norte com 19 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, tendo registado só uma derrota e quatro empates. Com mais uma equipa recheada de talento, o objectivo é a renovação do título. A tarefa é exigente. Não só pelos adversários maduros e graúdos que nos esperam, mas também pela brilhante incompetência de quem gere os quadros competitivos: a FPF. Na fase regular, disputaram-se 4 jornadas em 2 meses (9ª à 12ª jornada), agora, na fase final, toda a primeira volta é compactada em 5 semanas (média de jogos de 5 em 5 dias), sendo que, os primeiros três jogos disputam-se com três dias de intervalo. Estes solavancos de ritmo competitivo são mais um adversário a vencer e uma demonstração cabal de como a Federação não sabe, nem quer, cuidar da formação em Portugal.
O FC Porto, como era esperado, dominou a primeira fase, mesmo com Rui Gomes a provocar uma rotação constante do plantel. A equipa revelou-se quase sempre coesa e competente para chegar à vitória. Com duas excepções. Duas excepções que merecem reflexão por parte da equipa técnica e estrutura do FC Porto. A equipa falhou nas duas deslocações que retiraram a equipa da sua área geográfica de conforto. Nas duas visitas à Madeira, a equipa só conseguiu um ponto. Há trabalho psicológico a fazer nos escalões de formação do FC Porto e a próxima fase traz deslocações a terrenos muito hostis.
Rui Gomes apresenta a equipa num sistema de 4-3-3, em que privilegia a posse de bola no trio de meio campo e transições rápidas e verticais dos seus extremos. A defesa é forte e coesa, sobretudo pela zona central, sendo a equipa que menos golos sofreu na fase regular. O meio campo tem jogadores de boa capacidade técnica, muito solidários e que definem muito bem as posições que lhes são incumbidas cumprir. A frente de ataque trabalha em desmarcações constantes, abrindo linhas de passe e possibilitando a aproximação do seu meio campo.
Análise sectorial da equipa:
Kadu |
BALIZA: A disputa vai ser entre Kadú e Elói. O jovem Angolano é aposta da SAD, tendo sido chamado para os trabalhos de pré-época e para alguns jogos da taça de Portugal e taça da Liga. É um guarda-redes que impressiona pela sua estampa física e exuberância na baliza. Utilizado em 12 jogos, sofreu 9 golos, alguns dos quais evitáveis. Elói é um guarda-redes com percurso nas selecções jovens Portuguesas e com um excelente desempenho no título de juvenis de há dois anos. É um guarda-redes seguro, que transmite tranquilidade e confiança ao sector defensivo. As estatísticas não mentem: 10 jogos e 2 golos sofridos. Caio (ainda utilizado na fase regular) e Luís Pinto são juniores de primeiro ano e não deverão ter grandes oportunidades de jogar na fase final.
DEFESA: Na defesa tudo está definido, excepto no lado esquerdo. É um sector sólido e bem rotinado.
Na lateral direita, a adaptação muito bem sucedida de André Teixeira não dará grandes hipóteses a Jorge Azevedo. Pena é que esta adaptação já não se tenha iniciado desde os juvenis, quando André Teixeira já dava mostras de ter mais futuro a lateral que a central.
No centro da defesa, Tiago Ferreira é inquestionável. É o jogador mais maduro desta equipa, um central de fino recorte técnico e premiado, justamente, com uma chamada aos trabalhos de pré-época da equipa sénior. Ao seu lado, surge Hugo Basto que tem vindo a mostrar grande margem de evolução e características físicas muito interessantes para a posição. Gil, surpreendentemente, tem sido pouco utilizado, ele que era apontado como um grande reforço nesta equipa e deverá perder a corrida para Hugo Basto. Lima Pereira, a cumprir o seu primeiro ano no escalão, constituirá a quarta opção.
No flanco esquerdo é onde reside a maior dúvida do onze portista. Floro nunca revelou solidez e capacidade suficiente para cumprir na posição e Rui Gomes chegou a chamar o juvenil Luís Rafael em alguns jogos. Em Janeiro, chegou o Zambiano M’Bola. Resta saber o que poderá acrescentar à equipa.
Tozé |
MEIO CAMPO: É o sector onde reside muita qualidade. O sector tem como base o meio campo que ganhou o título nacional de juvenis de há dois anos e o nacional de juniores do ano passado. Esse trio que já joga junto há quatro anos constitui o núcleo duro (e ganhador) da equipa.
Começando pela posição 6, Paulinho parece ser, ainda, o dono do lugar. É um jogador muito regular, com qualidade técnica e o 6 das anteriores campanhas vitoriosas. Este ano enfrenta maior concorrência, sobretudo, em Mikel. O Nigeriano é um jogador de elevada potência física e, por vezes, abusa desse predicado recorrendo a entradas muito duras sobre os adversários. É um jogador ainda muito cru na sua formação futebolística, embora dimensão física do seu jogo seja um bom complemento ao jogo da equipa.
Na posição 8, o grande destaque vai para Alves. Tal como Paulinho, campeão nos últimos dois anos. Iniciou a temporada a todo o vapor, embora nos últimos jogos não tenha estado ao mesmo nível. É um jogador que empresta uma dimensão física muito interessante ao jogo de meio campo e que possui uma boa visão de jogo e um excelente pontapé (capaz de furar qualquer defesa). Leandro será a alternativa na posição, ele que cumpre o seu primeiro ano no escalão de juniores.
Na posição 10 e com a batuta de maestro: Tozé. Jogador com uma capacidade de drible desconcertante, tremenda qualidade técnica nas bolas paradas e uma atitude guerreira em campo. Foi o melhor marcador da fase regular e é quem completa o trio que soma títulos de na formação azul e branca. Cardoso, mais um ex-juvenil, será a alternativa a Tozé ou a adaptação de um extremo à posição.
ATAQUE: É um sector onde há forte concorrência, sobretudo nos flancos, e onde reside uma das boas surpresas desta equipa. Foi o sector onde houve mais rotação na fase regular.
Nos extremos, a luta será a quatro. Começando por Ebo, o Ganês tem jogado a extremo, porque na sua posição natural Tozé tem estado a grande nível. É um jogador que alia poder de arranque, velocidade de execução e capacidade de drible. Inspirado é muito difícil de parar. Em fase de adaptação às exigências do futebol europeu, ainda não é um jogador regular, e tal como Cristian Atsu no ano passado, tem tudo para ser tão decisivo e influente. Por ventura, acuse essa pressão extra, mas pode “explodir” nesta fase final, como Atsu fez no ano passado.
Outro extremo em destaque é Fábio Martins. Teve um arranque da temporada portentoso, somando golos e assistências. Depois, foi-se a apagando. A equipa precisa de um Fábio Martins ao mais alto nível, porque é dos jogadores mais desequilibrantes e um dos grandes talentos da equipa. Quem também luta por um lugar é Frédéric. Ainda júnior de primeiro ano, teve um percurso semelhante a Fábio Martins, um arranque forte na temporada, com um afrouxar já para o final da fase regular. É um extremo rápido e muito inteligente nas suas movimentações. O quarto extremo na luta pela titularidade é Adriano. É dos quatro o menos exuberante, mas talvez, o mais regular. Sempre que foi chamado cumpriu e mostrou ser opção válida se a equipa precisar. Catarino é a quinta opção, claramente atrás dos outros quatro.
Vion |
No centro do ataque, temos a grande surpresa da equipa: Vion. Só começou a jogar na segunda volta da fase regular, marca 7 golos em 8 jogos (6 deles titular). É um avançado com excelente técnica, rápido, bom jogo aéreo e muita fibra. É um jogador em desmarcação constante e que com a generosidade do seu jogo, pode jogar em todas as posições da frente de ataque. Poderá ser decisivo nesta fase final e já foi convocado por Vítor Pereira para alguns jogos da equipa sénior. No seu encalço pela titularidade está Gonçalo. Mesmo sendo esta a sua época de estreia no escalão, está muito aquém do avançado centro que demonstrava classe na equipa juvenil do ano anterior. É um jogador fino, tecnicamente muito dotado e bem ciente das suas capacidades. Este ano joga um futebol triste e sem chama. Era bom que voltasse ao seu nível. Por fim, Lupeta sofreu uma lesão grave, já falhou boa parte da fase regular e não estará disponível na fase final. É um jogador que dava uma dimensão mais física à posição de ponta de lança. Desejamos, desde já, o seu rápido restabelecimento.
Por: Juary
7 comentários:
BALIZA: A disputa vai ser entre Kadú e Elói.
Só pode ser brincadeira. Então o Kadu é o terceiro gr dos seniores, sendo por isso o natural Nº1 dos juniores.
Quanto ao resto, boa analise da equipa e dos seus jogadores. Estou curioso para ver em acçao o M'Bola.
Acredito que desta "fornada" de jovens jogadores possam chegar alguns ao plantel senior num curto/medio prazo.
Senhores da sad estejam atentos a este jovens promissores.
Não é brincadeira de certeza porque Eloi é bem melhor que kadú. Basta ter acompanhado o percurso e jogos destes dois guarda-redes para rápidamente questionar a sad. Porquê a aposta em kadú e não em Eloi. E já agora porque não apostar também em Caio que na minha opinião também é melhor que kadú?
Como diria Mourinho: "Em condições normais, o Elói é titular da equipa júnior do FC Porto. Em condições anormais, também devia ser!"
Insistem numa piada de mau gosto.
Um miudo que com 15 anos já era chamado aos seniores. Com essa idade foi chamado tb á seleçao principal de angola.
Deixem o miudo crescer e apareçam aos jogos dos juniores.
Embora não pretenda julgar quem quer que seja, uma analise destas so pode ser feita por alguém que esteja dentro do tema e que seja presença nos jogos....
O sr. João Costa, com todo o respeito não viu os jogos de certeza se não dizia uma coisa dessas. Provavelmente nunca viu o Eloi a jogar. Mas se costuma lá ir, parabéns. Deve analisar aquilo que cada um faz na baliza sem colocar há frente a publicidade que se faz ao Kadú bem como as artimanhas que o próprio Kadú usa nos jogos para dar nas vistas até fazer uma asneira infantil......
Muito boa crónica.
A melhor forma de incentivar portistas a se interessarem efectivamente pelos jogos das camadas jovens é dar-lhes conhecimento.
Neste texto isso é feito com excelência.
Parabéns.
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